© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Vol. 16 N.o 2. Págs. 353-366. 2018
https://doi.org/10.25145/j.pasos.2018.16.025
Resumo: A Economia Criativa tem sido apresentada como a estratégia de desenvolvimento mais significativa
da ultima década. A referida economia, intensiva em criatividade, caracteriza-se pela produção de bens e
serviços simbólicos e artísticos cujo consumo apoia-se no patrimônio cultural e natural da localidade onde
é prospectada. Objetivando caracterizar este cenário em organizações intensivas em símbolos, o presente
artigo lançou mão da análise de conteúdo para identificar o avanço dessa nova agenda socioeconômica junto
à Rede MS de Pontos de Cultura. Os resultados mostram que os Pontos podem figurar nichos produtivos
com potencialidades reais no fortalecimento da Economia Criativa do estado uma vez que as organizações
investigadas atuam em diferentes setores e lançam mão da contribuição do Turismo para escoar sua
produção, incentivando relações que fortalecem a dinâmica econômica de ambos os setores.
Palavras-chave: Economia Criativa; Pontos de Cultura; Turismo Criativo; Inovação; Sustentabilidade;
Diversidade Cultural.
The Creative Economy in symbol-intensive organizations – an analysis of the Culture Points MS Network
Abstract: The Creative Economy has been presented as the most significant development strategy in the
last decade. The referred economy, intensive in creativity, is characterized by the production of symbolic and
artistic goods and services, whose consumption relies on cultural and natural heritage of the locality where
it is prospected. In order to characterize this scenario in symbol-intensive organizations, this article used
content analysis to identify the advancement of this new socioeconomic agenda with Culture Points MS
Network. The results show that the Points may appear productive niches with real potential in strengthen‑ing
the state’s Creative Economy seeing that the investigated organizations acts in different sectors of the
Creative Economy and use the Tourism contribution to drain their production, encouraging relationships
that strengthen the economic dynamics of both sectors.
Keywords: Creative economy; Culture points; Creative tourism; Innovation; Sustainability; Cultural diversity.
A Economia Criativa em organizações intensivas em
símbolos – uma análise da Rede MS de Pontos de Cultura
Adriano Pereira de Castro Pacheco* Elcio Gustavo Benini**
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Brasil)
Adriano Pereira de Castro Pacheco, Elcio Gustavo Benini
* Doutorando em Administração na Escola de Administração e Negócios - ESAN, da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul. Pesquisador em Economia Criativa, Inovação e Desenvolvimento local; E-mail: adrianopcastro@gmail.com
** Doutor em Educação. Professor Adjunto da Escola de Administração e Negócios (ESAN) da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (UFMS). Atua no Programa de Pós-graduação stricto sensu em Administração e no mestrado profissional
em Administração Pública (Profiap). Pesquisador das áreas de teoria crítica das organizações; Epistemologia; Economia
Solidária; Autogestão; Administração Pública; Políticas Públicas e; Trabalho e educação; E-mail: elciobenini@yahoo.com.br
www .pasosonline.org
1. Introdução
A Economia Criativa (EC) despontou na última década como a transição mais significativa dos
modelos para o desenvolvimento econômico mundial. Em caráter introdutório, o termo Economia Criativa
compreende setores cuja origem da geração de valor econômico está na criatividade, no conhecimento
e no talento individual e coletivo que possuem potencial para criação de riqueza e empregos por meio
da geração e exploração de ativos criativos, à exemplo da propriedade intelectual e direitos autorais
(Unctad, 2010; Reis, 2008; Hartley, 2005; Howkins, 2001; Caves, 2000;).
O quadro referencial da EC teve sua análise intensificada no início dos anos 2000, dado sua dimensão
e potencial estratégico (Howkins, 2001). A EC pode ser mensurada de duas formas: na dimensão setorial
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e na dimensão ocupacional. Esta última recebeu notável contribuição de Richard Florida (2011), que
cunhou o termo “classes criativas” para se referir ao grupo de ocupações profissionais, científicas e
artísticas, cuja principal característica é utilizar a criatividade em suas atividades produtivas.
Outro conceito relacionado a EC refere-se à expressão “indústrias criativas”, que está associada aos
movimentos ocorridos a partir dos anos 1990, especialmente na Austrália e Reino Unido1, que tratou
de categorizar os setores que viriam a constituir a EC daqueles países. Posteriormente, Landry (2011)
introduziu o conceito de “cidades criativas” para se referir aos complexos urbanos dotados de recursos
culturais que, por meio da criatividade, criam condições de estímulo à geração de conhecimento e de novas
experiências no território de prospecção, marcados notadamente pela inovação e diversidade sociocultural.
No contexto Brasil, o conceito de EC teve seu estabelecimento como objeto de estudo intensificado em
meados dos anos 2000 e tem sido compreendido como conjunto de atividades econômicas que dependem
do conteúdo simbólico – nele incluído a criatividade como fator mais expressivo para a produção de bens
e serviços, guardando estreita relação com aspectos econômicos, culturais e sociais que interagem com
a tecnologia e propriedade intelectual (Oliveira, Araujo & Silva, 2013).
Mais especificamente, o marco teórico-institucional de reconhecimento da EC no cenário brasileiro,
deu-se em razão do esforço de pactuação de uma política pública para o setor: o Plano da Secretaria
de Economia Criativa2, encabeçado pela extinta Secretaria da Economia Criativa (SEC), vinculada ao
Ministério da Cultura do Brasil.
Para a SEC, a “economia criativa é, portanto, a economia do intangível, do simbólico. Ela se alimenta
dos talentos criativos, que se organizam individual ou coletivamente para produzir bens e serviços
criativos” (Brasil, 2012: 24). Paralelamente, a noção de simbologia adotada no presente estudo refere-se
a um sistema de signos distintivos que constituem-se da identidade e especificidades culturais e naturais
de um determinado território (Lawrence & Phillips, 2002).
O Plano da SEC ousou enfrentar - para além do desafio conceitual - a delimitação, identificação e
categorização dos setores que seriam considerados fundamentais para que a política pública em questão
pudesse ser adequadamente desenvolvida e hábil à análise de mensuração proposta à realidade brasileira.
A tabela 1 apresenta os setores da EC organizados em categorias culturais:
Tabela 1: Escopo dos setores criativos – Ministério da Cultura 2011
Categorias Culturais Setores
No campo do Patrimônio
a) Patrimônio Material
b) Patrimônio Imaterial
c) Arquivos
d) Museus
No campo das Expressões Culturais
e) Artesanato
f) Culturas Populares
g) Culturas Indígenas
h) Culturas Afro-brasileiras
i) Artes Visuais
j) Arte Digital
No campo das Artes de Espetáculo
k) Dança
l) Música
m) Circo
n) Teatro
No campo do Audiovisual/ do Livro, da Leitura e da
Literatura
o) Cinema e Vídeo
p) Publicações e mídias impressas
No campo das Criações Culturais e Funcionais
q) Moda
r) Design
s) Arquitetura
Fonte: Adaptado do Plano da Secretaria de Economia Criativa (2012).
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No âmbito da SEC, a expressão “indústria criativa” foi adaptada numa perspectiva de inclusão de
características pertinentes ao território brasileiro em suas múltiplas dimensões, passando a ser vista como
“setores criativos”. Assim, a adaptação proposta - setores criativos - é adotada como representante “dos
diversos conjuntos de empreendimentos que atuam no campo da Economia Criativa” (Brasil, 2012: 23).
A EC lançou luz às inúmeras possibilidades para o estabelecimento de um novo modelo de desenvol‑vimento
socioeconômico que têm na criatividade, na simbologia e no intangível os ativos da produção
de valor não apenas econômico, mas social e cultural. E, ainda, ampliou as possibilidade de se adensar
os estudos na promoção do desenvolvimento local inclusivo e sustentável, considerando a imensidão
da riqueza territorial e simbólica do país.
A EC possibilitou, ainda, que novos estudos de desenvolvimento local fossem colocados em perspectiva,
o que permitiu a ampliação do marco epistemológico da economia em suas possíveis inúmeras relações
de cooperação, à exemplo do Turismo Criativo (Unesco, 2013) De tal sorte, a partir de uma construção
interpretativista, torna-se oportuno intensificar os estudos dessas relações à luz de uma agenda
estratégica para o desenvolvimento de ambos os setores.
Nesse sentido, objetivando adensar o entendimento da EC – em sua perspectiva transdisciplinar - este
trabalho traz, no campo introdutório, os postulados seminais relacionados ao universo discursivo da EC.
Em seguida, apresenta um quadro teórico dos fundamentos que sustentam a existência da EC à luz dos
estudos sobre Inovação, Sustentabilidade e Diversidade Cultural. Adiante, para fins metodológicos, organiza
as dimensões de análise que formam o constructo muldimensional da EC adotado neste trabalho. Por fim,
descreve e organiza os resultados a partir das ações realizadas no interior do Pontos de Cultura investigados,
apresentando, em seguida, notas conclusivas à luz das discussões teórico-metodológicas propostas na pesquisa.
2. Os pilares estratégicos da Economia Criativa: Inovação, Sustentabilidade e Diversidade Cultural
A EC difere-se amplamente da economia capitalista – intensiva em capital – porquanto esta apoia-se
em características notadamente ligadas à concorrência, à competitividade, à acumulação e concentração de
riqueza em detrimento da exploração de recursos humanos, naturais etc. Adicionalmente, a economia intensiva
em capital tem seus produtos/serviços consumidos materialmente em função de sua utilidade, enquanto os
produtos/serviços da EC são consumidos simbolicamente, por seu significado (Lawrence & Phillips, 2002).
A gênese desse novo processo, incita-nos a compreender as tendências e contornos de uma EC
representativa para o contexto Brasil e que promova efetivamente mecanismos de desenvolvimento
local, não apenas econômico, mas cultural e social; a partir de seu elemento nuclear: o ativo criativo
em sua dimensão simbólica e intangível.
Para o enredo teórico em curso, insta mencionar os pressupostos do Turismo Criativo - cujo desenvol‑vimento
relaciona-se simbioticamente com a EC -, apresentado inicialmente por Richards e Raymond
(2000), visto como uma ampliação do Turismo Cultural, caracterizado, dentre outros, pela produção e
consumo de produtos/serviços criativos, decorrentes de conhecimento especializado (inovação, produtos e
novas experiências, desenvolvimento de aptidões etc.) e, ainda, baseado no capital criativo da localidade,
em constante desenvolvimento.
De tal sorte, conforme demonstrado ao longo do trabalho, as ações realizadas no interior dos Pontos
de Cultura, em organizações de base comunitária, se valem do patrimônio cultural e natural locais, em
associação aos demais ativos simbólicos do território, a exemplo do pantanal sul-mato-grossense (Unesco,
2000), além de influenciar o segmento turístico a partir de uma abordagem intensiva em criatividade.
Lançadas, assim, as bases para o entendimento da EC e considerando a complexidade que tece seu
entendimento (Morin, 2011) é seminal estabelecermos aqui os transbordamentos, relacionamentos e
interações multiconceituais que cercam seu fundamento: a inovação, a sustentabilidade e a diversidade
cultural. Analogamente ao trabalho estabelecido por Stuart Hart (2004, 2005), a EC também compartilha
de motivadores globais (aumento populacional, pobreza, desigualdade social, poluição, revoluções, etc.)
que a levaram a ser entendida em um constructo multidimensional estratégico para responder aos
motivadores aludidos. Uma resposta à crise estrutural da economia intensiva em capital.
Sob essa constatação, entender o cenário no qual a EC avança como um modelo favorecedor do
desenvolvimento sustentável - a partir de organizações que empreendem ações em diferentes setores da
Indústria Criativa - tem sido tarefa recorrente na discussão de novas estratégias para o desenvolvimento
econômico mundial.
Nas bases de seu constructo muldimensional, a EC apresenta uma relação inextrincável entre
criatividade e inovação. Uma abordagem mais adequada dessa relação requer, antes, um entendimento
do que é inovação. Para isso, Schumpeter (1961) lançou luz sobre o tema ao abordar uma espécie de
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“destruição criadora/criativa”. Em sua teoria, o capitalismo se autodestruiria – puramente por razões
econômicas – de modo a responder à novas possibilidades de (re)significação, (re)vitalização. Sobre
essa necessidade de autodestruição dos engendramentos capitalistas pode-se dizer que “o impulso
fundamental que põe e mantém em funcionamento a máquina capitalista procede dos novos bens de
consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados e das novas formas de
organização industrial criadas pela empresa capitalista” (Schumpeter, 1961: 109).
O entendimento dessa relação também esboça contornos da “economia do conhecimento”. Florida (2011:
44), ao discutir a contribuição teórica de Peter Drucker, sustenta que “conhecimento e informação são
ferramentas e materiais para a criatividade. A inovação, tanto na forma de um novo artefato tecnológico
quanto de um novo modelo de negócios, é seu produto”. Logo, recursos naturais e a interação com novas
formas de conhecimento dariam o mote do desenvolvimento econômico que estaria por vir, solapando
o imperativo dado aos meios de produção tradicionais.
Assim, a relação entre inovação e criatividade assenta-se sobre o paradigma necessidade-inventividade,
produzido pelo capitalismo global e colocado à favor do desenvolvimento tecnológico desde então.
A inovação – como manifestação da criatividade dos indivíduos – está imbricadamente associada
ao progresso técnico. Este, por sua vez, é fruto da capacidade do homem para inovar, inventar. Essa
possibilidade é crucial para o entendimento do conceito de desenvolvimento apresentado nas teorias
sobre desenvolvimento do notável e ex-ministro da cultura brasileira, Celso Furtado: “o desenvolvimento
é sempre tributário de uma atividade criadora” (Furtado, 1978: 47).
A narrativa shumpteriana observou, também, que o capitalismo estaria constantemente se renovando,
criativamente (Schumpeter, 1961). Essa observação foi levada à efeito nos postulados de Furtado que,
embora insistisse em associar a inovação a conceitos maiores, não deixou de anotar que “comumente,
a criatividade humana tem sido canalizada para a inovação técnica” (Albuquerque, 2013: 157). Nessa
importante vinculação entre a inovação e sua utilização em favor do progresso técnico:
A elaboração de Celso Furtado define o espaço do progresso técnico e da inovação técnica como uma esfera
bastante delimitada da criatividade humana e, por isso, contribui para um diálogo com a elaboração
neoshumpteriana, na medida em que essa elaboração de certa forma restringe-se a este aspecto específico
da criatividade humana (Albuquerque, 2013: 168).
A inovação, assim, está associada à criatividade humana. Essa criatividade é apresentada por Celso
Furtado, na obra “Criatividade e Dependência” como estruturante de nossa evolução social3, uma
demonstração da inventividade humana (Albuquerque, 2013).
O fenômeno da inovação teve seu marco de reconhecimento seminal no interior do Manual de Oslo, da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cujos esforços para compreender
sua amplitude setorial deu origem aos tipos principais de inovação: inovação de marketing, inovação
organizacional, inovação de produto e inovação de processo (OCDE, 1997). Resumidamente, a OCDE
apresentou as inovações dos tipos organizacional e de marketing como:
As inovações organizacionais referem-se à implementação de novos métodos organizacionais, tais como
mudanças em práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas da
empresa. As inovações de marketing envolvem a implementação de novos métodos de marketing, incluindo
mudanças no design do produto e na embalagem, na promoção do produto e sua colocação, e em métodos
de estabelecimento de preços de bens e de serviços (OCDE, 1997: 23).
Por sua vez, as inovações tecnológicas do tipo produto e processo – embora envoltas de interpretações
e características difusas nas diferentes literaturas – têm, no Manual de Oslo, as seguintes definições:
Uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado
no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em
especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras
características funcionais (OCDE, 1997: 57).
E:
Uma inovação de processo é a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou signifi‑cativamente
melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares
(OCDE, 1997: 58).
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Orbitando nesse arcabouço, pode-se falar, ainda, da inovação radical (Tellis, Prabhu & Chandy,
2009) – baseada no modelo de cultura corporativa das empresas; e inovação disruptiva – associada ao
processo de destruição criativa como estratégia de reposicionamento de mercado e sustentabilidade
das organizações (Hart, 2005).
Apesar de não serem conceitualmente iguais, tampouco intercambiáveis, a presença de algum tipo
de inovação é observada com clareza por alguns autores em algumas das Indústria Criativas. Stoneman
(2010) postula que existem altas taxas de soft innovation em alguns segmentos da indústria, como as
ligadas à música, livros, artes, jogos, filmes, moda e vídeo. A Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento - Unctad, por sua vez, reconhece que “as estratégias para a economia
criativa exigem políticas combinadas para induzir a criatividade e a inovação, bem como para ajudar
os criadores a atingir mercados globais, e para esses fins as ferramentas TIC são essenciais” (Unctad,
2010: 194)
Existe, ainda, uma profícua discussão em curso sobre a relação criatividade e P&D. O debate acerca
da possibilidade da pesquisa e desenvolvimento integrar ou não os setores das Indústria Criativas
recaí na abordagem de que “criatividade e conhecimento são incorporados em criações científicas, da
mesma forma que nas criações artísticas” (Oliveira et al., 2013: 19). Contudo, no Brasil, as principais
literaturas e estudos têm contemplado o setor de P&D na mensuração da EC.
De interesse seminal para o presente trabalho, importa estabelecer o conceito de inovação territorial,
considerada um sistema dinâmico de reprodução fundado em inovações constantes, resultante de relações
de protagonismo entre os atores públicos e privados de uma determinada região/território (Fernandez,
2004). Esse tipo de inovação é responsável por atribuir valor ao processo produtivo-criativo (da produção
à fruição), tendo como principal característica a constituição de redes locais de cooperação, como, por
exemplo, as Redes de Pontos de Cultura.
Outra relação imbricada no interior da EC se assenta no conceito da sustentabilidade. Trata-se,
neste ponto, de prover um alinhamento entre os postulados da EC e a dimensão de alcance de um novo
desenvolvimento apoiado no pilar da sustentabilidade. Importante, assim, clarificar a perspectiva de
sustentabilidade com a qual dialoga estrategicamente a EC.
Embora não tenhamos aqui o objetivo de travar um esforço representativo sobre o que é o desenvol‑vimento
sustentável, basta-nos compreendê-lo como aquele que atende às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades (Brundtland,
1991). Sob esse imperativo, a noção de sustentabilidade – embora multiconceitual – ganha importância
estratégica.
Ainda em referência, a sustentabilidade pode ser expressa em cinco dimensões: ecológica, espacial,
cultural, social e econômica (Sachs, 1993). A ecológica refere-se à conservação da própria natureza (dos
ecossistemas); a espacial considera a ocupação planejada do espaço, na construção da territorialidade;
a cultural faz menção à preservação e respeito às tradições culturais; a social, por sua vez, reporta
ao equilíbrio social em termos econômicos e políticos; e, finalmente, a econômica, que visa garantir a
viabilidade econômica do desenvolvimento.
De igual modo, o paradigma que se apresenta emergencial trata da abordagem de valoração inter‑disciplinar
que considere e articule as diferentes formas de sustentabilidade:
a integração das várias abordagens significa a emergência de um novo paradigma transdisciplinar de
valoração, no qual se leva em consideração os objetivos de sustentabilidade ecológica, justiça distributiva
e eficiência econômica, condizente com os princípios e com a visão pré-analítica da economia ecológica.
Nesse novo paradigma, as contribuições das ciências sociais (economia, principalmente) e das ciências
naturais (ecologia e biologia, principalmente) são combinadas na tentativa de construção de modelos
econômico-ecológicos. O objetivo, em última instância, é proporcionar uma visão holística de tratamento
dos ecossistemas e seus serviços, bem como considerar os vários efeitos de feedback existentes entre
ecossistemas e sistemas econômicos (Romeiro & Maia, 2011: 11).
Novamente, à luz da complexidade que tece o entendimento da EC, urge a necessidade de reconhe‑cer
um ecossistema que se incumba de organizar a estrutura sob a qual se assentam as economias
de transição atuais, bem como, as várias dimensões de seu desenvolvimento (Fernandes, 2012).
E, nessa nova plataforma de desenvolvimento, a Unctad (2010: 26) introduziu discussões acerca de
uma sustentabilidade cultural: “processo de desenvolvimento que mantém todos os tipos de ativos
culturais desde os idiomas das minorias e rituais tradicionais até trabalhos artísticos, artefatos e
prédios e locais patrimoniais”.
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358 A Economia Criativa em organizações intensivas em símbolos
A EC brasileira tem, por sua vez, a partir do Plano da Secretaria da Economia Criativa – do
Ministério da Cultura-, endossado uma estrutura que considera não apenas a criatividade, mas,
também, a inovação, a diversidade cultural e a sustentabilidade como elemento indissociável e fun‑cional
das atividades desenvolvidas pelas organizações dos setores criativos. Sob esse prisma, o lócus
que permite afirmar que sustentabilidade está diretamente relacionada às economias de transição,
como a criativa, está no vislumbramento de sua permanente contribuição para o desenvolvimento
econômico mundial, includente e equitativo. Hart e Milsten (2004) apresentam a sustentabilidade
como ativo desse desenvolvimento:
A ideia de sustentabilidade vem sendo representada pela elevação de expectativas em relação ao desempenho
social e ambiental. A sustentabilidade global tem sido definida como a habilidade para “satisfazer as necessi‑dades
do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações para satisfazerem suas necessidades”.
Similarmente, o desenvolvimento sustentável “é um processo para se alcançar o desenvolvimento humano
(...) de uma maneira inclusiva, interligada, igualitária, prudente e segura” (Hart & Milsten, 2004: 2).
Para os autores, os desafios globais associados à sustentabilidade, considerados sob a ótica dos
negócios de cada organização, podem ajudar a identificar estratégias e práticas que contribuam para
um mundo mais sustentável e, simultaneamente, que sejam direcionadas a geração de valor econômico.
Premissa essa que, por sua vez, torna-se um importante vetor constituinte da EC, diferenciando-a da
economia tradicional.
Dessa forma, as relações que compreendem a sustentabilidade, turismo e EC mostram-se sig‑nificativas,
uma vez que as populações das localidades, o poder público e demais organizações
possuem papel singular na manutenção e gestão de seus ativos naturais e simbólicos, sobretudo, na
salvaguarda do patrimônio cultural material e imaterial, em estrita observância e respeito às práticas
das comunidades (Dias, 2008).
Em uma abordagem holística, práticas globais reconheceram o Turismo Criativo como uma ferramenta
capaz de criar relações mais fortes e significativas entre objetivos econômicos, sociais, culturais e
ambientais (Raymond, 2007). Acertadamente, Richards (2001) postula que o Turismo Criativo possui
vantagem em relação ao turismo tradicional, porquanto criatividade seja um processo que lança mão
de recursos/ativos criativos – que são infinitos por natureza -, preservando demais recursos/ativos
findáveis e não-renováveis, à exemplo da exploração do patrimônio natural.
Prosseguindo, inovação e sustentabilidade são grandezas estratégicas afeitas à EC. Porém, o são
também das organizações do sistema capitalista. O espaço é, então, de disputa, de tensão. O desafio que
está posto às organizações que lançam mão do ativo criativo em sua produção reside na tarefa de conciliar
os pilares supracitados como instrumentos de criação de valor, inclusão e desenvolvimento. Desempenhar
atividades econômicas com foco na geração de riqueza e, ao mesmo tempo, assegurar a preservação de
atividades socioambientais no âmbito das organizações ainda configura-se um grande desafio.
Ademais, a caracterização dos produtos e processos decorrentes da EC, por seu teor ligado à susten‑tabilidade,
apresenta aspectos de novidade ao mercado. Novidade essa capaz de estimular novas formas
de produção. A despeito da capacidade de disrupção, apresentada por Hart (2005), reside o fenômeno
da inovação, capaz de promover reposicionamento de mercado, redução de custos e riscos.
A literatura internacional e nacional tem demonstrado que a adesão a um modelo de criação de
valor apoiado no pilar da sustentabilidade, fundamenta-se na criação de valor sustentável focado na
dimensão da legitimidade e reputação da organização, a partir da colaboração e gestão compartilhada
de recursos – resíduos, tecnologias entre outros –, incluindo ações conjuntas realizadas em parceria com
organizações não-governamentais de preservação ambiental (Hart & Milsten, 2004). Isso porque, existe
um constructo multimensional que promove a interação dessas grandezas estratégicas e em disputa no
mercado onde operam todas as economias, incluindo a criativa (Soares, 1996).
Por fim, a relação que no presente estudo ganha maior expressão: a EC e a diversidade cultural.
A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (2002) mostrou categoricamente a relação entre
diversidade cultural e criatividade:
Toda criação tem suas origens nas tradições culturais, porém se desenvolve plenamente em contato com
outras. Essa é a razão pela qual o patrimônio, em todas suas formas, deve ser preservado, valorizado
e transmitido às gerações futuras como testemunho da experiência e das aspirações humanas, a fim
de nutrir a criatividade em toda sua diversidade e estabelecer um verdadeiro diálogo entre as culturas
(Unesco, 2002: 4).
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Aparentemente não há, no cenário da literatura global, fato que leve a EC a desconsiderar a relação
umbilical com a diversidade cultural. Pode-se dizer, ainda, que ambas coexistem no mesmo espaço.
A diversidade cultural é defendida como fator de desenvolvimento e é reafirmada em todo momento
como patrimônio comum da humanidade (Unesco, 2005). Ou seja, a diversidade cultural:
se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades
que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural
é, para o gênero humano, tão necessária como a diversidade biológica para a natureza. Nesse sentido,
constitui o patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em benefício das
gerações presentes e futuras (Unesco, 2005: 3).
Em debate mais ampliado e consolidado, a Convenção da Unesco para a proteção e promoção da
Diversidade das Expressões Culturais (2005) consensou:
“Diversidade cultural” refere-se à multiplicidade de formas pelas quais as culturas dos grupos e sociedades
encontram sua expressão. Tais expressões são transmitidas entre e dentro dos grupos e sociedades.
A diversidade cultural se manifesta não apenas nas variadas formas pelas quais se expressa, se enriquece
e se transmite o patrimônio cultural da humanidade mediante a variedade das expressões culturais, mas
também através dos diversos modos de criação, produção, difusão, distribuição e fruição das expressões
culturais, quaisquer que sejam os meios e tecnologias empregados (Unesco, 2005: 4).
A evolução que se produziu, desde a Convenção de Haia para a Proteção dos Bens Culturais (1954),
até à Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003), passando pela Convenção
das Medidas a Adotar para Proibir e Impedir a Importação; Exportação e Transferência da Propriedade
Ilícita de Bens Culturais (1970); a Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e
Natural (1972) e a Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático (2001), revela um
esforço recorrente dos organismos internacionais em ampliar o debate sobre patrimônio cultural que,
frequentemente, se entende como incluindo não somente as expressões materiais das diferentes culturas
do mundo, mas também as manifestações intangíveis, aí compreendidas as tradições orais, as artes do
espetáculo e o saber tradicional (Unesco, 2009).
Não obstante, essa evolução reflete um duplo movimento: um conduz ao reconhecimento de um
patrimônio comum que a comunidade internacional deve salvaguardar como expressão de uma herança
comum; o outro leva ao reconhecimento das características próprias das culturas que, embora flutuantes
e transitórias por natureza, devem valorizar-se e reconhecer-se como tais (Haque, 1999; Unesco, 2009).
Não é atual o reconhecimento da grandeza estratégica – diversidade cultural – como aquela capaz
de gerar riqueza em escala, local, regional ou global (Yúdice, 2002). Essa diversidade pode contribuir,
ainda, no desenvolvimento e diversificação do Turismo Criativo, considerando que o setores presentes
na EC valem-se, comumente, do trade turístico local para incluir seus produtos no circuito econômico
de geração de riqueza (Raymond, 2007).
A diversidade cultural tem, há muito tempo, ocupado lugar de destaque no papel do Estado, em
protegê-la. Tanto nas políticas públicas como nas esferas administrativas de decisão a temática suscita
incansáveis propostas de integração e alinhamento com aspectos de natureza econômica. No próprio
Ministério da Cultura brasileiro chegou a existir uma secretaria intitulada Identidade e Diversidade
Cultural (Rubim, 2007).
O ex-ministro da cultura, Gilberto Gil, notabilizou-se, dentre outras coisas, por levar em seus discursos
a importância da diversidade cultural brasileira como pilar estratégico da dimensão econômica:
São fundamentais o respeito, a valorização e o convívio harmonioso das diferentes identidades culturais
existentes dentro dos territórios nacionais (…) podemos e devemos reconhecer e valorizar as nossas
diferenças culturais, como fator para a coexistência harmoniosa das várias formas possíveis de brasilidade
(Gil, 2005: 07).
Contextualizando o debate de inflexão política entre diversidade cultural e EC é permitido inferir
que as culturas tradicionais indígenas, afrodescendentes e de populações migrantes – em suas múltiplas
manifestações – são, por exemplo, integrantes do patrimônio cultural de uma nação, cujas identidades
produzem diálogo glocal na estrutura de surgimento e desenvolvimento da EC. Essas riquezas do
patrimônio cultural são, no contexto Brasil, abundantes, exponenciais.
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360 A Economia Criativa em organizações intensivas em símbolos
E pela imensidão se suas riquezas naturais e culturais, o Turismo Criativo, ao contrário do turismo de
massa e mercantilizado, vale-se da diversidade cultural da localidade para potencializar a oferta de bens e
serviços que tem no conhecimento, na experiência e na simbologia o mote da geração de negócios inclusivos,
com distribuição equitativa de emprego e renda (Greffe, 2013).
3. Metodologia
Para a pesquisa foi feito um levantamento descritivo de atuação e dos principais projetos/ações
desenvolvidos nos Pontos de Cultura da Rede MS. As categorias eleitas para análise e respectivo
detalhamento recaíram sobre (Figura 1): a dimensão setorial da EC em que os Pontos de Cultura
investigados atuam, considerando os setores criativos propostos no Plano da SEC; a organização do
ciclo criativo (processo de criação, produção, distribuição/difusão e consumo/fruição), considerando
as ações de desenvolvidas em relação a produção de bens e serviços simbólico-criativos; e os canais
de distribuição/fruição, que interagem ou podem contribuir com o turismo local.
Figura 1: Dimensões de análise da EC
Fonte: elaborado pelos autores
Ou seja, considerando ser a EC um constructo multidimensional complexo, a Figura 1 organiza
as principais variáveis/categorias de análise a partir do ativo criativo introjetado de valor simbólico‑
-intangível, insumo nuclear para produção de bens e serviços criativos. Esses bens e serviços estão,
por sua vez, inseridos em, ao menos, um dos setores criativos presentes nas cinco categorias culturais,
consoante definido pela SEC. Por sua vez, o ciclo da EC (criação, produção, distribuição e consumo) deve
observar em, ao menos uma de suas fases, os princípios norteadores fundados nos pressupostos teóricos
supraditos acerca da Diversidade Cultural, Sustentabilidade e da Inovação, bem como, as relações de
cooperação com o turismo local.
Para caracterizar esse constructo, realizou-se uma análise de conteúdo (Bardin, 2011) cujo corpus
constitui-se de estudos documentais, além das principais publicações – relatórios, reportagens, livros -
que contextualizam as organizações sem fins lucrativos chanceladas como Pontos de Cultura e, ainda,
a base vivencial dos pesquisadores nos estudos organizacionais dessa natureza, que permitiu lançar
algumas notas conclusivas visando responder às questões aludidas na introdução deste trabalho e, ainda,
apresentar outros resultados que circunscrevem a EC prospectada em espaços de base comunitária e
suas correlações com a economia do turismo para o desenvolvimento local.
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 16 N° 2. Abril 2018 ISSN 1695-7121
Adriano Pereira de Castro Pacheco, Elcio Gustavo Benini 361
4. A Rede MS de Pontos de Cultura: a prospecção da criatividade em espaços intensivos em
símbolos
O estado de Mato Grosso do Sul, situado na região centro-sul do país, possui implantados 30 Pontos
de Cultura que integram a rede estadual, gerida pela Fundação Estadual de Cultura; 15 Pontos que
integram a rede municipal, geridos pela Prefeitura Municipal de Campo Grande e 9 (nove) Pontos que
foram conveniados diretamente com o Ministério da Cultura, além de 2 pontões de cultura, responsáveis
em articular as ações junto aos demais pontos, conforme Anuário Cultura em Números (2009).
Implantados, os Pontos de Cultura revelam a pluralidade de linguagens, expressões e ações de
natureza cultural que propõem uma estreita aproximação com a temática transversal da educação,
meio ambiente, tecnologia, patrimônio material e imaterial, juventude, saúde e outros.
Além disso, a implantação da rede de Pontos de Cultura em diferentes municípios do estado
representou uma importante intervenção dos princípios estratégicos da EC nos espaços ocupados,
mesmo antes da intensificação de seus estudos, na medida em que suscitou um estimulo à sociedade
para apropriação coletiva dos meios de produção local, valorizando sua identidade e tradição, dentro
de uma gestão democratizada, autônoma e colaborativa. Emancipada de um essencialismo liberal que
transfere à sociedade civil responsabilidades até então do Estado, agora minimizado em suas funções,
a sociedade civil é, então, chamada a figurar papel de sujeito ativo de um processo de desenvolvimento
local que tem na criatividade o seu mote.
A multiculturalidade e especificidade de cada grupo, coletivo ou movimento, em seus respectivos
territórios, revelam-se amplamente potencializáveis considerando as riquezas simbólicas de cada
mesorregião do estado, cujos municípios foram contemplados com, ao menos, uma das ações do Programa
Cultura Viva4 (Pontos de Cultura, premiações entre outras). Com efeito, cumpri caracterizar, a seguir,
as ações desenvolvidas em alguns Pontos de Cultura cuja vocação econômica, intensiva em criatividade,
vislumbra reais potencialidades.
Na fronteira do Brasil com Paraguai, por exemplo, especificamente na cidade de Ponta Porã (MS), o
“Ponto de Cultura Camará Capoeira” resgata a tradição e o simbolismo da capoeira por meio de oficinas
de formação cultural aos alunos do projeto, associado às aulas de inclusão digital, cineclub e oficinas
de formação profissional. Ao noroeste do estado, também na divisa, o “Ponto de Cultura Expressão
pela Vida” apresenta uma plataforma multisegmentada de intervenção social no intuito de minimizar
os impactos da extrema pobreza, desemprego e marginalidade infanto-juvenil por meio de atividades
artísticas, de informática, audiovisual e acompanhamento social dos alunos e familiares.
Prosseguindo, na tentativa de se delimitar os Pontos de Cultura com alguma vocação econômica, mais
de 105 parecem empreender ações específicas afeitas à EC. Dentre eles, o Ponto de Cultura “Movimento
de Arte e Cultura de Itaporã (Maci)”, do município de Itaquiraí, que tem por objetivo diminuir a violência
contra a mulher no campo por meio de oficinas de geração de renda, artesanato, restauração de móveis,
corte e costura entre outros.
Em Anastácio, situada a 125 km da capital, a Associação de Mulheres Independentes na Ativa promove
no “Ponto de Cultura AMINA” oficinas de capacitação profissional para mulheres que sofreram violência
doméstica e em situação de desemprego possibilitando geração e aumento da renda familiar por meio da
venda dos produtos artesanais e manufaturados desenvolvidos no Ponto. Já no “Ponto de Cultura Sabor
e arte Regional do Buriti” - implantado pela Associação Leste dos Pequenos Produtores Rurais no Distrito
de Palmeiras, situado a 120 km da capital, as mulheres artesãs produzem artefatos bordados, trançados
em fibra, culinária regional e comercializam na própria região, considerada também uma rota turística.
No “Ponto de Cultura Montana”, em Bataguassu, o grupo de assentados rurais otimizaram os cursos
de trançados em palha, fibra, tecelagem visando qualificar a produção artesanal local, além de promover
e participar de feiras de comercialização e divulgação das ações do Ponto. Além disso, revela talentos
no campo por meio da Cia Montana de Teatro.
Na capital, Campo Grande, o Ponto de Cultura “Cia das Artes” promove o artesanato por meio da
confecção de bonecos, contemplando ainda, a educação para o teatro e a cultura da infância; enquanto
o Ponto de Cultura “Colônia Paraguaia” trabalha a formação para as artes de espetáculo com fulcro nas
tradições paraguaias. Ao sudoeste do estado, Ivinhema destaca-se pela presença do Ponto de Cultura
“Nelito Câmara” que, além de realizar inúmeras ações formativas para as artes, realiza o tradicional
Festival de Cinema Vale do Ivinhema, com significativa importância para o município.
Os Pontos de Cultura do estado também se reúnem com determinada frequência no intuito de
deliberarem novos caminhos e direções para o movimento. Nesse sentido, em um espaço público e
participativo são realizadas plenárias durante o encontro dos Pontos de toda a Rede MS, denominado
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362 A Economia Criativa em organizações intensivas em símbolos
“Teia Estadual”. Na Teia, ocorre o fórum (setorial, regional) dos Pontos de Cultura, contribuindo, dentre
outros, para o fortalecimento do Sistema Nacional de Cultura6 e fomentando a construção de marcos
legais que reconheçam a importância do trabalho realizado no interior do Pontos de Cultura, sobretudo
para o desenvolvimento econômico, social e cultural dos municípios onde estão estabelecidos.
A adesão ao Programa Cultura Viva no território sul-mato-grossense estabeleceu Pontos não apenas
de uma área ou trabalho específico, mas sim, de articulação em rede e de mobilização social com
diferentes alternativas e visões que se fundamentam confluentes numa direção de desenvolvimento
sustentável e inclusivo. Dessa forma, ao exercerem os objetivos de alinhamento descritos no escopo
formal do Programa, esses Pontos são provocados a gerar, receber e a transferir conhecimento técnico,
científico, econômico, social, educacional, de gestão etc. que conectados e desenvolvidos podem promover
alternativas inovadoras de desenvolvimento local.
Nesse sentido, a construção de uma ambiência favorável ao desenvolvimento dos setores criativos
a partir dos Pontos de Cultura enquanto empreendimentos coletivos (de Economia Criativa, Solidaria,
Colaborativa etc.) parece se expandir com vistas à dinamização e fortalecimento de iniciativas já
existentes nas comunidades, logo, dotadas de um potencial de autossustentação.
É pertinente destacar, ainda, os Pontos de Cultura presentes na mesorregião Pantanais Sul-Mato‑
-Grossenses, à exemplo do “Sapicuá Pantaneiro” em Aquidauana; do “Moinho Cultural Sul-Americano”,
na cidade de Corumbá – que faz fronteira com a Bolívia; e do Ponto de Cultura “Centro de Tradições
Pantaneiras”, no município de Rio Verde de Mato Grosso.
Além da notória importância cultural, turística e econômica para o estado, decorrentes de sua posição
geográfica, contemplando a planície pantaneira, a referida mesorregião apresenta-se como a de maior
concentração de elementos simbólicos de representação da expressão da cultura tradicional local, que
também agrupa territórios indígenas, e desponta como aquela capaz de fornecer a maior gama de
atributos (simbólicos-intangíveis-criativos) para a análise das conexões propostas no presente estudo.
Sem embargo, o recorte mesorregional supracitado é proeminente ao deparar-se com a narrativa exposta
no interior da Conferência das Nações Unidas para o Comércio o Desenvolvimento – Unctad (2010):
Essas expressões culturais tradicionais são bens culturais valiosos das comunidades indígenas e locais
que as mantêm, praticam e desenvolvem. As expressões culturais tradicionais também podem ser bens
econômicos: são criações e inovações que podem, se desejadas, ser comercializadas ou licenciadas para a
geração de renda e para o desenvolvimento econômico. Elas também podem servir como inspiração para
outros criadores e inovadores, que podem adaptar as expressões tradicionais e derivar novas criações e
inovações a partir delas. As expressões culturais tradicionais e outros elementos do patrimônio cultural
imaterial são, portanto, um motor fundamental da criatividade, pois elas estão em um processo permanente
e cumulativo de adaptação e recriação (Unctad, 2010: 181).
No Ponto de Cultura Sapicuá Pantaneiro, a simbologia da identidade pantaneira é insumo criativo
para a produção da faixa pantaneira e de artefatos em couro utilizados, inclusive, pelos peões na lida
do campo. Destaque para a publicação do Manual das Oficinas do projeto (Medeiros, 2006), que inova
enquanto produto literário e enquanto processo de trabalho. Na fronteira Brasil-Bolívia, o Moinho
Cultural Sul-Americano investe em produtos e serviços apoiados na temática pantaneira e que são
comercializados aos turistas na loja do projeto, às margens do rio Paraguai, na região do casario do Porto.
Em tom propositivo, o fortalecimento de ações no campo da EC articuladas pela comunidade em
espaços coletivos – como as organizações intensivas em símbolos, à exemplo dos Pontos de Cultura - em
parceria com as políticas públicas governamentais, podem fazer com que novos nichos de produção de
base local ganhem representatividade e, considerando os ativos simbólicos e criativos do território,
sejam impulsionados pelo turismo local-criativo para escoar sua produção, incentivando relações que
fortalecem a dinâmica econômica de ambos os setores.
5. Considerações Finais
Conforme observado no presente trabalho algumas ações desenvolvidas no interior de alguns dos
Pontos de Cultura integrantes da Rede MS parecem possuir profícua relação com os setores da EC
brasileira e - por constituírem-se de organizações intensivas em símbolos -, valem-se das características
socioculturais de seu território para prospectar a geração de negócios criativos, apoiados pelo turismo
local, consequentemente, criativo.
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Quadro 1: Resumo das principais ações na EC desenvolvidas pelos Pontos de Cultura
Pontos de Cultura Setores Criativos Ações (Bens e Serviços) Canais de Distribuição/
Fruição
Macule lê
Patrimônio Imaterial Oficinas de capoeira;
musicalidade;
instrumentalidade;
inclusão digital; videoteca;
festivais de capoeira
Festivais de capoeira;
eventos culturais e
esportivos; sede do Ponto
Culturas Afro-brasileiras
Dança e Música
Expressão pela Vida
Patrimônio Imaterial Oficinas de dança,
capoeira, violão,
informática e audiovisual;
produção de espetáculos
artísticos
Eventos culturais do
município; sede do Ponto
Dança e Música
Cinema e Vídeo
Movimento de Arte
e Cultura de Itaporã
(MACI)
Cinema e Vídeo Oficinas de multimídia,
produção artesanal e artes
de espetáculo
Feiras e exposições do
Artesanato município; sede do Ponto
Artes de Espetáculo
AMINA
Artesanato Oficinas e produção de
artesanato baseado em
tecidos, couro, madeira;
corte e costura; biojóias e
artes de espetáculo
Feiras regionais;
Exposições; pontos de
comercialização local; sede
do Ponto
Artes de Espetáculo
Cinema e Vídeo
Sabor e arte regional do
Buriti Artesanato
Inclusão digital; Oficinas
e produção gastronômica
e artesanato com matéria-prima
do cerrado e
materiais recicláveis
Feiras de comercialização;
Casa dos Artesãos; sede
do Ponto
Montana
Artesanato Criação e produção de
espetáculos artísticos e
Artesanato
Comércio local; Feiras e
Artes de Espetáculo exposições
Cia das Artes
Artesanato Oficinas e produção de
bonecos e brinquedos;
espetáculos artísticos;
artesanato
Feiras itinerantes;
Artes de Espetáculo festivais; sede do Ponto
Sapicuá Pantaneiro
Artesanato
Artesanato pantaneiro;
serviços audiovisuais;
literatura e educação
patrimonial
Pousadas Pantaneiras;
Agências de viagem; Casa
do Artesão; Feiras de
comercialização; distritos
pantaneiros e sede do Ponto
Patrimônio Imaterial
Cinema e Vídeo
Moinho Cultural Sul-
Americano
Artes de Espetáculo
Gastronomia pantaneira;
corte e costura; moda;
espetáculos artísticos
Loja Saberes e Fazeres
(sede do Ponto); parceiros
do comercio local; trade
turístico da região
Patrimônio Material e
Imaterial
Cinema e Vídeo
Moda
Colônia Paraguaia
Patrimônio Imaterial Oficinas e produção de
espetáculos com temática
paraguaia (dança, música
etc.); bailes temáticos;
oficinas de inclusão digital
Feiras; Bailes Temáticos;
Exposições itinerantes;
sede do Ponto
Culturas Populares
Música e Dança
Centro de Tradições
Pantaneiras
Artesanato Oficinas de dança
e música regionais;
formação em tradição
pantaneira; culinária
regional
Sede do Ponto;
Exposições e Feiras de
Música e Dança comercialização
Nelito Câmara
Artes de Espetáculo Oficinas e mostras
culturais, compreendendo
as artes de espetáculos;
oficinas de audiovisual
Sede do Ponto e Festival
de Cinema Vale do
Cinema e Vídeo Ivinhema
Fonte: elaboração própria
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 16 N° 2. Abril 2018 ISSN 1695-7121
364 A Economia Criativa em organizações intensivas em símbolos
Ademais, alguns elementos tornam os Pontos de Cultura notadamente potenciais nichos produtivos
da EC à luz das dimensões estratégicas debatidas ao longo do trabalho: 1) são reconhecidos a partir de
comunidades organizadas em associações; 2) realizam atividades tradicionais de relevante valor cultural
e simbólico; 3) promovem a inclusão social em diferentes níveis; 4) desenvolvem paralelamente ações
de formação tecnológica e de audiovisual; e 5) desenvolvem produtos e serviços com potencial valor
econômico, introjetados de elementos simbólicos.
Como visto, as organizações chanceladas como Pontos de Cultura - intensivas em conteúdo simbó‑lico
- desenvolvem produtos e serviços que estão contemplados nos diferentes setores da ciclo criativo,
percorrendo do patrimônio cultural imaterial até as novas mídias e conteúdos audiovisuais, com destaque
para o artesanato e artes performáticas.
Dessa forma, não se tratou aqui de observar a reprodução de uma economia intensiva em capital;
antes, como visto, de reconhecer que alguns pressupostos assumidos para a EC brasileira podem ser
visualizados com mais propriedade em espaços onde os elementos socioculturais que caracterizam a
comunidade são colocados à sua disposição, visando a geração de riqueza distribuída equitativamente.
“Gente junta cria cultura e, paralelamente, cria uma economia territorializada, uma cultura territoria‑lizada,
um discurso territorializado, uma política territorializada” (Santos, 2000: 144).
E ainda, neste contexto, estes elementos estão presentes em diferentes etapas do processo e, portanto,
geram canais de comunicação entre a economia da cultura e a criativa e alguns princípios que cooperam
para o surgimento de um turismo criativo. Um dos horizontes desses ativos é a equação cultura, economia e
desenvolvimento, estimulando a abertura de campos estratégicos de interação na agenda da cultura, como
as novas tecnologias, os meios de comunicação, além de outros espaços consolidados como meio ambiente.
Por fim, cabe ressaltar que o Plano da SEC (Leitão, 2015), pontua, também, a inclusão social como
eixo estruturante da EC brasileira, em adição à inovação, à diversidade cultural e à sustentabilidade
como viabilizadores do desenvolvimento local. Todavia, em que pese a importância e grandiosidade das
ramificações que abarcam essa temática, far-se-iam necessários outros esforços de discussão em trabalhos
adjacentes à este visando clarificar as novas relações propostas pela EC, possibilidades de abordagem futura.
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Notas
1 A expressão “Indústria Criativa” surgiu inicialmente no documento intitulado Creative Nation, notabilizado por enfatizar a
contribuição do trabalho criativo para a economia australiana e o impacto das novas tecnologias para o desenvolvimento da
produção cultural organizado em setores estratégicos. Poucos anos depois, o Reino Unido estabeleceu o marco legitimador
da economia criativa ao publicar um estudo das vantagens competitivas da economia britânica, que se transformou em
uma das prioridades do Governo trabalhista do então Primeiro-Ministro Tony Blair
2 Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/documents/10913/636523/PLANO+DA+SECRETARIA+DA+ECONOMIA+C
RIATIVA/81dd57b6-e43b-43ec-93cf-2a29be1dd071>. Acesso em 01.06.2016.
3 Cumpre assinalar que a narrativa schumpteriana não tratou de abordar a existência do fenômeno da inovação em uma
perspectiva de criação de valor sustentável. Antes, a coarctou em seu papel de ressignificação do capital, apenas. Nesse
sentido, a concepção valorativa da observação do fenômeno enquanto pilar estratégico do constructo da EC ganha adequada
contribuição e contextualização ao lançarmos mão dos postulados de Celso Furtado. À despeito, Furtado (1978) sustentava
que a inovação deveria ser posta/canalizada/ reorientada para a busca do bem-estar coletivo, potencializando o indivíduo
em suas realizações, vivendo solidariamente.
4 Política Nacional de Cultura Viva ou Programa Cultura Viva, responsável pelo surgimento das Redes de Pontos de Cultura
no Brasil. Ver mais em: < http://www.cultura.gov.br/cultura-viva1>. Acesso em 01.10.16.
5 Informação disponível em: < http://www.fundacaodecultura.ms.gov.br/pontos-de-cultura/ >.
6 Para melhor compreensão ver SNC. Disponível em http://www.cultura.gov.br/snc.
Recibido: 12/04/2017
Reenviado: 26/06/2017
Aceptado: 13/07/2017
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