© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Vol. 14 N.o 5. Págs. 1161-1174. 2016
www .pasosonline.org
Resumo: O empreendedorismo coletivo tem se demonstrado fundamental para o turismo rural sustentável,
fato que motivou o desenvolvimento deste estudo no estado do Paraná, região Sul do Brasil, onde existe uma
experiência coletiva em torno do turismo. Especificamente, neste estudo busca‑se:
a) compreender o processo de
empreendedorismo coletivo desenvolvido entre os empreendimentos turísticos; e b) analisar as possíveis contribuições
do empreendedorismo coletivo para o fortalecimento dos empreendedores turísticos. Para tanto, desenvolveu‑se
um estudo qualitativo, de caráter descritivo. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas com os gestores da
iniciativa coletiva, e ainda, a partir de dados secundários. Os principais resultados apontam que a experiência
coletiva desenvolvida no estado do Paraná em torno do turismo rural sustentável se revela uma iniciativa pioneira
para a região, sendo que o empreendedorismo coletivo se demonstrou fundamental para o desencadeamento desse
processo. Ganhos são mais evidenciados do que dificuldades na iniciativa coletiva investigada.
Palavras-chave: Empreendedorismo coletivo; Turismo sustentável; Turismo rural; Experiência coletiva;
Empreendimentos turísticos.
The collective entrepreneurship in the context of sustainable rural tourism: an experience of
south of Brasil
Abstract: The collective entrepreneurship has proven to be fundamental in the context of sustainable rural
tourism, a fact that motivated the development of this study in Paraná State, south region of Brazil, where there
is a collective experience around tourism. Specifically, this study aims to: a) understand the process of collective
entrepreneurship developed between tourism enterprises and b) analyze the possible contributions of collective
entrepreneurship to strengthen the tourism entrepreneurs involved. Therefore, it was developed a qualitative and
descriptive study. The data were obtained through interviews with the managers of collective initiative, and also
from secondary data. The main results show that the collective experience in Paraná State around sustainable rural
tourism reveals a pioneering initiative in the region, and the collective entrepreneurship is proved fundamental for
triggering this process. Gains are more evident than difficulties in this collective initiative investigated.
Keywords: Collective entrepreneurship; Sustainable tourism; Rural tourism; Collective experience; Tourism
enterprises.
O empreendedorismo coletivo no contexto do turismo
rural sustentável: uma experiência do Sul do Brasil
Carla Maria Schmidt*
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Brasil)
Marialva Tomio** Josmary Karoline Demko Alves***
Flaviane Rossi****
Universidade Regional de Blumenau (Brasil)
Carla Maria Schmidt, Marialva Tomio, Josmary Karoline Demko Alves, Flaviane Rossi
* E‑mail:
carlamariaschmidt@hotmail.com
** E‑mail:
marialva@furb.br
*** E‑mail:
josmarykaroline@yahoo.com.br
**** E‑mail:
flavianerossi@yahoo.com.br
1. Introdução
A literatura econômica reconhece os empreendedores como os principais responsáveis pelo crescimento
das regiões, a partir da criação de empreendimentos, muitas vezes, baseados em modelos inovadores e
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como resposta a oportunidades visualizadas no mercado. Schumpeter (1982) já considerava esses agentes
capazes de destruir a ordem econômica existente, a partir da criação de novas formas de organização
ou pela exploração de novos recursos.
Contudo, em alguns segmentos, a presença individual de empreendedores não é o suficiente para
a formação de empreendimentos capazes de atender as necessidades e exigências do mercado atual.
Isto é comum, por exemplo, no contexto do turismo rural sustentável, atividade que apresenta como
particularidade, a agregação de serviços ofertados pelos empreendimentos que se dispõem a atuar neste
setor. Essa característica é tão marcante que em muitos casos, esse setor só consegue se desenvolver se
houver interação de diferentes empreendedores na formatação de atrativos, destinos e roteiros turísticos,
pois o consumidor estabelece um conjunto complexo de exigências que muitas vezes, isoladamente, um
único empreendimento não consegue atender.
Também Pires (2002) argumenta que no segmento do turismo sustentável em áreas não urbanas
(rurais e naturais), esta união transcende inclusive, as questões socioeconômicas e atinge diretamente
as demandas ambientais, que exigem ações conjuntas à conservação dos recursos naturais e sociais dos
locais. O turismo sustentável prevê a melhoria da qualidade de vida da população local e do visitante;
leva em consideração a qualidade do meio ambiente; incentiva o aumento dos níveis de rentabilidade
econômica da atividade turística, e ainda prevê a obtenção de lucros aos empresários turísticos.
Dessa maneira, entende‑se
que o turismo sustentável exige ações coletivas dos empreendimentos,
principalmente formado por pequenos empreendimentos do setor turístico. Ou seja, o ideal é que
existam empreendedores coletivos, principalmente quando se constituem de pequenos empreendimentos
turísticos, que sozinhos não tem condições de atender as demandas do setor, tampouco das questões de
sustentabilidade, que se tornam essenciais para a permanência dos empreendimentos em longo prazo.
As ações de empreendedorismo coletivo em torno do turismo sustentável contam com a integração e
participação de diversos atores para seu desenvolvimento.
Essa problemática remete a importância do desenvolvimento de investigações sobre o empreende‑dorismo
coletivo em atividades turísticas. Assim, este estudo, vinculado ao Projeto de Pesquisa “Ações
coletivas no turismo sustentável: uma investigação no oeste paranaense” busca compreender o cenário dos
empreendimentos coletivos de turismo sustentável na região Oeste do Paraná, estado do Sul do Brasil.
Nessa região existe um roteiro de turismo rural, criado em 2008 com o intuito de trabalhar de forma
participativa com pequenos produtores rurais que buscam complementar sua renda por meio do turismo.
A iniciativa foi desenvolvida em sete municípios e atuou diretamente com doze pequenos empreendimentos.
Contudo, até o momento desconhece‑se
o desencadeamento e o resultado dessa metodologia de trabalho
coletivo, o que resultou na seguinte questão de pesquisa: Como se desencadeou o processo de empreende‑dorismo
coletivo no contexto do turismo rural sustentável na região Oeste do Paraná, Sul do Brasil? Com
o intuito de responder a esta questão, delinearam‑se
dois objetivos centrais para o estudo: a) compreender
o processo de empreendedorismo coletivo desses empreendimentos turísticos e, b) analisar as possíveis
contribuições do empreendedorismo coletivo para o fortalecimento dos pequenos empreendedores envolvidos.
Para tanto, este estudo está disposto em quatro partes centrais, além desta introdução. O referencial
teórico sobre o fenômeno do empreendedorismo coletivo dentro do contexto do turismo sustentável é
evidenciado na parte dois. Na terceira parte os métodos e técnicas de pesquisa utilizadas são apontadas.
A quarta parte aborda o processo de empreendedorismo coletivo entre os empreendimentos turísticos
do Paraná. Por fim, o capítulo cinco apresenta as principais conclusões do estudo, bem como, sugestões
para pesquisas futuras na área.
2. Referencial teórico
2.1 Empreendedorismo coletivo
Os empreendedores possuem características pessoais que os diferem dos demais indivíduos da sociedade.
Para Ésther, Rodrigues e Freire (2012), os empreendedores apresentam uma identidade relacionada ao
desenvolvimento econômico de um país, região ou cidade, com perfil comportamental e postura peculiar,
geralmente diferenciada dos outros agentes do mundo econômico e organizacional. Nesse sentido, de
acordo com Hisrich et al. (2009) algumas características marcantes dos empreendedores são: ter forte
iniciativa, organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos, a fim de transformar recursos
e situações, aceitando o risco e a possibilidade de fracasso. Também Lopez Júnior e Lucas de Souza
(2006), ao estudarem as características comportamentais dos empreendedores, entenderam que estes
são indivíduos criativos, com iniciativa própria, persistentes na obtenção de seus objetivos, dispostos aos
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riscos de empreender e fundamentais ao desenvolvimento de um país. Para esses autores, empreender
é mais do que abrir um negócio, é estar vinculado a inovação e a transformação, abrangendo assim, o
comportamento e a atitude das pessoas, num processo social e cultural.
Todas essas características, dentre outras, como identificação de oportunidades, ter visão, liderança,
flexibilidade e determinação (Filion, 2000; Freitag, 2014) norteiam a forma com que os empreendedores
desenvolvem seu trabalho, tanto individual, quanto coletivamente. Vale destacar que durante algum
tempo, cunhou‑se
a imagem do empreendedor como um ator atomizado e individualista, um ser atuante,
porém isolado. Essa visão tem sido criticada por algumas abordagens (neo‑schumpeteriana,
geografia
econômica, teoria francesa das convenções), revelando a urgência permanente da interação entre os
agentes produtivos, tendo em vista a natureza coletiva da ação empreendedora, enquanto fenômeno social
(Lundvall, 1997; Storper, 1997; Amâncio, Valle e Wilkinson, 2005; Lopez Júnior e Lucas de Souza, 2006).
Essas abordagens reforçam a ideia de que o campo do empreendedorismo é vasto e tem sido aplicado
a uma variedade de contextos, retratando atividades relacionadas tanto a indivíduos, quanto a grupos
e organizações. Assim, uma das possibilidades e vertentes do empreendedorismo se refere à união de
indivíduos em busca de um objetivo comum entre eles. Essa forma é conhecida na literatura como
empreendedorismo coletivo.
Esse tipo de empreendedorismo pode ser representado por formas de associativismo, que vão desde
a criação de entidades de representação política e sindical, até ações como compras em comum, serviços
pós‑venda,
prospecção e venda nos mercados externos, controle de qualidade e aval solidário. As empresas
e atores de pequeno porte possuem muitas dificuldades e limitações, que podem ser superadas, a partir
do empreendedorismo coletivo ou de ações coletivas, uma vez que estes buscam oportunidades inovadoras
para problemas comuns (Sachs, 2003; Pinheiro, 2005).
Conforme Martinez (2004) este tipo de empreendedorismo só existe em nível coletivo, podendo ocorrer
em uma equipe, em um grupo ou em uma rede de empresas. Ele ressalta que o empreendedorismo
coletivo não é simplesmente a soma do empreendedorismo individual de cada membro da equipe, pois
em muitos casos, um indivíduo sozinho não é empreendedor, mas quando trabalha em equipe, se torna
um empreendedor. Vale destacar que essa visão já era defendida por Reich (1987), o qual entendia que
no empreendedorismo coletivo, o resultado é maior do que a soma simples das contribuições individuais,
uma vez que ocorre a sinergia entre os atores envolvidos. Também Lastres e Cassiolato (2005) corroboram,
ao afirmar que a sinergia gerada pelas interações das empresas envolvidas coletivamente, e destas com
o ambiente onde se localizam, efetivamente fortalece as chances de sucesso das mesmas.
Neste contexto, o empreendedorismo coletivo significa uma possibilidade de fortalecimento, mas, que
necessita envolver todos para o trabalho em conjunto. Martinez (2004) salienta que tanto a capacidade
coletiva de identificar oportunidades e a capacidade coletiva de responder a estas oportunidades são
componentes importantes deste tipo de empreendedorismo.
Desta forma, o empreendedorismo coletivo caracteriza‑se
pela união de indivíduos e/ou organizações,
a fim de uma sociedade economicamente sustentável e auto colaborativa. Para Dolabela (2003), o
objetivo do empreendedor coletivo é a promoção do bem‑estar
da coletividade e o desenvolvimento
mútuo da comunidade através do trabalho conjunto. Ou seja, o empreendedor coletivo vincula‑se
tanto às atividades do mercado quanto ao poder público ou as entidades de interesse, uma vez que
atua gerando conectividade e interseções entre os diversos setores da comunidade, visando construir
melhores condições de vida para todos, inclusive para as gerações futuras.
Em relação às formas de atuação mais destacadas, Schmidt e Saes (2008) e Zylbersztajn (2010)
entendem que o empreendedorismo coletivo se manifesta, geralmente, a partir de franquias, coope‑rativas,
associações, sindicatos, redes, clusters e arranjos produtivos locais (APLs). Essas formas de
trabalho conjunto podem trazer benefícios para os atores envolvidos. Neste sentido, segundo Cope et
al. (2007), conhecimento combinado, bens culturais, habilidades, competências e redes da sociedade
civil estabelecem o relacionamento entre os empreendedores coletivos e valorizam o seu capital social.
Assim, o compartilhamento entre os empreendedores agrega experiências, conhecimentos, técnicas
ao desenvolvimento dos trabalhos em grupo e individuais, o que se torna um diferencial no mercado.
Também Dolabela (2003) percebe as potencialidades do trabalho coletivo. Para ele, esta forma de
atuação promove o desenvolvimento do capital social, na tentativa de provocar mudanças que conduzam
à sustentabilidade e à autossuficiência. O empreendedorismo coletivo procurar tornar dinâmicas as
potencialidades da comunidade, criando condições para que os seus atores sejam protagonistas, através
de redes de cooperação internas e externas, da construção do seu próprio desenvolvimento.
Contudo, o fenômeno do empreendedorismo coletivo é tão complexo e desafiador que indivíduos com
capacidades diversas necessitam trabalhar em coesão. Nesta forma de trabalho, o capital social funciona
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como um eixo mantenedor de união entre as pessoas que, por sua vez, coadunam‑se
por meio de expec‑tativas
e crenças comuns (Tabosa et al., 2010). Ou seja, a confiança se torna um elemento fundamental
para a continuidade do processo coletivo. Conforme Fukuyama (2002), a confiança é o lubrificante que
conduz qualquer grupo ou organização a funcionar com maior eficiência, sendo esta, segundo Amaral
Filho (2000, citado por Tabosa et al., 2009), resultado da cooperação e da eficiência coletiva. Além da
necessidade de coesão e confiança, a literatura da cooperação apresenta outros desafios e dificuldades
que geralmente ocorrem em grupos que procuram trabalhar de forma coletiva.
Nesse sentido, uma contribuição muito relevante para o tema da coletividade foi desenvolvida por
Mancur Olson. Sua abordagem trouxe contribuições significativas para a discussão das ações coletivas e
da formação de grupos em torno de objetivos comuns. Em sua teoria, Olson (1999) analisou a influência
do tamanho do grupo para o comportamento coletivo. O autor evidenciou que os grupos menores são
mais eficientes do que os grandes. “Os grupos com mais membros geralmente desempenharão com
menos eficiência do que os grupos com menos membros” (Olson, 1999:41). Para o autor, isso ocorre
porque quanto maior o grupo, menos ele promoverá pelos interesses comuns.
Além disso, identificou a presença de free‑riders
(aproveitadores) na formação de grupos. Em grandes
grupos, os atores tendem a tolerar a presença do free‑rider
mais facilmente do que em pequenos grupos.
De maneira geral, a teoria de Olson (1999) explica que os pequenos grupos são mais eficientes do que
os grandes, em função de três fatores principais:
a) quanto menor o grupo, maior é a percepção que os atores têm do benefício alcançado pelo trabalho
de cada agente;
b) o free‑rider
fica mais evidente nos grupos menores;
c) quanto menor o grupo, menores os custos envolvidos para organizar a ação coletiva.
De maneira geral, o autor argumenta que dificilmente os indivíduos procuram como resultado o
bem‑estar
coletivo, contrastando o bem‑estar
individual. Mesmo compartilhando os mesmos interesses,
os agentes tem dificuldade de atuar de forma coletiva, pois acreditam que o esforço despendido de forma
individual será maior do que o benefício que eles poderão obter com a ação coletiva (Olson, 1999).
Assim, na visão do autor, para superar esse problema da não participação, são necessários meca‑nismos
de incentivo para os agentes. Ménard (2004) corrobora com essa visão ao afirmar que, de fato,
os incentivos são uma força motriz na decisão de motivar e organizar ações coletivas. Tais incentivos
podem ser de fundo econômico, social ou psicológico, como por exemplo, prestígio, respeito e amizade.
Também Brito (2001) aponta que a ação coletiva pode ser impulsionada por diversas razões, entre elas:
econômicas, sociais, políticas e culturais. Olson (1999) distingue os incentivos em dois tipos: positivos,
que são os benefícios privados oferecidos para os agentes coletivos; e, incentivos negativos, que são
punições para os indivíduos que não contribuem com as ações coletivas. Ambos servem como motivação
para a contribuição individual na ação coletiva.
Outro elemento considerado fundamental para a formação e o desenvolvimento eficaz de ações coletivas
é a presença de um agente coordenador, um líder coletivo. Zylbertsztajn e Farina (1999) identificaram como
essencial um agente que coordene o processo, a fim de que o sistema coletivo realmente alcance vantagem
competitiva. Nassar (2001: 42) também reconhece a importância do líder, ao afirmar que “além de atuar
como fator organizador do grupo, a liderança pode ser um agente de persuasão. Um grupo que tem a sua
frente um líder proeminente e com reputação será atrativo para as pessoas que se identifiquem com as ações
daquele líder”. Mais recentemente, no estudo de Santos (2010), a liderança eficaz foi citada como aquela com
capacidade de apontar uma direção para o coletivo, com iniciativa de promover ações coordenadas e fomentar
compartilhamento de informações. Também Pasini (2013) evidenciou que o líder é essencial para a formação e
a manutenção da ação coletiva, contribuindo para que esta seja uma estratégia que se sustente no longo prazo.
De maneira geral, a teoria da coletividade entende que existem custos, riscos e dificuldades num
processo coletivo, que, contudo, podem ser superados ou minimizados. Nestes casos, a formação coletiva
pode fortalecer os atores envolvidos no grupo, agregando valor para estes e seus empreendimentos,
contexto considerado ideal para o segmento do turismo rural sustentável, atividade que apresenta como
particularidade, a agregação de serviços ofertados por diferentes empreendedores na formatação de
atrativos, destinos e roteiros turísticos.
2.2 Turismo rural sustentável
As transformações institucionais ocorridas nos últimos anos impuseram uma série de desafios ao
desenvolvimento rural, levando os atores deste segmento a adotarem estratégias de diversificação para
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a geração e incremento de renda (Reis e Vavassori, 2013). Dentre essas estratégias, encontra‑se
em
evidência a partir das últimas décadas do século XX, o turismo rural. Inicialmente desenvolvido como
possibilidade de valorização do espaço rural e novas alternativas de ocupação e geração de renda, tem
aos poucos, transformando o espaço rural. De acordo com Abramovay (2000), de espaço produtor de
alimentos, as áreas rurais estão se convertendo em espaço para ser consumido.
Para Bregolin (2012) essa mudança na relação urbano/rural é perceptível em países e regiões mais
desenvolvidos em função da disponibilidade de serviços de comunicação e facilidade de acesso aos centros
urbanos. Também no Brasil, a exemplo de países mais desenvolvidos, novas percepções sobre o espaço
rural começam a ganhar força e atividades tradicionais de agricultura, pecuária e extrativismo passam
a ser desenvolvidas concomitantes a distintas atividades econômicas. Nesse cenário, o turismo rural
surge e passa a ganhar maior visibilidade como uma atividade que, além de fortalecer a economia e
propiciar desenvolvimento às áreas rurais, contribui para a valorização da cultura, geração de emprego
e renda, fomentando o fluxo cidade‑campo
(Bregolin, 2012).
Conceitualmente, turismo rural abarca uma diversidade de aspectos e por ser uma modalidade de
turismo relativamente jovem, se comparada com as demais, os fundamentos conceituais ainda carecem
de maior precisão (Tulik, 2010). Neste artigo optou‑se
pela definição de turismo no espaço rural dada
por Almeida (2010), a qual compreende o turismo rural como um conjunto de atividades desenvolvidas
no meio rural e em harmonia com o meio ambiente e a cultura local. O turismo rural envolve as
atividades de lazer, entretenimento, esportes, gastronomia, contemplação da natureza, dentre outras,
sempre realizadas respeitando os modos de vida da população local, favorecendo o desenvolvimento e
a participação da comunidade.
Em análise sobre o turismo rural, Veiga (2007) e Bregolin (2012) mencionam que a atividade assume
uma conotação para além das questões econômicas, apresentando‑se
como uma nova forma de lazer e
descontração. Para os autores, a concentração populacional nos centros urbanos e as pressões exercidas pela
dinâmica da vida urbana, fazem com que, cada vez mais as pessoas busquem espaços alternativos à rotina
cotidiana, propiciando assim o desenvolvimento e o crescimento da atividade em distintas regiões do país.
Além da academia, o Ministério do Turismo do Governo Brasileiro (Mintur) também reconhece o
potencial da atividade. Em suas diretrizes afirma a relevância do crescente número de propriedades
rurais que incorporam atividades turísticas em suas rotinas e da presença de turistas em busca de
lugares com características naturais e culturais preservadas. “O espaço rural ‑
comumente associado
pela população urbana à qualidade de vida – representa para o turista uma oportunidade de contato
com paisagens, experiências e modos de vida distintos dos encontrados nos centros urbanos” (Mintur,
2010: 11).
O crescimento dessa forma de turismo impulsiona também, o desenvolvimento de novos serviços e
ocupações de suporte a atividade, dinamizando a economia e as relações no espaço rural (Schneider,
2010). No entanto, a atividade não pode ocorrer desagregada a preocupações inerentes às demais formas
de desenvolvimento e, questões de sustentabilidade ganham força e despontam no rol das discussões
de estudioso do setor.
Plog (2002), por exemplo, alerta para a importância da gestão sustentável dos territórios rurais,
visando à preservação de suas particularidades de forma a permitir a manutenção do turismo num
longo prazo. Benevides (2002) também chama a atenção para a necessidade de compatibilizar o turismo
rural com a preservação e conservação ambiental; a manutenção da identidade cultural; a geração de
ocupações produtivas e de renda aliadas ao desenvolvimento participativo e qualidade de vida. Para o
autor, somente através da observância desses aspectos é possível desenvolver o turismo nos território
rurais, de modo sustentável. Em consonância, Dias (2008) afirma que a massificação do turismo pode
apresentar vários problemas ambientais, sendo fundamental a gestão ambiental dos destinos turísticos.
Dentro desse contexto, Swarbrooke (2000 apud Candiotto, 2009) expõe alguns benefícios do turismo
sustentável: estímulo à compreensão dos impactos do turismo; geração de empregos locais, diretos e
indiretos; estímulo a indústrias domésticas lucrativas; diversificação da economia local, sobretudo em
áreas rurais; estímulo ao desenvolvimento do transporte local; criação de facilidades de recreação;
demonstração da importância dos recursos naturais, entre outros. Também Dias (2008) acredita que o
turismo sustentável apresenta alguns fatores‑chave
para o desenvolvimento: proteção do lugar, pressão
de visitantes, intensidade do uso, impacto social, controle de desenvolvimento, gestão de resíduos,
processo de planificação, ecossistemas críticos, satisfação do turista e satisfação da população local.
Contudo, Magalhães (2002) entende que a prática do turismo pode também trazer externalidades
negativas, como por exemplo, a especificidade do produto oferecido, sua intangibilidade, ao passo em
que a venda do produto turístico é diferenciada, ou ainda, o consumo predatório deste serviço, quando
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1166 O empreendedorismo coletivo no contexto do turismo rural sustentável
o turismo se apropria demasiadamente de determinados lugares. Para tanto, a autora ressalta a
necessidade do controle no desenvolvimento deste segmento, posto o capitalismo exacerbado e as
falsas práticas a favor do meio ambiente, por meio de situações irregulares que geram degradações
ambientais irreversíveis. Ou seja, a autora entende como fundamental a prática da sustentabilidade
dentro do segmento turístico.
Compreende‑se,
de maneira geral, que o turismo sustentável é uma ferramenta aliada ao desenvol‑vimento
sustentável, que age como catalisador para o desenvolvimento de pequenos negócios. O mesmo
está interligado a vários subsistemas: agricultura, sociedade, meio ambiente e recursos naturais,
artesanato, sistemas econômicos e preservação ambiental (Ricci e Sant’ana, 2009).
Nesse contexto, a valorização do turismo sustentável vem trazendo importantes discussões para o
meio científico, visto que as vantagens dessa atividade estão de acordo com as demandas do mercado
atual, como por exemplo, indústrias pouco poluidoras; potencial de preservação do meio ambiente e
preocupação com gerações futuras (Vieira Filho e Araújo, 2010). Assim, considera‑se
fundamental que
os empreendimentos coletivos em estudo utilizem práticas de sustentabilidade em suas atividades
dentro do contexto do turismo rural.
3. Procedimentos metodológicos
Este estudo integra um projeto de cooperação científica entre a Fundação Parque Tecnológico
Itaipu (FPTI), a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e a Universidade Regional
de Blumenau (FURB). O referido projeto de pesquisa objetiva investigar de que forma os esforços
coletivos dos pequenos empreendimentos rurais do Oeste do Estado do Paraná podem contribuir para
a competitividade do turismo rural sustentável da região.
Na presente etapa da pesquisa adotou‑se
a abordagem qualitativa, a partir do método descritivo.
A coleta de dados se deu de duas formas: mediante dados primários e secundários. Os primeiros foram
obtidos por meio de entrevistas com figuras importantes do sistema coletivo, quais sejam, os gestores
do Polo Iguassu, que foram os idealizadores do projeto em torno do turismo sustentável. Em relação aos
dados secundários, estes se referem a documentos (diagnóstico, relatórios e vídeo) produzidos de forma
coletiva pelos gestores do Polo Iguassu e pelos próprios empreendedores coletivos.
O acesso a essas fontes de dados permitiu a concretização dos objetivos do estudo, pois foi possível
compreender o desencadeamento do processo de empreendedorismo coletivo existente entre os atores,
a partir da identificação de questões, como: levantamento dos eventos coletivos desenvolvidos, ganhos
e dificuldades do sistema coletivo, influência de agentes coordenadores, externalidades e informações
sobre trocas de informação e repasse de conhecimentos. No que tange a análise dos dados, esta foi
desenvolvida a partir de análise descritiva.
4. Análise e discussão dos resultados
4.1 O processo de empreendedorismo coletivo entre os empreendimentos turísticos
Como o projeto em torno do Turismo Sustentável Comunitário se trata de uma experiência inovadora
para o Oeste do Estado do Paraná, busca‑se
aqui compreender o processo de formação e desencadeamento
do empreendedorismo coletivo na região, uma vez que tal iniciativa pode ser fomentadora de outros
projetos da mesma natureza.
A iniciativa teve início no ano de 2008, momento em que o Ministério do Turismo motivou a formação
de um processo coletivo em torno do turismo no Estado do Paraná (Figura 1), Região Sul do Brasil.
Trata‑se
de uma região rica em recursos naturais e paisagens rurais, contudo, pouca explorada no
sentido de atividade turística. Sabe‑se
que em função da atual dinâmica socioambiental, o turismo
necessita compor bases para o desenvolvimento sustentável, sendo importante criar possibilidades e
roteiros diferentes dos convencionais, como por exemplo, experiências interativas com comunidade rurais.
Nesse sentido, a partir do chamamento do Ministério do Turismo, algumas entidades colaboraram com
a iniciativa e foram idealizadoras do projeto em torno do turismo comunitário. Entre estas instituições,
destacam‑se
o Polo Iguassu e o Educare, instituições que fomentaram e desenvolveram o trabalho
coletivo durante um ano. Em relação a este momento, destaca‑se
uma característica importante do
trabalho coletivo, qual seja, a influência de agentes coordenadores. Possivelmente, sem tal influência,
o empreendedorismo coletivo não teria sido desenvolvido na região em estudo.
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Figura 1: Mapa do Brasil com destaque para o Estado do Paraná
Fonte: as autoras
Inicialmente estas instituições, após exaustivo diagnóstico na região, elegeram e convidaram
doze empreendimentos para compor a iniciativa, sendo que todos os convidados aceitaram o desafio.
Na época, a dinâmica se apresentou como um duplo desafio para os empreendedores, uma vez que o
empreendedorismo coletivo, por sua natureza, já se apresenta como um processo desafiador. Além disso,
a experiência do turismo sustentável foi pioneira na região.
Os empreendimentos escolhidos para participar da iniciativa foram: Vinhos Boufleur (Município
de Quatro Pontes – Paraná); Sítio das Orquídeas (Município de Marechal Cândido Rondon – Paraná);
Museu Nona Grassi; Família Grassi; Família Bózio (Anexo 1) no Município de Matelândia – Paraná;
Artesanato Vitória (Município de Itaipulândia – Paraná); Recanto Olivo (Município de Medianeira no
Paraná – conforme Anexo 2); Sítio Arruda; Sítio Colina; Fonte do Macuco; Recanto Olina Scherer (Mu‑nicípio
de São Miguel do Iguaçu – Paraná) e Associação Vemser (Município de Foz do Iguaçu – Paraná).
O trabalho coordenado pelo Polo Iguassu em parceria com o Educare teve o período de um ano de
duração. Assim, os agentes coordenadores tiveram o papel central de despertar os empreendedores para
a possibilidade de tornar suas propriedades e pequenos negócios em atrativos turísticos, explorados
de acordo com os princípios da sustentabilidade. Vale destacar que em decorrência, principalmente, do
distanciamento geográfico entre os empreendimentos escolhidos, a maioria dos empreendedores não se
conhecia anteriormente, outro fator considerado desafiador para o desencadeamento da iniciativa coletiva.
Ressalta‑se
também que os empreendedores eram receosos no início quanto à possibilidade de êxito
da iniciativa em torno do turismo, uma vez que esta não se tratava de uma realidade já fortemente
vivenciada pelos pequenos empreendedores, que em sua maioria, possuíam na agricultura sua maior
fonte de renda.
Para tanto, as instituições coordenadoras desenvolveram em conjunto com os dez empreendimentos
diversas ações coletivas. Estas iniciativas tinham o intuito de despertar os empreendedores para o
segmento turístico; de compreender a importância do trabalho coletivo para a formação concreta do roteiro
turístico; e ainda, de criar laços de interdependência, confiança e coesão entre os empreendedores. Esses
laços são considerados fundamentais para a literatura de cooperação (Granovetter, 1973; Fukuyama,
1996), quando se espera que uma ação coletiva, como de empreendedorismo coletivo, se sustente ao
longo do tempo. As iniciativas coletivas desenvolvidas entre eles foram:
a) desenvolvimento de oficinas em torno do tema hospitalidade: foram realizadas no formato de
visitas de intercâmbio entre as iniciativas participantes. Essas oficinas tinham o intuito de
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despertar para a importância da hospitalidade, da qualidade, da autonomia e do conhecimento
sobre o mercado.
Vale destacar que essas oficinas tiveram um papel central para a construção das relações e vínculos de
interdependências entre os empreendimentos. Sabe‑se
que essas relações de confiança são fundamentais
para a cooperação;
b) viagens técnicas para outras iniciativas de empreendedorismo coletivo no contexto do turismo.
A primeira viagem foi para a cidade de Socorro, estado de São Paulo ‑
Brasil, que é considerada
um caso de sucesso pelo Ministério do Turismo em termos de acessibilidade turística. Após essa
viagem, os pequenos empreendedores perceberam a importância da acessibilidade, e alguns
inclusive, desenvolveram ações concretas em seus empreendimentos nesse sentido. A outra
viagem foi para a Acolhida na Colônia, no estado de Santa Catarina ‑
Brasil, que se trata de uma
iniciativa pioneira no Brasil em turismo comunitário.
A partir dessas visitas técnicas, os empreendedores puderam realizar um feedback sobre pontos
positivos e negativos dos locais visitados e levar tais experiências para os seus próprios empreendimentos;
c) participação na Segunda Mostra de Turismo Sustentável em Foz do Iguaçu: várias iniciativas
de turismo comunitário de todo o Brasil e algumas de outros países expuseram seu trabalho
em forma de mostra, além da realização de palestras. Foi um momento importante para os
empreendedores iniciantes, pois durante todo o evento houve troca de experiências entre todas
as iniciativas. Ainda durante o evento, eles participaram de uma rodada de negócios, na qual
tiveram que desenvolver habilidades mercadológicas, para que pudessem compreender a dinâmica
do mercado. Ressalta‑se
que os pequenos empreendedores se sentiram empoderados por terem
a oportunidade de participar de um evento dessa natureza;
d) apresentação dos empreendimentos no Shopping Center Cataratas, de Foz do Iguaçu. A intenção
era iniciar a comercialização dos produtos oferecidos por eles, conhecer o público regional e se
tornar conhecido também. Nesse momento, surgiram alguns conflitos entre os empreendedores,
mas que foram avaliados como positivos para o crescimento e amadurecimento do grupo. Para
Granovetter (1973) ideias diferentes entre os participantes de um grupo são fundamentais para
a ocorrência da inovação;
e) outras iniciativas de divulgação dos empreendimentos: produção de catálogo comercial especializado
para agências e operadoras; produção de folders para divulgação regional; produção de vídeo
promocional e construção de site para as iniciativas regionais.
Todas essas ações foram fundamentais para o despontamento de um processo de empreendedorismo
coletivo entre empreendimentos que não possuíam uma relação de parceira e confiança previamente
estabelecidas. Essas ações concretas gerenciadas pelas instituições coordenadoras foram fundamentais
para que os pequenos empreendedores pudessem iniciar um processo novo para eles, de forma amadu‑recida,
uma vez que o turismo sustentável não permite empreendimentos e iniciativas amadoras. Vale
destacar que a teoria de ações coletivas se confirmou no grupo analisado. De acordo com Olson (1999)
os grupos menores são mais eficientes do que os grandes, pois nos grupos pequenos não há tendência a
indivíduos oportunistas, em função de serem muito perceptíveis pelos demais. Na experiência analisada
(grupo pequeno), de maneira geral, não ficou evidente em nenhuma das ações coletivas desenvolvidas, a
presença de algum free‑rider,
fator este muito positivo para a coesão e continuidade do trabalho no grupo.
Por fim, cabe mencionar que o processo de participação dos agentes coordenadores foi concluído depois
de um ano de trabalho conjunto. Durante esse período os empreendimentos foram conscientizados sobre
a importância de se organizarem enquanto um roteiro, de forma que o empreendedorismo coletivo teria
um papel fundamental para a continuidade da iniciativa coletiva ao longo do tempo.
4.2 Contribuições do empreendedorismo coletivo para o fortalecimento dos empreendedores
Além de analisar o processo de formação da iniciativa, busca‑se
apresentar também o desencadeamento
do empreendedorismo coletivo após seis anos do início do projeto. Assim, procurou‑se
compreender
alguns aspectos como o impacto, as contribuições e as dificuldades encontradas pelos empreendedores
envolvidos ao longo desse período.
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Em relação ao impacto e as contribuições, primeiramente é importante destacar que após seis anos
apenas dois pequenos empreendimentos (16,6%) não estão mais em funcionamento. Esse dado é positivo
e relevante, se considerado o elevado índice de mortalidade de pequenas e micro empresas (MPEs) no
estado do Paraná, o qual atingiu uma taxa de 25,2% em 2012 (Sebrae, 2013).
Além disso, vale dizer que durante esse período inicial, o maior impacto não se refletiu no aspecto
econômico, mas sim, em ganhos de âmbito social. Nesse sentido, é importante frisar que após o processo
de formação coletiva, os pequenos empreendedores passaram a se sentir mais empoderados, de forma
que hoje se reconhecem como “proprietários de um negócio” e se sentem habilitados para tal. Isso se
deu, pois a formação no grupo proporcionou o desenvolvimento de diversas habilidades e percepções
empreendedoras. Entre esses insights importantes pode‑se
mencionar a preocupação com a questão
ambiental. Especificamente, hoje os empreendedores se preocupam com a mata ciliar, a plantação de
orgânicos, o destino adequado para o lixo orgânico e útil; a plantação de árvores e possuem práticas
sustentáveis na propriedade.
Outra característica importante a ser mencionada é o estabelecimento da relação de confiança entre
os empreendedores, o que é considerado um elemento fundamental para a continuidade do processo
coletivo (Fukuyama, 2002). Apesar de não haver ainda uma constituição formal entre eles, criou‑se
uma
forte relação de parceria e confiança entre os empreendimentos, de maneira que eles indicam os demais
empreendimentos para turistas e visitantes e trocam informações entre si. A troca de informações e
conhecimentos também é reconhecida pela literatura de cooperação como uma importante fonte de
criação de valor entre atores coletivos (Uzzi, 1997; Lazzarini et al., 2001; Claro, 2009; Grandori, 2009).
Também destaca‑se
que os gestores municipais perceberam a importância do empreendedorismo
coletivo em torno do turismo para a região, e em função disso, iniciaram políticas de apoio e parceria para
os empreendimentos. O que ocorre é que individualmente, os pequenos negócios não eram reconhecidos
e valorizados pelos gestores públicos, de forma que esse resultado é consequência direta do trabalho
coletivo. Nesse aspecto, alguns empreendedores conseguiram pleitear recursos de infraestrutura,
melhores condições de trabalho e outras melhorias para as propriedades e empreendimentos.
Além destes ganhos para os empreendedores, houve também contribuições para a região na qual
estão inseridos. Entre elas, destaca‑se
a premiação recebida por um empreendimento no Prêmio Avá
Guarani, em 2011. Esse prêmio é realizado pelo Fórum de Turismo Sustentável Cataratas e Caminhos
e tem como finalidade reconhecer e estimular atividades, programas, projetos, ações e iniciativas do
setor de turismo. Um dos empreendimentos em estudo foi premiado no quesito “Empreendedor do
setor turístico ‑
zona rural”. Destaca‑se
que o prêmio possui uma conotação regional e que serviu como
motivação e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo grupo.
Também cabe mencionar que um dos empreendimentos representou o setor turístico da região
num evento internacional que ocorreu numa universidade de Buenos Aires, na Argentina. Na ocasião
(Seminário sobre Turismo Comunitário) uma empreendedora teve a oportunidade de apresentar e relatar
sua experiência em torno do empreendedorismo coletivo no segmento do turismo rural sustentável.
Essa apresentação foi muito importante para divulgar os recursos, empreendimentos e possibilidades
turísticas existentes na região Oeste do Paraná.
Pelo exposto, compreende‑se
que o trabalho coletivo desenvolvido entre os empreendedores foi muito
importante para o desencadeamento do turismo rural na região, principalmente, se considerado que
se trata de uma iniciativa pioneira na região. Contudo, sabe‑se
também que existem vários desafios e
dificuldades nesse processo coletivo, conforme apresentado a seguir.
A principal dificuldade percebida pelos empreendedores se deu no momento do término do projeto
inicial desenvolvido pelos gestores coordenadores (Polo Iguassu e Educare). Naquele momento era
fundamental que entre o grupo, um dos empreendedores despertasse para a posição de liderança ou
coordenação, uma vez que a presença de um agente coordenador ou líder coletivo é considerada essencial
para o desenvolvimento eficaz de ações coletivas (Zylbertsztajn e Farina, 1999; Nassar, 2001; Santos,
2010; Pasini, 2013). Porém, até o momento, não existe uma liderança formal, bem como, não existe
uma constituição formal entre os empreendimentos, ou seja, eles não estão constituídos formalmente
por meio de uma associação, cooperativa ou outra estrutura de governança coletiva. Assim, apesar de
haver forte ligação e parceria entre eles, estas relações ocorrem somente em âmbito informal. Acredita‑se
que a constituição formal seria o caminho ideal para que eles se estabeleçam e fortaleçam em forma
de rede e roteiro turístico.
A falta de liderança e formalidade fez com que uma iniciativa importante, como o site dos empreen‑dimentos
coletivos, já anteriormente desenvolvido, não tivesse a continuidade esperada. De maneira
geral, entende‑se
que todas as iniciativas coletivas são estimuladas por algum agente coordenador, que
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 14 N° 5. Octubre 2016 ISSN 1695-7121
1170 O empreendedorismo coletivo no contexto do turismo rural sustentável
pode ser um dos próprios membros, ou então, algum agente externo que possui esse papel dentro do
grupo. Nesse aspecto, destacam‑se
duas iniciativas coletivas de sucesso no contexto do turismo rural: a
Acolhida da Colônia, estado de Santa Catarina e o Vale dos Vinhedos, estado do Rio Grande do Sul. Ambas
são constituídas formalmente (associação e cooperativa) e são lideradas por um agente coordenador.
Outro elemento dificultador encontrado pelos empreendimentos em estudo é a grande distância
geográfica existente entre eles, uma vez que os mesmos estão estabelecidos em sete municípios
diferentes do Estado do Paraná, no Brasil, conforme pode ser visualizado na Figura 2. Porém, existem
outras experiências no país, a exemplo da Acolhida da Colônia, que possuem a mesma realidade e que
conseguem se organizar e ser competitivos, apesar da condição geográfica não concentrada.
Figura 2: Localização geográfica dos empreendimentos de turismo rural
Fonte: as autoras
Nesse aspecto, seria importante que os empreendedores coletivos se organizassem formalmente e que
identificassem, entre eles, algum membro com características de liderança para coordenar o processo
de formalização. Essas ações seriam fundamentais para a continuidade do empreendedorismo coletivo
em torno do turismo sustentável, que em pouco tempo, já apresenta contribuições relevantes para os
atores diretamente envolvidos, bem como, para a região como um todo, uma vez que se trata de uma
experiência praticamente inexplorada anteriormente naquele entorno.
5. Conclusões
A experiência coletiva desenvolvida na região Oeste do Paraná em torno do turismo sustentável se
revela uma iniciativa empreendedora e pioneira para a região em estudo. O empreendedorismo coletivo
se demonstrou fundamental para o desenvolvimento do turismo sustentável, o qual exige ações conjuntas
entre os empreendimentos, voltadas à conservação dos recursos naturais e sociais do local em exploração.
O empreendedorismo coletivo torna‑se
também uma estratégia competitiva para os empreendedores
do contexto turístico, dada a exigência dos consumidores por roteiros diferenciados e diversificados.
Assim, no caso analisado, percebe‑se,
ainda que de forma tímida e modesta, que as ações em torno do
turismo sustentável contam com a integração e participação de todos os atores inseridos nesse contexto.
De maneira geral, os ganhos e contribuições advindos do processo coletivo foram mais evidenciados
do que as dificuldades e desafios encontrados pelos atores investigados. O desencadeamento do em‑preendedorismo
coletivo contribuiu com ganhos, principalmente, de ordem econômica, social e cultural,
fazendo com que os atores envolvidos se sintam mais “empoderados” frente ao desafio de se tornarem
empreendedores do segmento turístico, a partir de trocas de informações e geração de ideias conjuntas.
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Carla Maria Schmidt, Marialva Tomio, Josmary Karoline Demko Alves, Flaviane Rossi 1171
Nesse aspecto, entende‑se
que as relações de confiança e parceria estabelecidas entre eles estão sendo
fundamentais para a manutenção do roteiro coletivo no longo do tempo.
Contudo, alguns desafios ainda precisam ser superados pelos empreendedores coletivos. A iniciativa
foi fomentada e coordenada durante um período por duas instituições externas, as quais desempenharam
um papel muito importante frente ao resultado coletivo já conquistado. Contudo, nesse momento
considera‑se
fundamental que os atores centrais, ou seja, os próprios empreendedores se tornem os
protagonistas do processo, desenvolvendo a partir de uma liderança interna, a constituição formal de
uma estrutura coletiva entre eles. O papel de líder ou coordenador poderia ser assumido por alguns
membros do próprio grupo. A partir da liderança instituída, seria possível também avançar para a
constituição formal dos empreendimentos. Entende‑se
que esse seria o caminho ideal para que eles
se fortaleçam em forma de roteiro turístico, uma vez que a governança formal é importante para a
eficiência das estruturas coletivas.
Pelo exposto, acredita‑se
que este estudo tenha apresentado contribuições de cunho prático para
os atores coletivos. Contudo, estudos futuros que se debrucem sobre o cenário da governança coletiva
desenvolvida entre os empreendimentos turísticos podem ser fundamentais para a continuidade efetiva
desse processo.
Agradecimentos
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da pesquisa.
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Recibido: 26/06/2014
Reenviado: 01/02/2016
Aceptado: 20/02/2016
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