© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Vol. 10 Nº 3 págs. 381-392. 2012
www.pasosonline.org
Estrada-Parque, Paisagem e Turismo:
um estudo do litoral sul de Balneário Camboriú – SC, Brasil1
Josildete Pereira de Oliveirai
Luciano Torres Tricáricoii
Paulo dos Santos Piresiii
Simone Tomasuloiv
Universidade do Vale do Itajaí (Brasil)
i Doutora em Geografia pela Université de Caen Basse Normandie - France Professora e Pesquisadora da Universidade do Vale do Itajaí
no Programa de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria e no Curso de Arquitetura e Urbanismo. joliveira@univali.br
ii Doutor em Arquiterura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, Brasil. Professor e Pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí
no Curso de Arquitetura e Urbanismo. lttorres@usp.br
iii Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, Brasil. Professor e Pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí no Programa
de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria e no Curso de Graduação em Turismo e Hotelaria. pires@univali.br
iv Mestre em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí, Brasil. Professora da Universidade do Vale do Itajaí no Curso de
Turismo e Hotelaria. tomasulo@univali.br
Resumo: Este artigo é um extrato de uma pesquisa mais abrangente com enfoque no processo de transformação ocorrido
a partir da implantação do corredor turístico Rodovia Interpraias localizada no Município de Balneário Camboriú, Santa
Catarina, Brasil. O objetivo principal foi analisar as transformações ocorridas na paisagem da Interpraias diante do des-envolvimento
do turismo na região. A pesquisa possui caráter qualitativo, quantitativo e exploratório, com levantamento
documental e bibliográfico e coleta de dados em campo. A análise envolveu e relacionou os campos temáticos paisagem,
estrada-parque e espaço turístico. Entre os resultados revelou-se que na região da Interpraias são, principalmente, os
atrativos naturais que lhe dão destaque, com a perspectiva do uso turístico das estradas parque como alternativa de des-envolvimento.
Palavras chave: Turismo; Rodovia Interpraias; Corredor Turístico; Estrada-Parque; Transformação da Paisagem.
Title: Park Road, Landscape and Tourism:A study of the south coast of Balneário Camboriú – SC, Brazil
Abstract: This article is taken from a wider study that focuses on the process of transformation that occurred following the
implementation of the Interpraias Road, a tourism corridor in the municipal district of Balneário Camboriú, Santa Catarina,
Brazil. The main objective of the study was to analyze the changes that have taken place in the landscape surrounding the
Interpraias road, as a result of tourism development in the region. The research is qualitative, quantitative and exploratory,
with a document and bibliographic review and collection of field data. The analysis involved and linked the themes of
landscape, park roads and tourism space. The results showed that in the region around the Interpraias road, there are mainly
natural attractions that give it prominence, with the perspective of tourism use of the park roads as an alternative form of
development.
Keywords: Tourism; Interpraias Road; Tourism Corridor; Park Roads; Transformation of the Landscape
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Introdução
Este estudo enfoca o processo de transformação da
paisagem ocorrido no litoral sul do município de Balneário
Camboriú, SC, Brasil, a partir da implantação da rodovia
litorânea Interpraias que articula a Cidade de Balneário
Camboriú com várias localidades instaladas na porção
sul do município e se estende até a BR 101 na divisa
com o município de Itapema, SC. No total são 16,5 km
de extensão, ao longo do qual estão localizadas as praias
de Laranjeiras, Taquaras, Taquarinhas, Pinho, Estaleiro,
Estaleirinho e Mato Camboriú, com suas respectivas
comunidades.
Diante da problematização sobre o processo de
transformação da paisagem desse conjunto territorial do
município que passou a receber um fluxo turístico crescente
a partir da implantação da Rodovia Interpraias, que por
sua vez facilitou o acesso às praias agrestes da região e a
visualização privilegiada da paisagem natural do entorno,
se estabeleceu o objetivo principal da pesquisa: analisar o
processo de transformação da paisagem do litoral sul do
município de Balneário Camboriú a partir da implantação
da Rodovia Interpraias enquanto corredor turístico.
A este escopo temático é possível associar uma situação
real e muito próxima, que se configura na existência da
rodovia municipal localizada na região sul do litoral de
Balneário Camboriú, cujas características e condição
efetiva de uso lhe conferem um potencial de utilização
turística ainda não devidamente considerada.
Nesta perspectiva, o estudo do turismo enquanto
fenômeno multifacetado de repercussão social,
econômica, cultural, ambiental, entre outros possíveis
desdobramentos, proporciona toda a condição para
estabelecer convergências e conexões com distintas
áreas do conhecimento, como é o caso da temática e da
realidade objeto de abordagem deste trabalho. Como a
própria Organização Mundial do Turismo já constatou,
o turismo vem produzindo impactos crescentes (nem
sempre positivos) nos campos econômicos, ecológico e
sóciocultural, o que implica ser imprescindível planejar o
seu desenvolvimento a fim de prever as tendências desses
impactos, considerando a sustentabilidade ambiental,
cultural e social dos espaços integrantes do cenário
turístico (OMT, 1995).
Este estudo foi, portanto, permeado por reflexões sobre
o processo de transformação da paisagem desse conjunto
territorial do município de Balneário Camboriú, a partir
da implantação da Rodovia Interpraias e em função do
seu uso como corredor turístico.
A pesquisa procurou identificar ainda até que ponto
a configuração geomorfológica da cadeia de morros em
meio às planícies litorâneas, normalmente terminando
em costões rochosos junto ao mar, é capaz de condicionar
os assentamentos humanos neste território e juntamente
com a visibilidade da paisagem, sendo esta representada
pelos atributos naturais − oceano atlântico, relevo,
cobertura vegetal natural remanescente de restingas nas
planícies, floresta atlântica nas encostas e, em menor
escala, manguezais junto à desembocadura dos cursos
d’água no mar−; assim como pelos atributos da paisagem
edificada representados pelas arquiteturas tradicionais e
pela arquitetura contemporânea das edificações recentes
destinadas a segundas residências e aos equipamentos
turísticos. Essas características da paisagem local
adquirem relevância porque expõem conflitos de usos
historicamente consolidados com usos atualmente
almejados – o turismo.
Aporte teórico
Paisagem e turismo
A abordagem teórica desta pesquisa partiu do
conceito de paisagem enquanto representação da con-dição
humana e da mudança de tempo no espaço, onde
ficam registrados os processos da natureza e das ações
humanas e cujo ambiente vai se alterando na medi-da
em que esses processos e ações deixam suas marcas.
De acordo com Santos (1982), a paisagem pode ser
entendida como o resultado de uma acumulação de tem-pos.
É a forma espacial presente, testemunho de formas
passadas que poderão persistir ou não. Nesse sentido, De
Oliveira (1999) argumenta que a paisagem é resultado
de processos naturais e das ações antrópicas, configura-da
na escala da percepção humana, ou seja, a paisagem
entendida como a materialização dos processos naturais
e das ações humanas ocorridas em uma determinada
área no decorrer do tempo. Assim, para Rodrigues (1997,
p. 72) “ao ler-se a paisagem, toma-se contato com uma
parte do espaço, circunscrito à abrangência do campo
visual do observador, como se o espaço fosse estático.”
De outra maneira, a paisagem pode ser entendi-da
como um sistema, onde é resultado da interação
dos elementos que a compõe integrando-se nesse sis-tema
os componentes geológicos, geomorfológicos, hi-drográficos,
bióticos e antrópicos, onde se manifesta
o registro da evolução biofísica e histórica da cultura.
Outros autores corroboram com a definição das dimen-sões
da paisagem, com base no enfoque visual, ecológi-co
ou geográfico, considerando os componentes naturais
e culturais onde são introduzidas as ações humanas.
A importância da paisagem para o turismo pode ser
revelada pela relação direta que a atividade turísti-ca
possui com os componentes da mesma. Cerro (1993),
um dos autores que abordam a temática, afirma que “o
turismo é uma atividade que está totalmente identifica-da
com o meio ambiente, inclusive, chega a ser definido
como uma “indústria da paisagem” (p.137), a partir da
apreensão de que os componentes naturais e culturais
inscritos na paisagem de uma destinação, são atrativos
turísticos relevantes que favorecem o conjunto da pai-sagem
e promovem a oferta da infra-estrutura básica e
de lazer tanto para a população como para os visitantes.
No contexto deste estudo, considera-se paisagem e tu-rismo
como duas realidades intimamente relacionadas.
A paisagem é um elemento substancial do fenômeno tu-rístico
e um recurso de grande valor no desenvolvimento
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e na consolidação da oferta turística. (Font, 1989). Seu
estudo, particularmente nos aspectos de qualidade, fra-gilidade
e de impactos visuais, é de grande valor para o
desenvolvimento turístico, seja em destinações ou regiões
turísticas onde já se verifica tal processo, seja naquelas
onde o mesmo ainda é incipiente, mas apresenta potencial
de crescimento. Para Pires (2007), a paisagem enquanto
expressão espacial e visual do ambiente se transforma em
uma categoria ou variável de análise privilegiada, eviden-ciando
um potencial latente de investigação científica e
de abordagens acadêmicas, diante de sua interface com
o desenvolvimento do turismo em bases sustentáveis.
A paisagem deve ser então apreendida como um pa-trimônio
cultural da destinação, onde sua preservação –
ecológica e cultural – é fundamental para a sua ocorrência
enquanto atrativo, uma vez que conforme Yazigi (1999,
p.134) “é preciso ter muito claro que a paisagem interessa
antes a seus próprios habitantes e que só numa relação de
estima deles com ela é que despertará o interesse de tran-seuntes,
visitantes, turistas”, sinalizando para a impor-tância
da valorização das paisagens de uma destinação
junto à própria comunidade local para que então, esta pos-sa
ser apresentada como um atrativo turístico singular.
Ainda de acordo com Yázigi (2002), a relação entre pai-sagem
e o turismo evidencia a simbiose cultural entre o tu-rismo
e o patrimônio cultural que pode agregar a história e o
meio ambiente e formar um recurso econômico. Esse autor
assinala sobre os problemas gerados pela sociedade con-temporânea
no sentido da eliminação das raízes do lugar,
tendo como conseqüência a perda da identidade paisagís-tica,
representada pela arquitetura e pelo traçado urbano.
O fato de que a paisagem influencia o processo de
decisão por uma destinação em detrimento de outra
é abordado por Rodrigues (2005, p.50) quando sugere
que “a paisagem de um lugar pode ser um recurso tu-rístico
valiosíssimo, pois é ela que determina que um
local seja mais ou menos turístico ou ainda, que um
local seja ou não, turístico”, tal citação atribui à paisa-gem
o poder de diferenciação de um destino frente a
outros e ainda seu nível de atratividade para o turis-mo,
agregando, portanto, mais uma relação e importân-cia
do estudo da paisagem para a atividade turística.
Neste mesmo sentido, Cerro (1993, p.137) cita que “o
meio ambiente e a sua representação física – a paisagem
- são considerados, tanto por especialistas como pela opi-nião
dos próprios turistas, o principal recurso turístico” de
uma destinação. Ainda, de acordo com Silva (2004, p. 32),
A percepção do ambiente é mais aguçada quando se
trata de um lugar turístico onde a paisagem é um fator
de atração. O turismo é muito sensível aos cenários,
pois seu principal interesse está voltado para o aspecto
visual dos lugares e para aquilo que ele tem de pitoresco,
de diferente e atrativo aos sentidos. Sua atenção está
voltada para a contemplação do que lhe agrada aos
olhos, e para a beleza, a composição e a harmonia das
formas e cores não passam despercebidas.
A autora destaca que a valorização das localidades
turísticas ocorre quando elementos como as paisagens
e especificidades geográficas naturais, como praia e
montanha, contribuem para realçar a cenarização
deste espaço e que, frequentemente, são utilizadas para
formação da imagem do destino. (Silva, 2004).
Lucas (1991) apud Kischlat (2004, p.21) pontua que
é difícil atribuir um valor monetário às paisagens, tendo
em vista que elas são apreciadas ou rejeitadas sem serem
compradas ou vendidas. E reitera a importância das
paisagens para o turismo, na medida em que elas exercem
um forte efeito de atração. Esta reflexão destaca mais
uma vez a importância da paisagem para o turismo como
motivação de viagem e atração turística que, segundo o
autor, apesar de suas características intangíveis, são
fatores determinantes no momento de escolha do turista
para realizar sua viagem, tendo em vista os locais que este
possui intenção de conhecer e as atividades que pretende
praticar.
Por outro lado, deve-se atentar para as modificações
que o turismo pode causar na paisagem de um local, as
quais frequentemente são caracterizadas como impactos
negativos em termos ecológicos, visuais e/ou culturais,
conforme Kischlat (2004, p.01-02):
As alterações negativas sofridas por ela (pela paisagem)
quase sempre são acontecimentos de curta duração que
necessitam de muito tempo, às vezes fora da escala da
vida humana, para sua remediação. Este fato ressalta
a importância dos estudos da paisagem que podem
estar auxiliando no direcionamento das ações sobre
o ambiente de forma a preservar suas qualidades
ecológicas, estéticas e econômicas.
Neste sentido, alguns autores como Silveira (1997)
apud Kischlat (2004, p.12) concordam que “a atividade
turística tem importância crescente na economia das
áreas receptoras, mas reconhecem também, que ela
provoca degradação ambiental nessas áreas” por meio
de impactos negativos no ambiente natural que não
consideram os aspectos de fragilidade da paisagem do
destino e a capacidade das estruturas turísticas em
alterar profundamente as características do local.
Entretanto, se considerados também os impactos
positivos que o turismo pode causar em uma destinação,
podem ser citados diversos casos de sucesso. Rodrigues
(2005, p.60) aponta que:
Por outro lado, o turismo começa a ser visto como um
aliado na conservação de locais de recursos naturais
frágeis, em locais de grande beleza cênica ou em locais
com ecossistemas de relevante interesse ecológico.
Muitos municípios estão apostando no turismo como a
solução para conservar seus recursos naturais e ainda
obter retornos econômicos.
Pires (2007, p.04-05) argumenta sobre a importância
da paisagem no turismo em termos de vocação turística
dos atrativos:
Dada a sua clara identificação com o nível de
qualidade dos recursos naturais e culturais requeridos
pelo turismo, a paisagem proporciona amplas
possibilidades de análise e avaliação destes mesmos
recursos potenciais para o aproveitamento turístico,
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Nesta condição, estes corredores surgem como
oportunidade ao ócio, lazer e turismo e devem ser
acessíveis para toda sociedade. Eis, portanto, as
estradas-parque como manifestação espacial destes
corredores e, portanto uma categoria do espaço tu-rístico,
com a prerrogativa de conter ou estar contida
numa Unidade de Conservação de uso sustentável.
Considerando que o turismo é um fenôme-no
que oferece à demanda um produto que de-pende
e é influenciado pelas condições ofere-cidas
pelo meio - natural, cultural, econômico
- torna-se uma atividade que interage continua-mente
com essas variáveis do ambiente e ao
mesmo tempo o influencia de alguma forma.
De acordo com a Organização Mundial do Tu-rismo
(2003, p.29), “cada área local que pretenda
desenvolver ou expandir o turismo deve avaliar
cuidadosamente seus recursos turísticos.” Dentro
deste entendimento, realizar pesquisas que bus-quem
analisar o desenvolvimento desta atividade,
permite diagnosticar os fatores que contribuem
não só para este desenvolvimento, como também,
identificar os impactos gerados na área de estudo.
Ao mesmo tempo que o turismo possibilita a otimi-zação
dos benefícios a comunidade local, também
pode gerar problemas ambientais, oriundos de ocu-pações
e uso do solo irregulares e descontroladas,
poluição, grande fluxo de veículos, entre outros.
Desta forma, reafirma-se a necessidade na reali-zação
de estudos que acompanhem a constante evo-lução
do espaço onde a atividade turística esteja sen-do
exercida, assim como compreender e avaliar este
incremento, no que se refere ao crescimento da ofer-ta
turística, como também conhecer a demanda que
busca usufruir deste espaço. Segundo Smith (1992),
os métodos de descrição dos lugares são numerosos,
entretanto ele destaca principalmente: a descrição
sobre a localização dos equipamentos e instalações;
o inventário; e a descrição dos recursos da paisagem.
Metodologia
Em função do seu objetivo central, de acordo com
Gil (1991) a pesquisa desenvolvida pode ser classificada
como de nível exploratório e descritivo: exploratório
porque proporcionou uma maior familiaridade com
as transformações ocorridas na paisagem da Rodovia
Interpraias, envolvendo, ainda, levantamentos
documentais e bibliográficos além de coleta de dados em
campo; descritivo por estudar as características da oferta
turística e do perfil da demanda nesta mesma região e,
ainda, por buscar relações do uso e a ocupação do solo na
região com a sua localização, sua configuração fisiográfica
passando a se constituir como uma privilegiada
categoria de análise no reconhecimento da vocação
turística de um determinado lugar
As reflexões de Cerro (1993, p.139) sinalizam para
a utilidade da análise da paisagem como sendo de
“singular interesse” para o planejamento turístico e
ainda sugere que a avaliação resultante desta análise é
também importante “porque é necessário determinar sua
capacidade em termos de adaptação e fragilidade para
suportar a atividade turística”, ou seja, os indicadores da
análise da paisagem podem determinar parâmetros de
adaptação e fragilidade que influenciarão diretamente no
planejamento das atividades turísticas que poderão ser
desenvolvidas no local.
As reflexões dos autores aqui mencionados reforçam
as questões colocadas por esta pesquisa e o interesse
sobre a temática em questão, na medida em a paisagem
exerce uma atratividade forte no espaço turístico. Por esta
razão, quando a percepção do ambiente se manifesta na
paisagem a ser vivenciada e utilizada, esta passa a ser um
recurso turístico de grande magnitude.
Os corredores turísticos no contexto espacial
O conceito de espaço turístico tem sido desenvol-vido
mais recentemente por diversos autores con-temporâneos,
freqüentemente apoiados nos concei-tos
da geografia. Dentre eles Roberto Boullón foi
pioneiro na elaboração da teoria sobre planejamen-to
dos espaços turísticos na América Latina. Esse
autor argumenta que o espaço turístico é composto
fundamentalmente pela existência e distribuição
territorial dos atrativos da paisagem natural e edi-ficada,
podendo ser classificado em zonas, áreas,
centros, complexos, unidades, conjunto e corredores
turísticos. E evidencia os atrativos turísticos como:
A matéria prima do turismo sem a qual um país
ou uma região não poderia empreender ou des-envolver
o turismo, porque faltaria o essencial e
porque somente a partir da sua presença se pode
pensar em construir uma planta turística que per-mita
explorar a atividade (Boullón 1997, p.46).
A partir da apreensão do espaço turístico como
um sistema, o corredor turístico configurado pela
Rodovia Interpraias, se constitui no enfoque ana-lítico
deste trabalho, considerando que o mesmo
pode ser entendido como a teia de acessos viários
por onde circulam os fluxos turísticos, onde a pai-sagem
se impõe na estruturação deste espaço.
Desta forma, os corredores turísticos são carac-terizados
por vias especiais que articulam zonas,
áreas, complexos, centros ou conjuntos turísticos
e funcionam como um elemento de estruturação
do espaço turístico e que, por si só, podem vir a
ser um forte atrativo, em função da paisagem
onde se inscreve (Nóbrega e De Oliveira, 2003).
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e com os condicionantes ambientais e legais.
Durante o desenvolvimento do estudo os dados
documentais, bibliográficos e de campo (pesquisa de
demanda com 300 questionários aplicados), foram
tratados e analisados com base em conhecimento
teórico sobre as temáticas envolvidas, assim como com
recursos da estatística descritiva. Dessa forma, na
sequencia do plano de estudo e com o aprofundamento
na sistematização e na análise dos dados, buscou-se uma
integração entre pesquisa qualitativa e quantitativa.
(Flick, 2004; Bauer & Gaskell, 2002).
Portanto a pesquisa, em seu viés qualitativo orientou-se
pela busca e entendimento das relações entre os três
campos temáticos considerados, ou seja, espaço turístico,
estrada-parque e paisagem, enquanto que o seu viés
quantitativo focou a caracterização da oferta e do perfil
da demanda turística, na perspectiva do planejamento do
turismo.
Uso e ocupação do solo na região da Rodovia
Interpraias
A área de abrangência da Rodovia Interpraias
se estende ao longo do litoral sul do município de
Balneário Camboriú, SC, e o acesso à Interpraias é feito
principalmente através de vias terrestres, principalmente
pela Rodovia Federal BR -101. A Rodovia Interpraias liga
o sul da praia central da cidade de Balneário Camboriú
à divisa com o município de Itapema. Ao longo do seu
percurso de 16,5 km o asfalto está bem conservado e
existe uma boa sinalização, tanto de preservação quanto
de informação. No sentido norte-sul e em sequencia
se encontram as praias de Laranjeiras, Taquarinhas,
Taquaras, Pinho, Estaleiro e Estaleirinho, A grande
e única conexão entre as áreas urbanizadas se dá
pela rodovia Interpraias; há alguns outros caminhos
internos que ligam bairros à BR 101, mas que não estão
pavimentados.
Em todo o entorno desta rodovia foi estabelecida uma
área legalmente protegida instituída pela Lei Ordinária
no1985 de 12/07/2000 do Município de Balneário
Camboriú, SC que criou a Área de Proteção Ambiental
(APA) da Costa Brava, uma categoria de área protegida
do Sistema Nacional de Unidades de Conservação
inserida no grupo de uso sustentável. A área total desta
Unidade de Conservação é de 966,06 há, ocupando 21
% da extensão do município. Verifica-se, portanto, que
a APA Costa Brava ocupa uma extensão significativa
ao longo do litoral sul do município, onde uma grande
porção da sua delimitação é tangenciada pela Rodovia
Interpraias, o que assegura de certa forma a visibilidade
da paisagem natural preservada, conferindo ao trajeto da
rodovia o atributo de rota cênica.
A Região da Interpraias possui uma topografia
acidentada, formada por pequenas planícies adjacentes
que se limitam com o mar na forma de pequenas praias
bem delimitadas pelos costões rochosos, constituindo-se
em um complexo de praias agrestes com notável beleza
natural devido a essa configuração e à sua relativa
integridade natural.O acesso rodoviário às praias e
comunidades que é feito unicamente por meio da Rodovia
Interpraias também foi uma das motivações apontadas.
Isso indica a importância da estrada para as comunidades
locais e para os turistas que os permite conhecer lugares,
observar paisagens e acessar praias de forma facilitada,
o que se tornaria bem mais difícil sem a construção da
Rodovia Interpraias.
De uma maneira geral, o uso do solo em toda a
extensão do litoral sul do município é caracterizado
predominantemente pelo turismo; pesca; extração
mineral nas encostas dos morros (granito); proteção legal
APA da Costa Brava, com remanescentes de ecossistemas
naturais da mata atlântica e ecossistemas costeiros ainda
pouco alterados pela ação antrópica, além do uso do solo
urbano dos pequenos núcleos instalados ao longo do litoral
sul que centralizam alguns serviços locais. A pesca é a
atividade tradicional exercida de forma artesanal pelas
famílias nativas da região, onde a maioria está instalada
na praia de Taquaras e na Alameda das Palmeiras.
Ocorre ainda, mas com incidência pontual, a extração
mineral de granito nas enconstas de morros da vertente
oposta à das praias, porém com restrições impostas por
medidas legais adotadas pelo Ministério Público.
A construção civil é um segmento forte na economia
do município e está mais atrelada ao turismo, através
da construção de unidades habitacionais destinados em
grande parte às residências secundárias ou de veraneio.
Segundo Steiner e Butler (1998), há cinco dimensões
de análise do uso do solo; elas podem ser classificadas
em: atividades desempenhadas, função (essencialmente
econômica) na cidade ou região de abrangência; o tipo
de estrutura da edificação; o estado de utilização do
lote quanto à ocupação e o tipo de propriedade (público,
privado ou concessão). As categorias de maior interesse
são aquelas relativas às atividades e utilização do lote
ou gleba.
Em se tratando de usos urbanos, a análise pode se
subdividir em várias categorias como: residencial e se
desdobrar em residencial unifamiliar e multifamiliar;
comercial com seus diferentes usos; usos mistos
(residência, comércio, indústria, serviço); institucional e
seu caráter (educacional, administrativo, lazer); público
ou privado; entre outros.
Dessa forma, nota-se na maior parte da região
estudada o uso residencial unifamiliar, geralmente
ocupando de 30% a 50% do solo urbano. Em relação ao
restante do tecido urbano, pode-se considerar uma área
de certa forma isolada, mesmo com relação à cidade
de Itapema que geograficamente poderia estar mais
conectada aos bairros ao longo da rodovia Interpraias. As
densidades urbanas são baixas e a tipologia, em geral,
condiciona uma ocupação rarefeita.
Especificamente no Bairro da Barra se verifica uma
diversidade de atividades desempenhadas, seja pela sua
posição na “cabeceira” de entrada para as praias agrestes
ao longo da rodovia Interpraias, portanto servindo como
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O município de Balneário Camboriú tem no
turismo uma de suas principais atividades econômicas,
principalmente, pela diversidade de praias e a boa oferta
de comércio e serviços que influenciam a vinda de turistas
para essa região. No ano de 2008, Balneário Camboriú
recebeu o movimento de 685.946 mil turistas nacionais e
estrangeiros, segundo dados da SANTUR (2008).
Pela proximidade com o centro de Balneário
Camboriú, a região da Rodovia Interpraias atrai turistas
que visitam o município, e é por este motivo, que ao
longo dos anos, pôde-se perceber algumas mudanças na
região com relação à infraestrutura, principalmente após
o asfaltamento da Rodovia Interpraias e a colocação de
sinalização turística. Ao longo do percurso desta rodovia
o Bairro da Barra é a primeira localidade localizado
a 3,4 km ao sul do centro do município, possuindo como
característica principal a identidade cultural local, devido
a ser formado por população de descendência açoriana e
de tradição pesqueira, cuja principal atividade econômica
ainda reside justamente na pesca artesanaln e no
comércio em geral. Na localidade, pode-se encontrar na
Praça do Pescador a Capela de Santo Amaro, que é um
patrimônio arquitetônico, construída com argamassa de
óleo de baleia, pedras brutas e conchas. E foi tombado pelo
estado e município em 1998 .
Em seguida, destaca-se a Praia de Laranjeiras
(Figura 1) que está localizada a 6 km do centro de Balneário
Camboriú e é a praia que mais sofre com o grande fluxo de
turistas, já que está mais próxima ao centro, sendo ponto
de desembarque/embarque dos bondinhos do Parque
Unipraias, bem como das empresas que fazem passeios
de barco na orla de Balneário Camboriú. Além disso, é
caracterizada por águas tranquilas, o que atrai famílias,
grupos e jovens. A praia possui infra-estrutura específica
para atender ao público, composta principalmente por
restaurantes, estacionamentos e lojas de souvenires.
Em contrapartida, a Praia de Taquarinhas (Figura
apoio de alimentação e serviços; seja pela sua condição
histórica de bairro mais antigo na cidade de Balneário
Camboriú, SC.
Também se nota a atividade de serviços e pequenos
comércios ao longo das concentrações urbanas da
rodovia Interpraias, porém com um caráter de
abastecimento essencialmente para a população local.
Há pequenos serviços de restaurantes e hotéis que
servem essencialmente à sazonalidade de veraneio, sem
significativa geração de emprego e renda na localidade.
Neste sentido também se observa uma escassez de usos
institucionais que serviriam ao uso residencial como,
por exemplo, falta de creches, escolas, postos de saúde
e hospitais; muito provavelmente também em função
de uma classe econômica que se utiliza desses serviços
“fora” dos bairros que se aderem à rodovia Interpraias.
Há usos de serviços e diversões noturnas em algumas
propriedades localizadas estrategicamente nas encostas
com vista para o mar, geralmente ocasionando incômodos
pela geração de ruídos e tráfego indesejável nas calhas
viárias existentes.
As áreas de uso residencial, que são a maioria da
ocupação, têm função essencial de abrigo enquanto
edificação. As infra-estruturas de apoio ao “bom” uso de
áreas residenciais ainda se apresentam deficitárias em
áreas públicas de lazer, cultura, recreação, educação,
atendimento de saúde, ruas pavimentadas, arborização
urbana, passeios públicos, entre outros. A abrangência do
comércio, dos serviços e das instituições ainda é precária
tanto em sua especialidade quanto em sua escala.
Contudo há bons níveis de segurança quanto à violência
urbana e perigos de tráfego, pois as áreas não apresentam
altos índices de criminalidade e de acidentes de trânsito
comparados com o restante do município.
A Rodovia Interpraias possui sinalização adequada
para chamar a atenção do turista e usuário em relação
à proteção e conservação do meio ambiente no local. Há
também, boa sinalização para que o usuário se localize
nas praias, onde na LAP (Linha de Acesso às Praias),
é possível encontrar placas indicando em qual praia o
indivíduo se encontra. Verifica-se também no período
da alta temporada de verão, o grande fluxo de carros na
região, principalmente nas ruas mais próximas às praias,
com congestionamentos, e falta de estacionamentos
públicos adequados, exceto nas praias, de Taquaras
e Laranjeiras que possuem opções de estacionamento
privativo.
A oferta turística e o perfil da demanda na
área de abrangência da Rodovia Interpraias
Esta análise se caracteriza por uma abordagem
qualitativa e quantitativa, descrevendo um fenômeno a
partir dos dados obtidos. Assim, buscou caracterizar a
oferta turística, bem como conhecer o perfil da demanda
que procura esta região, por meio da inventariação da
oferta turística.
A oferta turística
Figura 1: Vista da Praia de Laranjeiras .Fonte: Pesquisa
de campo Interpraias (2008)
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2) é a mais preservada, não possuindo nenhuma estrutura
para atendimento ao turista, o que a torna de grande
importância pela elevada integridade de seus elementos
naturais (praia e vegetação de restinga), portanto pela
naturalidade de sua paisagem.. A praia localiza-se a 8
km do centro de Balneário Camboriú, tem 600 metros de
extensão e se caracteriza por águas límpidas e agitadas.
Cabe destacar que se encontra em tramitação o Projeto de
Lei 612/09, que cria o Parque Estadual de Taquarinhas
(Unidade de Conservação), praia mais agreste da
Rodovia Interpraias e uma das praias pertencentes à
Área de Proteção Ambiental da Costa Brava.
A Praia do Pinho (Figura 3) é identificada como
Figura 2: Vista de Taquarinhas. Fonte: Pesquisa de
campo Interpraias (2009)
grande diferencial da região, quando comparada a outros
destinos, pois sua demanda específica é composta por
naturistas, cuja prática é exercida dentro de princípios
estabelecidos por meio de um Código de Conduta. A praia
localiza-se a 9 km do centro, é cercada por costões rochosos
e possui uma infra-estrutura turística adequada ao
atendimento do público: camping, pousada, restaurante
e lanchonete.
A Praia de Estaleiro (Figura 4) fica a 11 km do centro
da cidade, possui águas límpidas e areia grossa. É provida
de um núcleo urbanizado, apresentando condomínios
fechados, loja de artesanato, pousadas e restaurantes,
sendo muito procurada durante a alta temporada.
Já a Praia do Estaleirinho (Figura 5) localiza-se
a 12 km do centro de Balneário Camboriú e possui uma
extensão de 700 metros. Suas principais características
são águas límpidas e areia grossa. Nesta praia estão
instalados alguns hotéis, pousadas e restaurantes e
lounge bar que atrai um público jovem não só durante o
dia, mas também à noite.
Existem vários meios de hospedagem na região
Figura 3: Praia do Pinho. Fonte: Pesquisa de campo
Interpraias (2008/2009)
Figura 4: Praia do Estaleiro. Fonte: Pesquisa de campo
Interpraias (2009)
Figura 5: Vista Praia Estaleirinho (Pontal Norte). Fonte:
Pesquisa de campo - 2009
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Atlântica, a qual oferece trilhas, mirantes, atividades de
arvorismo e o trenó, além de serviços de lanchonete, loja
e sanitários.
Observa-se na região novos investimentos imobiliários,
como a construção de residências e implantação de
condomínios fechados, o que demonstra que a especulação
imobiliária, encontra-se em processo de expansão em
algumas praias ao longo da Rodovia Interpraias. A
presença de escolas na região auxilia no processo de
educação evitando que os estudantes precisem se deslocar
até o centro do município. Um outro aspecto importante
é a existência de uma base integrada de policiamento
na Praia do Estaleiro que promove maior segurança na
localidade.
Quanto à oferta de meios de transporte, pode-se
destacar que o principal é por meio de veículos particulares
e coletivos. Também para a travessia do Rio Camboriú
da Barra Sul para o Bairro da Barra a comunidade pode
utilizar uma embarcação com capacidade para 25 pessoas,
que funciona das 06 horas à meia noite, sendo um serviço
gratuito.
Quanto ao atendimento turístico, falta um posto de
informação ao turista em local estratégico que poderia
servir como um ponto de parada para observação/
apreciação da paisagem. Outro aspecto a ser destacado, é
o fato de algumas praias já sofrerem com a massificação e
a rodovia apresentar trechos com fluxo intenso de veículos,
principalmente na Praia de Laranjeiras.
Nas localidades ao longo da Rodovia Interpraias não
há atendimento médico 24h e existem poucas farmácias,
caso seja necessário, o morador ou o turista precisa se
deslocar até o centro da cidade para atendimento em um
pronto-socorro. Também quanto aos serviços bancários, os
moradores e turistas que visitam a região, devem dirigir-se
a região central da cidade, pois as localidades da Região
da Rodovia Interpraias não possuem estabelecimentos
para este fim.
No município de Balneário Camboriú há vinte e uma
agências de viagens, sendo que algumas que trabalham
com receptivo oferecem, mesmo que restritamente,
roteiros turísticos que incluam a região da Interpraias,
tanto para a demanda nacional, como também a
internacional que visitam o município. Com isso, esta
demanda é atendida pelos serviços de hospedagem,
alimentação e entretenimento e se apóia na atratividade
das praias e nos atrativos da paisagem natural - relevo,
cobertura vegetal e o mar litorâneo.
Percebe-se, então, que a região do litoral do município
de Balneário Camboriú e seu principal eixo de acesso, a
Rodovia Interpraias, vem se despontando como a nova
fronteira do turismo no município, com o processo mais
recente da instalação de um conjunto de equipamentos
de lazer como o teleférico e o parque temático, hotéis
de alto padrão, e a expansão das pousadas, campings,
restaurantes, bares, clubes de lazer, que estão situados
principalmente nas localidades de Laranjeiras, Estaleiro
e Estaleirinho.
Os fatores apontados indicam o quanto à cidade
que oferecem bons serviços e produtos. Alguns
empreendimentos se destacam por possuírem diferenciais,
como a Praia do Pinho, freqüentada por turistas que
aderem ao naturismo, a Pousada do Estaleiro Guest
House e o Parador Estaleiro Exclusive Hotel, que oferecem
serviços mais sofisticados a preços mais elevados.
A oferta de meios de hospedagem na região da
Interpraias, constituída principalmente por pousadas e
segundas residências, atende a uma demanda turística
que busca um local mais tranqüilo para se hospedar, mas
é importante salientar que a maior parte dos hotéis, como
também de equipamentos de restauração está concentrada
na área urbana do município, e que a maior parte dos
turistas que visitam esta região ficam hospedados nesta
área urbana. No gráfico a seguir (Figura 6) pode-se
observa-se que a maior oferta de meios de hospedagem
está concentrada hotéis, pousadas e resorts.
1%
26%
12%
2%
17% 9% 2%
15%
16%
resort
hotel
pousada
albergue
camping
casa de
amigos
Figura 6: Meio de Hospedagem utilizado. Fonte: Pesquisa
de campo Interpraias, 2008
No que se refere ao setor de Alimentos e Bebidas, a
maioria dos restaurantes oferecem cardápio semelhante,
considerando que a região é rica em frutos do mar, porém
o turista que passa uma semana na localidade tende a
procurar gastronomia variada. A maioria dos proprietários
desses negócios são pessoas da própria comunidade, que
observaram no turismo uma oportunidade de emprego
e renda. Este fator deve ser ressaltado, pois segundo
Lemos (1996, p.22): “na formação dos centros turísticos, a
população nativa é freqüentemente afastada de seu local
de moradia e atividade de origem”.
Além das praias, o Parque Unipraias é outro atrativo
que possibilita lazer e entretenimento aos turistas que
visitam o município, oferecendo os bondinhos aéreos
que levam os turistas da Estação Barra Sul a Praia de
Laranjeiras, possibilitando a parada na Estação Mata
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de Balneário Camboriú e a região da Interpraias são
importantes para o desenvolvimento do Estado de Santa
Catarina, e, mais que isto, mostrou como a região ao longo
da Rodovia Interpraias é fundamental para o incremento
do turismo no município.
Por fim, o que caracteriza e destaca a Região da
Interpraias em Balneário Camboriú é o conjunto cênico
que integra os atrativos naturais existentes, cujo suporte
ecológico são os remanescentes da Floresta Atlântica e os
ecossistemas costeiros como as praias agrestes e os costões
rochosos, juntamente com toda a fauna nativa associada
a estes ambientes naturais. Portanto, sua importância
ambiental e paisagística requer do poder público
esforços no estabelecimento de políticas que assegurem a
salvaguarda dos recursos existentes, planejando as ações
para que estes sejam aproveitados de maneira adequada.
O perfil da demanda turística
Para identificar e caracterizar o perfil da demanda que
busca a região da Interpraias realizou-se uma pesquisa de
demanda entre o período e março a maio de 2009, sendo
que foi aplicado o total de 300 questionários.
Assim, em relação à procedência dos visitantes,
percebeu-se que a maior parte deles (29%) mora em
Curitiba (PR) e passa os feriados e finais de semana em
Balneário Camboriú, por ser uma praia famosa e próxima
à capital paranaense. O fato de as pessoas terem como
segunda residência a cidade é uma realidade, pois a
pesquisa também mostrou que há uma grande quantidade
de turistas advindos de cidades catarinenses próximas,
como: Itajaí, Brusque, Itapema, Joinville e Blumenau, que
resultam em um total de 37% que visitam a região tanto
para passar o dia quanto para passar o final de semana.
Estes dados demonstram que a maior parte dos
turistas já conhecia a região, ou seja, 72% dos turistas
e somente 28% disseram que era a primeira vez que
visitavam a região da Interpraias. Dos turistas que
visitaram a região, o destaque é para a parcela de 34%
que visitaram o município mais de 7 vezes (Figura 7).
Quanto às praias mais visitadas, pode-se concluir que
a Praia de Laranjeiras, pelas suas características de ser
uma praia mais calma, que oferece maior infra-estrutura
de serviços, além de ser a primeira praia da rodovia e
ponto de desembarque/embarque do parque Unipraias, é
que recebe a maior parte da demanda, ou seja, 30%. A
Praia de Estaleirinho, 17% Estaleiro, 16% citou Taquaras,
8% a praia de Taquarinhas e apenas 4% a Praia do Pinho.
Dos respondentes, 59% utilizam carro próprio para se
deslocar até a região. Pela pesquisa apontar que a maioria
absoluta viaja de carro, também confirma a procedência
próxima.
Quanto ao país de origem dos entrevistados, 90%
eram brasileiros e os 10% restantes tinham como
origem a Argentina, sendo que 5% desses, a cidade de
procedência, era Buenos Aires, o que pode ser analisado
como um percentual alto considerando a quantidade de
cidades citadas na pesquisa. Todos os anos a presença
de argentinos, assim como de outras nacionalidades do
Mercosul, é fato em Santa Catarina.
Em relação ao motivo pelo qual viajaram, 69%
respondeu a lazer, o que deve ser levado em consideração,
23%
28%
15%
34%
primeira 2 a 4 5 a 7 mais que 7
Figura 7: Número de vezes que visitou a região. Fonte:
Pesquisa de campo, 2008
por ainda ser a principal atratividade da cidade de
Balneário Camboriú. Quanto à viagem realizada,
metade dos questionados (50%) mostraram-se satisfeitos
e 39% totalmente satisfeitos, evidenciando o grau de
contentamento dos visitantes.
Como aspectos limitantes a pesquisa apontou
principalmente a falta de diversidade de restaurantes,
a inexistência de um posto de informações turísticas,
a baixa freqüência de ônibus coletivo para a região, e
revelou sugestões como a de não se permitir a construção
de imóveis que possam alterar de forma significativa o
meio ambiente da região da Interpraias.
Um dos fatores que se destacou foi a segurança na
região, onde 31% dos entrevistados a consideraram
regular. Já quanto aos serviços de transporte e
comunicação, praticamente a metade dos turistas não
tinha opinião sobre o assunto, uma vez que também não
fazem uso destes.
Em relação à infra-estrutura estritamente turística, a
maioria dos turistas também se mostrou satisfeitos. Um
fator que se destacou, foi quando perguntados a respeito
da qualidade dos alojamentos, a qual 44% não tinham
opinião sobre isso. Isto se dá pelo fato de que a maior
parte dos turistas não utilizarem meios de hospedagem
na região da Interpraias, mas sim no centro de Balneário
Camboriú. Outra questão de destaque é a opinião do turista
em relação à utilização de guias turísticos na região, onde
o fato de 61% dos respondentes não manifestarem opinião
sobre o assunto, denota que não há procura significativa
por este serviço. A sinalização turística na região também
é considerada boa pela maioria (53%) dos entrevistados.
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Além disso, 23% a considera ótima e apenas 20% a
considera regular, ruim ou péssima.
Em relação à Rodovia Interpraias, percebe-se um alto
grau de satisfação por parte dos turistas, já que 85% a
consideram ótima ou boa e apenas 12% regular. Já em
relação à preservação da paisagem na região, a maioria
das pessoas (62%) a considerou boa, 27% ótima, 10%
regular e apenas 1%, considera ruim.
Ao se considerar o conjunto dos resultados obtidos na
pesquisa sobre a demanda turística na região, é possível
estabelecer um perfil padrão para a mesma, de acordo
com o quadro 1.
Verifica-se que o perfil padrão do turista que visita a
região da Rodovia Interpraias é constituído em sua grande
maioria de brasileiros, residentes, sobretudo, em cidades
catarinenses próximas e em Curitiba-PR, a maior parte
com conhecimento da região através de visitas anteriores,
o que denota fidelização a este destino turístico.
O deslocamento pela região é feito praticamente por
veículo próprio já que se trata de um público tipicamente
de classe média, sendo Laranjeiras a praia mais
procurada, devido à sua localização mais próxima, acesso
mais facilitado, infraestrutura turística e balneabilidade.
O turista com este perfil padrão emite uma percepção,
em geral, bastante positiva em relação à própria condição
de trafegabilidade da Rodovia, assim como da sinalização
turística a ela associada e da integridade da paisagem
de entorno. Apenas a percepção sobre a segurança
apresentou-se pouco satisfatória, não impedindo, porém,
que ao final houvesse um elevado índice de satisfação com
relação à experiência de viagem para a região.
Com isso pode-se considerar que os turistas que
visitam a região, têm a paisagem e a conservação dos
atrativos como um dos principais aspectos que os motivam
a procurar as praias da localidade. Ainda, entre os motivos
que atraem os turistas para a Rodovia Interpraias,
além da qualidade visual, é o livre acesso às praias e a
possibilidade da prática de esportes, como o ciclismo e
caminhadas. Estas características a evidenciam como
uma estrada turística, atrativa para o desenvolvimento
de atividades de lazer e recreação para turistas, bem como
para moradores locais. Assim, é possível deduzir que esta
região caracteriza-se por ser um importante corredor
turístico do município de Balneário Camboriú.
Entretanto, a ocorrência de animais silvestres
atropelados na rodovia indica que há necessidade de
medidas de proteção para a fauna nativa, através da
implementação de um Plano de Manejo para a área,
contemplando alternativas de mínimo impacto na fauna,
como placas sinalizadoras e educativas e zoopassagens
aéreas e subterrâneas na estrada, permitindo a troca
genética e circulação dos animais a fim de protegê-los e
aumentar suas populações.
Considerações finais
A análise da paisagem sob a perspectiva turística
constatou o potencial turístico do litoral sul do
município e as condições favoráveis para a viabilidade
técnica e paisagística da Rodovia Interpraias vir a ser
institucionalizada como uma estrada parque. Neste
sentido, a proposta de implantação da estrada parque
vem ao encontro das questões apresentadas como medida
de prevenção e minimização dos impactos analisados.
A análise do uso e ocupação do solo, por sua vez
constatou que o uso turístico já é predominante em toda
a extensão desta área do município, mesmo considerando
os demais usos encontrados, tais como a pesca, comércio
e serviços e a construção civil estão de uma maneira ou
de outra atreladas à atividade turística. Desta forma a
infra-estrutura e os serviços públicos e privados foram
sistematizados em função da análise turística.
Já a análise da oferta e do perfil da demanda turística
aponta que a conservação do ambiente natural com
suas características primitivas, da região da APA Costa
Brava e Rodovia Interpraias é um elemento de forte
VARIÁVEIS RESULTADOS PRINCIPAIS
Origem Brasil (90%); Argentina (10%)
Procedência dos brasileiros Cidades catarinenses próximas (37%); Curitiba-PR (29%)
Conhecimento anterior da região Sim (72%), dos quais 37% sete vezes ou mais
Deslocamento na região Carro próprio (90%)
Praias mais procuradas Laranjeiras (30%); Estaleirinho (17%)
Segurança na região Regular (31%)
Sinalização turística Boa (53%); Ótima (23%)
Rodovia Interpraias Ótima/Boa (85%)
Preservação da paisagem Boa (62%); Ótima (27%)
Satisfação da viagem Satisfeitos (50%); Totalmente satisfeitos (39%)
Quadro 1: Perfil padrão da demanda turística na região da Rodovia Interpraias. Fonte: Pesquisa de campo
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atratividade para a região. A partir de um planejamento
e organização para o uso turístico da rodovia, se torna
possível desenvolver o turismo com bases sustentáveis,
com o objetivo de potencializar as qualidades da estrada
para o uso turístico e ainda prover a comunidade local
com uma economia sustentável.
Nessa perspectiva a análise revelou que na região
da Interpraias são principalmente os atrativos naturais
que lhes caracterizam e lhe dão destaque enquanto
destino turístico, pois na cidade há poucas áreas naturais
remanescentes, tornando esta área de importância
primordial para o turismo no município, não só pela
sua beleza cênica, mas também por sua importância
ambiental. Assim, cabe ao poder público direcionar
esforços no estabelecimento de políticas que assegurem a
salvaguarda dos recursos existentes, planejando as ações
para o uso sustentável desses recursos que dão suporte à
economia do turismo no município.
No entanto, é necessário que haja esforços constantes
para evitar a queda no controle da proteção das áreas
naturais, pois a degradação ambiental pode ser em
muitos casos, irreversível e suprimir a singularidade das
paisagens e atrativos da região. Os impactos se não forem
controlados, poderão se tornar detratores tanto da imagem
quanto da própria experiência turística, ocasionando uma
queda na atratividade da região além da preocupante
degradação ambiental.
Outros esforços com o objetivo de otimizar o potencial
da estrada poderiam ser explorados, como as melhorias
na infra-estrutura básica e turística que facilitassem o
acesso e atraíssem a demanda por si só. Oportunizando
um turismo organizado em bases sustentáveis.
Por fim, o uso turístico das estradas parque se
apresentou como uma ferramenta de desenvolvimento
sustentável quando bem planejada e gerida e sinaliza
para a importância da permanente conservação dos
aspectos ambientais das regiões onde elas estão inseridas,
em destaque para que haja a sustentabilidade ambiental
e cultural dessas regiões e também do fluxo de visitantes
que desejam encontrar estes patrimônios preservados.
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1. Artigo originário da pesquisa financiada pelo Conselho
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