www.pasosonline.org
Vol. 8 Nº4 págs. 529-538. 2010
A cultura da água: da patrimonialização das levadas
da Madeira à oferta turística
Filipa Fernandesi
i Mestre em Ciências Antropológicas. Assistente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (Universidade Técnica de Lisboa). Doutoranda em Turismo na Universidade de Évora com bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Email: filipafernandes1@gmail.com, ffernandes@iscsp.utl.pt
Universidade Técnica de Lisboa (Portugal)
Resumo: Este artigo incide na análise de um elemento de cultura material que foi alvo de activação patrimonial (nos finais da década de 90), incrementada pela indústria turística, assumindo desde então novas funcionalidades e dinâmicas. O estudo circunscreve-se às levadas da Ilha da Madeira, um elemento patrimonial usado simultaneamente pela população local nas práticas de regadio, e pelos turistas, na contemplação e fruição da paisagem e do património. A capacidade de atracção registada pelos seus múltiplos usos ao longo de várias décadas, leva-me a concluir que a sua ‘imagem de marca’ permanece no imaginário turístico, contribuindo assim, para que este elemento cultural identifique a ilha da Madeira como um destino turístico diferenciado.
Palavras-chave: Património; Processos de patrimonialização; Turismo; Produto turístico; Etnografia da água; Levadas; Ilha da Madeira; Portugal.
Abstract: This paper discusses the analysis of an element of material culture that suffered an ‘heritage’ activation (in the late 90s), enhanced by the tourist industry, assuming since then, new functions and dynamics. It studies the levadas of Madeira, a heritage element used by both local people in irrigation practices, and by tourists, in gazing landscape and heritage. The attractiveness recorded by its multiple uses over several decades, leads me to conclude that their ‘brand image’ remains in the touristic imagery, thus contributing to the identification of Madeira Island as a distinctive tourist destination.
Keywords: Heritage; Processes of ‘heritagization’; Tourism; Tourist Products; Water Ethnography; Levadas; Madeira Island; Portugal.
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121Apresentação
Nesta comunicação pretendo analisar um elemento patrimonial madeirense usado simultaneamente pela população local nas suas práticas de regadio diárias (Fernandes 2006, Dias e Galhano 1986), e pelos turistas, na contemplação e fruição da paisagem e do património (Crawshaw e Urry 1997, Urry 2002).
A análise circunscreve-se às levadas da Ilha da Madeira, que se evidenciam como um espaço do território, actuando como fonte aglutinadora de valores sociais e culturais permanecentes no imaginário colectivo. Paralelamente, são também um espaço de consumo e fruição cultural pelos turistas que as percorrem visando a contemplação do património natural e cultural. Para além da sua função primordial - condução e abastecimento de água para regadio (Fernandes, 2006) -, este produto foi alvo de uma activação patrimonial incrementada pela indústria turística, passando deste modo a assumir novas funcionalidades e dinâmicas, como enunciarei seguidamente.
O património e os processos de patrimonialização
Por património entende-se a herança cultual da humanidade, aquilo que é transmitido ou herdado de uma geração para outra (Smith 2003). O património é compreendido como o uso contemporâneo do passado, “abrangendo tanto a sua interpretação como a representação” (Smith, 2003:82). Não obstante, e de forma crescente, o conceito de património está associado à comercialização do passado com o crescimento da indústria patrimonial (Smith, 2003), e consequentemente, dos sistemas turísticos. É nestes sistemas, que os actores sociais produzem, reproduzem e consomem formas culturais patrimonializadas (Santana, 2006). E consomem-nas porque o “património ao integrar-se no mercado turístico (…) pode ser vendido” (Prats e Santana, 2005:16).
Mas o património é igualmente uma invenção (Prats 1998) uma construção cultural (Prats 1997) ou social (Prats e Santana 2005), já que é algo idealizado, existindo somente “em abstracto, como virtualidade, até que determinados referentes sejam valorizados (…) primeiro, e activados (expostos, sinalizados, difundidos, interpretados…), depois, por parte de alguém” (Prats e Santana, 2005:9). Portanto, a activação patrimonial é um processo em que determinados referentes culturais são escolhidos de forma a representar uma dada identidade (Prats 1997), sendo consumada pelos agentes sociais suportados pelo poder político local, regional ou nacional e pela sociedade civil.
A relação entre o património e o turismo regista-se de há muito, contudo, hoje como refere Llorenç Prats “nasce um novo tipo de activação patrimonial cuja motivação não é a de carácter identitária, mas abertamente turística e comercial” (1997:42), o que se traduz numa perda do seu valor intrínseco. O desenvolvimento de um turismo arraigado ao património impulsiona novos tipos de turistas que procuram a cultura e a natureza, em suma, novos produtos turísticos opostos ao turismo massificado ou ao tradicional turismo de sol e praia. Não obstante, impõe-se referenciar que muitos “clientes indirectos do cultural (…) visitantes que utilizam o sistema turístico para relaxar, desfrutar do clima, ou simplesmente mudar o ritmo imposto na sua vida quotidiana. Estes chegam ao património simplesmente porque este está no seu caminho ou, ainda, porque o prestigio social supõe falar e/ou demonstrar a visita tal ou qual entidade de valor sociocultural reconhecido. É preciso ser claro e reconhecer que este tipo de turista, ainda que não seja o mais desejado, é o visitante mais numeroso e consumidor dos produtos culturais, do património cultural a nível global” (Santana Talavera, 2003b:41-41).
Nas áreas rurais a cultura e o património têm concomitantemente uma importância significativa já que ambos têm vindo a ser usados para a promoção rural e o desenvolvimento local com vista à solução dos processos de desruralização (Silva 2008). A inclusão do património no mercado turístico é sinónima de comodidades utilizadas para a satisfação do mundo contemporâneo e ainda, como um recurso económico, espelhando assim a multiplicidade da oferta turística em especial nas áreas rurais: turismo natureza, ecoturismo, turismo cinegético, turismo activo, turismo cultural, enoturismo, etc.
Cultura da água na ilha da Madeira: algumas notas
Nos terrenos antropológicos a água é um objecto há muito consolidado1. À água estão ligados um conjunto de estudos de caso (Batista Medina, 2001, 1998, 1993; Branco, 1987; Dias e Galhano, 1986; Durand, 2003; Fernea, 1963; Fleuret, 1985; Gouveia, 1996; Guillet, 1987; Hernández e Tafalla, 1998; Hunt e Hunt, 1976; Jorge, 2001; Kelly, 1983; Lansing, 1987; Loehman e Dinar, 1995; O’Neill, 1984; Palu,
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(4). 2010
ISSN 1695-7121
530
A cultura da água: da patrimonialização das levadas da Madeira à oferta turística1998; Peixoto, 1967 [1908]; Pérez Picazo, s/d; Portela, 1996; Prista, 1989; Reyes Aguilar, 1989; Salesse, 2003; Solís, 2005; Strang, 2004; Trawick, 2001; Vasconcelos, 1980 [1936]; Wateau, 2000, 1998; entre outros) que examinam a tónica social, económica e cultural daquele que é o mais importante recurso natural, alvo de quezílias entre grupos de populações e estados. Como afirma Strang “Em todo o planeta azul (…) as pessoas estão envolvidas em conflitos sobre a água. Há debates acerca de quem a deve possuir, gerir, ter acesso a, lucrar com, controlar ou regular” (2004:1).
Nos vários trabalhos que afluem na literatura contam-se aspectos relacionados aos impactos de construção de barragens hidroeléctricas nas comunidades locais; os significados atribuídos à água (elemento cósmico e ritual); os jogos de poder (públicos e privados) em torno da água; a sustentabilidade dos sistemas de regadio no que concerne à sua gestão e distribuição; a mercantilização da água (um bem local, nacional e global) pela indústria da água, que ‘vende’ o recurso em forma de produto; os saberes e usos associados à água e seu imaginário. A “água é sempre uma metáfora de relações sociais, económicas e políticas – um barómetro através do qual a identidade, o poder e os recursos são partilhados” (Strang, 2004:21).
Na Ilha da Madeira as levadas estão desde sempre associadas à exploração dos terrenos agrícolas desde a época do seu povoamento. Nestes espaços de memória e de relações sociais centradas na água (Fernandes 2006) estão enraizadas um conjunto de práticas culturais e dinâmicas associadas à gestão dos recursos hídricos (Batista Medina, 2001; Reyes Aguilar, 1989; Wateau, 2000; entre outros) que transformam este recurso num bem comum (Fernandes 2006).
A origem das levadas remonta aos primeiros povoadores, que instigados pela necessidade de cultivo, decidiram utilizar as águas abundantes paras as culturas agrícolas e engenhos açucareiros. E “segundo rezam as crónicas da época, eram canais pouco extensos feitos com grossas tábuas em forma de calha” (Quintal, 2001:25). Com a crescente necessidade de irrigar os canaviais e as vinhas, a rede de levadas foi-se multiplicando e a sua construção foi sendo efectuada com técnicas mais seguras.
Foi o alvará régio de 1493 que concedeu o nome de levadas aos canais de rega madeirenses. Na construção das primeiras levadas, “contam-se escravos negros e mouros, empregando-se estes em traçá-los e aqueles em perfurar a rocha, britar a pedra e arrumá-la para os construir” (Pereira, 1989:682).
Pese embora as levadas fossem construídas por iniciativa privada, só “no século XIX, face às dificuldades económicas, nomeadamente na agricultura com a crise da produção vinícola, o governo português começou a investir neste campo, surgindo as denominadas levadas do estado” (Neves e Veríssimo, 1995:4). Até meados do século XIX a acção do estado era reduzida; “limitava-se a conceder a exploração dos caudais e a fazer leis sobre a administração das levadas particulares” (Quintal, 2001:27).
Na década de 1940, surge a Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira2, que fazia parte do plano nacional de reestruturação da Hidráulica Agrícola (CAAHM, 1969), a qual “desenvolveu uma obra sem precedentes na captação de águas e sua utilização para produção de energia eléctrica e na agricultura” (Quintal, 1995:4).
As ideias básicas deste novo plano dos aproveitamentos hidráulicos da madeira assentavam em “conduzir, para as terras secas do sul, as águas perdidas ou mal aproveitadas no norte da ilha, sem prejuízo do alargamento do regadio nessa zona; e aproveitar a possibilidade de conjugar perfeitamente a produção de energia com a imperiosa necessidade da irrigação das terras, fazendo turbinar as águas antes de as lançar no regadio” (CAAHM, 1969:43).
Ao longo de vários séculos, tanto o estado como os heréus3 mantiveram a tradição de construí-las, mas nas últimas décadas, essa tarefa coube exclusivamente ao Estado, com a abertura das levadas dos Tornos (106 km), da Calheta (63 km) e do Norte (50,5 km).
Hoje, na Madeira, ainda existem levadas particulares e levadas estatais, estas últimas, caracterizadas pela sua maior extensão e volume/caudal. Dum total de 292 levadas4, 172 são do domínio particular. As restantes são do domínio estatal, mais concretamente, à Direcção dos Serviços Hidroagrícolas (DSH) e ao Instituto de Gestão da Água (IGA). As restantes são comuns aos heréus, pertencendo nalguns casos a comissões e associações de regantes, que as gerem de acordo com regras locais (usos de costumes).
A patrimonialização das levadas: uma breve análise
“The largest of the levadas, bordered with trees and flowers, also serve as pleasant footpaths across considerable sections of the island” (Duncan, 1972:31).
As primeiras referências às levadas utilizadas para fins de lazer e de turismo aparecem no século XIX e século XX em
531
Filipa Fernandes
ISSN 1695-7121
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(4). 2010PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(4). 2010
ISSN 1695-7121
532
guias de viagem (Brown 1890, 1927; Power 1935) e literatura da época (Biddle 1900; Corrêa 1927; Jones 1909; Harcourt 1851; White 1851; Brassey 1885), que atestam a possibilidade de através destes canais e da sua esplanada5 se aceder às maravilhas naturais madeirenses.
De facto, este ex-líbris sempre esteve ao dispor dos actores sociais, uma vez que nalguns casos eram as únicas vias de acesso ao interior mais remoto da ilha, é o caso do Rabaçal por exemplo. Mas no presente, remete-nos para aquilo que Pereiro Pérez designa a concepção produtivista do património, em que o património é visto “como um recurso para o turismo cultural e para outras actividades económicas” (2003:234). Sendo assim, o património mais não é do que um objecto de consumo e de uma procura crescente que se verifica na RAM há já alguns anos.
O turismo é uma das maiores actividades económicas mundiais, e na Região Autónoma de Madeira, isso não é excepção. Esta região portuguesa, situada em pleno atlântico, foi sempre apreciada como um destino turístico por excelência, devido aos elementos naturais, desde os tempos da aristocracia inglesa que viajavam com destino à África do Sul (Vieira, 1997). O consequente incremento desta actividade ao longo de quatro séculos, conduziu à mudança da Madeira como um destino privilegiado tanto ao nível do lazer como de negócios.
Os elementos naturais constituíram, desde sempre, um dos principais atractivos da actividade turística na região. O valor dos elementos naturais está patente em documentos diversificados (Biddle 1900; Brown 1890, 1927; Harcourt 1851; Sainz-Trueva 1990; White 1851; Taylor 1882) que expressam os primeiros usos associados ao lazer, ao sightseeing, e ainda, como uma forma terapêutica. E hoje não é excepção. Houve uma campanha promovida pela DRT, intitulada “Sinta a natureza à sua volta” que apelava aos potenciais visitantes a paisagem espectacular que podia ser contemplada por intermédio dos passeios a pé nas levadas e veredas6. Deste modo, a paisagem, a natureza e o clima são recursos económicos detentores de alguma importância, já que os recursos naturais “são na sua origem os factores de atracção que promovem os movimentos de pessoas com finalidades turísticas e de repouso” (Blasco, 1996:112).
A ilha da Madeira pertence à região bio-geográfica da Macaronésia, na qual se preserva um património natural de grande valor científico – a floresta Laurissilva7, distinguida pela UNESCO como património natural mundial desde Dezembro de 1999.
O produto/recurso turístico em apreço são as levadas, que para além se estar associado à paisagem, à cultura material madeirense e aos passeios a pé (pedestrianismo, hiking), é considerado pelo Plano de Ordenamento Turístico Regional (POT) como um produto emergente que urge consolidar e desenvolver de modo a
Figura 1. Postal do vale do Rabaçal e levada. Fonte: Arquivo Regional da Madeira-ARM
A cultura da água: da patrimonialização das levadas da Madeira à oferta turísticacaptar novos segmentos de mercado8, inseridos no turismo cultural, turismo de natureza e ecoturismo, que procurem o verde, o contacto com a natureza perdida em pleno Atlântico e a aventura. Este produto emergente corresponde a um nicho de mercado específico, e vem complementar de certo modo o produto dominante (paisagem/excursões), pela diversificação de outros consumos associados à natureza e paisagem ao património cultural.
As levadas são consideradas como um monumento vivo da cultura madeirense; são a expressão de como foi possível a intervenção humana sem causar graves rupturas no funcionamento dos ecossistemas; e que contribuíram, juntamente com os poios9, ao longo de cinco séculos para a originalidade da agricultura madeirense. Por conseguinte, foi criado um grupo de trabalho que apreciou algumas levadas, mais concretamente, a levada da Serra do Faial, a levada de São Jorge ou do Caldeirão Verde, e a levada dos Cedros, como objecto de uma candidatura a Património mundial pela UNESCO10. Neves e Veríssimo referem que “todas elas são dignas de conservação, todavia, optou-se (...) pela apresentação de três levadas representativas e das mais antigas” (1995:5).
Novas funcionalidades: usos e iniciativas
Se antes as levadas tinham apenas a função de canalizar a água de regadio das terras mais altas e/ou da costa norte para as zonas da costa sul, hoje, estas adquirem novas funcionalidades, estando de igual forma ao serviço de actividades de recreio e de lazer.
Porquanto à ilha da Madeira estão associadas a tranquilidade, as novas sensações e descoberta11, a beleza natural e as paisagens12, existem também registos de usos e iniciativas destes elementos da cultura material madeirense induzidos pelo fenómeno turístico, e que se enquadram nas questões recentes da relação entre o local e o global.
Tendo este produto uma importância fundamental para a captação de novos segmentos de mercado, e sendo já uma aposta do POT, foi criado em 2000 um diploma regional13 que recomenda alguns percursos pedonais em torno das levadas e das veredas para fruição turística em contextos de recreio e lazer. Acresce a isto a identificação de paisagens e locais do património natural e histórico regional que usados de forma sustentada possibilitam uma promoção da preservação dos recursos naturais, articulada com a promoção de emprego, turismo e do desenvolvimento locais14.
A juntar a estes dados multiplicam-se algumas iniciativas ‘promocionais’ regionais em torno deste recurso, tais como o investimento na recuperação de 18 percursos pedonais visando uma melhoria ao nível de circulação e segurança, financiado pelo POPRAM-FEDER e ADRAM15; o crescimento exponencial de actividades em torno dos passeios, promovidos por empresas de animação turística locais, agências de turismo, e grupos locais/associações desportivas; bem como os festivais dos passeios a pé16 desenvolvidos pela Direcção Regional de Turismo, nos quais se promovem uma série de passeios em torno deste produto/recurso17.
Um outro projecto é o Tourmac18, de âmbito internacional que reúne três regiões da Macaronésia (Madeira, Açores e Canárias), apoiado pelo INTERREG III, e que lança uma série de trilhos pedonais comuns, visando a salvaguarda do património natural e cultural.
533
ISSN 1695-7121
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(4). 2010
Figuras 2 y 3. caminheiros na Levadas dos Cedros y do Rei durante o MWF 09
Filipa FernandesPASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(4). 2010
ISSN 1695-7121
534
Conclusão
As levadas, um lugar da activação patrimonial (Prats e Santana, 2005), são um importante recurso daquela que é a maior indústria mundial – o turismo, na qual os consumidores e os prestadores de serviços contribuem para um negócio, cada vez mais florescente para a economia regional.
Na ilha da Madeira a natureza sempre foi um importante factor de atracção do destino, aliado a condições climatéricas ímpares. Se juntarmos a isto o crescimento deste atractivo cultural que são as levadas, verifica-se que ambas no seu conjunto têm uma imensa capacidade de atracção, já registada pelos seus múltiplos usos ao longo de várias décadas, o que me leva a concluir que a sua ‘imagem de marca’ (e que hoje é uma das imagens de marca regionais) permanece no imaginário turístico, e contribui para que este elemento cultural identifique a ilha da madeira como um destino turístico diferenciado. Como Selwyn menciona “ (…) o que faz com que um destino turístico seja atractivo é o facto de se pensar que tem uma característica especial, um ‘espírito de lugar’ especial” (1996:21).
Se as levadas eram já um recurso turístico visível (ainda que embrionário) nas décadas de 60 e 70, hoje e a partir dos anos 90 tornaram-se alvo de uma importante mudança remetendo-nos para uma alteração do produto levada, que agora é mercantilizado visando igualmente um desenvolvimento sustentado da região, em especial do Parque Natural da Madeira.
Neste lugar insular o mercado já dá mostras da sua “flexibilidade e segmentação” (Santana Talavera, 2003a:5), com o aparecimento do “turismo alternativo, com subprodutos como o turismo rural, o ecoturismo e o turismo cultural” (Santana Talavera 2003a:5), reveladores dos novos produtos turísticos caracterizadores de um mercado que se quer heterogéneo, traduzido na metamorfose da oferta turística, e que no caso da Madeira, é visível através do POT e das diversas campanhas promocionais.
Acerca dos consumidores turísticos-culturais, até ao momento, o meu terreno denuncia a existência de uma clientela directa (escassa) e indirecta (maioria) (Santana Talavera, 2003b) para a levadas e veredas, apesar de os números estarem ainda em processo de recolha e análise.
O desenvolvimento de novos tipos de turismo, impulsionados pelo progresso da indústria turística e a sua maturação, origina novos tipos de produtos associados ao turismo cultural, ecoturismo, e turismo de aventura (Craik, 1997; Santana, 1997; Smith, 2003; Stronza, 2001), reveladores das motivações turísticas e da variedade das experiências turísticas. O MWF e outras iniciativas promovidas na Ilha da Madeira revelam estas motivações na procura por experiências em torno do património e natureza, que colocam a Madeira e em particular, as levadas, num contexto global associado aos festivais dos passeios a pé, lazer, cultura e património.
As levadas e veredas, património como recursos turístico, para além de serem um valor acrescentado (Prats, 1997) ao destino Madeira, poderão num futuro próximo constituir-se como um “produto turístico per se, capaz de integrar, juntamente com a hotelaria básica, um motivo de compra autónoma” (Prats, 1997:42) se o POT e a multiplicidade das campanhas promocionais forem direccionados para um mercado específico, como é o caso do turismo activo e ecoturismo, anunciando apetências, cadências e oportunidades de um mercado local, regional e global.
Bibliografia
Batista Medina, J. A.
2001, El Agua es de la Tierra. La Gestión Comunal de un Sistema de Riego del Nordeste de La Palma (Los Sauces), Madrid, Ministerio de Educación, Cultura y Deporte.
1998, Água y conflictos en sistemas de riego: un análisis antropológico, http://www.us.es/ciberico/archivos-acrobat/zaracomun4.batistame.pdf, 06/10/04.
1993, “La Opción Cooperativa en la Gestión de un recurso común. El Caso del Agua en una Comunidad de Regantes de La Palma (Islas Canarias)”. In Pascual Fernández, J. (coord), Processos de Apropriación y Gestión de Recursos Comunales, VI Congreso de Antropologia, Tenerife: Ass. Canaria de Antropologia.
Bidlle, A. J. D.
1900, The Madeira Islands, London, Hurst & Blackett Limited.
Blasco, E. F.
1996, Economía, Turísmo y Medio Ambiente, València, Universitat de València.
Branco, J. F.
1987, Camponeses da Madeira. As Bases Materiais do Quotidiano no Arquipélago (1750-1900), Lisboa, Publicações D. Quixote.
Brassey, L.
1885, In the trades, the tropics & the roaring forties, London: Longmans,
A cultura da água: da patrimonialização das levadas da Madeira à oferta turística535
ISSN 1695-7121
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(4). 2010
Green & Co.
Brown, A. S.
1890, Madeira and the Canary Islands. A practical and complete guide for the use of invalids and tourists, 2nd ed., London, Sampson Low, Marston, Searle & Rivington.
1927, Brown’s Madeira, Canary Islands and Azores. A practical and complete guide for the use of tourists and invalids, 13th ed., London, Simpkin, Marshall, Hamilton, Kent & Co., Ltd.
Caires, D.
2000, “Levadas candidatas a património da humanidade – os caminhos da água”, Jornal da Madeira, 07/03/00, pp.6-7.
Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira (CAAHM)
1969, O aproveitamento da água na ilha da Madeira, Lisboa, Ministério das Obras Públicas, Gráfica Brás Monteiro.
Correa, M. de J.
1927, A Ilha da Madeira. Impressões e notas archeologicas, ruraes, artísticas e sociaes, Coimbra, Imprensa da Universidade.
Craik, J.
1997, “The culture of tourism”. In: Rojek, C. e J. Urry (Eds.), Touring cultures, London, Routledge, pp. 113-136.
Crawshaw, C. and Urry, J.
1997, “Tourism and the Photographic Eye”. In: Rojek, C. and J. Urry (eds.), Touring Cultures. Transformations of Travel and Theory, London, Routledge, pp. 176-195.
Dias, J., e Galhano, F.
1986, Aparelhos de elevar a água de rega. Contribuição para o estudo do regadio em Portugal, 2ª ed., Lisboa, Publicações Dom Quixote [1953].
Dinar, A, e E. T. Loehman (eds.)
1995, Water Quantity/Quality Management and Conflict Resolution. Institutions, Processes and Economic Analyses, Westport: Praeger.
Duncan, T. B.
1972, Atlantic Islands. Madeira, The Azores and the Cape Verdes in seventeenth-Century Commerce and Navigation, Chicago, The Chicago University Press.
Durand, Jean-Yves
2003, “A Diluição do Consenso: a água de ‘fonte de vida’ a ‘património colectivo’”. Etnográfica, vol. VII, (1), pp.15-31.
Featherstone, M.
2001, “Culturas globais e culturas locais”. In: Fortuna, C. (org.), Cidade, Cultura e globalização. Ensaios de Sociologia, 2ª ed., Oeiras, Celta, pp. 83-103.
Fernandez, F.
2007, “A água de heréus na Lombada da Ponta do Sol”, Xarabanda Revista, nº16, 2005-2006, pp.51-57.
2006, Levadas de Heréus na Ilha da Madeira. Partilha, Conflito e Memória da água na Lombada da Ponta do Sol, Dissertação de Mestrado em Ciências Antropológicas, Lisboa, ISCSP, UTL, ed. Autor.
Fernea, R. A.
1963, “Conflict in Irrigation”, Comparative Studies in Society and History, vol. 6, (1), pp.76-83.
Fleuret, P.
1985, “The Social Organization of Water Control in the Taita Hills, Kenya”, American Ethnologist, vol.12, (1), pp. 103-118.
Freitas, É.
2000, “Levadas da Madeira Continuam Candidatas a Património Mundial”. Jornal da Madeira, 18/05/2000, pp.11.
2006, “Madeira investe 4 milhões de euros na recuperação de 18 percursos pedestres”, Jornal da Madeira, 5/05/06, p.8.
Gouveia, A.
1996 “A agricultura madeirense: dos poios às levadas”. In AAVV, O Voo do Arado, Lisboa, Museu Nacional de Etnologia, IPM, MC.
Guillet, D.
1987, “Terracing and Irrigation in the Peruvian Highlands”, Current Anthropology, Vol.28, (4), pp. 409-430.
Harcourt, E., E. V.
1851, A Sketch of Madeira. Containing information for the traveller, or invalid visitor, London, John Murray.
Hernández, M.A S. e F. J. C. Tafalla
1998, Memoria, identidad y conflicto: El agua en Valderrobes, http://www.us.es/ciberico/archivos-acrobat/zaracomunlisanhernan.pdf, 06/10/04.
Hunt, R. C. e E. Hunt
1976, “Canal Irrigation and Local Social Organization”, Current Anthropology, vol.17, (3), pp. 389-411.
Iinda, J. X. and R. Rosaldo
2002, “Introduction. A World in Motion”. In: Inda, J. X. and R. Rosaldo (eds.), The Anthropology of Globalization. A Reader, Oxford, Blackwell Publishers.
Jones, E. E. G.
1909, A handy guide to Madeira. London: Werthmeier, Lea & Co.
Filipa FernandesPASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(4). 2010
ISSN 1695-7121
536
Jorge, J.
2001, “Os homens e a água: conflitos em torno da rega”. In AAVV, Redescobrir a Várzea de Loures. Rios, Riachos e Ribeiros de Loures, Loures, Museu Municipal de Loures, Câmara Municipal de Loures, pp.103-111.
Kelly, W. W.
1983, “Concepts in the Anthropological Study of Irrigation”, American Anthropologist, New Series, vol.85, (4), pp.880-886.
Lansing, J. S.
1987, “Balinese “Water Temples” and the Management of irrigation”, American Anthropologist, New Series, vol.89, (2), pp.326-341.
Loehman e Dinar
1995, “Introduction”. In Dinar, A. e E. T. Loehman (eds.), Water Quantity/Quality Management and Conflict Resolution. Institutions, Processes and Economic Analyses, Westport, Praeger.
Macannell, D.
1999 [1976], The Tourist. A New Theory of the Leisure Class, 2ª ed., Berkeley, University of California Press.
Neves, H. C. e N. Verríssimo
1995, Levadas da Madeira. Proposta de Classificação como Património da Humanidade. Estudo Prévio de Candidatura, Funchal, s/e.
O’neill, B. J.
1984, Proprietários, Lavradores e Jornaleiras. Desigualdade Social numa Aldeia Transmontana, 1870-1978, Lisboa, Publicações D. Quixote.
Palu, P.
1998, Savoirs et savoir-faires dans la gestion des eaux: pour une approche en terme de “cultures de l’eau”, in http://www.us.es/ciberico/archivos-acrobat/zaracomun4palu.pdf, 06/10/04.
Peixoto, A. A. R.
1967, “Survivances du régime communautaire en Portugal”, Rocha Peixoto, Obras: Estudos de Etnografia e de Arqueologia, vol.1, Póvoa de Varzim, Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, pp.330-347 [1908].
Pereira, E. C. N.
1989, Ilhas de Zargo, 4ªed., Funchal, Câmara Municipal do Funchal.
Pereiro Pérez, X.
2003, “Patrimonialização e transformação das identidades culturais”, In, Portela, J. e Castro Caldas, J. (coords.), Portugal Chão, Oeiras: Celta Editora, pp. 231-247.
Pérez Picazo, M. T.,
s/d, Gestión del Agua y Conflictividad en el Sureste de España, Siglos XIX y XX, in http://www.us.es/ciberico/archivos-html/pagiprincipalportu.htm, 05/05/05.
Portela, J.
1996, “Regadios Tradicionais em Trás-os-Montes”. In AAVV, O Voo do Arado, Lisboa, Museu Nacional de Etnologia, IPM, MC.
Power, C. A. Le P. (compilador)
1935, Power’s guide do Madeira, 3ª Ed, London: George Philip & Son, Ltd.
Prats, L.
1997, Antropología y Patrimonio, Barcelona, Editorial Ariel, S. A.
1998, “El concepto de patrimonio cultural”, Politica y Sociedad, nº27, pp.63-76.
Prats, L. e Santana, A.
2005, “Reflexiones libérrimas sobre patrimonio, turismo y sus confusas relaciones”, In: Santana, A. e L. Prats, (orgs.), El encuentro del turismo com el património cultural: concepciones teóricas y modelos de aplicación, X Congreso de Antropología, Sevilla, Fundación El Monte, FAAEE, Asociación Andaluza de Antropología, pp.09-25.
Prista, P.
1989, “Águas tiradas e águas de rojo – Autonomia e Cooperação nas Hortas do Alto Barrocal Algarvio”. In AAVV, Estudos em Homenagem a Ernesto Veiga de Oliveira, Lisboa, INIC, pp.629-638.
Quntal, R.
2001, Levadas e Veredas da Madeira, 3ª ed., Funchal, Edições Francisco Ribeiro.
1995, «Levadas, monumentos edificados por heróis anónimos», D. N. Madeira - Revista, 12/02/95.
Salesse, E.
2003, “Os que ‘sabiam’ e os que ‘andam baralhados’: funcionamento técnico e social de um regadio”, Etnográfica, vol. VII (1), pp.33-61.
Sainz-Trueva, J. (coord.)
1990, Forasteiros na Madeira Oitocentista. Uma estação de turismo terapêutico, Funchal, Direcção Regional dos Assuntos Culturais, Secretaria Regional do Turismo, Cultura e Emigração.
Santana, A.
2006, “Os olhos também comem: imagens do património para o turismo”. In: Peralta, E. e. M. Anico (orgs.), Patrimónios e Identidades. Ficções ContemA
cultura da água: da patrimonialização das levadas da Madeira à oferta turística537
ISSN 1695-7121
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(4). 2010
porâneas, Oeiras, Celta Editora.
2003a, “Patrimonios culturales y turistas: Unos leen lo que outros miran”, Pasos – Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, vol. 1, nº 1, pp.1-12.
2003b, “Turismo Cultural, Culturas Turísticas”, Horizontes Antropológicos, 9, nº 30, pp.31-57.
1997, Antropología y Turismo. Nuevas hordas, viejas culturas?, Barcelona, Editorial Ariel, S.A.
Selwin, T.
1996, “Introduction”, In: Selwyn, T. (ed.), The tourist image: myths and myth making in tourism, Chichester, John Wiley & Sons, pp.01-32.
Silva, L.
2008, “Contributo para o estudo da pós-ruralidade em Portugal”, Arquivos da Memória, 4 (Nova Série), pp. 6-25.
Silva, Pe F. A. da e C. A. de Menezes
1984 [1978], Elucidário Madeirense, Funchal, Direcção Regional dos Assuntos Culturais, Secretaria Regional Turismo e Cultura.
Silva, Pe F. A. da
1944, As Levadas da Madeira, Funchal, Junta Geral do Distrito autónomo do Funchal
Smith, M. K.
2003, Issues in Cultural Tourism Studies, London, Routledge.
Sousa, J. J. A.
1989, “As Levadas”, Atlântico – Revista de Temas Culturais, (17), pp.40-48.
Solís, P.
2005, “Water as rural heritage: reworking modernity through resource conflict in Edwards County, Kansas”, Journal of Rural Studies, vol. 21, pp.55-66.
Strang, V.
2004, The Meaning of Water, Oxford, Berg.
Stronza, A.
2001, “Anthropology of Tourism: Forging new ground for ecotourism and other alternatives”, Annual Review of Anthropology, 30, pp.261-283.
Trawick, P. B.
2001, “Successfully Governing the Commons: Principles of Social Organization in an Andean Irrigation System”, Human Ecology, vol.29, (1), pp.1-25.
Taylor, E. M.
1882, Madeira: Its scenery and how to see it, London, Edward Stanford.
Urry, J.
2002, the Tourist Gaze, 2ª ed., London, Sage.
Vasconcelos, J. de L.
1980, Etnografia Portuguesa. Tentame de Sistematização, Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, volume II [1936].
Vieira, J. M.
1997, A Economia do Turismo em Portugal, Lisboa, Publicações D. Quixote.
Wateau, F.
2000, Conflitos e Água de Rega. Ensaio sobre a Organização Social no Vale de Melgaço, Lisboa, Publicações Dom Quixote.
1998, Quand l’eau sert de prétexte à la revendication des identités. http://www.us.es/ciberico/archivos-acrobat/zaracomun4wateau.pdf, 06/10/04.
White, R.
1851, Madeira. Its climate and scenery, London, Cradock & Co. Paternoster Row, F. Wilkinson & Co Madeira.
Notas
1 Em Portugal a questão da água foi tratada no quadro analítico da cultura material por Rocha Peixoto (1967 [1908]), Leite de Vasconcelos (1980 [1936]), Jorge Dias (1984 [1953a]), (1986 [1953]).
2 Veja-se o seguinte diploma: Decreto-Lei nº 33:158, de 21/10/1943, que aprova o plano dos novos aproveitamentos hidráulicos da Madeira e cria o organismo para o executar, a Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira.
3 Os heréus são os agricultores que possuem uma parte da água de uma dada levada. Pagam a conservação da sua propriedade, e elegem entre si a comissão/associação que administra a levada.
4 Dados fornecidos em 2004 pela DSH-SRA.
5 Caminho paralelo executado por razões de manutenção das levadas.
6 Informação prestada pelo antigo Director Regional de Turismo em entrevista datada de Agosto de 2008.
7 Esta floresta indígena ocupa uma área de 15 mil hectares, sendo mais predominante na costa norte. Esta floresta remonta ao período terciário e inclui espécies como o Til, o Vinhático, o Loureiro, o Barbusano, e todas da família das Lauráceas.
8 Veja-se o Decreto Legislativo Regional nº17/2002/M, de 29 de Agosto de 2002, que aprova o Plano de Ordenamento Turístico.
9 Socalcos; terraços; pequenos tabuleiros de solo arável.
10 Veja-se a este respeito Caires (2000) e Freitas (2000).11 Socalcos; terraços; pequeFilipa
FernandesPASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 8(4). 2010
ISSN 1695-7121
538
nos tabuleiros de solo arável
11 Veja-se o estudo concernente à imagem da madeira como destino turístico, em http://madeiraislands.travel/pls/madeira/docs/F23388/Estudo_Imagem.pdf
12 Veja-se os dados sobre o estudo do turismo na madeira: relatório de 2001 e 2002 em http://madeiraislands.travel/pls/madeira/docs/F23172/1_Relatorio_domp_Pag_1_36.PDF, 03-12-07.
13 Veja-se o Decreto Legislativo Regional nº7-B/2000/M, que estabelece os percursos pedonais recomendados na Região Autónoma da Madeira.
14 Importa ainda referenciar que estes percursos foram estabelecidos visando construção de um sistema de sinalética informando aspectos concernentes à segurança pedonal e à manutenção do equilíbrio ecológico.
15 Para mais informações veja-se Freitas, 2006.
16 Veja-se o site oficial www.madeiraislandswalkingfestival.com
17 Veja-se mais informações sobre o festival de passeios a pé na Madeira no sítio http://www.madeiraislands.travel/pls/madeira/wsmwdet0.detalhe_conteudo?p_cot_id=1045&p_lingua=pt&p_sub=1, acesso a 03-12-07.
18 Veja-se o seguinte sítio para mais informações: http://www.tourmac.info/pt/, acesso a 03-12-07.
A cultura da água: da patrimonialização das levadas da Madeira à oferta turística
Recibido: 11/09/09
Reenviado: 20/02/10
Aceptado: 01/03/10
Sometido a evaluación por pares anónimos