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Vol. 9 Nº 2 págs. 437-448. 2011
Ecoturismo de base comunitária:
uma realidade ou uma utopia
Raquel Fernandes de Macedoi
Viviane Costa Fonseca de Almeida Medeirosii
Francisco Fransualdo de Azevedoiii
Maria Lucia Bastos Alvesiv
i Mestranda em turismo. Bolsista Capes. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: raquelfmace-do@
gmail.com
ii Mestranda em turismo. Bolsista Reuni. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: liramedeiros@
yahoo.com.br
iii Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil. Doutorado em Geografia pela
Universidade Federal de Uberlândia, Brasil (2007). E-mail: ffazevedo@gmail.com
iv Professor Adjunto I da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil. Doutorado em Sociologia pela
Universidade de São Paulo, Brasil (2004). E-mail: mluciabastos29@yahoo.com.br
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Brasil)
Resumo: O presente artigo trata de um ensaio teórico conceitual focalizado nas relações do ecotu-rismo
com o processo de globalização e as contradições que envolvem crescimento econômico e o
desenvolvimento. Nos procedimentos metodológicos levantou-se a seguinte hipótese: o ecoturismo
de base comunitária é um aliado do processo de construção do desenvolvimento das populações
autóctones. Para tanto, foram trabalhadas questões como o envolvimento da economia solidária, do
turismo comunitário e do ecoturismo na perspectiva de colaborar com a inserção da comunidade lo-cal
na atividade turística. Nesse contexto, esse trabalho aborda questões sobre o ecoturismo de base
comunitária, questionando o imperativo do desenvolvimento na formação do bem estar dos seres
humanos e observando também seus benefícios para a comunidade autóctone.
Palavras-chave: Desenvolvimento Local; Globalização; Turismo; Ecoturismo; Comunidade Autóc-tone.
Title: Community-based ecotourism: a reality or a utopia
Abstract: This paper is a theoretical essay focused on the conceptual relations of ecotourism in the
process of globalization and the contradictions involving economic growth and development. In the
methodological procedures rose the following hypothesis: community-based ecotourism is an ally
of the construction of the development of local peoples. It had been worked on issues such as the
involvement of social economy, community tourism and ecotourism in the prospect of collaborating
with the insertion of the local community in tourism. In this context, this work addresses issues of
community-based ecotourism, questioning the development imperative in the formation of well-being
of humans and also noting its benefits to the local community
Keywords: Local Development; Globalization; Tourism; Ecotourism; Local Community.
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Ecoturismo de base comunitária: uma realidade ou uma utopia
ISSN 1695-7121
Introdução
O presente artigo propõe uma reflexão teórico-conceitual
centrada nas relações e influências da globa-lização
no processo de construção do desenvolvimento
nos países periféricos, bem como, os conceitos que en-volvem
as diferenças entre desenvolvimento e cresci-mento
econômico e as suas implicações na construção
da atividade turística, em especial as centradas no tu-rismo
de massa1 que na grande maioria é representada
pelo binômio sol e mar, e as suas conseqüências para
a população autóctone. Neste contexto, dar-se-á ênfa-se
ao desenvolvimento das atividades realizadas pelas
comunidades locais2 na perspectiva de geração de me-lhorias
socioeconômicas, com ênfase no ecoturismo de
base local.
Nesse sentido, foi levantada a hipótese de que o eco-turismo
de base comunitária é um aliado para o pro-cesso
de construção do desenvolvimento da população
autóctone. Sendo assim, o presente estudo teve como re-ferência
os estudos de Gallero (1996) no qual afirma que
o turismo se sustenta sobre a diversidade das culturas e
sobre as expressões da vida humana. Por isso, deve ser
observado como um fenômeno social e não meramen-te
como uma solução para a balança de pagamentos ou
para a prosperidade das empresas, bem como, deve ser
levado em consideração às atividades realizadas pelos
autóctones e a utilização do meio ambiente natural a
seu favor com o objetivo de desenvolver a atividade eco-turística,
baseada nas premissas da sustentabilidade.
Dessa forma, observou-se que ao se tratar da cons-trução
do desenvolvimento se faz necessário que sejam
trabalhadas questões que vão além do Produto Interno
Bruto (PIB) e do Produto Nacional Bruto (PNB), uma
vez que se não cairá no restrito argumento que asso-cia
crescimento de números como sendo diretamente
proporcional à melhoria da qualidade de vida da popu-lação,
o que não confere com o pensamento de diver-sos
autores contemporâneos entre eles, Sen3 (2000) que
centra o desenvolvimento em algo além dos números da
balança comercial dos países. Para este referido estu-dioso
o desenvolvimento humano está intimamente li-gado
à obtenção de liberdade, a saber: educação, saúde,
moradia, lazer, cultura e direitos políticos; e a liberda-des
substantivas.
Face ao exposto, o artigo tenciona destacar a ativi-dade
do ecoturismo desenvolvida pelos autóctones, ou
seja, atividade centrada nas características socioeconô-micas
das localidades como forma de inserção dos be-nefícios
advindos da atividade em questão, bem como,
proporcionar um desenvolvimento centrado na liberda-de
individual e coletiva das pessoas e no respeito aos
recursos naturais existentes nas localidades, visto que
os mesmos são limitados.
No que tange a ligação do ecoturismo e a economia
popular solidária, pode-se notar que esta poderá trazer
formas alternativas de inserção das comunidades que
vivem no entorno das áreas naturais, pois ao longo dos
últimos anos, o turismo tem se instalado em diversas
áreas com o propósito de gerar melhorias relacionadas
à geração de emprego e renda, principalmente; porém,
não é esta a realidade que se encontra nos países perifé-ricos,
como é o caso do Brasil (Bursztyn, 2005).
Entretanto, esta realidade pode ser alterada por meio
da inserção de produtos advindos da extração vegetal,
como por exemplo, açaí, piaçava, juá, dentre outros pro-dutos,
produzidos por cooperativas e associações ligadas
ao turismo, posto que as mesmas passem abastecer as
empresas turísticas, tais como meios de hospedagens e
restaurantes com cosméticos e alimentos. Além disso,
pode ser elaborado um roteiro em meio ao processo de
fabricação de tais produtos, como forma de atrair visi-tantes
que se interesse por produtos naturais.
No Brasil, a atividade turística ao longo dos anos
vem gerando um grande número de empregos infor-mais
como relata o Ministério do Turismo (MTUR-
2007) em estudos realizados para o Plano Nacional de
Turismo 2007-2010 onde constataram que o montante
de empregos informais correspondeu nos anos de 2003
(3.449,174), 2004 ( 3.651,052) , 2005 ( 3.827,872) já com
relação aos empregos formais nestes mesmos períodos
foram gerados 1.724,587 , 1825,526 , 1.913.936 o que
comprova o afirmado acima quando o autor Bursztyn
(2005) afirma que a atividade em questão não gera de
fato os benefícios esperados.
Todavia, o ecoturismo, pode ser trabalhado de manei-ra
integrada com a Economia Popular Solidária (EPS),
para trazer resultados favoráveis no combate à pobreza
e à exclusão social, pois a EPS mostra-se capaz de pro-por
alternativas viáveis para a geração de emprego e
renda, bem como para a conquista das necessidades bá-sicas
da sociedade4 atreladas uso dos recursos naturais
de modo consciente. Estas conquistas podem vir através
da sociedade organizada de novas formas de produção e
reprodução dos seres sociais, de tal forma a reduzir as
desigualdades, bem como a difundir os valores solidá-rios5
(Mineiro, 2007).
Turismo, globalização e desenvolvimento local
O conceito de globalização não é uma terminologia
nova, pelo menos em se tratando do capital. O que é
novo é a simbiose do aspecto econômico com o político
por meio da expansão do neoliberalismo (Tedesco; Cam-
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R. Fernandes; V. Costa Fonseca; F. Fransualdo; M.L. Bastos
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pos, 2001).
Este processo de globalização que é percebido nos
dias atuais não é fato acabado, mas um processo em
andamento, que começou a acentuar-se, a partir do sé-culo
XX, com o processo de internacionalização do Esta-do
provocado pela “desterritorialização do capital”. As
mutações no capitalismo vêm alterando suas formas,
suas ideologias e criando sempre novas tensões e con-tradições,
ou seja, se a prioridade do Estado no século
XIX era o bem-estar da população, nas últimas décadas
tem sido a de adaptar a economia nacional à economia
mundial (Leal; Mingheli, 2001).
A abertura externa é uma das premissas da globali-zação,
que trata da economia privada capitalista sob a
ótica das empresas multinacionais e transnacionais em
termos da competitividade que lhes é marca registrada
(Aguiar, 2007).
Contudo o local e o global determinam-se às aves-sas,
algumas vezes de modo equivalente e conseqüente,
outras de modo desigual e desencontrado, mesclam-se
e tencionam-se singularidades, particularidades e uni-versalidades.
A globalização pode ser compreendida
como a intensificação das relações sociais em escala glo-bal,
que unem localidades longínquas de tal forma que
episódios locais são modelados por eventos, ocorrendo a
muitas milhas de distância e vice-versa. Em conseqüên-cia
destas injunções impostas pelo processo de globali-zação,
algumas nações sofrem com a obsolescência em
várias esferas governamentais ou não e elas podem ser
totais ou parciais. Por essa razão, o declínio do estado-nação
é um exemplo desta obsolescência, como reali-dade
e conceito. Não se trata de dizer que deixará de
existir, porém que está realmente em declínio, entra em
um processo crítico, busca novos paradigmas. As forças
sociais, econômicas, políticas, culturais, geopolíticas,
religiosas e outras que operam em escala mundial desa-fiam
o estado-nação, com a sua soberania, como o lugar
da hegemonia.
Nesse sentido, Macleod (1999, p. 445) afirma que
como a globalização pode ser descrita em termos de
fluxo global, com a saída de habitantes de regiões que
são agora parte fugas de tais pessoas terem acesso e
experimentarem novas etnias, idéias e meios de comu-nicação.
Nesse sentido, o turismo é o primeiro exemplo
de um processo profundo de fluxo global: envolver pes-soas
que viajam para locais distantes, interagindo com
culturas diferentes; utilizar as tecnologias do Oeste que
abrangem o globo; apoiar e está apoiado por uma mí-dia
e indústria de anúncios; facilitar as comunicações
de idéias entre pessoas de culturas anteriores diferen-tes;
e encorajar propagação de financiamento e mercado
econômico para intensificar o consumismo dos produtos
e serviços turísticos por parte dos visitantes.
Dessa forma, Doorne, Ateljevic e Bai (2003, p. 3) a
economia contemporânea global tem se tornado carac-terística
para intensificação e sofisticação da cultura
do consumo, e o turismo que também é uma atividade
econômica providência uma oportunidade para afirmar
um sentido de alteridade em si mesmo, ou seja, para um
lugar em si mesmo distante dos outros ou para rearti-cular
umas referências nostálgicas para perdida cultura
através da modernidade.
Diante dessas buscas incessantes das pessoas por
novos lugares, os governantes têm se utilizado disso
para tentar promover o desenvolvimento em seus paí-ses,
transformando-os em destinos turísticos, devido à
crença de que irá gerar excessivos benefícios econômi-cos
acarretados pelo turismo (Fernandes; Coelho, 2002
apud Dantas, 2005). Entre eles:
• Geração de emprego;
• Arrecadação de impostos;
• Geração de divisas;
• Redução de desequilíbrios regionais;
• Indução de investimentos;
• Multiplicação da produção.
Por essa razão, o turismo representa uma atração
considerável a muitos governos do Terceiro Mundo, e
dessa forma, ele tem sido amplamente promovido tan-to
dentro dos países periféricos quanto pelos “especia-listas”
do Primeiro Mundo como meio de diversificação
econômica e como importante mecanismo para a ob-tenção
de divisas estrangeiras (Mowforth; Munt, 2003).
A participação das nações periféricas na globalização
se dá por meio do turismo. Todavia, pode-se perceber
que os benefícios advindos da atividade turística para
os países de Terceiro Mundo são insustentáveis, uma
vez que o turismo praticado nos países periféricos, na
sua grande maioria, é o turismo de massa, que gera
poucos benefícios líquidos e não proporciona desenvol-vimento
para a população local. Dessa forma, corrompe
as culturas locais e os benefícios econômicos potenciais
são reduzidos como resultado da apropriação dos Países
do Primeiro Mundo em grande parte do trade turístico
mundial (Mowforth; Munt, 2003).
Sendo assim, é pertinente ressaltar também que a
atividade turística antes de ser vista como “tabua de
salvação” para os países em dificuldades econômicas,
tem que ser analisado os verdadeiros benefícios e de fato
para quem estes são gerados. Segundo, Rabahy (2003) e
Mowforth e Munt (2003) turismo somente vem gerando
de fato, contribuições para os países desenvolvidos, ou
seja, para os países que já tem uma elevada receita e
um elevado nível de renda e esta concentração está as-sociada
às condições socioeconômicas, ou seja, ao nível e
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distribuição de renda, ao tamanho da população às con-dições
de acesso e proximidade do mercado consumidor.
Assim, faz-se necessário ressaltar o desenvolvimen-to
endógeno do turismo. Não se pretende com isso, ba-rrar
completamente a entrada do capital internacional,
mas procurar manter um desenvolvimento equilibrado
e criar conexões (Organização Mundial do Turismo-
OMT, 2008) entre o mercado local e o internacional.
Estas conexões podem vir através da economia solidá-ria
por meio das práticas coletivas, onde os membros
comungam as expectativas de melhorias na qualidade
de vida, autonomia e reconhecimento como ser humano,
como ser social, através da colaboração e da vivência de
princípios solidários nos grupos de produção, cooperada
e/ou associada, das empresas autogestionárias (econo-mia
solidária), organizações populares rurais e urbanas
(Alves, 2008).
Os grupos de economia solidária no turismo podem
ser representados pela população local que desenvolve
as suas atividades cotidianas, como pesca artesanal,
artesanato, entre outros, de forma cooperada e ou asso-ciada.
Para tanto, se faz necessário à inserção de seus
produtos e/ou serviços no trade turístico ou diretamente
aos turistas, por meio de feiras de negócios ou de expo-sições
de artesanato.
Destarte, ao se analisar os efeitos da globalização,
entre eles: desterritorização, desigualdade social, obso-lescência
governamentais, onde os governos assumem
outros papéis com a crescente política neoliberal e as
privatizações, trazendo como conseqüência a eximissão
do estado de suas responsabilidades e obrigações para
com a sociedade. Nesse sentido, o fazer local ganha es-paço
no cenário da governabilidade em sintonia com
os interesses das comunidades, no que se refere à ges-tão
municipal do destino, com isso difunde-se a gestão
participativa territorial local que também é conhecida
como gestão compartilhada (Rodrigues, 2002).
Compreende-se que a globalização traz de fato di-versos
efeitos negativos como os citados por Rodrigues
(2002), mas pode também ser entendido como uma opor-tunidade
do fazer local ter mais participação na gestão
de seus direitos e deste modo alcançar o almejado des-envolvimento.
Para que se possa enfrentar a competitividade ex-terna,
faz-se necessário o fortalecimento da população
local e, para tanto, se prima pelo desenvolvimento en-dógeno
ou local, que pode ser compreendido como sendo
um processo interno de ampliação continuada de agre-gação
de valor na produção, bem como da capacidade de
absorção da região (Martinelli; Joyal, 2004).
A essência do desenvolvimento
Os termos desenvolvimento e crescimento econô-mico
de maneira geral são relacionados ao progresso
das nações, porém não podem ser definidos como sendo
sinônimos. Pensando nesta perspectiva, pode-se obser-var
que o processo de crescimento trabalhado de forma
isolada poderá trazer desequilíbrio estrutural para de-terminadas
economias, e com isso gerar aos seus gover-nantes
e governados sérias dificuldades. Já o desenvol-vimento,
em grande parte dos casos, é capaz de gerar
o crescimento econômico de um povo (Passos; Nogami,
1998).
O crescimento econômico pode ser caracterizado pelo
aumento da capacidade produtiva de bens e serviços de
uma economia, que tem como conseqüência o aumento
do Produto Interno Bruto (PIB) tanto em termos globais
quanto em termos per capita, fato este difere do proces-so
de desenvolvimento, posto que esteja centrado não
apenas nos fatores econômicos, mas também nos fatores
sociais e políticos que envolvem uma sociedade (Passos;
Nogami, 1998).
Autores como Singer (1999) também reforçam o pen-samento
de Passos e Nogami quando afirma que o cres-cimento
econômico está centrado apenas em cifras, como
o aumento do superávit primário, o aumento do PIB, a
ampliação do consumo, a produção de bens e serviços e
o aumento da renda per capita. Com isso, percebe-se
que o crescimento econômico está pautado apenas em
cifras e no aumento delas, não levando em consideração
outras variáveis.
Em uma perspectiva mais ampla, pode-se dizer que
o crescimento econômico é o aumento do Produto Nacio-nal
Bruto (PNB) e em sentido restrito, é o aumento do
PNB per capita em um período de tempo (Singer, 1999).
Contudo, o crescimento econômico não se processa
apenas pelo aumento das cifras do PNB ou do PIB (Pro-duto
Interno Bruto), como também pela:
• Melhoria da qualidade da mão-de-obra: que implica
a melhoria dos níveis educacionais de treinamento
e da capacidade dos indivíduos;
• Melhorias tecnológicas: eficiência na utilização do
estoque de capital;
• Eficiência organizacional: maximização na utilização
de recursos disponíveis (Passos; Nogami, 2003).
Indaga-se, então, se crescimento econômico sozinho
será capaz de reduzir a pobreza e melhorar a qualidade
de vida de uma população? Como também se este cresci-mento
econômico apenas centrado no aumento do PNB
ou do PIB pode ser sinônimo de desenvolvimento?
Em respostas a estas indagações, Sen (2000) afirma
que: se o desenvolvimento estivesse ligado apenas a
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indicadores econômicos, não haveria a situação de nos
Estados Unidos da América existir grupos substanciais
de indivíduos, por exemplo, os afro-americanos, com ní-veis
de renda e expectativas de vida iguais aos das po-pulações
dos países mais pobres do planeta, tais como a
Sri Lanca, Jamaica e Costa Rica.
Dados do relatório do Desenvolvimento Humano em
1992, do programa das Nações Unidas para o Desenvol-vimento,
apresentam um quadro demonstrativo sobre
a polarização social em crescimento. Este estudo revela
que os 20% mais ricos da população mundial são donos
de 82,6% do Produto Interno Bruto Mundial, de 94,6%
dos empréstimos comerciais, de 80,6% da popança in-terna
e de 80,5% do investimento interno. Segundo este
estudo, a probabilidade é que a desigualdade aumente.
Ainda sobre este relatório, as distâncias entre os 20%
mais ricos e os 20% mais pobres da população mundial
duplicaram nos últimos 30 anos (Kliksberg, 1994).
Nessa perspectiva, destaca-se que no Brasil, nas dé-cadas
de 1960 a 1980, a taxa de crescimento da econo-mia
era de 7% ao ano, e o país colocava-se entre as oito
nações mais ricas do Ocidente. Esta perceptiva mudou,
e em 2001 a nação brasileira se colocava como a 11ª eco-nomia
do mundo, porém, com relação ao IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) em 2002 ela estava repre-sentada
apenas na 73ª posição no ranking das nações
mais desenvolvidas do mundo. (Rabahy, 2003) Por estas
e outras razões, não se pode ver o crescimento econômi-co
como fator sine qua non para o desenvolvimento de
uma sociedade.
Desenvolver, portanto, não quer dizer simplesmen-te
crescer ou regular a distribuição da riqueza, ele vai
além do aumento e do crescimento numérico de valores
econômicos, estando este pautado pelo desenvolvimento
do ser humano (Rodrigues, 2002).
O processo de desenvolvimento será consolidado
quando os indivíduos tiverem os seus direitos assegu-rados,
sendo assim, a liberdade individual é fator sine
qua non no combate aos problemas enfrentados pelo ser
humano (Souza, 1999).
Nessa mesma perspectiva, Sen (2000) argumenta
que o desenvolvimento é compreendido como um estado
de liberdade, e que ela pode ser precursora de várias
outras, entre elas o livre-arbítrio político, facilidades
econômicas, oportunidades sociais, garantias de trans-parência
e a segurança protetora. Estas liberdades po-derão
gerar, entre outros, o desenvolvimento econômico,
que aumentará a renda e a riqueza de um país, desta
forma refletindo no aumento do intitulamento7 econô-mico
da população.
Destarte, não se pode pensar o processo de obtenção
da liberdade como sendo apenas uma expansão econô-mica,
tecnológica ou simplesmente modernização social
(infra-estrutura urbana); tem que se trabalhar a liber-dade
também sob a ótica de outras vertentes, pois se
sabe que o atual estilo de desenvolvimento, predomi-nantemente
de viés econômico, no qual, muitas vezes,
as empresas e instituições trabalham concentrando-se
apenas no lucro individual, tem se mostrado ultrapassa-do
fato compreensível diante das inúmeras situações de
desigualdades socioeconômicas enfrentadas pelas cama-das
mais desfavorecidas (Zechner et al., 2008).
Nessa perspectiva o estado de felicidade individual e
ou coletiva, a não exclusão social a conservação ambien-tal,
também podem ser compreendidos como desenvolvi-mento
local (Souza, 1999).
Apoiado nestas premissas, o Butão, país fincado nas
Cordilheiras do Himalaia, mede o estado de bem-estar
de sua população não apenas pelo PIB, e sim pela Fe-licidade
Interna Bruta (FIB). Este fato mostra que a
preocupação desta nação não é apenas o crescimento
numerário e sim o bem-estar de sua população. É por
esse motivo que o economista Hirata (2005 apud Cozer,
2006: 83), especialista no papel da felicidade em políti-cas
públicas, afirma que o “Butão devolve ao chão os pés
da lógica ponta-cabeça do desenvolvimento”.
De trocadilho hippie, “felicidade interna bruta” virou
um parâmetro de verdade, tendo até sigla (FIB). “A fi-losofia
da FIB é a convicção de que o objetivo da vida
não pode ser limitado à produção e consumo seguidos de
mais produção e mais consumo, de que as necessidades
humanas são mais do que materiais.”(Powdyel apud Co-zer,
2006: 83).
Em síntese, o desenvolvimento deve ser visto como
um processo de superação de problemas sociais, onde a
sociedade se torna mais justa e legítima para os seus
membros e desta maneira fazendo de seu povo mais feliz.
Constata-se, com isso, que o crescimento econômico e o
progresso tecnológico não são suficientes como parâme-tros
definitivos ou como sinônimos de desenvolvimento,
pois este crescimento econômico pode se der à custa da
degradação ambiental ou no progresso tecnológico que
se faz em paralelo ao desemprego estrutural .
Os autores Sen (2000) e Aguiar (2007) afirmam que
a base para um desenvolvimento justo é a obtenção de
qualidade de vida, socialização do poder, distribuição de
renda, democratização do acesso aos bens públicos, cul-turais,
os benefícios da tecnologia, em suma, a obtenção
de liberdades sociais, econômicas, políticas e civis.
Ecoturismo de base local: na perspectiva de melho-ria
para as comunidades autóctones
O turismo vem ao longo dos tempos se mostrando um
instrumento auxiliador no processo de desenvolvimento
regional quando trabalhado sob a perspectiva da susten-tabilidade,
isto é, quanto aos pilares do planejamento,
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de tal forma que venha a proporcionar tanto aos turistas
quanto aos autóctones de hoje (bem como das gerações
futuras) a satisfação de suas necessidades. (Sampaio et
al., 2008)
O desenvolvimento do turismo sustentável aten-de
às necessidades dos turistas de hoje e das re-giões
receptoras, ao mesmo tempo em que protege
e amplia as oportunidades para o futuro. É visto
como um condutor ao gerenciamento de todos os
recursos, de tal forma que as necessidades econô-micas,
sociais e estéticas possam ser satisfeitas
sem desprezar a manutenção da integridade cul-tural,
dos processos ecológicos essenciais, da di-versidade
biológica e dos sistemas que garantem
a vida. (Organização Mundial do Turismo-OMT,
2003: 24).
Contudo, será que de fato o turismo alcançará a sus-tentabilidade
em todos os seus segmentos? Será que os
turistas de hoje quanto os de outrora terão as suas ne-cessidades
e anseios atendidos? Será que os autóctones9
terão seus direitos atendidos hoje e no futuro? Ou seja,
será que o tripé da sustentabilidade10 será alcançado?
Segundo Rodrigues (2000) esta sustentabilidade
inexiste, visto que, atividade turística tem como prin-cipal
objeto de consumo deste, a paisagem/espaço/
território o que gera uma aparente sensação que não
há destruição desses lugares, o que suscita uma inexis-tente
sustentabilidade. Assim, pode-se perceber que as
atividades que produzem território são em sua essência
insustentável, pois toda produção envolve modificação e
esta modificação provoca destruição, ou seja, produção
destrutiva.
Entretanto, o ecoturismo vem como uma atividade
que propõe algo diferente dessa insustentabilidade,
posto que possa ser entendido como um segmento do
turismo que utiliza, de maneira sustentável, o patrimô-nio
natural e cultural, incentivando sua conservação e
buscando a formação de uma consciência ambientalista
por meio da interpretação do ambiente, promovendo o
bem-estar das populações envolvidas (Western, 1995).
Nesse contexto, é permitido dizer que o ecoturismo
provoca e satisfaz o desejo que o turista tem de estar em
contato com a natureza, explorando o potencial turísti-co,
de forma a visar à conservação e ao desenvolvimento,
evitando o impacto negativo sobre: a ecologia, onde são
verificadas quantas pessoas uma área pode comportar
e a sua vulnerabilidade no que concernem as espécies
e os habitats, os problemas de poluição, de descarga de
lixo e de perturbação de processos ecológicos essenciais,
provocados pelo turismo; a cultura, que é fundamental
para a comunidade residente da localidade turística por
trazer oportunidades à mesma, através da geração de
empregos e renda, incluindo elementos culturais como
apresentações, produção de artesanato, dentre outras
coisas para atender ao visitante; e a estética, por valo-rizar
a paisagem, suscitando expectativas dos clientes,
atraídos pela beleza cênica do lugar (Western, 1995).
Desse modo, Endres (1998) assegura que as pers-pectivas
essenciais para o ecoturismo são a difusão de
uma conscientização ambientalista; a obrigatoriedade
da presença do Estado no fomento de atividades sus-tentáveis
para o desenvolvimento dessas regiões; e,
conseqüentemente, o benefício econômico direto para as
populações que habitam nessas áreas, mediante a sua
participação na composição do planejamento das ativi-dades
econômicas em suas comunidades.
O planejamento das atividades deve a princípio en-volver
estudos interdisciplinares e projetos multi-locais
como ocorre no Lago Saimaa na Finlândia que tem um
potencial para o turismo eco-cultural e aplica ferramen-tas
para o desenvolvimento. Assim, a Finlândia apre-senta
um planejamento sobre a sua atividade turísti-ca
com 4 grupos focados que sustentam turismo, dois
campos diários baseados na observação participante e
40 documentos suplementares, segundo apontou uma
pesquisa realizada por Wallace e Russel (2004) com 32
turistas entrevistados.
Todavia, o controle do turismo no Lago Saimaa passa
por alguns conflitos entre os empresários locais e os eco-logistas
que defendem a fauna selvagem, pois esse lago
é um sistema glacial de inter-conectividade do caminho
das águas, de espécies únicas, dotado de água doce que
cortam lagos afora para o mar.
No que tange ao ecoturismo, Stronza (2001, p. 275)
afirma que os críticos apontam que particularmente se
não é monitorado e não regulamentado, pode degradar
áreas naturais e causar perturbações tanto as pessoas
quanto aos animais selvagens. Já outros também te-mem
que a retórica do ecoturismo seja pretexto para os
negócios como é de costume, pois os empreendimentos
comerciais muitas vezes utilizam o ecoturismo para
maximizar os lucros das agências de turismo e guias
profissionais. Isso ocorre porque para obtenção de lucro
inclui-se qualquer intenção de proteger a natureza ou
melhorar a vida das populações locais.
Dessa forma, no meio dos debates sobre o bom e o
mau ecoturismo, os temas de participação local e apro-priação
local da infra-estrutura turística têm assumido
uma nova importância. Para efeito de esclarecimento,
pode-se dizer que cada vez mais, as comunidades locais
estão se unindo em parcerias com órgãos governamen-tais,
organizações não-governamentais e empresas pri-vadas
de turismo para planejar estratégias de turismo e
desenvolver novas atrações para os visitantes e o resul-
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R. Fernandes; V. Costa Fonseca; F. Fransualdo; M.L. Bastos
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443
seu bem estar. Nesse sentido, pode-se depreender que é
este bem estar que a atividade ecoturística demonstra
estabelecer através de práticas que valorizem o meio
ambiente, a biodiversidade e a cultura local, o modo de
vida natural, as especificidades de trabalhos e formas
de subsistência do povo do interior e das peculiaridades
regionais (Endres, 1998).
Em comunidades locais como as do nordeste do Equa-dor
e oeste de Belize, as nações da América do Sul apre-sentam
obstáculos e oportunidades para o desenvolvi-mento
do turismo na mata atlântica, e buscam apoio de
investimentos de capital privado, de forma a incluírem
uma posição relativa ao turismo baseado na natureza,
nas suas respectivas economias nacionais, relativo ren-dimento
com baixa busca para gerar um potencial me-nor
do desenvolvimento de alternativas a proteção só-cio-
ecológica, o nível concomitante de cada estado para
proteção ecológica (manifestação no estado regulatório
da estrutura para proteção ambiental e orientação com
respeito à noção de desenvolvimento sustentável) e a ca-pacidade
da população da mata atlântica se mobilizar
para apoiar as trajetórias do desenvolvimento susten-tável
(Gould, 1999).
Todavia, Gould (1999) assevera que nesses locais do
nordeste do Equador e oeste de Belize existem algumas
variáveis que afetam a população da mata atlântica,
tais como o relativo poder político mobilizado localmen-te
e o interesse do capital privado extra-local que surge
do resultado da economia nacional do turismo de natu-reza.
No entanto, Ruiz Ballesteros et. al.(2008, p. 403)
afirmam que o turismo no Equador o turismo em áreas
naturais tem sido desenvolvido principalmente pelas
comunidades indígenas que trouxeram a proposta do
turismo comunitário, pois umas 60 comunidades indí-genas
e campesinas ofertam turismo comunitário, be-neficiando
diretamente e indiretamente cerca de umas
15.000 pessoas. Assim, por definição o turismo comuni-tário
no Equador complementa o funcionamento econô-mico
da comunidade.
Vale mencionar que o Equador apresenta uma
atuação estratégica governamental que contribuiu para
o desenvolvimento do primeiro Plano Estratégico de Tu-rismo
que se destaca por apoiar o turismo comunitário
que envolve a presença dos indígenas (Ruiz Ballasteros;
Hernández-Ramírez (2010).
Dessa maneira, pode-se perceber que o turismo co-munitário
tenta proporcionar o desenvolvimento das
comunidades através de iniciativas que decorrem dos
arranjos produtivos locais que trabalham na perspecti-va
de proporcionar desenvolvimento de forma coopera-da
e compartilhada (Sampaio et al., 2008), e desta for-tado
disso foi que os anfitriões estão ganhando cada vez
mais controle sobre como o turismo afeta suas comuni-dades
(Stronza, 2001).
Vale salientar que há questionamentos se as comuni-dades
locais recebem o máximo de benefícios da indús-tria
do ecoturismo, posto que o risco do ecoturismo mos-trará
apenas um sucesso completo se as comunidades
locais tiverem a mesma proporção de controle e repartir
eqüitativamente os benefícios (Jones, 2005).
Em síntese, Carrier e Macleod (2005 p. 317) diz que
a Sociedade Internacional de Ecoturismo coloca o ecotu-rismo
mostrando: proteção e benefícios da conservação;
benefícios, respeito e ajuda autorizada às comunidades
locais e educação, bem como entretenimento aos turis-tas.
Entretanto, nessas descrições de ecoturismo estão
implícitos e explícitos, os contrastes favoráveis com o
turismo regular, posto que o ecoturismo segundo o mes-mo
autor é na verdade uma revolução profunda, concei-tuando
e mudando a indústria do turismo de massa.
Mesmo tendo uma má expressão sobre esse contraste
no ecoturismo que gira em torno da definição do ecotu-rismo,
que é tão elástico que pode estar se fechando sem
sentido, por a elasticidade está manifestada nas estima-tivas
divergentes do ecoturismo como as diferenças en-tre
elas que serão vistas como uma reflexão amplamen-te
divergente nessas definições. Por outro lado, é uma
tendência para contextualizar ecoturistas e ecoturismo
no que pode ser denominada uma “ecoturista bolha”.
Talvez, essa visão do ecoturismo seja devido à per-cepção
do valor comercial desse tipo de turismo e pelas
maiores facilidades turísticas aplicadas e rotuladas aos
próprios turistas, como pacotes de operadoras de turis-mo
que incluem atividades como mergulho e banho de
sol em um parque próximo hotel turístico. Essa fluidez
de definição na prática é aparentemente uma revisão
da influência do ecoturismo pela União Internacional
para Conservação da Natureza. Nesse sentido, surgiu
um novo termo chamado “turista bolha” que são turistas
regulares que são gerenciados e insulares a partir de
partes importantes dos seus destinos. Assim, o ecoturis-ta
bolha focaliza atenção na interação entre ecoturistas
e a natureza e a cultura em particular que eles estão vi-sitando,
que induz a ignorância do contexto do visitante
(Carrier; Macleod, 2005).
Contudo, para evitar essa ignorância por parte do
visitante, tem-se primeiramente que fazer com que a
população local compreenda a importância desse meio
ambiente natural e se envolva no contexto do desenvol-vimento
do ecoturismo, participando de forma comuni-tária
para desenvolver práticas que não agridam seus
modos de vida, adequando-as a uma nova realidade, de
modo satisfatório, com vistas a manter e proporcionar o
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PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 9(2). 2011
Ecoturismo de base comunitária: uma realidade ou uma utopia
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conseguinte, têm proliferado as formas de organização e
resistência a esta forma de “neocolonialismo”, que inva-de
terras, subestima culturas e ameaça o litoral.
De acordo com Barbosa et al. (2008), muitas comu-nidades
litorâneas brasileiras sofrem com os impactos
da atividade turística. Muitas colônias pesqueiras tor-naram-
se relevantes núcleos receptores de turistas, na-cionais
e internacionais, e acabaram perdendo as suas
características e seus espaços para dar lugar a um tu-rismo
excludente, pois na grande maioria das vezes a
população local fica à margem dos ganhos e benefícios
gerados pelo turismo globalizado ou de massa.
Por esse motivo, há comunidades tradicionais que
impedem o avanço deste tipo de turismo predador e or-ganizam
em seus territórios políticas alternativas de
forma planejada, integrada e organizada, com base no
trabalho comunitário e participativo.
Desse modo, a comunidade autóctone encontra for-mas
de trabalhar o local, a história, a cultura, o meio
natural e os produtos derivados da economia tradicional
e local, de maneira tal a transformá-los em atrativos tu-rísticos
naturais e culturais (Souza Neto et al., 2008).
Para Coriolano (2006), a atividade turística não pode
ser julgada como totalmente boa ou totalmente má,
como pensam os grupos radicais, trata-se de um serviço
que só pode ser usufruído por aqueles que têm poder
aquisitivo suficiente, mas pode ser comercializado por
varias indivíduos. Desta forma, poderá gerar benefícios
a um grande número de pessoas e proporcionar melho-res
condições àqueles que vêem no turismo uma oportu-nidade
de trabalho.
As atividades turísticas desenvolvidas com base local
têm características harmônicas, que estão fundamenta-das
na autodeterminação, na valorização da população
nativa e no respeito ao meio ambiente. Esta denomi-nação
de turismo de base local não difere dos conceitos
de turismo comunitário, pois ambas tratam do desen-rolar
da atividade turística no seio da comunidade e na
sua valorização.
Com base no exposto por Aguiar (2007), pode-se per-ceber
que o turismo de base local ou comunitário está
fundamentado no ser social e nas suas características
sociais, culturais e no meio que as circundam. Percebe-se
também que este segmento do turismo está centra-do
nos três eixos da sustentabilidade, a saber, o social,
o econômico e o ambiental, de maneira a proporcionar
equidade social.
Ademais, Heuman (2005) ressalta que é importante
observar também as relações entre população local e tu-ristas,
posto que além dos eixos de sustentabilidade ora
citados tem-se que levar em consideração os elementos
da hospitalidade tradicional, tais como:
ma tentar ao máximo alcançar sustentabilidade, visto
que, através da inserção das comunidades no processo
de planejamento, execução e gerenciamento da ativida-de
em questão poderão ser minimizados o vazamento da
receita turística e a melhoria da participação da popu-lação
nos lucros advindos desta atividade.
Nesse contexto, pode-se afirmar que o turismo co-munitário
pode ser entendido como toda forma de or-ganização
com base na especialidade e na auto-gestão
dos recursos pertencentes à comunidade. Trata-se de
práticas solidárias e democráticas de trabalho e na dis-tribuição
de forma igualitária das riquezas geradas pelo
desenvolvimento da atividade. É um turismo baseado
na interação entre a comunidade e o turista, cuja moti-vação
está centrada nas peculiaridades da comunidade,
entre elas: os valores, hábitos e tradições locais. (Ra-mos,
2008)
Para Coriolano (2003), o turismo comunitário pode
ser entendido como aquele em que as comunidades de
forma cooperada ou associada detêm o controle efeti-vo
das atividades econômicas de maneira associada à
atividade turística. Este controle está centrado desde
o planejamento até ao desenvolvimento e à gestão das
atividades para que desta forma venham a proporcio-nar
a melhoria da qualidade de vida.
Portanto, o turismo comunitário é realizado de for-ma
integrada às demais atividades econômicas desen-volvidas
pela comunidade, gerando iniciativas que valo-rizem
e fortifiquem a agricultura, a pesca artesanal e o
artesanato (Freire, 2007 apud Coriolano, 2003).
Em outra abordagem o Turismo Comunitário pode
ser entendido como um segmento de turismo onde exis-te
a preocupação com a preservação e valorização do
ambiente natural e cultural e a participação das comu-nidades
nas tomadas de decisão na administração e ges-tão
da atividade, bem como através dos seus benefícios
(Freire, 2007 apud Coriolano, 2003).
Para que o turismo comunitário se desenvolva de
maneira satisfatória, faz-se necessário desenvolvê-lo
dentro dos pilares da sustentabilidade, pois da forma
que o turismo vem se desenvolvendo, pouco tem con-tribuído
para o processo de inclusão das comunidades
locais, o que causa, além disso, perda considerável da
identidade cultural destes autóctones (Bursztyn, 2005).
Os impactos gerados pela atividade turística fazem
com que muitos a vejam como uma das principais ati-vidades
do mundo. Nos últimos anos, entretanto, cada
vez mais pessoas têm encarado o turismo como um ins-trumento
a serviço da globalização – entendida por sua
vez, segundo Mowforth e Munt (2003), como um proces-so
de expansão global do capitalismo ocidental – e, como
tal, uma ameaça aos costumes e à economia local. Por
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 9(2). 2011
R. Fernandes; V. Costa Fonseca; F. Fransualdo; M.L. Bastos
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• Proteção dos turistas pela população local que é uma
forte ameaça a cultura tradicional da hospitalidade,
uma vez que antigamente os visitados providencia-vam
alojamento, alimento e segurança para prote-ger
o visitante pelo fato dos visitados gostarem de
receber, mas hoje em dia a hospitalidade é comercial,
visto que não se oferece alimento, alojamento ou se-gurança
se não for de acordo com um contrato.
• Reciprocidade que é freqüentemente uma norma de
hospitalidade ocorre em muitos lugares do mundo
como, por exemplo, no Nordeste da Tailândia e no
Iran são distribuídos presentes aos turistas como um
convite ao seu retorno.
Assim, para que ocorra a hospitalidade dos visitan-tes
para com os visitados é relevante notar que os visi-tados
que são os anfitriões devem se inserir na atividade
turística, não somente quanto a questões de oferecer ali-mentação,
alojamento e segurança, como também infor-mações
sobre o destino, por essa razão é necessário o en-volvimento
da comunidade como um todo, pois segundo
Pearce (2000), o desenvolvimento das comunidades do
entorno dos centros turistificados só realizar-se-á me-diante
a participação das comunidades nas informações
passadas aos turistas e no processo de planejamento,
execução e monitoramento das políticas governamen-tais
que são tencionadas para o turismo. O que difere
do pensamento de outros autores como o que segui, visto
que arrazoa.
Para Martinelli e Joyal (2004), o desenvolvimento lo-cal
pode ser estudado por diferentes olhares, e por essa
razão eles afirmam que muitos podem vê-lo sob o prisma
do desenvolvimento econômico, voltado para os aspec-tos
competitivos; bem como na visão dos governantes e
das pessoas, ao pensar em promover o desenvolvimen-to
das regiões e das comunidades, voltando-se apenas
para os aspectos econômicos, levando em consideração
apenas questões financeiras, tributárias e de geração
de receitas. O processo de desenvolvimento local pode
ser também compreendido como sendo aquele que oco-rre
de baixo para cima, ou seja, tendo início das poten-cialidades
socioeconômicas originárias do próprio local,
ao invés de um modelo imposto de desenvolvimento que
parte de cima para baixo.
Observa-se, com isto, que para que se tenha desen-volvimento,
faz-se necessária a participação da popu-lação
local nas atividades sociais e econômicas, além
da participação política, visto que ele e necessária para
que as tomadas de decisões governamentais sejam cen-tradas
nas necessidades da população, para que desta
maneira os benefícios sejam de fato geradas para todos
os atores locais.
Também se pode compreender desenvolvimento local
como sendo o reforço das comunidades onde são dinami-zadas
as suas potencialidades, porém sendo necessária
a reunião de diversos fatores, entre eles o grau de edu-cação
da população, para que se tenham pessoas com
condições de tomar iniciativas, assumir responsabili-dades
e empreender novos negócios (Martinelli; Joyal,
2004).
Nessa perspectiva, o processo de desenvolvimento
está centrado no ser humano e na construção de sua li-berdade,
ou seja, na construção e formação do ser com
seus direitos e deveres assegurados pela nação, como
Sen (2000) coloca, a seguridade protetora, o direito ao
voto, a saúde, a educação, a moradia e todos os direi-tos
básicos aos quais os seres humanos têm assegurado
através dos direitos universais humano.
Sendo assim, não basta dar proventos aos referidos
seres, se faz necessário algo a mais, é preciso os prover
de conhecimento para que desta forma ele seja capaz
de caminhar sozinho e alcançar o seu desenvolvimento
como liberdade.
Por essa razão, Coelho (2001 apud Martinelli; Joyal,
2004) afirma que o desenvolvimento econômico local
pode ser visto como aquele que constrói um ambiente
produtivo inovador, no qual se desenvolvem e se insti-tucionalizam
formas de cooperação e integração das ca-deias
produtivas e das redes econômicas e sócias, de tal
modo que elas ampliem as oportunidades locais, gerem
trabalho e renda, atraiam novos negócios e criem con-dições
para um desenvolvimento humano e sustentável.
Com vistas no exposto acima, retoma-se a discussão
que permeia o desenvolvimento local e as suas premis-sas.
Para tanto, os aspectos econômicos não podem ser
deixados de lado, porém, no ponto de vista da promoção
da cidadania, só é aceitável como desenvolvimento o
processo que coloca o ser humano e os interesses cole-tivos
como ponto central de todo este processo de cons-trução
do desenvolvimento (Aguiar, 2007).
Conclusão
Diante do exposto, depreende-se que a globalização
é um processo que traz somente benefícios para os paí-ses
primeiro mundo, visto que, os países periféricos têm
sua participação nesse processo por meio do turismo,
porém perceber que os benefícios advindos da atividade
turística aos referidos países são restritos, pois o turis-mo
praticado, nessas nações, em suma, é um turismo
massivo, que gera poucos benefícios líquidos em deco-rrência
do vazamento da receita o que não proporciona
desenvolvimento para a população local.
Sendo assim, é pertinente ressaltar que a ativida-de
turística, bem como, o ecoturismo antes de ser vista
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PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 9(2). 2011
Ecoturismo de base comunitária: uma realidade ou uma utopia
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como tábua de salvação para os países em dificuldades
econômicas, como também como áreas em processo de
devastação, tem que ser analisado sobre a óptica de,
para quem são gerados os verdadeiros benefícios e como
são utilizados recursos naturais do destino. Segundo
Rabahy (2003) a atividade em questão só vem gerando
de fato, contribuições para os países desenvolvidos, ou
seja, para os países que já tem uma elevada receita e
um elevado nível de renda e já tiveram grande parte das
suas áreas verdes desmatadas. Esta concentração está
associada às condições socioeconômicas e as condições
ambientais, ou seja, ao nível e distribuição de renda, ao
tamanho da população às condições de acesso, proximi-dade
do mercado consumidor e quantidade de fauna e
flora existentes.
Contudo, vale ressaltar que mais de 50% dos turistas
emissivo internacional são formados por alguns países
de maior prestigio político, econômico e social do mun-do
entre eles: Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino
Unido, França e Itália. Do mesmo modo que no emissi-vo,
constata-se excessiva concentração de fluxo quanto
aos destinos turísticos, tanto em números, quanto em
valores dos gastos. Ainda segundo este estudo o turis-mo
é responsável por 1,42% do PIB mundial, proporção
variável em função das características de cada uma das
economias. Com relação ao turismo receptivo observa-se
também que ele e tão, concentrado em poucos países,
quanto o emissivo. Estes países são Maldivas, Antilhas,
Ilhas Virgens, Bahamas, Babados. Estas localidades
caracterizam-se por apresentar baixo nível de renda e
têm na atividade turística a sua principal fonte de recei-ta.
Em conseqüência do relevante significado do turismo
para as economias de localidades menos desenvolvidas,
surge a tentação de se considerar esta atividade como
um importante instrumento de redistribuição de renda.
Portanto constata-se que o processo de globalização,
bem como a atividade turística de fato só contribui para
proporcionar o firmamento dos países desenvolvidos
no que se refere aos aspectos socioeconômicos e que as
nações periféricas pouco recebem contribuições que de
fato agreguem valores na formação de uma sociedade
mais justa e livre.
Diante do que foi discutido também se constatou que
o processo de desenvolvimento é inversamente propor-cional
à construção do crescimento econômico e que este
é compreendido por muitos como sendo sinônimos, po-rém
o procedimento de aumento das divisas está forte-mente
ligado aos números do PIB e do PNB, estes não
são suficientes na edificação do desenvolvimento de po-vos
e nações. A construção do desenvolvimento vai mais
além dos números, ele é representado não apenas pelo
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas seguin-do
o pensamento de Sen (2000) este Desenvolvimento
está centrado nas liberdades individuais e coletivas do
ser humano. Também são demonstráveis por meio dos
níveis de expectativa de vida, mortalidades infantis e
Coeficiente de Gini (CG) (Dantas, 2005: 64).
Assim, mediante a todos os argumentos pode-se
aprontar que o ecoturismo de base local ainda é uma
utopia, visto que a atividade turística trabalhada nos
países periféricos é desenvolvida pelas grandes corpo-rações
e que não vem ao longo dos tempos proporcio-nando
as comunidades locais o verdadeiro intitulamen-to
social e econômico o que não contribui de fato para a
construção do desenvolvimento como liberdade.
Todavia, utopias são necessárias para que além de
se imaginar lugares e pessoas melhores possam ser rea-lizadas
melhorias para todos que estão envolvidos na
construção destes espaços. Sendo assim, o turismo de
base local juntamente com o ecoturismo tem que ser
trabalhado e desenvolvido em sintonia com as demais
atividades para que possam contribuir tanto para a ge-ração
de emprego e renda quanto para as melhorias so-ciais,
políticas, econômicas e ambientais dos respectivos
países.
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NOTAS
1. O turismo de massa é aquele que se realiza em destinos popu-lares
conhecido, é realizado por grupos definidos pelas opera-doras
de turismo, onde são predefinidos os horários e lugares a
serem visitados para que desta maneira os turistas não entrem
em contato parcial ou total com a população residente.
2. A comunidade local referida neste artigo é a localizada no
entorno dos centros turistificados.
3. Amarthya Sem, autor do livro desenvolvimento como Liber-dade,
é um economista Indiano, ganhador do prêmio Nobel de
Economia em reconhecimento a sua contribuição a humanida-de
pela criação IDH, bem como da teoria que está centralizada
no desenvolvimento em consequência da liberdade, que nada
mais é do que a garantia dos direitos básicos como saúde e
educação entre outros para que desta maneira as pessoa se tor-nem
cidadãos e possa fazer suas escolhas de vida.
4. A saber, educação, saúde, moradia, lazer, cultura, direitos po-líticos
entre outros.
5. Gestão democrática e solidária; autogestão; distribuição eqüi-tativa
das riquezas produzidas coletivamente; promoção do
desenvolvimento integrado e sustentável; respeito ao ecossis-tema;
valorização do ser humano e do trabalho; no estabeleci-mento
eqüitativo entre homens e mulheres; no empoderamen-to
social.
6. É a diferença entre as despesas e receitas nas contas públicas,
quando esta diferença entre os dois é positiva tem-se o supe-rávit
primário.
7. Se a poderá dos benefícios sociais como também econômicos.
8. Provocado pela substituição do homem pela maquina nas lin-has
de produção.
9. Moradores das comunidades locais.
10. Tripé da sustentabilidade são as bases econômicas, sociais e
ecológicas.
Recibido: 01/06/10
Reenviado: 31/12/10
Aceptado: 07/01/11
Sometido a evaluación por pares anónimos