Vol. 6 Nº 2 págs. 281-290. 2008
Special Issue – Número Especial
www.pasosonline.org
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Restauração, Turismo e Valorização de Produtos Agro-alimentares
Locais: o Caso do Espaço Transfronteiriço do Douro-Duero
Artur Cristóvão
Luís Tibério
Sónia Abreu *
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Portugal)
Resumo: A comunicação tem por base resultados obtidos no âmbito de trabalho de investigação sobre
pequena agricultura e desenvolvimento local no espaço transfronteiriço do Douro-Duero, realizado por
investigadores das Universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro e Salamanca no quadro de um Projec-to
INTERREG IIIA. Recorreu-se à metodologia de inquirição e observação para conhecer o papel da
distribuição e restauração na valorização dos produtos agro-alimentares locais, assim como o interesse
de visitantes e turistas pelos mesmos. Algumas conclusões podem ser avançadas: a distribuição retalhista
revela fraco interesse na compra directa aos produtores de produtos agrícolas locais; a gastronomia é
uma forma privilegiada de valorização local dos produtos do território; e o turismo é ainda incipiente,
todavia, os visitantes deste território procuram os produtos típicos “do local”.
Palavras-chave: Agricultura; Produtos locais; Distribuição; Restauração; Turismo; Douro
Abstract: The paper is based upon the results of research developed in the frame of an INTERREG IIIA
Project on small-scale agricultural productions and local development in the Douro-Duero region of
Portugal and Spain, involving researchers from the Universities of Trás-os-Montes and Alto Douro and
Salamanca. The paper reflects the results of survey and observation work looking at the roles of restau-rants,
the importance of local fairs and markets, and the interest of visitors and tourists in local quality
agrifood products. The following major conclusions are presented: local shops have little interest in
acquiring these products directly from farmers; traditional gastronomy is a privileged way of promoting
the valorisation of local quality agrifood products; tourism in the area has potential but it still quite inci-pient,
but visitors and tourists look to buy these products.
Keywords: Agriculture; Local products; Distribution; Restaurant industry; Tourism; Douro
* • Artur Cristóvão, Luís Tibério y Sónia Abreu son profesores e investigadores adscritos al Cento de Estudos Trans-disciplinares
para o Desenvolvimento (CETRAD) de la Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). E-mail1:
acristov@utad.pt E-mail2: mtiberio@utad.pt E-mail3: soniafdz@utad.pt
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Número Especial. Turismo Gastronómico y Enoturismo
ISSN 1695-7121
Enquadramento
Os produtos agrícolas e agro-alimentares
típicos ou tradicionais, outrora
esquecidos por investigadores, técnicos e
decisores políticos, estão hoje no centro das
atenções enquanto instrumentos de desen-volvimento
agrícola e rural de territórios
particularmente desfavorecidos (Fragata,
2003; Tibério e Cristóvão, 2005: 15), sendo
alvo de atenção de estudiosos de várias
disciplinas, nomeadamente da geografia e
sociologia rural (Tregear, 2003). Como refe-rem
Caldentey e Gómez (1906, 68), a pro-dução
e comercialização de produtos típicos
pode ser uma estratégia para a manutenção
da agricultura em zonas rurais, de forma a
contribuir para a fixação da população e a
conservação da natureza. Contudo, os seus
impactos reais nas dinâmicas de desenvol-vimento
real carecem de estudo aprofunda-do
(Treager et al., 2007).
O despertar para as potencialidades des-tes
produtos encontra explicação em facto-res
diversos, entre os quais se destacam a
crise que afecta a agricultura tradicional e
as áreas rurais mais desfavorecidas, as
transformações sofridas pelo sector agro-alimentar,
traduzidas no aumento da inse-gurança
por parte dos consumidores, mas
também, e como refere Bernat (1996), na
crescente vaga sociológica favorável a pro-dutos
diferenciados com reconhecidas ca-racterísticas
particulares (Tibério e
Cristóvão, 2005:21). Avaliando o significado
dos produtos alimentares tradicionais ou
típicos, Bernat (1996:96) assinala que estes
não têm o mesmo significado para produto-res
e consumidores locais ou para consumi-dores
de áreas urbanas e mais distantes.
Para os primeiros, simbolizam as duras
condições de vida, consomem-se no campo
durante os trabalhos, representam o quoti-diano
e uma dieta frequentemente pouco
variada. Para os segundos, são pratos de
ocasiões especiais, consomem-se em restau-rantes,
introduzem a diversidade na sua
dieta e simbolizam a ruralidade. Caldentey
e Gómez (1997:69), fazem também referên-cia
ao crescente interesse dos consumidores
urbanos pela gastronomia e pelo “regresso
ao natural”.
A emergência destes produtos traduz
igual interesse pelos sistemas alimentares
locais (ou localizados), entendidos como
uma resposta alternativa aos sistemas in-dustriais,
massificados, de produção e dis-tribuição
agro-alimentar, sendo conhecido
que a procura da “qualidade” e do “local”
está a crescer, criando oportunidades para
a dinamização das economias locais (Ilbery
e Maye, 2005). Contudo, estes mesmos au-tores
salientam que escassa atenção tem
sido devotada à questão da distribuição
alimentar nas áreas rurais.
Por outro lado, vários autores têm cha-mado
a atenção para a importância da re-lação
sinérgica entre produtos agro-alimentares,
gastronomias locais e turismo
rural, apresentando Malevolti (2007) o caso
da Toscânia, em que os turistas consomem
produtos gastronómicos nos restaurantes e
compram produtos agrícolas e alimentares
nas explorações agrícolas, lojas tradicionais
ou de especialidades e casas de turismo,
verificando-se contudo obstáculos vários ao
uso de produtos típicos locais na restauraç-ão,
nomeadamente os custos elevados des-tes
produtos, as deficiências da sua distri-buição
e algum desconhecimento da gastro-nomia
típica.
Dentro deste quadro, o estudo agora
apresentado foi realizado num território
que compreende a região fronteiriça luso-espanhola
das arribas do Douro, abrangida
pelo “Parque Natural do Douro Internacio-nal”
(PNDI), em Portugal, e pelo “Parque
Natural de Arribes del Duero” (PNAD), em
Espanha.
Trata-se de um território marcadamente
rural, atingido por profunda regressão de-mográfica,
apresentando muito baixa den-sidade
populacional e elevados índices de
envelhecimento (Tibério, 2005: 29). A evo-lução
social negativa do território traduz-se
no abandono progressivo da actividade
agrícola. Apesar de tudo, a diversidade
produtiva local é ainda uma realidade que
importa preservar e potenciar, de forma a
garantir a sustentabilidade económica,
social e ambiental do território.
A produção de carnes de bovino, ovino e
caprino, com base em raças locais, de cere-ais,
de leguminosas secas e secadas, de
frutos secos, azeite e azeitona, de culturas
hortícolas e forrageiras diversas e de pra-
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dos permanentes, é um bom indicador da
diversidade produtiva local. No entanto,
culturas outrora âncora, como o trigo, o
centeio, as leguminosas secas, a batata e
outras produções anuais, têm sido substi-tuídas
por pastagens temporárias ou per-manentes,
por incultos e matos, levando ao
surgimento de novos sistemas produtivos e
provocando alterações significativas no
ambiente e na paisagem (Tibério et al.,
2006: 15).
As principais potencialidades das
produções agrícolas locais podem resu-mir-
se da forma seguinte (Tibério et al .,
2006:16):
• Grande diversidade de produções, embo-ra
algumas estejam em acentuado declí-nio;
• Modos particulares de produção, que
conferem sabor característico e permi-tem
que alguns produtos beneficiem das
qualificações DOP ou IGP;
• Alguns produtos com elevado potencial
de valorização, usados como matéria-prima
para a gastronomia tradicional; e
• Produções locais encetando os primeiros
passos na exploração do mercado consti-tuído
pelos visitantes e turistas, come-çando
a surgir em feiras, lojas especiali-zadas
e outros espaços comerciais.
A preservação e valorização das produç-ões
agrícolas tradicionais no território de
incidência do estudo dependerá grande-mente
da receptividade e procura dos visi-tantes
e turistas e da descoberta das suas
potencialidades por parte da restauração
local e da distribuição. Avaliar a apetência
de visitantes e turistas para a procura e
consumo das microproduções locais e com-preender
o contributo da distribuição e
restauração local na sua comercialização e
valorização, foram os objectivos centrais
deste trabalho.
Metodologia
Para concretizar os objectivos antes
definidos, recorremos a metodologias de
inquirição e de observação. Foram pre-parados
os seguintes instrumentos de
recolha de informação: inquérito a dis-tribuidores
locais de produtos agrícolas;
inquérito a operadores de restauração;
inquérito a visitantes; e guião de obser-vação
de feiras e mercados locais. Este
trabalho, porém, não reflecte os dados
resultantes da observação.
Inquérito aos distribuidores
No inquérito aos distribuidores foram
abordados os seguintes aspectos (Tibério e
Abreu, 2005: 156): caracterização do distri-buidor;
tipo e origem dos produtos comer-cializados;
motivações para a comerciali-zação
dos diferentes produtos; importância
dos produtos agrícolas locais no volume de
negócios; e caracterização dos clientes.
Foram estudados 17 casos, distribuídos
pelo território e pelos diferentes tipos de
operadores: grossistas (3), supermercados
(3), minimercados (5), mercearias (3) e lojas
de especialidade (3). A selecção dos casos foi
feita no decorrer do processo de inqui-rição,
de acordo com a disponibilidade e
interesse dos operadores pelo estudo a rea-lizar.
Inquérito à restauração
A inquirição à restauração incidiu sobre
os seguintes elementos: (Tibério e Abreu,
2005: 160): caracterização do estabeleci-mento
e do serviço prestado; pratos mais
servidos; origem e local de abastecimento
dos produtos usados na gastronomia; moti-vações
para o uso dos produtos locais; ca-racterização
dos clientes.
Dada a diversidade produtiva e gas-tronómica
local, foi considerado um leque
alargado de produtos: compotas; produtos
de fumeiro; queijos; azeitona de mesa; pra-tos
à base de carne de bovino; pratos à base
de carne de ovino e caprino; pratos à base
de carne de caça, galinha e coelho; azeite;
hortícolas e frutas diversas.
Foram estudados 28 casos, 23 na área do
PNDI e 5 no (PNAD), distribuídos pelos
seguintes tipos de operadores: Restauran-tes
de Hotel (3, todos no PNDI), Restauran-tes
de Pensão (7, um dos quais no PNAD),
Restaurantes (15, um dos quais no PNAD)
e Unidades de Turismo em Espaço Rural (3,
todas no PNAD).
Inquérito aos visitantes
Com o inquérito aos visitantes pretend-íamos
avaliar a sua procura e apetência
para o consumo dos produtos locais. As
questões colocadas centraram-se em torno
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dos seguintes três aspectos: objecti-vos
das visitas e motivos de interesse
pela região; conhecimento e consumo
de produtos locais; e definição do
perfil dos visitantes. A metodologia
baseou-se na distribuição dos inqué-ritos
por locais habitualmente procu-rados
pelos visitantes (postos de
turismo, hotéis, pensões, unidades
TER, restaurantes e lojas especiali-zadas
de produtos regionais).
Foram distribuídos 419 inquéri-tos
(203 em versão portuguesa e 216
em versão espanhola, estes últimos
distribuídos de ambos os lados da
fronteira), tendo sido obtidas 67 res-postas
de visitantes portugueses e 56
respostas de visitantes espanhóis, 26
destas em território português, co-rrespondendo
a taxas de resposta de
33% e 26%, respectivamente.
Principais Resultados e Conclusões
Clientelas da distribuição local e da
restauração
As características dos clientes dos
distribuidores (grossistas e retalhis-tas)
e da restauração local estão re-presentadas
no Quadro 1. Como se
pode observar, os clientes da distri-buição
são essencialmente locais, do
sexo feminino e de estrato social
médio-baixo, enquanto a restauração
beneficia de clientela maioritariamente
exterior à região, equilibradamente de am-bos
os sexos, sendo a classe média domi-nante.
Origem dos produtos comercializados ou
integrados na confecção dos pratos gas-tronómicos
Os principais produtos comercializados
pela distribuição local estão listados no
Quadro 2, destacando-se os hortícolas, os
frutos frescos e a azeitona. Sublinhe-se que
quando falamos de origem local nos referi-mos
à área dos dois Parques Naturais, de
origem regional às regiões de Trás-os-
Montes e Castela e Leão, e de origem na-cional
ao resto da península Ibérica.
Os operadores da distribuição diversifi-cam
os seus locais de abastecimento, preva-lecendo
a origem nacional (33% dos respon-dentes)
e local (30%) sobre a importação
(24%) e origem regional (13%). A importaç-ão
e a origem nacional assumem maior
relevo nos frutos frescos, hortícolas e legu-minosas
(frescas e secas). A origem local
ganha maior destaque em produtos marca-damente
característicos do território, como
a laranja, cereja, castanha, amêndoa, noz,
figo, batata, azeitona de mesa e azeite.
Muito embora a origem local seja relati-vamente
importante, os produtos agrícolas
locais representam menos de 25% do volu-me
de negócios para 87% dos distribuidores
inquiridos, sendo a batata, a laranja, a ce-reja
e a azeitona os mais significativos. As
razões apontadas para a comercialização de
produtos agrícolas provenientes de fora da
zona de estudo são diversas, com destaque
para: (1) a inexistência de produtos locais
semelhantes (60% dos inquiridos); (2) a
Hortícolas – 88%
Frutos frescos – 88%
Azeitona – 82%
Frutos secos – 76%
Batata – 76%
Leguminosas frescas – 70%
Leguminosas secas – 65%
Azeite – 65%
Cogumelos – 5%
Plantas aromáticas – 5%
Quadro 2. Produtos agrícolas mais comercializados pela
distribuição local
Distribuição Restauração
− Muitos revelam dificul-dade
em caracterizar os
clientes (50%);
− Pessoas do sexo feminino
(65% dos inquiridos);
− De todas as idades (40%
dos respondentes);
− De estrato social médio-baixo
(62,5 % dos res-pondentes);
− Com a escolaridade obri-gatória
(75% dos respon-dentes);
− E residentes no local
(92% dos respondentes).
− A maioria revela dificul-dade
em caracterizar os
seus clientes;
− Pessoas de ambos os
sexos (50%), ou do sexo
masculino (40% dos in-quiridos);
− De todas as idades (64%
dos respondentes) ou com
idade compreendida entre
os 30 e 40 anos (30%);
− De estrato social médio-baixo
(33%) a médio
(53%), residentes no local
(35%) ou provenientes de
todas as regiões do país
(60%).
Quadro 1. Características dos clientes da distribuição e
restauração locais
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maior facilidade em garantir fornecimento
regular (40%); e (3) o facto dos produtos
locais não chegarem ao mercado (35%).
Os produtos locais que cada um dos dis-tribuidores
oferece no seu estabelecimento
são comprados directamente no agricultor
(88% dos inquiridos) ou de produção
própria (35%). Nenhum retalhista afirmou
abastecer-se no mercado/feira local ou em
armazenistas, e apenas dois referiram reco-rrer
a intermediários ou às cooperativas.
Estes resultados evidenciam a fraca contri-buição
destas estruturas e agentes locais no
apoio à comercialização dos produtos
oriundos do território.
Os clientes da distribuição local são re-sidentes
e, de forma geral, pouco exigentes,
pois não procuram qualquer tipo de produto
em especial, “comprando o que está à vista”
(70% dos inquiridos). Por outro lado, os
consumidores locais não procuram especifi-camente
produtos locais (35% dos operado-res)
e, quando isso se verifica, a laranja é o
bem mais procurado.
A presença de produtos agrícolas locais
nas superfícies distribuidoras locais é, as-sim,
de um modo geral, fraca. A dificuldade
em encontrar fornecimento regular, o preço
elevado, a ausência de procura por parte do
consumidor local e a apresentação comer-cial
inadequada, são as principais razões
apontadas. Os agentes que distribuem pro-dutos
locais fazem-no como resposta à pro-cura
e por um certo posicionamento cívico,
ou seja, pela vontade de ajudar os agricul-tores
e a agricultura local.
Como temos vindo a referir ao longo des-te
trabalho, a apetência da restauração
para integrar os produtos agrícolas e ani-mais
locais na gastronomia típica é uma
forma potencial de valorização destes re-cursos.
O Quadro 3 evidencia a natureza,
origem e local de abastecimento dos princi-pais
produtos usados na confecção dos pra-tos
gastronómicos. É evidente a presença
local na gastronomia, mas é considerável a
penetração de produtos de outros espaços
regionais e dos dois países em geral.
Na maior parte dos casos, os proprietá-rios
ou “chefes” combinam um amplo con-junto
de fontes de fornecimento, função das
preferências pessoais, dos preços e da dis-ponibilidade
de produtos no mercado. Por
exemplo, no que se refere às carnes de bo-vino,
ovino e caprino, assim como ao azeite,
a origem local é claramente dominante. Já
no caso dos queijos e frutas, outras regiões
do país são privilegiadas. Alguns produtos,
como as compotas e fumeiro artesanal, são,
na totalidade ou em grande parte, confec-cionados
no próprio estabelecimento ou em
unidades locais.
Visitantes, relação com o território e con-sumo
de produtos locais
Os visitantes da área de estudo situam-se
na faixa etária abaixo dos 40 anos, sendo
os visitantes portugueses os mais jovens
(36% têm menos de 30 anos). Verifica-se
que possuem formação superior (44%, pre-dominante
nos visitantes espanhóis, em
que este valor é de 52%) ou média (23%,
predominante nos visitantes portugueses,
em que este valor é de 27%), sendo quadros
superiores (27%), trabalhadores especiali-zados
(14%), profissionais liberais, empre-gados
de escritório ou pequeno e médios
empresários (10%) e quadros médios (8%).
Em termos de origem geográfica, são pro-venientes
da região da Grande Lisboa
(36%), do Grande Porto (23%) e do centro
do país (17%), no caso dos visitantes portu-gueses,
e das Regiões Autónomas de Caste-la
e Leão (33%) e de Madrid (30%), no caso
dos visitantes espanhóis. Tomam conheci-mento
da região através dos amigos (50%),
ou de folhetos (22%) e da Internet (22%) e,
mais frequentemente, fazem-se acompan-har
da família (57%) ou viajam em grupo de
amigos (29%). Quanto à regularidade de
visita, predominam as visitas periódicas
relacionadas com ocasiões especiais (Natal
ou Páscoa, por exemplo) ou eventos locais
(30%), as visitas anuais (25%), semestrais
(15%) ou mensais (15%).
Os objectivos das visitas são múltiplos,
com destaque para o lazer, o desenvolvi-mento
de actividade profissional ou o sim-ples
encontro com amigos da área. O inte-resse
pela zona das arribas do Douro-
Duero, enquanto local turístico, está rela-cionado
com a beleza das paisagens natu-rais
dos Parques, do rio e da amendoeira
em flor (63%), a gastronomia (33%) e o pa-trimónio
histórico, sobretudo os monumen-tos
e as gravuras pré-históricas do Vale do
Côa (32%).
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Produtos usados na
confecção de pratos
da gastronomia local
Origem e local de abastecimento
Compotas Cerca de 50% dos inquiridos servem no seu restaurante um leque diversificado de
compotas (de figo, framboesa, pêra, cereja, ameixa, abóbora, amora, pêssego, melão,
maçã, chila, ginja, nectarina e tomate), geleia e marmelada. Estes produtos são de
fabrico artesanal próprio. As matérias-primas são de proveniência local e não local.
Fumeiro Os produtos de fumeiro são essencialmente de origem industrial (65% dos inquiri-dos)
e adquiridos em unidades produtoras locais. O fumeiro artesanal é essencial-mente
de fabrico próprio (85%) ou de produtores locais licenciados (15%).
Queijos Os queijos são essencialmente industriais (60%), de origem nacional (65%), regio-nal
(17,5%) e local (17,5%) e adquiridos a distribuidores intermediários ou em su-permercados.
Os queijos artesanais são comprados directamente aos pastores (50%)
e a queijarias locais licenciadas (50%).
Azeitona de mesa A azeitona é de laboração industrial (50%) ou artesanal (50%). O produto industrial
é fornecido por distribuidores intermediários ambulantes (fornecem marcas portu-guesas
e espanholas) ou por armazenistas (locais ou exteriores à região). A azeitona
artesanal é de produção própria (55%) ou comprada directamente a produtores lo-cais
(45%) e curada “ao natural” pelos próprios operadores da restauração.
Pratos à base de
carne de bovino
A carne de bovino é exclusivamente de origem local, fornecida, maioritariamente
(90%), pelos talhos, distribuidores intermediários ou Agrupamento de Produtores
(carne DOP).
Pratos à base de
carne de ovino e
caprino
A matéria-prima usada na confecção destes pratos tem origem local, é fornecida
pelos talhos (65%) ou directamente pelos produtores (30%).
Pratos à base de
carne de caça, de
galinha ou coelho
Menos de 50% dos restaurantes inquiridos referiu servir este tipo de pratos. A carne
de caça usada é de origem local (fornecida pelos caçadores da região), mas existem
operadores que se abastecem em fornecedores regionais ou nacionais. A carne de
galinha ou coelho usada é sobretudo de produção própria ou de agricultores locais.
Azeite O azeite, de origens e fornecedores muito diversos, é um produto usado pela genera-lidade
dos restaurantes. O produto local é preferido por 70% dos restaurantes, forne-cido
directamente pelos produtores (62,5%) ou de produção própria (25%). Na área
do PNAD, a cooperativa local é o principal fornecedor, o que não sucede do lado
português.
Hortícolas A batata, os legumes frescos e as leguminosas secas e secadas foram tomadas como
hortícolas de referência. Os restaurantes abastecem-se de formas muito variadas,
predominando a origem local (50%) sobre a nacional (42%), no que respeita ao
número de referências, o que não significa que, em termos de volume, tal relação se
mantenha. A compra directa a produtores locais (60%) e a produção própria (30%)
são as formas de abastecimento mais importantes. Os produtos de origem nacional
são fornecidos pelos distribuidores grossistas locais.
O abastecimento directo no agricultor ganha expressão em produtos secados de
forma tradicional (65% dos respondentes) e na batata (40%). A compra no armaze-nista
e outros intermediários é preponderante no feijão, feijão-frade e grão-de-bico
(55%), na batata e hortícolas frescos (46%). A produção própria atinge alguma
expressão nos hortícolas frescos (20%), leguminosas secadas (17%) e feijão-frade
(15%). Do lado do PNAD a situação é semelhante, sendo ainda mais evidente a
compra destes produtos ao agricultor.
Frutas As frutas servidas nas sobremesas são sobretudo de origem nacional (57% das res-postas).
A totalidade dos inquiridos refere que se abastecem de fruta (de origem
nacional) nos grossistas locais. No entanto, a compra directa a agricultores é
também referida por 70% dos inquiridos. É de salientar que a área do PNDI não é,
tradicionalmente, produtora de frutos frescos, com excepção da laranja e de uma ou
outra exploração de cereja
Quadro 3. Natureza, origem e local de abastecimento dos principais produtos usados na con-fecção
dos pratos gastronómicos
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No que respeita ao relacionamento dos
visitantes com os produtos agrícolas e agro-alimentares
locais, cerca de 80% inquiridos
declarou comprar e consumir este tipo de
produtos. Os mais sensíveis aos produtos
locais preferem o consumo no próprio local,
em detrimento da simples compra. O tipo
de produtos mais comprado ou consumido
pelos visitantes reflecte a riqueza da região
em produtos agrícolas e agro-alimentares
tradicionais. Do leque de produtos adquiri-dos
sobressaem os vinhos (72%), a amêndoa
(50%), o pão (50%), o azeite (49%), os enchi-dos
(45%), o queijo curado (45%), a carne de
vitela mirandesa (45%) e a gastronomia
regional (40%). Os visitantes portugueses
privilegiam a compra directa ao agricultor e
o consumo em restaurantes. Os visitantes
espanhóis privilegiam, claramente, o con-sumo
no local através da restauração, mas
também frequentam as mercearias e pe-quenas
lojas para a compra de produtos em
natureza. É de registar a pouca importân-cia
atribuída às lojas especializadas e feiras
de produtos regionais enquanto canais de
abastecimento.
A atitude de compra ou consumo de pro-dutos
agro-alimentares por parte dos visi-tantes
está relacionada com a satisfação de
expectativas simbólicas associadas a um
“certo imaginário” rural (“são produtos na-turais
de que gosto” e “estão ligados às tra-dições
e à cultura da região”) e de carácter
vincadamente hedónico (“são produtos sa-borosos”).
Os visitantes do Douro-Duero,
estão, de certa forma, familiarizados com os
produtos agro-alimentares típicos desta
região, pois, tal como afirmam, comprá-los-iam
na sua área de residência se os encon-trassem
facilmente à venda. Pode dizer-se,
nesta medida, que assumem mesmo um
comportamento de fidelidade.
O Quadro 4 sintetiza as principais raz-ões
referidas por agentes de distribuiç-ão/
restauração e pelos visitantes para a
compra e consumo de produtos agrícolas e
agro-alimentares locais.
Considerações finais
Mesmo em áreas relativamente periféri-cas,
como as da fronteira luso-espanhola do
Douro Internacional alvo deste estudo, a
agricultura e o sistema alimentar mudaram
muito nas últimas duas décadas. Os siste-mas
de produção tradicionais transforma-ram-
se e declinaram, e algumas produções
emblemáticas perderam importância ou
tendem hoje a ser marginais em termos
quantitativos. Os produtores envelheceram
e os seus saberes estão em risco de desapa-recer,
o mesmo podendo vir a acontecer com
a biodiversidade e o património genético
associados às actividades agrárias. Os pro-dutos
locais e os mercados têm sido pro-gressivamente
integrados no quadro mais
vasto do sistema agro-alimentar global. Os
distribuidores, operadores de restauração e
consumidores em geral dependem, cada vez
mais, do que vem “de fora", de outros espa-ços.
Contudo, a qualidade de muitos produ-tos
com “origem local” é frequentemente
reconhecida e têm emergido e ganho escala
novas procuras, fundamentalmente com
origem em áreas urbanas.
No caso analisado, podemos afirmar que
os visitantes procuram os produtos ligados
aos sistemas produtivo e alimentar locais.
Contudo, a oferta do território não está
ainda devidamente preparada para corres-ponder
a esta procura, sendo claro que a
distribuição local ainda não se apercebeu
das potencialidades das microproduções
agrícolas locais para o seu negócio. As prin-cipais
conclusões do estudo podem sinteti-zar-
se da seguinte forma (Tibério e Abreu,
2005: 175, Tibério et al., 2005: 17):
A oferta de produtos agrícolas e agro-alimentares
locais não está organizada de
forma a responder às exigências comerciais
da distribuição, especificamente em termos
de quantidade, regularidade de fornecimen-
Distribuição/restauração Visitantes
São produtos de qualidade
É exigência da própria casa/empresa
São procurados pelos consumidores
Ajuda os agricultores e a agricultura local
São produtos de que gosto
São produtos saborosos
Estão ligados às tradições e cultura da região
São produtos de confiança
Quadro 4. Razões para o uso de produtos agrícolas locais
288 Restauração, Turismo e Valorização de Produtos Agro-alimentares ...
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to, imagem e práticas de facturação;
A distribuição local (mercearias, mini-mercados)
revela fraco interesse pelos pro-dutos
locais;
As feiras e os mercados municipais não
são estruturas de apoio à comercialização
dos produtos agrícolas e agro-alimentares
locais, estando muito dependentes de fontes
externas;
As “recentes” feiras de produtos tradi-cionais
e lojas especializadas vieram dar
um novo impulso a alguns produtos trans-formados;
Os turistas e visitantes do Douro-Duero
procuram produtos “do local” e a gastrono-mia
constitui uma boa forma de valorizaç-ão;
Os restaurantes recorrem a fontes muito
diversas de fornecimento, valorizando
também um conjunto amplo de produtos
locais na confecção dos seus pratos;
O turismo, embora incipiente, está a
crescer e os turistas constituem um merca-do
a explorar, mas a oferta da generalidade
dos produtos locais (em natureza ou trans-formados)
não está ainda devidamente pre-parada
para responder às novas procuras,
mais exigentes no que respeita, sobretudo,
à dimensão comercial da qualidade dos
produtos (embalagem, rotulagem e apre-sentação
geral).
Este território possui recursos agrícolas
e ambientais inegáveis, assim como al-gum
potencial no campo do turismo.
Porém, como observado, esta última ac-tividade
é ainda residual, confirmando
as teses de Ribeiro (2003, 199) de que,
em Portugal, a busca de destinos turís-ticos
alternativos é modesta, e a visão
de Cavaco (2003, 196) de que “Os espa-ços
rurais, nas áreas tradicionais de po-larização
de fluxos turísticos ou nas á-reas
emergentes, são espaços baços,
fracos, quase sem significado, …”. Por
outro lado, é clara uma grande inércia
por parte dos agentes ligados ao sector
agrário, produtores e outros, não exis-tindo
uma estratégia de valorização dos
produtos tradicionais de qualidade.
Sendo certo que existem limitações as-sociadas
ao território, antes referidas,
parecem-nos essenciais as condicionan-tes
de ordem organizativa e comercial,
que exigem pronta atenção (Tibério et
al., 2005: 18).
Em síntese, tomando como referência o
conceito de “sistema agro-alimentar locali-zado”
do CIRAD-SAR (1996), citado por
Touzard (2007), podemos dizer que são re-lativamente
débeis as organizações e servi-ços
(unidades de produção agrícola, empre-sas
agro-alimentares, comerciais, de servi-ços
e restauração) associados a este territó-rio,
sendo igualmente frágil a combinação
(articulação) entre o meio, os produtos, as
pessoas e suas instituições, os saberes-fazer,
os comportamentos alimentares e as
redes de relações, o que faz com que o sis-tema
agro-alimentar em causa apresente os
contornos expressos.
Podem ser avançadas três recomendaç-ões
principais visando o comércio e dinami-zação
dos produtos locais, numa lógica
sistémica:
As instituições de desenvolvimento local
devem integrar a agricultura e o sistema
alimentar local na sua agenda e nas es-tratégias
de intervenção, trabalhando nu-ma
escala transfronteiriça através de par-cerias
que promovam sinergias entre pro-dutores,
operadores turísticos e outros acto-res
relevantes;
Atenção particular deve ser dada à cons-trução
de redes de comercialização que
permitam contrariar a atomização do tecido
produtivo, acrescentar e fixar valor no te-rritório,
e aproximar produtores e consumi-dores;
e
Devem ser promovidos processos de ino-vação
e a aprendizagem colectiva, em parti-cular
nos campos da qualificação agro-alimentar,
da comercialização e do marke-ting
dos produtos e do próprio território.
Poderão as organizações locais e regio-nais
de agricultores, juntamente com as
instituições de ensino superior e investi-gação,
assumir estes desafios? Na linha do
proposto por Fragata (2003, 457-458), jul-
Artur Cristóvão; Luís Tibério e Sónia Abreu 289
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numa perspectiva de transdiscipli-naridade
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Recibido: 14 de enero de 2008
Reenviado: 15 de marzo de 2008
Aceptado: 1 de abril de 2008
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