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Vol. 9 Nº 1 págs. 161-175. 2011
Complementaridade da função turismo nos circuitos turísticos
de Minas Gerais: um estudo do circuito turístico
Campo das Vertentes
Bruno A. Ramosi
Roberto dos Santos Bartholo Juniorii
Ricardo Melloiii
i Doutorando do Programa de Engenharia de Produção da COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro –
Brasil. Professor da Universidade Presidente Antônio Carlos. Email: brunoalvesramos2@gmail.com
ii Professor associado do Programa de Engenharia de Produção da COPPE (Doutorado e Mestrado) - Universida-de
Federal do Rio de Janeiro – Brasil. Email: bartholo@pep.ufrj.br
iii Doutorando do Programa de Engenharia de Produção da COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro –
Brasil. Email: rmello@pep.ufrj.br
Resumo: Os circuitos turísticos representam uma nova concepção de relacionamento entre as di-versas
esferas do poder público e da sociedade civil, pois exigem um esforço no sentido de cons-truir,
coletivamente, um novo modelo de gestão. O projeto envolve negociações permanentes entre
as instâncias envolvidas, articulações de acordos diversos e planejamento das ações de forma par-ticipativa,
visando à integração entre os municípios participantes. Diante disso, o presente trabalho
analisa alguns efeitos da complementaridade da função turismo nos circuitos turísticos do Estado
de Minas Gerais - Brasil, mais especificamente no circuito turístico Campo das Vertentes, ao mes-mo
tempo em que procura gerar subsídios para as iniciativas no campo das políticas públicas em
apoio ao desenvolvimento e planejamento turístico regional.
Palavras-chave: complementaridade; circuitos turísticos; função turismo; Campo das Vertentes;
Minas Gerais..
Title: Complementarity of tourism function in the tourist circuits of the State of Minas Gerais – Bra-zil:
the case of the tourist circuit Campo das Vertentes
Abstract: The tourist circuits represent a new conception of relationship between the various spheres
of public power and civil society, because require an effort to build, collectively, a new model of ma-nagement.
The project involves ongoing negotiations between the authorities involved, joints various
agreements and planning of the actions of a participative way, aiming at the integration between the
municipalities participants. Moreover, this paper analyzes some effects of complementarity of the
tourism in tourist circuits of the State of Minas Gerais - Brazil, more specifically in tourist circuit
Campo das Vertentes, the same time demand generate subsidies for initiatives in the field of public
policies in support of the development and planning regional tourist.
Key-words: complementarity, tourist circuits, function tourism, Campo das Vertentes, Minas Gerais.
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil)
Introdução
No âmbito da atividade turística, não
apenas os países competem no mercado
internacional, mas principalmente cada
vez mais as cidades ou regiões assumem
papel de destaque na disputa pelos fluxos
de visitantes, ancorando-se em diferenciais
competitivos que as tornam singulares no
mercado global.
Além disso, a abertura dos mercados
força os países a redefinirem as funções dos
organismos do nível central, fortalecendo-se
seu papel na definição das políticas na-cionais
e diminuindo gradativamente sua
função de execução das políticas em deter-minadas
áreas, aumentando a autonomia
municipal através da descentralização.
Sob esse prisma, o Brasil vem modifi-cando
sua política de turismo nacional em
prol de uma administração mais descentra-lizada,
transferindo para os estados a ges-tão
e a captação dos investimentos necessá-rios
na área, como o Programa Nacional de
Municipalização do Turismo – PNMT, que
vigorou de 1994 até 2001, o Plano Nacional
de Turismo – PNT de 2003 a 2007 e a Po-lítica
Nacional de Turismo, criado em 2008
e em vigor até hoje.
Seguindo as diretrizes nacionais os Es-tados
vêm adotando variadas formas de ge-rir
sua atividade turística de maneira des-centralizada
e regionalizada, modificando
consideravelmente sua forma de gestão. E
o Estado de Minas Gerais fez isso com a
criação de circuitos turísticos.
Na maioria das vezes os circuitos turís-ticos
são formados por um grupo de muni-cípios
com peculiaridades específicas e/ou
características geralmente similares, que
se unem em uma organização informal ou
legitima e reconhecida, como associações,
organizações não governamentais, agên-cias
de desenvolvimento regionais ou OS-CIP
- Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público.
A nomenclatura “circuitos turísticos” é
mencionada em algumas partes do mundo.
Na Europa se destacam Portugal e Espan-ha,
e na América do Sul, Argentina e Bra-sil.
No Brasil, alguns estados trabalham
com o desenvolvimento de circuitos turís-ticos,
como São Paulo e Minas Gerais. Tu-rismo
de aventura, de eventos e negócios,
náutico, histórico-cultural, religioso e eco-turismo,
são as opções que o estado de São
Paulo oferece aos visitantes, distribuídas
em 21 circuitos (São Paulo, 2005).
Em Minas Gerais, a idéia de se agru-par
municípios de maneira descentralizada
e regionalizada, o que mais tarde se con-vencionou
chamar de Circuitos Turísticos,
teve início em outubro de 1999, quando o
Governo do Estado de Minas Gerais criou
uma Lei para tratar exclusivamente do
Turismo no Estado.
Nesse sentido, na intenção de cons-trução
de uma política pública de turismo
baseada na regionalização, foi estabeleci-da
uma metodologia de indução e estímu-lo
para que as comunidades localizadas
em determinados espaços geográficos se
envolvessem de modo consciente e ativo
na formação de Circuitos Turísticos.
Assim, ficou legitimado em Decreto
que para participar da política de turismo
do estado, os municípios deveriam se as-sociar
em forma de Circuitos Turísticos.
Este decreto, em seu parágrafo pri-meiro
do artigo primeiro, definiu Circuito
Turístico da seguinte forma:
“Considerar-se-á como Circuito Tu-rístico,
o conjunto de municípios de
uma mesma região, com afinidades
culturais, sociais, e econômicas que se
unem para organizar e desenvolver a
atividade turística regional de forma
sustentável, através da integração
continua dos municípios, consolidando
uma atividade regional”.
Para Beni (2006), o conceito de cir-cuitos
turísticos envolve a utilização de
um conjunto de vias que possibilitem um
acesso circular aos atrativos de uma de-terminada
região. Para ele, neste caso o
turista não passa duas vezes pelo mesmo
local, uma vez que a via de acesso aos
atrativos termina em sua própria origem.
Além disso, o autor ressalta que “a
destinação do turista passa a ser, então,
o circuito como um todo, o qual apresenta
grupos de atrativos ao longo de suas vias,
que podem se caracterizar como subdesti-nações”
(Beni, 2006:125). Acrescenta ain-da
que se valendo de um ou mais temas
de destaque nos atrativos da região, um
circuito turístico trás a possibilidade de
visitação seqüencial a atrativos que pos-suam
algum tipo de conexão entre si.
O circuito pode ser visto como um meio
para estruturar melhor a atividade tu-rística
municipal e regional, para atrair
mais turistas a determinada região e es-timular
com a sua permanência ali por
um tempo maior, o movimento do comér-cio
e dos serviços turísticos.
Os circuitos turísticos do Estado de
Minas Gerais são associações formadas
por um conjunto de municípios próximos
entre si e que desejam desenvolver seus
produtos turísticos conjuntamente. Com
uma gestão unificada e participativa, o
circuito tem a autonomia de representar
seus municípios integrantes na política
de turismo do Estado, encaminhando pro-
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162 Complementaridade da função turismo nos circuitos turísticos de Minas Gerais ...
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 9(1). 2011
jetos, solicitando recursos, etc., além disso,
apenas integrado em circuitos turísticos
um município é contemplado pela política
de recursos de turismo estadual (Ramos,
2007).
Um dos principais objetivos da política
de formação dos circuitos turísticos do Es-tado
de Minas Gerais é proporcionar um
aumento do número de visitantes e a per-manência
destes em seu interior, visando
uma maior geração de emprego e renda nos
municípios abrangidos pela região do cir-cuito
(Minas Gerais, 2003).
Neste sentido, aprofundar estudos sobre
os circuitos turísticos remete, na verdade,
à discussão sobre o desenvolvimento local
ou regional, que, como veremos neste tex-to,
significa menos o local enquanto espaço
físico, e sim definido a partir da cooperação
e mobilização produtiva em bases territo-riais.
Diante disso, o presente trabalho ana-lisa
alguns efeitos da complementaridade
da função turismo nos circuitos turísticos
do Estado de Minas Gerais, mais especi-ficamente
no circuito turístico Campo das
Vertentes, ao mesmo tempo em que procu-ra
gerar subsídios para as iniciativas no
campo das políticas públicas em apoio ao
desenvolvimento e planejamento turístico
regional.
Para isso, primeiramente é destacado
o perfil do circuito turístico Campo das
Vertentes, como sua formação, localização,
economia principal e atrativos turísticos
gerais. Mais adiante é realizada uma ca-racterização
dos oito municípios pertencen-tes
a este circuito, como população, área
geográfica, referências econômicas, Pib
per capita, e elementos da função turismo,
como hospedagem, alimentação, manifes-tações
culturais e eventos e atrativos turís-ticos.
Posteriormente, é realizado um debate
a respeito da complementaridade da função
turismo nos circuitos turísticos, tomando-se
como estudo empírico os municípios per-tencentes
ao circuito turístico Campo das
bro de 2005 inicialmente pelas cidades de
Carmo da Mata, Carmo do Cajuru, Carmó-polis
de Minas, Cláudio, Desterro de En-tre
Rios, Oliveira, Passa Tempo, Piracema,
Santo Antônio do Amparo, e São Francisco
de Paula (ver figura 2.).
Atualmente os municípios de Santo
Antônio do Amparo e Carmo da Mata são
pertencentes a outro Circuito, limítrofe do
Campo das Vertentes. Desse modo, o cir-cuito
Campo das Vertentes é composto por
oito municípios.
As cidades desse circuito apresentam
características bem comuns, mas, ao mes-mo
tempo, bem marcantes: a mesma ori-gem
histórica – pequenos pousos ou “pa-ragens”
de viajantes – e a privilegiada
localização geográfica (o circuito é cortado
pela rodovia Fernão Dias – BR 381).
Foi devido ao solo fértil e rico em verten-tes
da região que esse circuito recebeu esse
nome. Possui clima ameno, belas áreas
naturais com muitas matas e ótimas tril-has
para quem quer desfrutar das delícias
proporcionadas pelas atividades ao ar livre
(SETUR/MG, 2009).
Algumas cidades seguiram, esponta-neamente,
a vocação agrícola, que, ainda
hoje, movimenta suas respectivas econo-mias.
Outras, motivadas pelo comércio e a
indústria, desenvolveram-se criando uma
identidade própria, mas mantendo conser-vados
o patrimônio histórico e a beleza na-tural,
fontes de cultura e lazer.
No circuito destacam-se, dentre ou-tros
variados atrativos pesquisados e que
serão expostos mais adiante, quatro sítios
arqueológicos na cidade de Carmópolis de
Minas, onde são encontrados petróglifos –
rochas originárias do período da pré-his-tória,
que contêm inscrições gravadas em
sua superfície, o fenômeno da voçoroca, em
Oliveira, que a tornou uma referência na-cional
para os geógrafos, o lago da represa
de Carmo do Cajuru, que também abrange
a cidade de Cláudio, os casarios antigos,
as belas praças, as praias do Rio Pará, as
variadas cachoeiras, e as fazendas cente-
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Figura 1. Logomarca do circuito turístico
Campo das Vertentes. Fonte: SETUR/MG, 2009.
Vertentes.
Finalizando o trabalho, algumas
considerações são apontadas, buscando
gerar elementos que possam auxiliar
gestores e pessoas envolvidas na toma-da
de decisões que envolvam estes cir-cuitos
turísticos.
Perfil do circuito turístico Campo das
Vertentes
O Circuito Campos das Vertentes, loca-lizado
na região Centro-Oeste do Estado de
Minas Gerais, foi formado em 14 de outu-nárias,
que ainda mantêm suas tradições
agropastoris.
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Caracterização dos municípios pertencentes
ao circuito turístico Campo das Vertentes
Serão apresentadas abaixo algumas
características gerais dos municípios per-tencentes
ao circuito turístico Campo das
Vertentes, como população, área, referên-cias
econômicas e Pib per capita. Além
disso, procurou-se apresentar elementos
da função turismo nestes municípios, como
hospedagem, alimentação, manifestações
culturais e eventos e atrativos turísticos.
As informações sobre População, Área e
Pib per capita foram buscadas no portal
IBGE Cidades, no sítio http://www.ibge.
gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1, já as
demais informações foram pesquisadas na
SETUR/MG (Secretaria de Turismo do Es-tado
de Minas Gerais), no período de 03 a
09 de Novembro de 2009.
Carmo do Cajuru
População: 18.875 (em 2007). Fonte: IBGE
Cidade <Acesso em 04/11/2009> [http://
www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.
htm?1]
Área: 455 km2. Fonte: IBGE Cidades
Referências Econômicas
Principal atividade: fabricação de móveis
industriais diversos (em madeira).
Obs: a indústria de móveis alavancou o
progresso da cidade e fez projetar seu
nome para o Brasil.
Outras atividades: metalúrgica básica,
agropecuária (goiaba e milho) e pecuá-ria
(bovinos e galináceos). (SETUR/
MG, 2009)
Pib per capita: 6789,00 (em 2006). Fonte:
IBGE Cidades
Hospedagem: 2 hotéis, totalizando 69 lei-tos
(SETUR/MG, 2009).
Alimentação: 4 restaurantes, 2 pizzarias,
6 bares (SETUR/MG, 2009).
Manifestações culturais e eventos
A cidade possui variadas manifes-tações
culturais como a Semana Santa,
a Festa da padroeira (Nossa Senhora do
Carmo), a festa de Reinado de São Bene-dito,
a festa do Rosário e o Jubileu do Bom
Jesus de Angicos. (SETUR/MG, 2009).
Atrativos: Cachoeira da Fina, Cachoei-ra
da Serrinha, Cachoeira do Cedro, Pra-inha
do Rio Pará, Represa do Rio Pará
(que tem ao seu envolto variados condo-mínios
e sítios), Igreja da Matriz e Igre-jinha
do Rosário, Morro da Cruz e Pedra
do Calhau. (SETUR/MG, 2009).
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Figura 2. Mapa do circuito turístico Campo das Vertentes (formação inicial em 2005). Fonte: SE-TUR/
MG, 2009.
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Represa do Rio Pará. Fonte: Circuito Turístico Campo das Vertentes, 2009
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo. Fonte: Circuito Turístico Campo das Vertentes, 2009
Cláudio
População: 24590 (em 2007)
Área: 630 Km2
Referências Econômicas: Cláudio é consi-derada
o Maior Pólo de Fundidos Arte-sanais
em ferro e alumínio da América
Latina. Tendo por sua vez, uma econo-mia
forte, voltada para a indústria e
venda de indumentárias em ferro, alu-mínio
e cobre. Conta atualmente com
mais de 100 fundições e 12 metalúrgi-cas,
fazendo um giro mensal estimado
em 30 milhões de reais no Município.
Pib per capita: 7373,00 (em 2006)
Hospedagem: 3 hotéis, totalizando 91 leitos
Alimentação: 7 restaurantes, 21 bares, 4
pizzarias e 1 churrascaria.
Manifestações Culturais e Eventos: Festa
de São Sebastião, Exposição agropecuá-ria
e Festa de Reinado.
Atrativos: Represa do Rio Pará (Prain-
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ha), Water Camping Matiolli, Cachoeira
do Corumbá, Cachoeira da Usina, Centro
Recreativo de Cláudio, Pesque Pague Jaca-randá,
Pesque Pague do Hifi nho, Parque
De Exposição, Automovel Clube e Artesa-natos
em Couro (ver fotos abaixo).
Oliveira
População: 37805 (em 2007)
Área: 896 km2
Referências Econômicas: A agropecuária
em Oliveira se destaca pela produção
de café e leite, bem como a criação de
bovinos, bubalinos, caprinos, equinos,
galináceos e muares. A produção agrí-cola
conta com arroz em casca várzea
úmida, arroz em casca sequeiro, ba-nana,
cana-de-açúcar, feijão, laranja,
mandioca, milho, tomate, café. Ainda
no setor primário pode-se ressaltar o
grande potencial da região como polo de
extração e benefi ciamento de granito. O
destaque no setor secundário se dá pela
fabricação de produtos alimentíceos e
bebidas, produtos têxteis, vestuários e
acessórios, fabricação de produtos mi-nerais
não metálicos, metalurgia bási-ca,
fabricação de produtos de metal ex-clusivos
para máquinas e equipamentos
e a torrefação. O setor terciário é tam-bém
importante para a economia muni-cipal
e engloba diversos serviços dentre
os quais estão inseridos os serviços tu-rísticos.
Pib per capita: 6975,00 (em 2006)
Hospedagem: 15 hotéis, totalizando 507
leitos
Alimentação: 5 churrascarias, 21 restau-rantes,
56 bares e 21 lanchonetes e 16
sorveterias
Manifestações Culturais e Eventos: carna-val
de rua (seis dias antecipado), Com
Lago do Rio Pará. Fonte: Circuito Turístico
Campo das Vertentes, 2009
panhia Municipal de Teatro de Oliveira,
Studio de Dança Paula Alvim, Blocos
carnavalescos centenários, Associação
dos Artesãos de Oliveira, Festas varia-das
(Nossa Senhora Aparecida, agrope-cuária,
aniversário da cidade, São João
Batista e as festas em seus distritos –
Morro do Ferro e Santana do Jacaré).
Atrativos: Fonte da Água de São João
Batista, Fonte de água Mineral Mara-vilha,
Cachoeira do jacaré, Capela da
Santa Casa de Misericórdia, Capela de
Nossa Senhora de Lourdes, Prédio da
Casa da Cultura Carlos Chagas, Spasso
Cultural “Casarão do Onofre”, Catedral
de Nossa Senhora de Oliveira, Cunjun-to
Histórico da Pça XV de Novembro,
Igreja Nosso Senhor dos Passos, Lagoa
do Catiguá, Capela de Nossa Senhora
de Lourdes, Catedral de Nossa Senhora
de Oliveira, Monumento aos pracinhas,
Morro da Capelinha e Morro do Dia-mante
(onde se encontram o fenômeno
da Voçoroca), Museu da Escola de Oli-veira,
Conjunto Paisagístico da Praça
Dona Manoelita Chagas, Santuário
Nossa Senhora da Aparecida e Obser-vatório
Antônio Faleiro.
Cachoeira do Jacaré. Fonte: Circuito Turístico
Campo das Vertentes, 2009
Piracema
População: 6554 (em 2007)
Área: 280 Km2
Referências Econômicas: Agropecuária,
Plantação para subsistência e Comércio
Pib per capita: 6072,00 (em 2006)
Hospedagem: 1 hotel com 9 leitos.
Alimentação: 1 restaurante na cidade e 1
na zona rural (que também é atrativo
turístico)
Manifestações Culturais e Eventos: Não
informado
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Atrativos: Praça José Ribeiro de Assis, ca-choeira
Portal da Cachoeira e restau-rante
Fazenda (que possui cachoeira,
passeio à cavalo e moinho d`água)
Cachoeira Portal. Fonte: Circuito Turístico
Campo das Vertentes, 2009
São Francisco de Paula
População: 6246 (em 2007)
Área: 316 Km2
Referências Econômicas: Agropecuária
(Arroz, banana, cana de açúcar, café,
feijão, laranja, mandioca e milho), Ex-tração
de minerais não metálicos e Pe-cuária
(Asininos, bovinos, bufalinos,
eqüinos, galináceos, muares, ovinos e
suínos).
Pib per capita: 6894,00 (em 2006)
Hospedagem: 1 na cidade (18 leitos) e 1 na
zona rural (475 leitos – Parque Hotel Pi-monte,
que também é atração turística)
Alimentação: 3 restaurantes (1 no Parque
Hotel Pimonte), 2 pizzarias e 12 bares
Manifestações Culturais e Eventos: Festa
de Nossa Senhora do Rosário, Festa de
Nossa Senhora Aparecida (Novenário),
Festa da Semana Santa, Festa de São
Sebastião, Festa de São Francisco de
Paula, Carnaval – Chico Folia.
Atrativos: Cachoeira Pimonte, Praça Pedro
Severino de Aguiar, Praça do Rosário,
Igreja de Nossa Senhora do Rosário,
Igreja Matriz de São Francisco de Pau-la,
Fazenda Morro Vermelho, Fazenda
Vista Alegre, Fazenda 3 irmãos.
Carmópolis de Minas
População: 15743 (em 2007)
Área: 401 Km2
Referências Econômicas: A principal ativi-dade
econômica de Carmópolis de Mi-nas
é a agricultura, principalmente de
produtos como o tomate, milho e café.
Pib per capita: 6337,00 (em 2006)
Hospedagem: 2 hotéis, totalizando 46 lei-tos.
Alimentação: 2 restaurantes, 2 sorveterias
e 17 bares.
Manifestações Culturais e Eventos: Fo-lia
de Reis dos Três Reis Santos, Fo-lia
Nossa Senhora do Carmo, Guar-da
de Moçambique Nossa Senhora
das Mercês, Guarda de Congo São
Benedito, Guarda de Catopé Nossa
Senhora do Rosário, Carmoreta, Ro-deio
Entre Amigos.
Atrativos: Mata do Cedro, Mirante
Monte Carmelo, Pinacoteca Muni-cipal
“José Otaviano Costa”, Pesque
e Pague Requinte do Peixe, Capela
dos Passos, Fazenda do Sobrado,
Igreja Matriz de Nossa Senhora do
Carmo, Pesqueiro do Cedro, Praça
do Rosário, Sítios Arqueológicos.
Cachoeira Pimonte. Fonte: Circuito Turístico
Campo das Vertentes, 2009
Pesque e Pague. Fonte: SETUR/MG
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Desterro de Entre Rios
População: 6914 (em 2007)
Área: 370 km2
Referências Econômicas: atividade agrope-cuária
e artesanato local
Pib per capita: 3676,00 (em 2006)
Hospedagem: 2 hotéis, totalizando 37 lei-tos
Alimentação: 2 restaurantes
Manifestações Culturais e Eventos: Festa
do Rosário (Pereirinha), Festa de Reis
(São Sebastião do Gil), Festa do Produ-tor
Rural.
Atrativos: Cachoeira dos Carrinhos, Ca
choeira de São Sebastião do Gil, Serra
de Santo Antonio. Cachoeira dos Carrinhos
A Complementaridade nos Circui-tos
Turísticos
O destino turístico constitui-se, simul-taneamente,
em espaço de produção e de
consumo, nesse contexto, a especialização
turística é obtida através das relações de
complementaridade e concorrência com ou-tros
setores produtivos (Lozato, 1990).
Beni (2006) ressalta que o valor agre-gado
percebido pelo turista em relação às
destinações complementares, trabalhadas
em conjunto, é maior que os valores perce-bidos
de maneira individual e isolada. Para
ele, a utilização da imagem que cada desti-nação
dispõe para os segmentos de deman-da
pode ser potencializada quando reali-zada
pelo trabalho conjunto de formatação
de produtos turísticos primários entre as
destinações.
Na formação de circuitos turísticos essa
complementaridade se torna essencial e,
conseqüentemente, visível. O desenvol-vimento
conjunto de produtos turísticos,
como a formatação de roteiros, junto à sin-gularidade
que cada município possui, pos-sibilita
um maior valor agregado percebido
pelo visitante.
Tomás e Masgrau (1998) ressaltam
que os modelos de multidestinação, como
no caso dos circuitos turísticos, possibili-tam
que o visitante busque não apenas os
principais destinos, mas também os com-plementares
e secundários, proporcionan-do
um maior aproveitamento do espaço
geográfi co.
Assim, o potencial turístico da mul-tidestinação
apresenta benefícios conside-ráveis
ao turista que se encontra em uma
redução de tempo e de custo da viagem,
combinando diversos destinos em apenas
uma viagem. Além de uma otimização
das expectativas do grupo de viajantes,
pois estas são sempre diferentes entre os
Lago do Dornelas. Fonte: Circuito Turístico
Campo das Vertentes, 2009
Passa Tempo
População: 8494 (em 2007)
Área: 429 Km2
Referências Econômicas: Agricultura e
Pecuária predominam
Pib per capita: 6813,00 (em 2006)
Hospedagem: 1 hotel com 9 leitos
Alimentação: 1 restaurante
Manifestações Culturais e Eventos: Fes-ta
de São Judas e Congado
Atrativos: Cachoeria do Vau, Cachoeira
do Dornelas, pesque pague Paraíso
do Dornelas, Fazenda Bangüês, Fa-zenda
Campo Grande, Casa de cul-tura
de Passa Tempo, Matriz Nossa
Senhora da Gloria.
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membros do grupo, de forma que o conjunto
de destinos ou atrativos visitados na mul-tidestinação
combinam interesses de todos
os participantes no itinerário, circunstân-cia
pouco provável nos itinerários de desti-no
simples (Tomás e Masgrau, 1998).
Para esses autores, a combinação de
conceitos motivacionais e geográficos se
desprende da idéia de atração acumulati-va,
que permite valorar grupos de atrati-vos
que independentemente teriam escasso
valor. Quando os atrativos se juntam, ofe-rece-
se uma massa crítica superior às indi-viduais,
conseguindo um espaço geográfico
mais amplo e uma maior penetração nos
mercados.
Aprofundando mais na análise da mul-tidestinação,
Chi-Chuan Lue (1993 apud
Tomás e Masgrau, 1998) diferencia duas
tipologias básicas de combinação de atra-tivos,
os similares e os complementares
e compatíveis. Para os autores, a comple-mentaridade
indicada depende da estrutu-ra
espacial, além da proximidade entre os
atrativos e da distância de ambos relativa
ao ponto de origem.
Para Vera (1997), a complexidade do
produto turístico deriva do próprio fenôme-no
do turismo e de seu peculiar significado
como atividade econômica. Para o autor,
este seria uma combinação de prestações e
elementos tangíveis e intangíveis que ofe-recem
benefícios ao cliente como resposta
a determinadas expectativas e motivações.
Assim, se concebe o produto turístico como
a realidade integrada que capta ou percebe
a demanda turística, e que não se compõe
de um só elemento, mas sim que compreen-de
um conjunto de bens, serviços e entorno,
que o visitante percebe ou utiliza.
Fonseca Netto (1992), ao oferecer al-guns
subsídios metodológicos que possibi-litam
a interpretação analítica do processo
de desenvolvimento municipal, cita, dentre
outras, a dimensão funcional. Para o autor,
o volume e a diversificação dos equipamen-tos
urbanos em matéria de infra-estrutura
econômica (de produção e de apoio), social
e comunitária, bem como seu ritmo de
criação e/ou desenvolvimento na comuni-dade
local constituem uma das formas de
crescimento do município.
Desse modo, “a análise da evolução do
desenvolvimento das funções urbanas (gri-fo
nosso) e seus equipamentos, ou seja, das
principais mudanças estruturais no perfil
funcional da unidade municipal deve re-velar
os padrões de assentamentos face à
dinâmica de sua base técnica que dita, ao
mesmo tempo a distribuição espacial das
atividades e a natureza da diversificação
das funções urbanas” (Fonseca Netto,
1992: 10).
Sob esse prisma, a complementaridade
das funções urbanas, mais especificamen-te
às ligadas à atividade turística, entre os
municípios pertencentes a um circuito tu-rístico
se torna uma das principais carac-terísticas
da dinâmica dos circuitos. Valls
(1996: 219) estrutura os produtos turísti-cos
como principais, periféricos e comple-mentares,
e caracteriza seus respectivos
benefícios. (Figura 3).
Nos Circuitos Turísticos é possível en-contrar,
analogamente como fez Valls, mas
tomando-se cada município como se fos-se
um produto turístico, as três denomi-nações,
mostradas na fig 4.
Em grande parte dos Circuitos, exis-
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Bruno A. Ramos; Roberto dos Santos & Ricardo Mello
Produto
Periférico
Produto
Complementar
Produto
Periférico
Produto
Principal
Produto
Produto Periférico
Complementar Produto
Complementar
Produto
Complementar
Produto
Periférico
Figura 3. Estruturação do Produto Turístico. Fonte: (VALLS, 1996).
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170
te dentre seus municípios pertencentes
aquele(s) com mais funções urbanas, ou
mais completas, para oferecer aos seus vi-sitantes,
como uma maior variedade de res-taurantes,
hotéis, pousadas, dentre outros.
Esta demanda pode não ser apenas turís-tica,
mas por outros motivos, como a exis-tência
de empresas naquela cidade. Tal(is)
município(s), em uma visão sistêmica do
Circuito Turístico, poderiam ser chamados
de município Principal.
Há também os municípios possuidores
de atrativos que de certa forma geram al-guma
demanda de visitantes, e que por sua
vez já possuem uma certa oferta de infra-estrutura,
como hospedagem e alimentação
(funções urbanas não muito desenvolvidas
ou em desenvolvimento) mas não se compa-rando
aos municípios principais, podendo
ser chamados de municípios Periféricos.
Além de existirem os municípios pos-suidores
de alguns atrativos turísticos,
cuja demanda por visitantes não justificam
determinados investimentos, e os riscos
para tal são elevados, podendo assim ser
chamados de municípios Complementares
(com funções urbanas escassas ou muito
deficientes).
Neste sentido, a formação do Circuito
pode fazer com que os municípios comple-mentares
tenham seus atrativos visitados
por turistas de regiões mais distantes,
não se preocupando com o risco de se fa-zer
grandes investimentos em funções
urbanas, como construção de hotéis para
recebê-los, já que dentro do circuito, onde
a distância entre os municípios não pode
ser grande, este visitante pode contar
com uma infra-estrutura melhor no mu-nicípio
principal, e/ou no complementar,
com serviços de hospedagem, saúde, co-municação,
etc. Assim, apenas baixos in-vestimentos
como preservação de atrati-vos,
construção de restaurantes, lojas de
artesanato e souvenires, dentre outras,
poderiam ser suficientes para que os vi-sitantes
provocassem uma maior geração
de renda para o município complementar.
O município principal se beneficia tam-bém
pelo aumento da permanência dos vi-sitantes
na região, na busca por conhecer
outros atrativos que não sejam apenas
na cidade mas também nos municípios
vizinhos, complementares e periféricos,
pertencentes ao circuito. Este fato eleva a
receita dos empreendedores turísticos do
município e conseqüentemente aumenta a
distribuição de renda na comunidade em
geral. Com isso o município principal ad-quire
forças para se adaptar aos gostos e
preferência dos visitantes, aumentando o
nível de satisfação e a garantia do retorno
destes na região.
E os municípios periféricos também
poderiam se desenvolver mais com o flu-xo
maior de turistas na região, pois a for-mação
do circuito turístico pode propor-cionar
ao visitante uma maior variedade
de atrativos e funções urbanas (dentro do
circuito), possibilitando a todos os muni-cípios
um incremento na demanda. As-sim,
com um aumento do fluxo de seus
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Complementaridade da função turismo nos circuitos turísticos de Minas Gerais ...
Complementar
Complementar
Principal
Complementar
Periférico
Principal Periférico
Interação entre
todos no Circuito
Figura 4 Complementaridade dos municípios no Circuito Turístico. Fonte: Adaptado de Valls (1996).
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visitantes, o município periférico adquire
condições de aperfeiçoar, desenvolver e am-pliar
sua estrutura existente, no sentido de
satisfazer as necessidades dos clientes, e,
conseqüentemente, mantê-los no local.
Ressalta-se que nem todos os circuitos
possuem dentre seus municípios um ou
mais que seja o principal, mas a interação
entre eles gera um produto regional global
(composto por atrativos e funções urbanas),
já que a distância entre eles é pequena e
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Bruno A. Ramos; Roberto dos Santos & Ricardo Mello
conseqüentemente o deslocamento entre
cada um também é pequeno.
O circuito turístico Campo das Verten-tes
pode ser um exemplo disso, pois apre-senta
um perfil bem similar entre seus mu-nicípios,
com exceção da cidade de Oliveira,
que se destaca em população, número de
leitos nos hotéis e empresas de alimentação
(ver gráfico 1 e 2 e tabela 1.).
Porém, mesmo assim ela não poderia
ser considerada um município principal,
População dos municípios
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Carmo do cajuru
Carmópolis de Minas
Cláudio
Desterro de Entre Rios
Oliveira
Passa Tempo
Piracema
São F. de Paula
Gráfico 1: População dos municípios que fazem parte do circuito turístico Campo das Vertentes.
Fonte: IBGE Cidades
Cidade População Hospedagem (leitos) Alimentação (empresas)
Carmo do cajuru 18875 69 12
Carmópolis de Minas 15743 46 21
Cláudio 24590 91 33
Desterro de Entre Rios 6914 37 2
Oliveira 37805 507 119
Passa Tempo 8494 9 1
Piracema 6554 9 2
São F. de Paula 6246 475 17
Tabela 1: Relação de municípios e seus respectivos números de população, leitos e empresas que pres-tam
serviços de alimentação. Fonte: IBGE Cidades e SETUR/MG (2009).
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pois a comparando com Divinópolis, um
município bem próximo ao circuito (ver
mapa 1, anteriormente apresentado), pode-se
visualizar uma grande diferença entre
população, número de leitos e empresas de
alimentação (ver tabela 2 e gráfico 3).
Vale ressaltar que o número de leitos
oferecidos pelo município de São Francisco
de Paula se equipara com a cidade de Oli-veira
(ver gráfico 2, acima), mas este fato
ocorre por causa de um pequeno resort lo-calizado
em sua zona rural, o qual detém
81% do total de leitos do município.
O fato de um circuito, como o Campo das
Vertentes, não apresentar em sua formação
um município principal não o prejudica,
pois mesmo com municípios periféricos e
um complementar (Oliveira), a complemen-taridade
de suas funções (principalmente
turísticas), gera nos visitantes a sensação
de um produto regional global, (menciona-do
anteriormente), já que a distância entre
eles é pequena e conseqüentemente o deslo-camento
entre cada um também é pequeno.
Outra oportunidade do circuito Campo
das Vertentes ampliar suas funções urba-nas
seria a incorporação do município de
Divinópolis, que atualmente não pertence
a nenhum circuito turístico do Estado e
se localiza em sua área de abrangência .
Assim, o circuito ampliaria suas funções
urbanas pela complementaridade pro-porcionada
por um município principal.
Como visto anteriormente, este município
principal também seria beneficiado pelo
aumento do consumo de serviços de ali-mentação,
hospedagem, transporte, etc.
ali oferecidos.
Desta forma, o desenvolvimento e
crescimento que cada município do circui-to
busca, seja ele principal, periférico ou
complementar, na intenção de atrair cada
vez mais visitantes, é benéfico para todos
os outros integrantes. Desde que este des-envolvimento
esteja focado na satisfação
do turista, da comunidade, na preser-vação
do meio ambiente, ou seja, que ten-ha
uma visão de sustentabilidade.
A complementaridade no circuito tu-rístico
exige um trabalho dinâmico e em
conjunto entre seus integrantes, e a coo-peração
entre eles se torna essencial. Beni
(2006) ressalta que a cooperação pode ser
citada como um dos principais tipos de
relacionamento entre um agrupamento
de destinações, e cita duas estratégias de
Complementaridade da função turismo nos circuitos turísticos de Minas Gerais ...
Municípios x Meios de Hospegagem e
Alimentação
0
100
200
300
400
500
600
Carmo do
cajuru
Carmópolis
de Minas
Cláudio
Desterro
de Entre
Oliveira
Passa
Tempo
Piracema
São F. de
Paula
Hospedagem (leitos) Alimentação (empresas)
Gráfico 2: Relação dos municípios do circuitos Campo das Vertentes e seus números de
leitos e empresas de alimentação. Fonte: SETUR/MG (2009).
Cidade População Hospedagem (leitos) Alimentação (empresas)
Oliveira 37805 507 119
Divinópolis 209921 3821 1299
Tabela 2: Comparativo entre as cidades de Oliveira e Divinópolis/MG. Fonte: IBGE Cidades e
Prefeitura Municipal de Divinópolis, Secretaria de Fazenda Municipal (2009).
desencadeá-la.
A primeira é a estruturação do empresa-riado
através de estímulo à criação de as-sociações
setoriais representativas, o que
propiciará maior força e representatividade
do empresariado perante o governo e tam-bém
um maior poder de barganha perante
os seus fornecedores. A segunda é o estabe-lecimento
de fóruns de discussão capazes de
aproximar a visão dos diferentes setores da
atividade turística quanto ao produto turís-tico
final oferecido e as relações necessárias
entre eles para que tal produto seja compe-titivo
no mercado. E quando se trabalha os
circuitos turísticos, as duas estratégias de-vem
ser abordadas.
Considerações finais
Os circuitos turísticos representam uma
nova concepção de relacionamento entre as
diversas esferas do poder público e da socie-dade
civil, pois exigem um esforço no sen-tido
de construir, coletivamente, um novo
modelo de gestão. O trabalho envolve ne-gociações
permanentes entre as instâncias
envolvidas, articulações de acordos diversos
e planejamento das ações de forma partici-pativa,
visando à integração entre os muni-cípios
participantes.
A organização do espaço geográfico em
circuitos possibilita construir uma política
pública mais democrática, sem a exclusão
dos municípios menores, que não possuem
ou é pequena a infra-estrutura turística
(função turismo), mas oferecem atrativos
173
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 9(1). 2011 ISSN 1695-7121
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únicos que podem ser explorados.
A complementaridade entre os municí-pios
pertencentes aos circuitos turísticos,
principalmente com relação à função turis-mo,
em muito pode contribuir para propor-cionar
uma melhor estrutura para o rece-bimento
dos visitantes para a região, como
serviços alimentação, hospedagem, lazer,
etc. Isto ajuda a manter o visitante por um
período maior na região e, conseqüente-mente,
pode gerar emprego e renda para as
localidades ali inseridas.
A integração é necessária tanto aos
indivíduos envolvidos diretamente na im-plementação
do Circuito, como também à
ação interinstitucional de todos os agentes
públicos e privados. Isto porque a ativida-de
turística depende da qualidade de vá-rios
serviços e equipamentos, como infra-estrutura,
saneamento básico, transporte,
coleta e destinação de lixo, abastecimento
de água e energia elétrica, dentre outros. O
efeito dessa sinergia potencializa o resulta-do
das ações e facilita o alcance de objetivos
comuns.
Lembramos que a intenção deste trabal-ho
foi mostrar as possíveis contribuições da
complementaridade e cooperação na dinâ-mica
dos circuitos turísticos do Estado de
Minas Gerais, tomando-se como estudo de
caso o circuito Campo das Vertentes, fun-dado
em 2005 e localizado na região centro-oeste
do Estado.
Atualmente a Secretaria de Estado de
Turismo de Minas Gerais (SETUR), conta
0%
20%
40%
60%
80%
100%
População Hospedagem
(leitos)
Alimentação
(empresas)
Comparação entre Oliveira e Divinópolis
Oliveira Divinópolis
Gráfico 3: Comparativo entre as cidades de Oliveira e Divinópolis/MG. (Gráfico gerado da tabela 2).
Fonte: IBGE Cidades e Prefeitura Municipal de Divinópolis, Secretaria de Fazenda Municipal (2009).
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174 Complementaridade da função turismo nos circuitos turísticos de Minas Gerais ...
com 51 Circuitos Turísticos, envolvendo ao
todo 546 municípios. E no Circuito Turísti-co
Campo das Vertentes, nota-se, nos mu-nicípios
que o compõe, grande entusiasmo
com relação ao desenvolvimento da ativida-de
turística na região, (Ramos, 2007).
Depois de oficializado, o Circuito Cam-po
das Vertentes se englobou nos projetos
de desenvolvimento da SETUR, o qual
já está participando de variadas oficinas
como: Empreender com Foco no Turismo,
pequeno guia de turismo local, capacitação
na língua inglesa, treinando nosso recep-tivo,
etc.
A Secretaria de Turismo de Minas, em
parceria com o Governo Federal, realiza,
bimestralmente, um fórum itinerante em
variadas regiões do Estado para captação
de projetos que visam o desenvolvimento
da atividade turística. No último fórum,
realizado na cidade de Poços de Caldas no
dia 20 de outubro de 2009, foi aprovado um
projeto elaborado pelo Circuito Campo das
Vertentes, visando à sinalização em todas
as cidades que o compõe, sendo enviado
para o Ministério do Turismo para libe-ração
dos recursos.
Por outro lado, características que di-ferem
os circuitos são muitas, pois como
cada circuito é formado por um conjunto de
municípios (pela Resolução Setur Nº 022,
23 de dezembro de 2005, cada circuito deve
ser formado por no mínimo cinco municí-pios),
mesmo se houverem dois circuitos
muito semelhantes em alguns aspectos
(PIB per capta, clima, vegetação, atrati-vos,
proximidade entre os municípios que
os compõem, etc.), eles poderão ser diferen-tes
em outros (cultura, logística em relação
a determinado pólo emissor de visitantes,
infra-estrutura, gestão, etc). Desse modo,
formular tais políticas se torna um desafio
aos governantes deste Estado.
Nesse sentido, é intenção deste tra-balho
contribuir, de alguma maneira, no
esclarecimento ao governo e planejadores
interessados nesta temática, de que não
se podem tratar estes circuitos como se
fossem iguais, como acontece atualmente.
É importante demonstrar que cada mu-nicípio
que compõe um circuito tem suas
características, sua peculiaridade, e, con-seqüentemente,
o mesmo acontece com os
circuitos como um todo.
Assim, quando se formula alguma po-lítica
em prol do desenvolvimento destes,
é necessário analisá-los de maneira indi-vidual,
pois dependendo da intervenção
realizada com sucesso em determinado cir-cuito,
pode ser que em outro esta não terá
efeito, ou, até mesmo, ter um efeito nega-tivo.
Lembremos que a intenção deste trabal-ho
foi mostrar as possíveis contribuições
da complementaridade e cooperação na
dinâmica dos circuitos turísticos do Esta-do
de Minas Gerais, assim, é importante
que outras pesquisas venham contribuir
e complementar esta discussão.
Bibliografia
Beni, M. C.
2006 Política e planejamento de turismo
no Brasil. São Paulo: Aleph.
Chi-Chuan Lue. et al.
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PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 9(1). 2011 ISSN 1695-7121
Bruno A. Ramos; Roberto dos Santos & Ricardo Mello
Recibido: 18/08/10
Reenviado: 21/11/10
Aceptado: 10/12/10
Sometido a evaluación por pares anónimos
Vera, J. F. (Coord.).
1997 Análisis territorial del turismo. Bar-celona:
Ariel.
1. MINAS GERAIS. Lei 13341, 28 de outubro de
1999.
2. MINAS GERAIS. Decreto 43.321 de maio de 2003.
3. De acordo com a Resolução Setur (Secretaria de Es-tado
do Turismo de Minas Gerais) Nº 006, 09 de junho
de 2005, os municípios pertencentes a um circuito não
devem ultrapassar 100 Km de distância entre eles, e a
cidade de Divinópolis está dentro deste limite. Da cida-de
de Carmo do Cajuru, por exemplo, ele fica a apenas
8 Km de distância.
Notas