Vol. 7 Nº1 págs. 1-11. 2009
www.pasosonline.org
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Interfaces entre turismo e migrações: uma abordagem epistemológica
Margarita Barretto ii
Univ. Regional de Blumenau – Univ. Federal de Santa Catarina (Brasil)
Resumo: Este estudo objetiva sistematizar as várias interfaces entre turismo e migrações, buscando
contribuir com a teoria turística a partir dos estudos da mobilidade. E uma primeira tentativa de abordar
o tema, que parte de três afirmações factuais; a primeira, que turismo e migrações são duas
manifestações de um fenômeno maior, qual seja o da mobilidade ou deslocamento geográfico que
inclusive compartem motivações e objetivos; a segunda, que a mobilidade é um fenômeno crescente; a
terceira, que as tecnologias relacionadas à comunicação e a informação propiciam maior mobilidade.
Palavras-chave: Turismo; Migrações; Sociedade; Cultura.
Abstract: This paper aims to register some interfaces between tourism and migrations as a contribution
to tourism theory grounded on studies on mobility. In this first approach, the author begins with three
factual statements: first, tourism and migration are two sides of a greater social phenomenon- mobility or
geographical displacement- which share motivations and objectives; second, that mobility is a growing
phenomenon; third that new information and communication technologies help mobility..
Keywords: Tourism; Migrations; Society; Culture
ii • Margarita Barretto e Doutora em Educação, com ênfase em Ciências Sociais Aplicadas e Bacharel em Turismo.
Docente da FURB-Fundação Universidade Regional de Blumenau e do Programa de Pós Graduação em Arquitetura
da UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina Editora da RBTur- Revista Brasileira de Pesquisa e Póst
graduação em Turismo.Coordenadora da coleção Turismo da Editora Papirus e escritora de livros sobre o tema..
E-mail:barretto@floripaturbo.com.br
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Conceituação
Os fenômenos estudados, turismo e
migrações, apresentam estágios de
pesquisa científica diferenciados, o que
torna sua análise e comparação tarefas
complexas.
O conceito de turismo está ligado, tanto
no imaginário popular quanto no âmbito
científico, a situações prazerosas, lúdicas,
de lazer, diversão e/ou férias.
O de imigração, ao contrário, está
representado no imaginário popular como
uma experiência de sofrimento,
desenraizamento, luta, pobreza, privação.
No entanto, trata-se de fenômenos que
incluem deslocamento no espaço, mudança
de lugar de residência e muitas vezes,
obedecem ao desejo de evasão.
Há consenso de que as migrações
constituem fenômenos sociais totais, que
precisam do concurso de muitas disciplinas
que dêem conta tanto dos processos
emigratórios quanto dos imigratórios
(Sayad, 1992), consenso que também
começa a se perfilar nos estudos de
turismo.
Muitas pessoas percebem ou vivenciam
a continuidade entre um e outro fenômeno.
Em pesquisa realizada para sua tese de
doutorado, (Barretto,1998) esta
pesquisadora estudou casos de uruguaios
residentes numa cidade do interior
paulista, comprovando que muitos deles
não se auto identificavam como
“imigrantes” Todos os entrevistados
realizavam viagens freqüentes para ver
suas famílias no país de origem, e
mantinham uma comunicação constante
por internet e telefone. Muitos inclusive
tinham começado sua trajetória como
residentes no Brasil, na condição de
turistas: a partir de uma viagem turística,
apaixonaram-se pelo país ou pela cidade, e
decidiram morar nela.
Um fato semelhante foi constatado num
estudo sobre turismo em Canasvieiras,
praia de Florianópolis (Barretto,2002) onde,
embora o assunto não fosse o foco, a
evidência empírica mostrou que muitos
turistas transformaram-se em residentes,
legais ou ilegais.
Os estudos sobre o tema realizados por
outros autores, como Hall (2000) Lasch e
Urry, (1994, cap. 10) Rojek e Urry (1997) e
fundamentalmente a obra de Kaplan
(1996), são indicativos de que a experiência
migratória e a experiência turística têm
muitos pontos em comum no presente
momento histórico. Tampouco deve ser
coincidência que um dos primeiros
sociólogos a estudar turismo, Emmanuel de
Kadt, está no momento defendendo o
direito dos imigrantes a manterem suas
respectivas culturas de origem nos lugares
que escolheram para residir (de Kadt e
Williams, 2001)
Não obstante, estes estudos têm pouca
representatividade dentro do contexto
acadêmico mundial. Lash e Urry (1994, p.
254) afirmam que há pouca pesquisa sobre
a mobilidade, que se evidencia na ausência
de uma sociologia da viagem e defendem
que se façam estudos da organização social
da mobilidade e os efeitos desta na
subjetividade das pessoas.
No editorial do primeiro número de uma
revista dedicada aos estudos de turismo, os
já mencionados Franklin e Crang (2001, p.
11) dizem que, o turismo deveria procurar
nexos com outras mobilidades, tais como a
migração e as diásporas, o que denota a
ausência deste tipo de estudos.
A União Internacional de Geografia
(IGU), a través do Grupo de Estudos em
Geografia do Turismo Sustentável vem
realizando, desde 1998, estudos
interdisciplinares sobre as várias interfaces
em turismo e migrações: o turismo como
uma forma de migração, o turismo gerando
migrações e as migrações gerando fluxos
turísticos, e relacionando estas com as
mudanças sociais, culturais e espaciais e
identitárias da atual fase da globalização.
Os coordenadores do projeto afirmam que:
O nexo entre o turismo e as mi-grações
representa um território
fértil e até agora virgem ofere-cendo
ricas recompensas para os
pesquisadores de turismo e mi-grações.
(Hall e Williams, 2002,
p. 3)
No Brasil, essa aproximação progressiva
entre migrações e turismo, tanto de forma
estrutural quanto a partir da percepção dos
sujeitos não tem sido trabalhada, ou pelo
menos não há publicações que indiquem
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que estudos desta natureza estejam sendo
realizados.
Pelo contrário, parece haver uma
separação bem clara entre aqueles que
estudam o tema migrações, que é
considerado um “objeto sério” de estudos
para a antropologia, a geografia, a
demografia e a história, e os estudos de
turismo, que são considerados,
historicamente dentro da academia, como
campo “pouco sério”, havendo até
discriminação para com aqueles cientistas
que a ele se dedicam.
Em nível mundial, podem ser
mencionados os estudos que John Urry
desenvolve no Instituto da Mobilidade, da
Universidade de Lancaster (Inglaterra) e
da Nova Zelândia, onde o geógrafo Michael
Hall coordenou durante vários anos, a
partir da Universidade de Otago, o Projeto
de Pesquisa em Turismo e Migrações.
Turismo e Migrações perante a Lei
Do ponto de vista legal ser turista ou
imigrante é, em qualquer parte do mundo,
uma questão de vistos.
No Brasil, existem sete tipos de visto
concedidos aos estrangeiros, para
permanecerem por diferentes períodos de
tempo: de trânsito, de turista, temporário,
permanente, de cortesia, oficial e
diplomático, além de uma condição especial
de asilado, reservada às pessoas que sofrem
perseguição política e envolve normas de
Direito Internacional.1
Referente ao visto permanente, a lei
reza que: "Para obter visto permanente o
estrangeiro deverá satisfazer as exigências
de caráter especial, previstas nas normas
de seleção de imigrantes, estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Imigração"2 (Art. 26,
Decreto 86.715) (Oliveira:41, apud
Barretto, 1998).
Este tipo de visto deve ser requerido na
representação consular do Brasil no país de
origem do estrangeiro.
A lei também diz que caso ao
estrangeiro portador de visto permanente
lhe seja designada uma determinada região
para fixar-se, não poderá mudar-se dela a
não ser com autorização expressa do
Departamento Federal de Justiça.
A observância das leis de contenção da
imigração, no entanto, não parece ter sido
muito estrita, conforme pode-se constatar
mediante observação empírica
Em outros países, como por exemplo
Austrália e Israel, há outro tipo de
legislação que permite o trabalho
temporário, por exemplo o visto de férias
com possibilidade de trabalho (working
holiday visa)
A Mobilidade geográfica
“A sociedade moderna é uma sociedade
em movimento” (Lash e Urry, (1994, p.
252). Com esta afirmação, colocada na
primeira frase de um capítulo de um livro,
os autores não deixam dúvida quanto a sua
visão da importância da categoria
mobilidade para a sociedade
contemporânea. Esta visão, porém, é
relativamente nova dentro da academia,
onde até a década anterior prevalecia a
visão da mobilidade voluntária como “uma
atividade trivial e periférica” (Lash e Urry,
1994, p.257), visão esta estimulada, em
grande parte, pelo trabalho seminal de
Turner e Ash, o livro The Golden Hordes (A
horda dourada). Lash e Urry enfocam a
mobilidade a partir das possibilidades da
tecnologia, que propiciou a compressão do
tempo e do espaço, mas não se limitam a
ela. Buscam compreender por que as
pessoas pensam, na atualidade, “numa
escala tão incrível, que as viagens são
necessárias, desejáveis e seguras”,
afirmando que “as formas rápidas de
mobilidade tem tido efeitos radicais na
forma em que as pessoas vivenciam o
mundo” (Lash e Urry, p. 253- 255)
Para os referidos autores a rápida
mobilidade é uma experiência
paradigmática do nosso tempo, vinculada
ao estágio atual do capitalismo, (que eles
definem como desorganizado) e já não se
podem estabelecer diferenças claras entre o
turismo e outras atividades que envolvem
viagens (Lash e Urry, 1994, p. 271)
Poucos anos mais tarde, Urry (2000, p.
49) dará ainda caráter mais central à
mobilidade, afirmando que esta “forma e
reforma a vida social e a identidade
cultural”.
A mobilidade como paradigma da
cultura contemporânea está implícita
também nas afirmações de Marc Augé
quando, analisando a obra de Michel de
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Certau, afirma que “o espaço do viajante é o
arquétipo do não lugar” (Augé, 1994, p. 81).
Como exemplo de não lugares, cita
as vias aéreas, ferroviárias, rodo-viárias
e os domicílios móveis
considerados meios de transporte
(aviões, trens, ônibus) os aeropor-tos,
as estações e as estações ae-roespaciais,
as grandes cadeias de
hotéis, os parques de lazer (Augé,
1994, p. 74)
Analisando o comportamento das classes
médias altas, dos executivos e profissionais
liberais, Lasch (1995, p. 14) afirma que,
desde que na atualidade o sucesso está
associado à mobilidade, as novas elites
estão em constante deslocamento, e
diferencia pouco os conceitos de migração e
de turismo.
As pessoas ambiciosas compreen-dem...
que um estilo de vida mi-gratório
é o preço do sucesso....As
novas elites sentem-se à vontade
em trânsito...A sua visão de mun-do
é essencialmente a de um tu-rista.
Kaplan (1986, p. 35) também da um
lugar central ao deslocamento quando
afirma que este “media a paradoxal relação
entre tempo e espaço na modernidade”.
Bauman (1998, p. 103) afirma que “na
atualidade, todos vivemos em movimento”
e, ainda, que na sociedade de consumo a
mobilidade geográfica é um fator de
diferenciação social fundamental. ‘O acesso
à mobilidade global transformou-se no mais
elevado de todos os fatores de
estratificação’. (Bauman, 1998, p. 115)
Clifford (1997, p. 25) afirma que, na
atualidade, não apenas há indivíduos que
viajam, mas que há culturas que são
itinerantes. Os produtores culturais
deslocam-se pelo mundo, levando sua
bagagem simbólica, tornando obsoleto o
paradigma da antropologia clássica do
nativo fixado à terra.
Franklin e Crang (2001, p. 11) também
reconhecem que a mobilidade não é um
direito de todos e não acontece para todos
da mesma forma,
[...]há tantas lembranças da dor
e do terror, tantos obstáculos à
mobilidade, associados com mi-grações
forçadas e luta contra a
pobreza e o medo. A mobilidade
ainda é um privilégio relativo
Deslocamento, viagem, mobilidade, não
importa qual o termo preferido, todos
definem um novo estar na sociedade, um
estar dinâmico que obriga a novos olhares a
partir das ciências sociais.
Fatores coadjuvantes da crescente
mobilidade geográfica: cosmopolitismo e
TICs
Há uma série de fatores coadjuvantes
para a propensão à mobilidade, que
poderíamos resumir na idéia de
cosmopolitismo. Este vem atrelado, de um
lado, à crise do conceito de cidadania
política e, de outro, ao desenvolvimento dos
transportes e das tecnologias de informação
e comunicação (TICs).
O conceito de cidadania é um estado
reconhecido a aqueles que participam
plenamente na sua sociedade (Marshall e
Bottomore apud Urry, 2000, p. 164). Numa
abordagem que tornou-se clássica, Marshall
(1967, p. 63) analisou a cidadania política,
a civil e a social. A primeira refere-se ao
exercício dos direitos e deveres políticos
(votar e ser votado, por exemplo), a
segunda ao direito de ir e vir, direito à
propriedade e a terceira a ter os benefícios
de um mínimo de bem estar garantido pelo
estado. Na atualidade, outras cidadanias
podem ser acrescentadas: a cultural, a das
minorias, a cidadania do consumo (cf.
Barretto, 2004), a cosmopolita e a da
mobilidade (Urry, 2000, p. 167).
Um exemplo de como a cidadania
cultural pode ser mais forte do que a
política está nos estudos realizados em
Porto Rico, considerado “um caso exemplar
de transnacionalismo, onde se evidencia “a
manutenção de laços sociais, econômicos,
culturais e políticos a través das fronteiras
nacionais” (Duany, 2002, p. 58)
No final da década de 1980 e início de
90, ao mesmo tempo em que aconteciam as
lutas para as independências nacionais na
ex-União Soviética, com o ressurgimento de
um forte sentimento nacionalista, o mundo
se organizava em mercados financeiros
globais, viagens internacionais, internet,
marcas reconhecidas mundialmente,
corporações, conferências mundiais sobre
eco-desenvolvimento, todas instâncias que
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transcendem o estado nacional, a cidadania
nacional e a sociedade civil em nível
nacional (Urry, 2000, p. 162) É a
convivência de vários comportamentos,
característica da sociedade pós moderna.
Parece surgir, no lugar da sociedade
nacional, uma sociedade cosmopolita na
qual, a pesar de haver uma certa
predominância dos países do primeiro
mundo, há uma “colonização revertida” em
que os países do chamado terceiro mundo
influenciam o primeiro.
Estas mudanças estão criando
uma sociedade cosmopolita global
[...] surgindo de uma forma anár-quica,
arriscada [...] com influên-cias
que se misturam (Giddens,
1995, p. 19)
O cosmopolitismo é uma característica
dos indivíduos pós-modernos; Ong (apud
Clifford, 1997, p. 257) cita um entrevistado
chinês, com negócios em São Francisco que
lhe disse que “pode viver em qualquer lugar
do mundo, desde que seja perto de um
aeroporto”.
Urry (2000, p. 157) afirma que as
pessoas “habitam em várias mobilidades” e
que podem ser identificados sete tipos de
“cidadãos globais” (Falk apud Urry, 2000,
p. 172): os capitalistas globais, os
reformistas das grandes organizações como
a Unesco, os trabalhadores em rede, os
cidadãos da terra (ecologistas) os
cosmpolitas, (celebridades que vivem
viajando) e os anti- ambientalistas.
Do ponto de vista do cosmopolitismo,
imigrantes e turistas pertencem a vários
mundos, não são mais considerados
metades, como eram no passado, mas
duplos. Hoje em dia, ser binacional, ou
bilíngüe, é um valor agregado à pessoa, que
contribui, entre outras, para sua promoção
profissional (conf. Featherstone, 1995)
Tampouco o cosmpolitismo é visto como
privilégio das classes médias ocidentais.
Diferentes circunstâncias determinam
diferentes tipos de deslocamento, mas até
as culturas transplantadas _e aqui
utilizando o conceito de Darcy Ribeiro_,
mesmo tendo sofrido terríveis experiências ,
criaram suas “culturas de diáspora”.
A história da escravidão, só para
mencionar um exemplo particu-larmente
violento [...] resultou
numa série de culturas negras in-terconectadas,
Afro americanos,
afro-caribenhos [...] (Clifford,
1997, p. 36)
É claro que trata-se de diferentes
diásporas e de diferentes cosmopolitismos
que devem ser estudados em função das
condicionantes históricas específicas, para
não cair em generalizações.
Os estudos de consumo cultural em
diversos países mostram que, nas novas
gerações, as identidades se organizam
menos em torno dos símbolos da história da
pátria e mais pelos de Hollywood ou
Benetton (Garcia Canclini, 1995, p. 09)
A globalização da cultura também dá a
possibilidade de optar entre bens de
múltiplas origens fazendo com que não haja
uma fidelidade ao produto de origem local.
As pessoas não estão definindo sua
identidade pelo consumo de bens da sua
própria cultura mas pela possibilidade de
consumir os mesmos bens de sua "tribo", de
um grupo cultural com o qual se
identificam mesmo que à distância. Isso é
mais evidente na cultura jovem, que
consome o mesmo tipo de música e a
mesma marca de roupa em Londres, Tóquio
ou Rio de Janeiro.
Os transportes, os meios de
comunicação, os esportes, tudo contribui
para que cada vez o indivíduo esteja mais
integrado no mundo, sentindo que pertence
a uma determinada comunidade
desterritorializada, à qual o unem
interesses comuns que criam, muitas vezes,
laços mais fortes do que a proximidade
física.
As oportunidades de trabalho podem
surgir em qualquer parte do mundo e, desta
forma, as pessoas passam a ter família
(migrante) dispersa pelo mundo, e amigos,
o que realimenta o ciclo do turismo.
A influências das TICs
A compressão do tempo e do espaço é um
assunto que foi abordado de vários ângulos
por David Harvey nas suas análises
econômicas, sociais e políticas da pós-modernidade.
Para o autor, esta é uma
condição da pós-modernidade que
diferencia os processos sociais de outros
processos acontecidos no passado.
A intensidade da compressão do
tempo e do espaço no capitalismo
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ocidental a partir de 1960, com
todas as suas incongruências de
efemeridade excessiva e fragmen-tação
nos âmbitos político, priva-do
e social, indica um contexto de
experiências que torna a condição
de pós-modernidade algo especial
(Harvey, 1989, p. 306)
Pelo anterior, a migração dos nossos
dias é diferente das migrações do início do
século passado (e dos anteriores) pelo
menos no aspecto do contato com a terra de
origem.
Enquanto que, nos primórdios do
século XX os migrantes transa-tlânticos
do sul da Europa eram
imigrantes para a vida inteira,
quem sabe nunca mais podendo
retornar a sua terra de origem, o
migrante do final do século retor-na
para visitas com freqüência
(Cavaco apud Hall e Williams,
2002, p. 32)
Estas mudanças no processo foram
possibilitados pelo grande salto das TICs,
tecnologias da informação e de comunicação
também chamadas tecnologias da
inteligência. (Lévy, 1993; Franco, 1997).
Por TICs entendem-se aqui meios de
comunicação de massa (mídia) e
equipamentos de informática. Compreende
telefone, fax, telefone celular, televisão,
rádio, pb X, internet, etc. que hoje
propiciam um contato permanente e em
tempo real com o que sucede em todas as
partes do mundo. Também compreende os
transportes, desde que os trens de alta
velocidade e os aviões possibilitam a
agilização dos deslocamentos numa escala
tampouco vivenciada antes.
Se bem é verdade que o processo de
globalização pode ser rastreado até a era
dos descobrimentos, nunca houve a
possibilidade de experimentar a
instantaneidade e a ubiqüidade, como é
possível no presente momento.
Pela primeira vez a comunicação
instantânea é possível de um lado
a outro do mundo [...] [isto] altera
a própria trama das nossas vidas,
igualmente para pobres do que
para ricos. (Giddens, 2003, p. 11)
Paul Virilio (1990, p. 136) chegou a
temer que estas tecnologias de abolição do
espaço conduzissem o mundo à inércia.
Esta instantaneidade não promoveu a
inércia mas sim câmbios radicais no
comportamento, no próprio conceito de
sociedade, de comunidade, de
pertencimento, de trabalho e de lazer. Na
atualidade pode-se pertencer a uma
comunidade virtual, integrada por pessoas
de todas partes do mundo, pe-se trabalhar
a distância (teletrabalho) e pode-se estudar
a distância, entre outras coisas.
Urry (2000, p. 129) elenca as principais
mudanças ocasionadas pela
instantaneidade: no intercâmbio de
informações que permite que todo mundo
saiba o que acontece ao mesmo tempo em
qualquer parte do mundo; nos âmbitos
tecnológico e organizacional, que igualam
dia e noite, dias de trabalho e finais de
semana, casa e trabalho, casa e
entretenimento; a descartabilidade dos
produtos, lugares e imagens; a efemeridade
das modas, formas de trabalho, idéias e
imagens; a ‘atemporalidade’ dos empregos,
carreiras, valores e relações pessoais; a
proliferação de novos produtos e a
quantidade de desperdiço; o aumento dos
contratos de trabalho de curto prazo e dos
tarefeiros; o mercado internacional de
investimentos disponível durante as 24
horas; a a oferta de lazer, educação e
capacitação em módulos; a crescente
disponibilidade de produtos importados em
qualquer lugar; aumento dos divórcios;
perda da confiança, lealdade e compromisso
nas famílias; a sensação de que a vida anda
muito depressa; preferências políticas
efêmeras
Estudos que aproximam turismo e
migrações
Há estudos que comparam turismo com
outros tipos de deslocamento. Kaplan
compara turismo com exílio (2000, p. 64).
Outros intelectuais têm comparado turismo
a nomadismo; Bauman diz que o termo
nômade não é adequado porque escamoteia
as diferenças e estabelece uma distinção
bem clara entre as características da
viagem turística e as outras viagens
realizadas pelas classes subalternas que,
por situações políticas ou econômicas, são
obrigadas a sair do seu lugar de origem.
Para Bauman existem os turistas e os
vagabundos, que são os refugiados, os
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exilados, os imigrantes clandestinos que
ninguém quer aceitar.
Os turistas se deslocam ou permanecem
num lugar conforme seus desejos.
Abandonam o lugar quando novas
oportunidades desconhecidas os chamam de
algum lugar.
Os vagabundos sabem que não fi-carão
muito tempo num lugar por
mais que desejem fazê-lo porque
não são bem vindos em nenhum
lugar. Os turistas deslocam-se
porque o mundo a seu alcance
(global) é irresistivelmente atra-ente;
os vagabundos, porque o
mundo ao seu alcance (local) é in-suportavelmente
inóspito. (Bau-man,
1998, p. 122)
Esta metáfora do vagabundo tem sido
objeto de muitas citações e também de
críticas. Para Hall e Williams (2002, p.
278), trata-se de uma simplificação muito
grande da questão da mobilidade que
apresenta muitas gradações entre um e
outro extremo.
Tomando como base fundamentalmente
os trabalhos de Urry, Franklin e Crang
afirmam que nos estudos de turismo as
fronteiras entre “casa” e “fora de casa”
estão se tornando difusas.
Cada vez mais trabalhadores de
turismo, emigrados e diversos
grupos de residência mais o me-nos
permanente estão criando
comunidades transnacionais sus-tentadas
pelas redes do turismo.
(Franklin e Crang, 2001, p. 12)
Também a fronteira está cada vez mais
difusa entre turistas e pessoas que viajam a
certos tipos de trabalho, tais como
conferencistas, participantes de congressos.
(Jokinen e Veijola, 1997, p. 49), e há uma
discussão há muitos anos, dentro da
academia, sobre a inclusão das viagens de
negócios como turismo, que não será
abordada neste contexto.
Há outros casos em que ainda é mais
difícil estabelecer uma distinção, como, por
exemplo, filhos de pais separados que
moram em diferentes cidades e que passam
uma parte do ano como cada um, ou
pessoas que ficam durante longos períodos
de tempo fazendo tratamento de saúde (cf.
Hall e Williams, 2002 p. 6-7). Nestes dois
casos, não há, como no caso das viagens de
negócios, o fator remuneração para
distinguir turismo de migração temporária.
Se tomarmos a possibilidade de escolha
como critério, poder-se ia dizer que o
tratamento de saúde não permite escolha,
porém, muitas vezes pode-se escolher entre
um lugar e outro para fazer o mesmo.
Pode-se também dizer que o turismo
constitui uma migração temporária, no caso
do turismo de férias em que as pessoas
passam longos períodos instalados numa
casa, cumprindo algumas das rotinas da
população local, tais como ir ao
supermercado, contratar serviço doméstico,
e muitas outras.
Outros casos em que é muito difícil
estabelecer as diferenças entre turistas e
migrantes é quando estes últimos retornam
a seus lugares de origem para uma visita.
Este tipo de deslocamento vem sendo
estudado sob a classificação de “Visita a
Amigos e Familiares” (VFR tourism). Onde
este tipo de turismo foi estudado, verificou-se
que responde por altíssimas
porcentagens do movimento internacional
(Hall e Williams, 2002, p. 39)
Nos estudos sistematizados pelos
referidos autores são identificados vários
tipos de migração relacionados ao turismo:
migração dos aposentados, migração
temporária para trabalhar em serviços
turísticos (seja como empregado ou como
empreendedor), migração de retorno (onde
muitas vezes o migrante abre um negócio
relacionado ao turismo) (Hall e Williams,
2002, p. 33). No segundo caso, a migração
acompanha o movimento turístico; no
primeiro, a migração pode acontecer depois
de uma ou uma série de visitas de caráter
turístico e depois, por sua vez, provoca
novas formas de turismo, como a de
visitação de parentes e amigos. Também
podem ser identificados outros tipos de
deslocamentos temporários onde as
fronteiras entre turismo e migrações estão
difusas: estudantes, empresários e
executivos que ficam por períodos definidos
para executar tarefas específicas, que
podem, (independentemente do status
legalmente conferido), ser considerados
migrantes temporários ou turistas de mais
longa permanência. As migrações dos
aposentados são emblemáticas desta
mistura entre as fronteiras de turismo e
migração (Hall e Williams, 2002, p. 36)
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Hall e Williams (2002, p. 9) desenvolvem
um modelo sistémico de ciclos em que os
turistas passam a ser trabalhadores
temporários, depois residentes
permanentes, atraem amigos que os
visitam gerando um novo ciclo e
finalmente, retornam ao seu lugar de
origem.
Jorge Duany identifica processos de
migração de retorno e o que ele denomina
“migração circular” entre os
portorriquenhos que vão aos Estados
Unidos, e retornam posteriormente,
movidos por um sentimento de identificação
com a sua latinidade.
A migração portorriquenha con-temporânea
parece mais um fluxo
circular ou pendular, um movi-mento
de porta giratória e não
uma re-alocação unilateral e irre-versível
de pessoas.(Duany, 2002,
p. 60)
Hall e Williams (2002, p. 32) também
referem a existência de ciclos de migração e
retorno de variada duração e colocam o
turismo de visitar parentes e amigos como
exemplo da migração circular.
Há autores, como Joszef Borocz, que
definem o turismo como uma migração de
lazer (leisure migration).
Caren Kaplan, no seu livro “Questions of
Travel” fundamenta-se na sua experiência
de vida como imigrante e viajante para
analisar dentro de um mesmo marco
teórico, turismo, migrações, exílio, na
modernidade e na pós-modernidade.
Em Israel há uma estreita relação entre
turismo e migrações. Há tours para
potenciais imigrantes oferecidos pela
Agência Judaica; uma das motivações
turísticas é verificar “oportunidade de
migração, para verificar as perspectivas
sócio-econômicas” (Oigenblick, 2002, p.
1092). Ao mesmo tempo, a primeira visita
aparece como o fator mais importante para
influenciar a decisão de migrar (Oigenblick,
2002, p. 1093). Também o turismo aparece
com fundamental para a formação de redes
de migrantes e como um contato com a
diáspora. (Oigenblick, 2002, p. 1098;
Krakover apud Hall e Williams, 2002, p.
17)
Um informe apresentado no por Padilla
Dieste (2003, p. 18) afirma, a partir de
dados extraídos de vários países de
América Latina, que ‘sob determinadas
conjunturas de instabilidade política e
econômica, acontecem fluxos turísticos
encobertos de turismo’.
Estudos realizados na Espanha com
imigrantes chineses, também mostram a
passagem de turista para migrante assim
como a fronteira difusa entre turismo e
migrações ilegais.
Apesar de que a maior parte das
entradas ilegais na Espanha a-contece
por mar em pequenos bar-cos,
a maior parte dos chineses
que entra de contrabando o faz
através dos aeroportos, com vis-tos
de estudante ou turista, e de-pois
ficam [...] como a indústria
turística é uma fonte de divisas
importante para o país, é difícil
aumentar os controles de entrada
e os migrantes que entram como
turistas estão cientes disso. (Nie-to,
2003, p. 221)
Outros estudos realizados em
Andaluzia (província da Espanha) também
revelam que apenas 28% dos residentes
estão registrados legalmente como tais
(Hall e Williams, 2002, p. 8), e que o
consulado britânico estima que há dez
vezes mais residentes do que o censo
revela. Isto muitas vezes obedece ao desejo
de não serem enquadrados com obrigações
fiscais.
Na atualidade, turismo e migrações têm
motivações semelhantes e ocasionam
efeitos semelhantes nas sociedades a que se
dirigem, seja para uma visita temporária,
seja para residir permanentemente.
Do ponto de vista das motivações
constituem deslocamentos simbólicos, nos
quais está presente, em alguns casos, o
desejo de evasão (do quotidiano, no caso dos
turistas e de questões estruturais da
história de vida da pessoa no caso dos
imigrantes) e, em outros, o desejo de auto-realização.
Estudos conduzidos no Havai com
turistas e imigrantes dos Estados Unidos,
revelam uma tendência a escolher os
mesmos destinos, o que sugere que “ambos
os grupos podem estar motivados pela
mesma atração” (Schmitt, 1968, p. 306)
Os estudos de Julian et al (apud
Franklin e Crang, 2001, p. 11) revelam que
os refugiados na Austrália declaram que
Margarita Barretto 9
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(1). 2009 ISSN 1695-7121
sua saudade se mistura com uma excitação
típica dos turistas, por estar num lugar
novo.
A migração de ingleses na Costa del Sol
(Espanha) também apresenta relação com o
turismo: são migrantes aposentados,
migrantes empreendedores e migrantes
orientados para o consumo que apresentam
comportamentos muito similares aos dos
turistas, embora não gostem de ser
identificados com eles. (O´Reilly, 2003)
Do ponto de vista dos efeitos sócio
culturais nas comunidades receptoras, a
chegada de imigrantes ou de turistas
provoca especulação imobiliária, alta de
preços, inclusão da ou conflito com a
cultura do forasteiro e muitas outras (cf.
Hall e Willliams, 2002, p. 34-35).
Tanto turistas quando imigrantes se
defrontam com a questão da alteridade,
precisando lidar com a questão da
“différence”, neologismo que Hall (1996)
empresta de Derrida, e define como “um
processo de construção da identidade
através da diferenciação do outro e da
produção de efeitos de fronteira”; também
precisam desconstruir estereótipos e rever
preconceitos.
Tanto turistas como imigrantes
provocam, na população local autóctone,
diferentes reações respeito a sua cultura e à
sua identidade, que podem ir da xenofobia
até a desvalorização da própria cultura
frente à do recém chegado.
Se o turismo configura-se como uma das
instâncias significativas de organização da
sociedade moderna (Franklin e Crang,
2001, p. 7), o mesmo pode ser dito a
respeito das migrações, que estão
ocasionando mudanças dramáticas, como a
latinização de cidades dos Estados Unidos.
Outro exemplo pode ser visto nos estudos
realizados com bolivianos emigrados para
Argentina, que conseguiram, “produzir e
inventar uma forte representação
simbólica, cultural e formas organizativas e
associativas de afinidades bem coesas [...]
uma cultura com características e traços
próprios no interior da sociedade argentina.
(Zalles Cueto, 2002, p. 100)
Também há diferenças que precisam ser
levadas em conta. Enquanto a migração
estava ligada ao conceito de permanência
no início do século XX, no início do século
XXI está ligada ao conceito de circulação. A
migração estava relacionada com o
permanente, com responsabilidades com
trabalho e educação, acompanhada de uma
fantasia moderada a respeito do futuro. O
turismo, ao contrário estava ligado ao
efêmero, à ausência de responsabilidade, à
fantasia exacerbada na procura do prazer.
Na atualidade, as fronteiras se apresentam
cada vez mais difusas.
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NOTAS
1 Os vistos temporários podem ser transformados
em permanentes, no caso de professores, cientistas
ou religiosos, desde que preenchidos certos
requisitos. Também existem anistias periódicas que
contemplam outras profissões.
2Este Conselho fora criado pelo Decreto 86.715 de
10/12/1981, Título XII, Art. 142, sendo um "órgão
de deliberação coletiva vinculado ao Ministério do
Trabalho". O Conselho está integrado por um
representante dos Ministérios do Trabalho, da
Justiça, das Relações Exteriores, da Agricultura, da
Saúde, da Indústria e Comércio, do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico e um observador do Conselho de
Segurança Nacional. As suas atribuições são, entre
outras:
Margarita Barretto 11
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(1). 2009 ISSN 1695-7121
-orientar e coordenar as atividades de
imigração, formular objetivos para a elaboração da
política imigratória; estabelecer normas de seleção
de imigrantes, visando proporcionar mão-de-obra
especializada aos vários setores da economia
nacional e à captação de recursos para setores
específicos; promover ou fomentar estudo de
problemas relativos à imigração;, definir as regiões
em que os imigrantes podem fixar-se; efetuar o
levantamento periódico das necessidades de mão-de-
obra estrangeira qualificada, para admissão em
caráter permanente ou temporário.
Recibido: 12 de octubre de 2008
Reenviado: 17 de noviembre de 2008
Aceptado: 21 de diciembre de 2008
Sometido a evaluación por pares anónimos