Vol. 7 Nº3 págs. 433- 450. 2009
www.pasosonline.org
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais: inovação e desen-volvimento
para destinos turísticos – o caso de Porto de Galinhas,
Brasil
Mariana Cavalcanti Falcãoi
Universidade Federal de Pernambuco (Brasil)
Claudinete de Fátima Silva Oliveira Santosii
Universidade Federal de Pernambuco (Brasil)
Carla Regina Pasa Gómeziii
Universidade Federal de Pernambuco (Brasil)
Resumo: Este artigo busca analisar a atividade turística de Porto de Galinhas/PE, Brasil, conforme a
abordagem de Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais proposta por Cassiolato, Matos e
Lastres (2008). Para tanto, realizou-se uma pesquisa de campo a fim de se obter entrevistas e documen-tos
para análise posterior. Assim, o estudo evidencia a possibilidade de estruturar o turismo nessa locali-dade
em direção a uma configuração de ASPILs e entende que o processo de inovação que ocorre no
destino refere-se à inovação incremental e organizacional. Além disso, entende que essa atividade turís-tica
está no estágio Inicial de Arranjos Produtivos Locais Turísticos por estar em processo de consoli-dação
dos seus grupos informais para que sua estrutura seja formalizada.
Palavras-chave: ASPILs; turismo; destino turístico; atores locais e inovação.
Abstract: This paper aims examining the tourism industry in Porto de Galinhas/PE, Brasil, according to
“innovative and productive local chains” approach from Cassiolato, Matos and Lastres (2008). To this
end, a field research was realized to achieve interviews and documents for further examination. This
obtained results had demonstrated the possible configuration of “innovative and productive local chains”
in Porto de Galinhas and the innovation process’s type had occurred in destination is characterized for
incremental and organizational innovation. Furthermore, the tourism industry is in an initial stage of
“innovative and productive chain” due the consolidation process between informal and formal local
groups.
Keywords: innovative and productive chains; tourism; tourist destination; local groups and innovation.
i A autora é graduada em Hotelaria pela Universidade Federal de Pernambuco. Mestranda do Programa de Pós-graduação
em Administração da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: marifalcao03@hotmail.com
ii A autora é especialista em Gestão de Pessoas e Negócios pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Carua-ru/
PE. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco.
Email: claudineteosantos@hotmail.com
iii A autora é doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do Pro-grama
de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: carlapsa@hotmail.com
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Introdução
O sucesso ou fracasso de destinos
turísticos ao redor do mundo estão
relacionados à sua capacidade de gerenciar
fatores estratégicos como cooperação e
competição, mas, sobretudo, em como
equilibrar as dimensões ambiental,
econômica e social que envolvem a
atividade, e o desenvolvimento da
localidade, minimizando o seu impacto
negativo e maximizando os impactos
positivos.
Nesse sentido, a inovação através da
formação em redes como os Arranjos e Sis-temas
Produtivos e Inovativos Locais (AS-PILs)
pode promover um diferencial compe-titivo
ao destino turístico consolidando
práticas de empreendedorismo, permitindo
que se visualize a multiplicidade de atores
e atividades envolvidos na Atividade Turís-tica
(AT) de forma que se torne possível a
relação e interação entre empresas, orga-nismos
tanto de apoio como de regulação e
coordenação dos atores, além da geração e
transmissão de conhecimento local.
A cultura, a diversidade natural e o pa-trimônio
histórico de uma localidade são
elementos fundamentais dessa proposta, a
articulação entre esses elementos e os ato-res
locais potencializa a criação de novas
alternativas de desenvolvimento onde os
aspectos de inclusão social, coesão e susten-tabilidade
são priorizadas. Cassiolato et al.
(2008) argumentam sobre a possibilidade
de configurar o turismo conforme a aborda-gem
de ASPILs, uma vez que a mesma mo-biliza
uma ampla cadeia de fornecedores e
distribuidores de bens e serviços que vai
desde corporações até um número significa-tivo
de micro e pequenas empresas formais
e informais.
Gestores públicos e privados têm visua-lizado
o fenômeno turístico como funda-mental
no desenvolvimento loco-regional.
No Brasil, isso é percebido em discursos
como o do ex-ministro, Walfrido Guia,
quando afirma que “o turismo é um dos
grandes vetores de geração de renda, em-prego
e oportunidades para o povo brasilei-ro”
(Sebrae, 2007) ou do Presidente da Re-pública,
Luiz Inácio Lula da Silva, ao in-formar
que a atividade é uma das cinco
maiores do país na geração de divisas e que
em 2006, “as oitenta principais empresas
do setor registraram um faturamento de R$
29,6 bilhões, com crescimento de 29% em
relação a 2005” (MTUR, 2007).
Sendo assim, a AT se revela um impor-tante
vetor de desenvolvimento para a re-gião
do Nordeste brasileiro devido à possi-bilidade
de exploração de sua cultura mul-tifacetada
e à riqueza de atrativos naturais
e históricos. O Estado de Pernambuco si-tua-
se nessa região brasileira, sendo recon-hecido
como destino turístico por seus re-cantos
naturais, rico patrimônio histórico
quatricentenário, diversidade cultural, 187
km de litoral e maior pólo gastronômico
nordestino. Porto de Galinhas (PG) locali-zada
a 65 km de Recife, capital do Estado, é
considerada atualmente o seu principal
destino turístico, recebendo cerca de 7,34%
dos turistas que visitam o Estado (SETUR,
2008), ficando atrás apenas da sua capital.
A região de PG pertence ao município de
Ipojuca cuja população total em 2007 era de
66.384 habitantes (Ipojuca, 2009). Ipojuca
faz parte dos 14 municípios pertencentes à
Região Metropolitana do Recife e encontra-se
dividido em três distritos: Ipojuca - sede,
Nossa Senhora do Ó e Camela (Ipojuca,
2009).
A significativa transformação da região
de PG como destino turístico surge o se-guinte
questionamento, norteador dessa
pesquisa: Pode-se considerar a região de
Porto de Galinhas (Pernambuco, Brasil) um
Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovati-vos
Locais?
O desafio em classificar um destino
turístico como um ASPILs está em: (a) a
diversidade e quantidade de atores envol-vidos
na atividade turística; (b) a inovação
do modelo de Arranjos e Sistemas Produti-vos
e Inovativos Locais e o ineditismo da
sua aplicação às atividades no estado de
Pernambuco (Brasil); (c) as contribuições
acadêmica que o estudo trará para a com-preensão
da inovação da AT através da
classificação como ASPILs; e (d) a possibili-dade
dos atores e gestores envolvidos nas
atividades turísticas estudadas como caso
compreenderem a importância da percepç-ão
de que suas atividades promovem um
arranjo produtivo.
Dessa forma, torna-se objetivo desse es-tudo
analisar a atividade turística de Porto
de Galinhas/PE, Brasil, conforme a aborda-gem
de Arranjos e Sistemas Produtivos e
M. Cavalcanti, C. de Fátima Silva y C. R. Pasa 435
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Inovativos Locais, proposto por Cassiolato
et al. (2008). Para tanto, tornou-se necessá-rio
a construção de um referencial teórico
que apresente uma discussão sobre o Tu-rismo,
os Arranjos e Sistemas Produtivos e
Inovativos Locais e os Arranjos Produtivos
Locais (APLs) Turísticos, assim como, uma
pesquisa de campo por meio de entrevistas
semi-estruturadas com atores locais e aná-lise
de documentos.
Referencial Teórico
O Turismo
A reorganização política e econômica do
mundo presenciada após a Segunda Guerra
Mundial contribuiu não só para a expansão
do turismo num sentido espacial (aumento
do número de destinos turísticos), como
também, para o crescimento significativo do
mercado turístico (Butler, 1999). Tal acon-tecimento
é um dos principais aspectos
limitantes da conceitualização desse fenô-meno,
uma vez que contribui para a origem
de uma ampla gama de significados e sen-tidos
diferentes que o termo assume (Fran-klin
e Crang, 2001).
Levando em consideração toda limitação
acerca da discussão do conceito de turismo
deve se ter em mente principalmente que, a
maioria das definições que envolve o turis-mo
gira em torno de três elementos básicos:
movimento (fluxo de pessoas de um lugar
para outro), permanência em um determi-nado
lugar (alojamento, hospitalidade) e
consumo de entretenimento (consumo de
lazer, alimentos e bebidas, etc.) (Smith,
2004).
Embora, muitas vezes a compreensão
sobre o turismo que prevaleça seja as visões
econômica e técnica da atividade em si
(Paiva, 1995) é importante constatar que o
turismo é também um fenômeno social,
político, cultural e ambiental (Paiva, 1995;
Beni, 2004; Hall et al., 2004;), ou seja, um
conjunto complexo de relações que contem-pla
todas essas dimensões. Nesse sentido,
Jafari (2005) afirma que o turismo pode ser
definido como o estudo das pessoas fora do
seu hábitat natural e do aparato da relação
dialética que se estabelece entre o mundo
ordinário (cotidiano) e não ordinário
(turístico).
No entanto, oriundo dessa complexa
multidimensionalidade tem-se o produto
turístico que consiste nos recursos e atrati-vos
naturais e artificiais, equipamentos,
serviços, imagens, valores simbólicos e in-fra-
estrutura de um determinado lugar,
possuindo assim o potencial de atrair con-sumidores
e satisfazer, ou não, suas expec-tativas
(Droulers e Milani, 2002).
Para um local ser considerado um desti-no
turístico faz-se necessário, pelo menos,
três critérios básicos delineados por Yázigi
(2001): (a) o primeiro refere-se à densidade
de freqüência turística, ou seja, se o local
apresenta um fluxo significativo de visitan-tes;
e (b) o segundo pela existência de equi-pamentos
turísticos relativos a serviços de
hospedagem, alimentação, transporte e
lazer; e (c) por último, deve existir uma
“imagem turística” relacionada ao destino,
sendo geralmente os atrativos naturais
(clima, vegetação, paisagem, flora e fauna,
etc.) e atrativos culturais ou valores simbó-licos
locais (história, cultura, aspectos reli-giosos,
cotidiano dos habitantes, etc.).
A aparente multiplicidade de atividades
que permeiam o turismo leva à discussão
de muitos estudos sobre a importância da
AT como um vetor de desenvolvimento local
(Egler e Pires Do Rio, 2004; Mamberti e
Braga, 2004). Contudo, ela pode apresentar
impactos negativos em níveis ambientais,
sociais, culturais, políticos e até mesmo
econômicos e não gerar tal desenvolvimento
(Butler, 1999). Por outro lado, tais impactos
são fatores que devem propiciar a criação
de uma alternativa ambientalmente mais
amigável de desenvolvimento e planeja-mento
da atividade turística (Saarinen,
2006).
Um exemplo de como o turismo pode se
desenvolver sem planejamento e prejudicar
aspectos econômicos e sociais locais é ob-servado
quando a atividade provoca alte-rações
no espaço natural como o reposicio-namento
ou desaparecimento de atividades
tradicionais como a pesca (Selva, 2005) ou
ainda quando a geração de renda ocorre de
forma concentrada, ou simplesmente quan-do
a geração de emprego não acolhe a popu-lação
local devido à falta de técnicas especí-ficas
(Shiki, 2007).
Portanto, alinhar uma alternativa para
o desenvolvimento como os Arranjos Produ-tivos
Locais (Mamberti e Braga, 2004) ao
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desenvolvimento turístico se configura co-mo
uma possibilidade de desenvolvimento
local sustentável baseado nas relações en-tre
os principais atores que compõem o tra-de
turístico, assim como, atores locais e
supra locais de uma determinada região.
Dessa forma, apresenta-se a seguir os con-ceitos
de Arranjos e Sistemas Produtivos e
Inovativos Locais conforme proposto por
Cassiolato et al. (2008) que servirá de base
para a compreensão de Arranjos Produtivos
Locais Turísticos.
Arranjos e Sistemas Produtivos e
Inovativos Locais
Na busca de organização dos espaços ge-ográficos,
tendo em vista a necessidade de
se tornarem competitivos, os diversos ato-res
se relacionam através da cooperação e
inovação na busca do seu fortalecimento,
para que a competição seja menos desigual,
principalmente para pequenos empreendi-mentos.
Dessa forma, o desenvolvimento
local e desses empreendimentos devem ser
vistos não como um processo único, mas
dependente de aspectos políticos, econômi-cos
e históricos e das especificidades cultu-rais
locais, oriundas de inovações a longo
prazo (Cassiolato e Lastres, 2008).
O conceito de inovação é entendido como
o processo pelo qual novos conhecimentos
são incorporados na produção de bens e
serviços, onde o foco principal encontra-se
em mudanças técnicas fundamentais para o
entendimento dos fatores essenciais que
levam organizações, regiões e até mesmo
países a se desenvolverem melhor e mais
rapidamente que outros (Lastres e Cassio-lato,
2005).
Lastres e Cassiolato (2005) entendem
que existem diferentes tipos de inovação,
como a radical (desenvolvimento de novo
produto, processo ou organização da pro-dução
completamente nova), incremental
(introdução de melhoria no desenvolvimen-to
de um produto, processo ou organização
da produção), tecnológica de produto ou
processo (uso do conhecimento sobre novas
formas de produzir e comercializar bens e
serviços) e organizacional (introdução de
novas maneiras de organizar a produção, a
distribuição e a comercialização de bens e
serviços).
Conforme Moreira e Queiroz (2007), es-sas
inovações podem preceder e causar mu-danças
sociais ou serem desenvolvidas em
resposta as necessidades criadas pelas
próprias mudanças. Damanpour (1991)
aponta a necessidade de compreender o
comportamento das mudanças inovativas
na organização, a partir de categorias em
pares, como as inovações administrativas e
tecnológicas, no produto e processo, e radi-cais
e incrementais.
Além disso, deve-se considerar que os
choques externos aos empreendimentos
também promovem inovações. Nesse senti-do,
Mytelka e Farinelli (2003) ampliam a
compreensão do ambiente interno da orga-nização,
argumentando que o mesmo
abrange também elementos do ambiente
externo como os aspectos socioeconômicos e
políticos. Isso propicia um entendimento
sistêmico da inovação organizacional volta-da
ao desenvolvimento local, tornando-se
fator de competitividade dinâmica e susten-tada.
Além do que visa atingir empresas e
suas interações com outros atores e o modo
como lidam com esses elementos internos e
externos, e aprendem e disseminam con-hecimento
(Cassiolato e Lastres, 2008).
A partir disso, a inovação e o empreen-dedorismo
buscam um lugar onde possam
prosperar, crescer e tornar diferenciada
uma localidade. É nesse contexto e com o
objetivo de estimular o afloramento dessas
características que surgem os Arranjos e
Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
definidos por Lastres e Cassiolato (2005:01)
como sendo “conjuntos de agentes econômi-cos,
políticos e sociais, localizados em um
mesmo território, desenvolvendo atividades
econômicas correlatas e que apresentam
vínculos expressivos de produção, interaç-ão,
cooperação e aprendizagem”.
Mytelka e Farinelli (2000) entendem
APLs como a concentração e interação de
empresas de um setor ou cadeia produtiva,
num determinado espaço geográfico, que
buscam criar um ambiente favorável ao
processo de inovação e geração de externa-lidades
produtivas e tecnológicas e ao de-senvolvimento
da competitividade das fir-mas,
em conjunto com as demais instituiç-ões
de coordenação e suporte, como sindica-tos
e associações empresariais, órgãos go-
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vernamentais, instituições de ensino e de
pesquisa.
O que diferencia os tradicionais APLs
dos Sistemas Produtivos Locais é o grau de
interação e cooperação entre esses agentes
e a criação de capacidades inovativas locais
(Lastres e Cassiolato, 2005), uma vez que
os APLs são aglomerados menos consisten-tes,
fragmentados que não apresentam
significativa articulação entre os agentes.
Até então, a classificação de destinos
turísticos como APLs encontrava barreiras
na já referenciada multidimensionalidade
da atividade, suas nuances, sua subjetivi-dade,
seu consumo imediato, entre outros.
Essas atividades específicas podem ser
vislumbradas no valor agregado cultural do
território que representa o destino turístico,
por meio: (a) da forte vinculação com os
saberes e fazeres, costumes e tradições lo-cais;
(b) da valorização dos atributos e te-mas
de rotas e equipamentos turísticos; (c)
inserção da cultura local nos produtos e
serviços gerados; e (d) inovação no mix des-ses
produtos e serviços, gerados por con-teúdos
simbólicos, como artesanato, gastro-nomia
e turismo (Cassiolato et al., 2008).
Além disso, atividades culturais podem
ser entendidas como fontes geradoras de
emprego e renda, e estratégias para o de-senvolvimento
econômico e social local. A
promoção dessas estratégias abarcam o
conceito de ASPILs.
Arranjos e Sistemas Produtivos Locais
Turísticos
A importância de ações direcionadas
através de rede de cooperação entre seus
atores tem a capacidade de promover e
elevar o destino turístico como competidor
qualificado, isso porque a combinação de
um conjunto de condições do destino, asso-ciadas
à visão estratégica baseada na gest-ão
da inovação ampliam o diferencial com-petitivo.
Petrocchi (2001) entende que a competi-tividade
do sistema turístico de uma região
depende da interação com os outros siste-mas
existentes no território e de seus fato-res
externos ou não-turísticos. O desenvol-vimento
do turismo envolve a articulação
sistêmica das relações intersetoriais em sua
cadeia produtiva (Mamberti e Braga, 2004)
e pode ser compreendido na capacidade de
integração territorial do APL, num esforço
dinâmico e harmônico entre cooperação e
competição (Sampaio et al., 2004).
Portanto, a conformação de Arranjos e
Sistemas Produtivos Locais Turísticos é
benéfica para o desenvolvimento da locali-dade
e deve ser compreendida como “aglo-merações
de destinações turísticas, empre-endimentos
e empresas, direta e indireta-mente
ligadas ao setor de turismo, de um
determinado local ou região, com foco no
desenvolvimento da atividade turística em
conjunto e com significativo grau de interli-gação
e interdependência” (Merigue,
2005:10).
Essa interdependência de que trata o
autor pode ser melhor visualizada nos es-tudos
apresentados por Barbosa e Zamboni
(2000) que propõem um modelo para ma-peamento
de APLs Turísticos, apresentado
na figura 01, o qual é formado por cinco
anéis concêntricos que determinam suas
posições e correlações. Essa divisão didática
não é limitador, apenas os posiciona para
um melhor entendimento da dinâmica
mutável da AT.
Os anéis estão dispostos de forma que os
níveis estão representados primeiramente a
partir do epicentro que é formado pelos
atrativos locais podendo estes ser naturais
e artificiais. O segundo anel que é composto
pelo trade turístico ou por sua infra-estrutura
básica. O terceiro anel que é for-mado
pelos atores ligados diretamente à
AT, como os órgãos de poder público local e
as associações de classe. O quarto que é
constituído dos órgãos de apoio e atuação
supra local, como órgãos públicos estaduais
e federais atuantes no turismo e meio am-biente,
organizações paraestatais voltadas
à capacitação empresarial e à qualificação
dos trabalhadores, instituições de ensino e
pesquisa, e ONGs relacionadas ao turismo.
E o quinto anel que detém os fatores de
competitividade do nível meso, servindo de
pano de fundo sobre o qual o turismo se
desenvolve e envolve o meio urbano e rural,
e a estrutura de competência supra local
(Barbosa e Zamboni, 2000).
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Figura 1: Representação Gráfica de Cluster Turístico. Fonte: Barbosa e Zamboni (2000:14)
As interações entre os atores do ASPILs
Turísticos e suas atividades geram a dis-seminação
do conhecimento tácito, condi-cionado
a natureza específica do tipo de
atrativo e a aprendizagem coletiva entre
gerações, relacionada à sua produção e ex-ploração.
Ainda, essa perspectiva de apren-dizagem
intergerações garante a continui-dade
das atividades desenvolvidas em AS-PILs,
convergindo para a sustentabilidade
de suas atividades econômicas (Cassiolato
et al., 2008).
Em ASPILs com atrativos centrais ba-seados
em elementos culturais e turísticos,
verifica-se a preocupação com a produção
que passa a ser orientada por uma lógica de
sustentabilidade econômica. Cassiolato et
al. (2008) evidenciam a relação, muitas
vezes tensa, entre as forças que estão dire-cionadas
à preservação dessa sustentabili-dade
econômica e as que buscam a inovação
dos atrativos turísticos no próprio processo
contínuo de transformação cultural. O
equilíbrio está justamente na conciliação
entre a transformação pelo processo criati-vo
e pela preservação das especificidades
locais por seus agentes.
Para que ocorra esse equilíbrio, faz-se
necessária a coordenação das Atividades
Turísticas no APL, também denominada de
governança territorial, que busca traçar
estratégias de cooperação entre os atores e
políticas, públicas e privadas, que conver-tam
os diversos interesses individuais em
um produto coletivo de qualidade, respei-tando
as especificidades locais (Cassiolato
et al., 2008).
Nesse sentido, os ASPILs constituem
aspectos relacionados à: (a) importância
econômica dessas atividades e na conciliaç-ão
dos fatores econômicos e sociais; (b) inte-ração
dos atores e dos seus processos de
geração e difusão de conhecimentos; (c)
relação entre inovação e preservação na
busca da sustentabilidade das suas ativi-dades;
e, (d) função da coordenação (gover-nança)
dessas atividades (Cassiolato et al.,
2008). Portanto tais aspectos podem ser
analisados no que diz respeito às atividades
culturais e turísticas.
Gollub (2005) entende que Clusters ou
APLs Turísticos estão em continua trans-formação
e propõe uma classificação para
eles a partir de seu ciclo de vida em três
categorias: (a) Inicial ou momento que an-tecede
a sua formalização, apresentando-se
M. Cavalcanti, C. de Fátima Silva y C. R. Pasa 439
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num estágio de aglomerado produtivo; (b)
Emergente, resultado da formalização das
organizações integrantes e o fortalecimento
da cooperação horizontal e intersetorial; e
(c) Em expansão, com estrutura formal e
sistêmica, na qual as empresas integrantes
cooperam para atrair capital e demanda
turística ao território.
Diante dos pressupostos teóricos apre-sentados
e, objetivando a validação empíri-ca
do modelo conceitual de ASPILs, a se-guir
são elencados os procedimentos meto-dológicos
que foram utilizados nessa pes-quisa.
Procedimentos Metodológicos
Com abordagem qualitativa, tendo em
vista que se preocupa com a compreensão e
interpretação da Atividade Turística em
Porto de Galinhas (Pernambuco, Brasil),
essa pesquisa utiliza ainda tipologias de
investigação exploratória no mapeamento
da rede de atores ligados ao turismo nessa
localidade e, descritiva na especificação de
características relacionadas à abordagem
de ASPILs, proposta por Cassiolato et al.
(2008) (Merriam, 1998).
A estratégia de pesquisa utilizada foi o
estudo de caso por meio de pesquisa bi-bliográfica
e documental, em fontes impres-sas
e por meio digital, e de campo (Lima,
2004; Yin, 2005). O cruzamento das infor-mações
levantadas serviu na identificação
preliminar dos atores componentes da rede
turística de PG.
Os instrumentos de coleta usados foram
a entrevista semi-estruturada e a obser-vação
direta não-participante (MERRIAM,
1998; PATTON, 2002). Para garantir a
confidencialidade dos informantes dessa
pesquisa optou-se pela utilização de
pseudônimos durante a análise dos dados.
As entrevistas foram realizadas com repre-sentantes
dos poder público local, da insti-tuição
de Serviço de Apoio às Micro e Pe-quenas
Empresas em Pernambuco (SE-BRAE-
PE) e do grupo Pró-Turismo de Porto
de Galinhas (PROTUR-PG). Os pseudôni-mos
utilizados para cada entrevistado as-sim
como a instituição local que representa
encontra-se na tabela 01.
Conforme a orientação de Godoi e Mat-tos
(2006) foi utilizada a abordagem “bola
de neve” no inquérito dos entrevistados na
identificação de outros que pertençam ao
fenômeno estudado. Foi realizada também
a observação direta não-participante nas
entrevistas. Ainda, a saturação da cons-trução
do objeto teve como critério o julga-mento
não-probabilístico dos pesquisado-res,
baseado na seleção dos contextos, aces-sibilidade,
fator tempo e recursos disponí-veis,
mesmo tendo a consciência de que isso
não permite generalizações da investigação
(Malhotra, 2001).
A análise dos dados foi realizada pelo
cruzamento dos achados no levantamento
bibliográfico e documental, nos registros
das observações e no conteúdo transcrito
das entrevistas, de acordo com Bardin
(1979), em suas fases: pré-análise ou orga-nização
do material coletado nas entrevis-tas
e a adequação dos aspectos específicos
para ASPILs Turísticos de Cassiolato et al.
(2008) nas categorias de interpretação do
caso estudado; análise do material através
da codificação, categorização e quantificaç-ão
da informação; e tratamento dos resul-tados,
inferência e interpretação, usando
categorias de análise.
A seleção das categorias de análise ba-seou-
se na constatação de alguns aspectos
relacionados à abordagem dos ASPILs dis-cutida
no referencial teórico desse trabalho,
nesse sentido, temse cinco categorias, são
elas: origem e desenvolvimento do destino;
integração de fatores econômicos e sociais
da AT em Porto de Galinhas, perfil dos
principais atores locais e suas interações,
inovação e a sustentabilidade dessa ativi-dade;
coordenação das atividades.
Análise de Resultados
Origem e desenvolvimento do destino
A região de PG distingui-se por sua pai-sagem
estética por ser plana e apresentar
praias de águas mornas e transparentes e
areia clara e fina. O mar compreende tre-chos
calmos por causa dos arrecifes assim
como trechos de mar agitado com ondas
fortes por se tratar de áreas de mar aberto
o que contribui para a prática do surf e
outros esportes náuticos (França, 2007).
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Pseudônimo Instituição local que representa
Entrevistado 01 Representante poder público local - Diretora de articulação do escritório do litoral da
secretaria municipal de turismo, esporte e cultura de Ipojuca;
Entrevistado 02 Representante poder público - Assessor de Gabinete do secretário de turismo de
Ipojuca;
Entrevistado 03 Representante SEBRAE - Gestor de Projeto Turismo – Litoral Sul/PE;
Entrevistado 04 Representante PROTUR-PG - proprietária de uma casa de shows na Vila de PG;
Entrevistado 05 Representante PROTUR-PG - produtora e editora do livro anual de PG;
Entrevistado 06 Representante PROTUR-PG - proprietário de pousada; e
Entrevistado 07 Representante PROTUR-PG - proprietário de pousada.
Tabela 1: Relação entre os entrevistados e suas instituições. Fonte: Elaborado pelas autoras.
A origem de PG como um destino turís-tico
é consideravelmente recente sendo
mais intensificado apenas com a construção
de vias de acesso que ligam o destino à ca-pital
do Estado (Recife) e se deu por press-ões
das Usinas de cana-de-açúcar da região
e a hotéis e pousadas pioneiros da praia
(Mendonça, 2004). No entanto apenas em
1991 é que o governo Estadual pavimentou
a via de acesso a essa localidade. Nessa
época mesmo com a construção da estrada,
o local ainda não apresenta um sistema de
saneamento e distribuição de água potável
adequado que atendesse a população fazen-do
com que residências, pousadas e hotéis
mantivessem poços artesianos e fossas
sépticas em suas instalações (Mendonça,
2004).
De acordo com o depoimento do Entre-vistado
01, percebe-se como se deu o pro-cesso
de estruturação da atividade turística
de PG no início da exploração dessa ativi-dade:
[...] o boom em Porto se deu tem 15, 20
anos e foi basicamente com a construç-ão
da estrada, antes era um destino de
surfistas e depois disso veranistas; o
boom se deu porque quatro grandes
hoteleiros visualizaram essa vinda pra
cá foi e tiveram a visão de induzir,
criar o destino turístico. Então quem
criou isso aqui como destino foi essa es-trutura
de hospedagem, foi a iniciativa
privada junto com eles vieram bons
restaurantes e a comunidade teve essa
capacidade de absorver isso então fo-ram
criados os serviços que são o pas-seio
de jangada, o de buggy, é um ma-racatu,
uma capoeira que acontece [...]
Figura 2: Imagem por satélite de Porto de Galinhas. Fonte: Google Earth (2009)
M. Cavalcanti, C. de Fátima Silva y C. R. Pasa 441
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(3). 2009 ISSN 1695-7121
Mendonça (2004) acredita que na década
de 1990 alguns acontecimentos ocorreram
em PG e contribuíram para uma efetiva
transformação de praia de veraneio em
destino turístico. Ele identifica como acon-tecimento
mais relevante a construção dos
primeiros hotéis, que contribuiu diretamen-te
para a intensificação do fluxo de turistas
no local assim como sua consolidação.
Em relação à origem e ao desenvolvi-mento
da AT, Mendonça (2004) identifica
quatro fases distintas que compreende o
período entre 1970-2003: primeira onda,
veraneio e expansão urbana; segunda onda,
expansão para o turismo; terceira onda,
consolidação como destino turístico nacio-nal;
e quarta onda, implantação do destino
turístico internacional.
A primeira onda caracterizada princi-palmente
pelos visitantes durante o vera-neio
e a expansão urbana do local, consistiu
no período que vai do início de 1970 a mea-dos
de 1980. Seu principal acontecimento
foi a construção dos loteamentos das praias
de PG e do Cupe denominados loteamento
Recanto de Porto de Galinhas e loteamento
Merepe I, II e III. Conforme os loteamentos
aconteciam, casas de veraneio iam sendo
construídas ao longo da costa, e devido a
essas novas construções e reorganização
espacial da antiga vila de pescadores e da
fazenda de cocos, as configurações de uso e
ocupação do solo se modificaram intensa-mente,
ocasionando: extinção da lavoura de
coco, destruição das casas de praia dos sen-hores
de engenhos, e relocalização das ca-sas
de pescadores da beira da praia para
casas de alvenaria mais longe da praia
deixando a área à beira mar para veranis-tas
e turistas, o que gerou o início da urba-nização
da vila de Porto de Galinhas. Esse
ciclo é encerrado com a inauguração do
Hotel Solar de Porto de Galinhas, primeiro
estabelecimento hoteleiro deste destino
(Mendonça, 2004).
A segunda fase, a da expansão da Ativi-dade
Turística, tem início no fim de 1980
até 2000. Essa fase é marcada pela cons-trução
e inauguração de vários tipos de
pousadas em PG chegando nesse período a
oferta de mais de dois mil leitos. A pavi-mentação
da estrada que liga o distrito
municipal de Nossa Senhora do Ó à praia
de Porto de Galinhas (Rodovia PE-09)
também foi um acontecimento relevante
para o fluxo de turistas do local; foi nesse
período que foi fundada a Associação dos
Hotéis de PG e passaram a inserir o destino
no mercado turístico nacional (região Nor-deste
e Sul do país) e internacional (Euro-pa).
No fim desse estágio no início de 2000,
o comércio na Vila se intensificou a partir
de inaugurações de estabelecimentos de
grifes nacionais e pernambucanas nos seg-mentos
de moda, perfumaria e alimentação
solidificando a infra-estrutura comercial do
destino.
A terceira e quarta onda do turismo de
PG é caracterizada principalmente pelo
loteamento da praia de Muro Alto destina-do
às edificações dos primeiros resorts do
destino e pelo loteamento da praia de Gam-boa
também para a construção de resorts e
flats, a realização de obras de saneamento,
abastecimento e esgoto na Vila e partici-pação
do destino no Programa de Requalifi-cação
Urbana do Estado de Pernambuco.
Tais transformações no espaço dessa região
permitiram que Porto de Galinhas se tor-nasse
um destino turístico receptor de tu-ristas
internacionais relevante para o Es-tado
de Pernambuco (Mendonça, 2004).
O destino destaca-se pela diversidade e
riqueza do patrimônio natural da região,
segundo o Entrevistado 01, o grande dife-rencial
do produto turístico Porto de Galin-has
ainda é o patrimônio natural, o respon-dente
justifica seu argumento afirmando
que apenas na faixa litorânea do município
tem-se nicho de mata atlântica, reserva de
restinga, área de estuário, manguezais,
formações recifais diferentes tanto em for-ma
de parede como em forma de “lage” (são
as piscinas naturais), é presente também
na costa patrimônio religioso, engenho e
casa de farinha.
Por outro lado, o Entrevistado 07 argu-menta
que PG apresenta como principal
diferencial a estrutura turística, formada
ao longo dos anos. Em sua opinião, um dos
fatores mais relevantes à atração de visi-tantes
é a proximidade com a capital Recife
e a infra-estrutura de mercado que julga
atraente, principalmente para o público
feminino, além de pontos de apoio, como as
praias de: Carneiros, Maragogi e Cabo de
Santo Agostinho.
Em relação aos equipamentos turísticos,
442 Arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais:…
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(3). 2009 ISSN 1695-7121
tem-se que estes compreendem dois eixos
principais: o primeiro refere-se à Vila de
Porto de Galinhas até Maracaípe que pos-sui
74,2% desses equipamentos e o trecho
da praia do Cupê à Muro Alto que abriga
12,3% dos equipamentos (França, 2007). A
infra-estrutura turística é formada por
resorts, hotéis, pousadas, chalés, bares,
restaurantes, barracas à beira mar, locação
de automóveis, comércio em geral, passeios
de buggy e jangada e outros. De acordo com
o Plano Estratégico do Turismo do Estado
de Pernambuco intitulado “Pernambuco
para o Mundo”, o destino apresenta infra-estrutura
turística avançada em relação à
outros destinos de Pernambuco, como as
praias de Tamandaré, Cabo de Santo Agos-tinho,
São José da Coroa Grande, etc. (SE-TUR-
PE, 2008).
Integração de fatores econômicos e sociais
da Atividade Turística em Porto de Galin-has
A percepção da importância econômica
que a AT representa para a região de PG
mostra a relevância dos fatores sociais que
a atividade envolve. As preocupações ob-servadas
dentro do universo do grupo en-trevistado
giram em torno da: pressão que
os atores e entidades sociais podem exercer
sobre o poder público, preservação dos atra-tivos
turísticos do local para que se possa
continuar explorando os mesmos, e pro-moção
de eventos que atraiam uma maior
quantidade de turistas principalmente du-rante
a baixa estação. Inserido nesse con-texto
encontram-se ações sociais relevantes
que devem ser analisadas.
Faz parte das entidades sociais que
atuam em PG as Organizações Não Gover-namentais
(ONGs) socioambientais: Ecoas-sociados,
Hipocampus, Pastoral da Criança,
Rodas da Liberdade, Cana Caiana, Criarc e
Alfaias da Praia. De acordo com o depoi-mento
do Entrevistado 01, as duas primei-ras
estão relacionadas à preservação am-biental,
e as demais às questões sociais,
como trabalho com crianças e mães de
baixa renda, deficientes e cadeirantes, dan-ças
tradicionais, e aprendizagem de ins-trumentos
musicais, envolvendo a populaç-ão
carente do município de Ipojuca.
Outros projetos como o “Cultura na Rua”
também pode ser percebido. Tal projeto foi
desenvolvido pelo grupo PROTUR-PG e de
acordo com a Entrevistado 04, esse projeto
integrou a comunidade local com apresen-tações
de música, dança e teatro três vezes
por semana na Vila de PG, esse evento foi
totalmente patrocinado pelos empreende-dores
articulados no grupo PROTUR-PG
como uma estratégia também de divulgar a
cultura local para os visitantes assim como
entretê-los durante visitas a Vila. Ainda, de
acordo com o depoimento da empresária
não foi possível que o projeto durasse por
muito tempo uma vez que no início os em-presários
se empenharam em arcar com os
investimentos necessários para a realização
do projeto, porém a ausência de um apoio
efetivo do poder público dificultou a duraç-ão
do evento por um período maior em
função das dificuldades financeiras encon-tradas
pelo grupo.
A importância de projetos sociais que va-lorizem
a cultura local e a comunidade ca-rente
é percebida pelos empresários, prin-cipalmente
como um atrativo para os turis-tas,
contudo toda a dificuldade encontrada
consiste no fato da falta de apoio aos grupos
sociais.
A capacitação da população de Ipojuca é
um aspecto importante relacionado aos
fatores sociais da AT, uma vez que uma das
implicações negativas da atividade pode ser
ocasionada quando a geração de empregos
não abrange a mão-de-obra local como ilus-trado
por Shiki (2007). Nesse sentido, insti-tuições
como o Centro Federal de Educação
Tecnológica de Pernambuco (CEFET-PE)
Campus de Ipojuca é uma organização im-portante
que contribui para a formação de
mão-de-obra local qualificada para atender
a demanda originada em PG. Já o SE-BRAE-
PE contribui para a capacitação dos
gestores e empresários que compõem o tra-de
turístico com vistas a aumentar a quali-dade
do produto turístico.
Perfil dos principais atores e suas interaç-ões
Os principais atores da Atividade Turís-tica
de PG encontram-se posicionados nos
anéis concêntricos (Barbosa e Zamboni,
2000), conforme a figura 03, a partir do
segundo anel, denominado Infra-estrutura
Turística. Nesse anel estão os agentes
econômicos relacionados diretamente ao
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PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(3). 2009 ISSN 1695-7121
trade turístico e a outras atividades acessó-rias.
O trade turístico considerado pelos
entrevistados perpassa por: Meios de Hos-pedagem;
Agências e Operadoras de Tu-rismo
Nacional e Internacional; Guias
Turísticos; Transportes; Alimentação e
Bebidas; Comércio Turístico; e Serviços ao
Turista.
O entendimento entre esses atores econô-micos
de que é fundamental manter o turis-ta
mais tempo nesse destino, fortalece a
cooperação entre as MPEs existentes na
Vila de PG e os grandes hotéis e resorts
atuantes na localidade. O Entrevistado 03
ressalta que ambos necessitam um do ou-tro,
quando afirma que:
[...] tem os resorts, um grupo bem dis-tinto,
e o restante desse grupo que são
micro e pequenas empresas, que são as
pousadas, bares e restaurantes; então
nem os resorts sobrevivem sem as mi-cro
e pequenas empresas e as pequenas
e micro empresas sem eles. Quando o
turista vai aos resorts, ele quer ir à Vi-la;
ela é formada por micro e pequenas
empresas, assim a própria preocupação
hoje nas reuniões com os resorts é mui-to
grande pela melhoria da Vila e há
uma preocupação dos outros compo-nentes
do grupo de trabalhar mais com
o turista do resort então, os componen-tes
estão se aproximando e cada vez
mais está se enxergando que um não
sobrevive sem o outro [...]
Interagindo com os atores econômicos
estão as instituições voltadas à coordenação
e ao suporte do turismo. Esses atores, estão
inscritos no terceiro anel, intitulado Insti-tuições
de Apoio Local, no entanto foi ob-servado
que transitam pelo quarto anel,
devido as suas interações com outros ato-res.
É o caso do Poder Público que é entendi-do
pelo Entrevistado 01 como único em
suas esferas e instituições: a local através
da Prefeitura Municipal de Ipojuca, suas
Secretarias e o Conselho Municipal de tu-rismo
(COMTUR); a regional, tendo-se o
Governo Estadual, sua Secretaria de Tu-rismo,
a Empresa de Turismo de Pernam-buco
(EMPETUR) e a Agência Estadual de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Per-nambuco
(CPRH-PE); e nacional, com o
Ministério do Turismo, a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA), o Insti-tuto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recur-sos
Naturais Renováveis (IBAMA) e a
Gerência Regional do Patrimônio da União
em Pernambuco (GRPU-PE). Ainda, fazem
parte do Poder Público para a entrevistada:
Polícia Militar, Civil e Municipal, e a Ma-rinha
do Brasil.
O terceiro anel traz as 23 associações de
classe locais e seus grupos de atuação cole-tiva,
como o Fórum de Porto de Galinhas e
o PROTUR-PG, e as ONGs socioambientais
atuantes na localidade. O Entrevistado 01
acredita que a Sociedade Civil e o trade
estão muito bem representados pelas enti-dades:
em PG, as Associações de Ambulan-tes,
de Artesãos, de Barraqueiros, da Colô-nia
de Pescadores, dos Comerciantes, dos
Hotéis, dos Jangadeiros, das Pousadas, dos
Proprietários de Buggy, dos Restaurantes,
dos Surfistas e Escola de Surf; em Mara-caípe,
as Associações de Artesãos, de Co-merciantes,
dos Jangadeiros; e nos Bairros:
Cupe, Merepe, Recanto, Socó, Salinas, Pan-tanal
e Maracaípe, por suas Associações de
Moradores.
Diferente das Associações elencadas, o
Fórum de Atores e o PROTUR-PG são or-ganizações
informais, estruturas em rede
com atores comprometidos que se reúnem
para discutir problemas e soluções não só
para o trade e sua infra-estrutura – que
agrega outros serviços, como supermerca-dos,
cyber cafés, lan houses, padarias, lojas
de conveniências, posto de gasolina, aluguel
de carros e outros – como também para a
comunidade local.
Inscritas no quarto anel concêntrico est-ão
as Instituições de Apoio Supra Local que
no turismo de PG destacam-se: o planeja-mento
de políticas públicas a partir do Po-der
Público e suas esferas; o Ensino e Pes-quisa
a partir dos atores apontados pelos
entrevistados, como a Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) e o CEFET-PE
Campus Ipojuca; e os Serviços de Apoio às
Empresas, como o SEBRAE-PE, o Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial em
Pernambuco (SENAC-PE) e o Serviço So-cial
do Comércio em Pernambuco (SESC-PE).
444 Arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais:…
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(3). 2009 ISSN 1695-7121
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PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(3). 2009 ISSN 1695-7121
O Entrevistado 01 confirma as parcerias
do Poder Local com: a UFPE em pesquisas,
o CEFET-PE e o SEBRAE-PE em relação à
capacitação, e o SESC-PE na realização de
eventos de turismo. O Entrevistado 03 co-rrobora
com ele quando afirma que “[...]
deve ter a presença mais próxima da uni-versidade
lá dentro para a qualificação de
mão-de-obra, acho que a localidade já me-recia
não é? [...] Ter um centro de pesquisa,
de excelência ali em Porto de Galinhas [...]”.
A atuação do SEBRAE-PE, em especial da
sua Unidade de Negócios Mata Sul, é muito
estratégica para o trabalho nesse trade. Ele
possui um projeto cujo período de realização
é de 2007 a 2011, denominado “A qualifica-ção
do turismo no litoral sul” que não se
resume a qualificação da oferta e à capaci-tação
simplesmente. Esse projeto empreen-de
ações de gestão empresarial através de
consultorias sistemáticas. O SEBRAE-PE
foi o indutor do processo de formação do
PROTUR-PG, como aponta o Entrevistado
03 que também menciona o SENAC-PE
como parceiro de eventos. Finalmente, a
análise do quinto anel que se refere à com-petitividade
em nível meso diante dos fato-res
que influenciam o meio urbano e rural e
sua estrutura de acesso será realizada a
posteriori, por não ser objeto desse estudo.
Inovação e a sustentabilidade da atividade
turística
Como observado por Cassiolato et al.
(2008) a inovação em APLs com atrativos
centrais baseados em elementos culturais e
turísticos é um aspecto fundamental para
assegurar a sustentabilidade econômica do
APL. Com base nessa perspectiva, anali-sou-
se como os atores locais entrevistados
no destino turístico de PG percebem a
questão da inovação do produto turístico
desse local.
Identificou-se que os atores locais en-tendem
a inovação do produto turístico
como a possibilidade de exploração das
diversas potencialidades que o destino
apresenta. Dentre as principais potenciali-dades
descritas nas entrevistas estão: os
aspectos culturais locais, manifestações
folclóricas, gastronomia típica, história do
local e roteiros alternativos de visitação no
município de Ipojuca abrangendo assim
outras áreas que não só as praias da região
de Porto de Galinhas.
Todos os atores entrevistados recon-hecem
a importância da inovação do desti-no
turístico e delineiam algumas alternati-vas
para agregar outros aspectos locais
uma vez que o segmento prevalecente na
região é o turismo de sol e mar. O Entrevis-tado
01, representante do poder público
local, acredita que o principal foco da AT
ainda é produto sol e mar, porém a gestão
local já percebe a potencialidade que o mu-nicípio
de Ipojuca possui em relação a pul-verização
da atividade. Com base no de-poimento
desse entrevistado tem-se que:
[...] então a gente tem um patrimônio
cultural considerando os sujeitos, tem
um patrimônio cultural considerando os
fazeres, que são as rotas internas de in-teriorização
que a gente está fazendo
agora, então a gente está organizando as
visitas aos engenhos, que não estão no
litoral [...] a gente está promovendo
também diagnosticando, vendo questões
como acessibilidade, atendimento ao tu-rismo,
então a gente tem que primeiro
criar isso [...] tenho engenhos, um pa-trimônio
religioso a ser visitado, pa-trimônio
histórico nos engenhos de cana-de-
açúcar; nós temos o próprio Porto de
Suape, o Porto de Suape se a gente pen-sar
num turismo de negócios, se pen-sarmos
num turismo educacional,
também é um produto [...] Suape é um
dos maiores portos do mundo com estru-tura
moderna completamente atualiza-da,
tecnologia de ponta [...]
A idéia de explorar outros potenciais
como exposto nesse depoimento embora
ainda incipiente, uma vez que o segmento
sol e praia corresponde a 94,35% do fator
decisório da viagem a PG, segundo pesqui-sa
da Secretaria de Turismo de Pernambu-co
realizada em 2009 sobre o perfil do tu-rismo
em Ipojuca (SETUR, 2009). Ainda
assim, é percebido que as estratégias de
promoção do destino, analisadas no conteú-do
do material promocional pela Secretaria
Municipal de Turismo de Ipojuca e divul-gado
em eventos nacionais e internacionais,
incluem a apresentação de um mix dos
atrativos encontrados em Porto de Galin-has
e entre eles estão trilhas pelas plantaç-ões
de cana-de-açúcar nas imediações das
usinas, passeios em embarcações típicas
446 Arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais:…
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(3). 2009 ISSN 1695-7121
nos manguezais da região onde são encon-trados
áreas de repovoamento de cavalos-marinhos
e atrações históricas como a visi-ta
à igrejas, casas de engenho e mirante.
Da mesma forma, representantes do
grupo PROTUR-PG corroboram com a idéia
de que apesar o segmento sol e mar ser o
principal foco da região, o turista atual-mente
passa a buscar outros elementos no
destino turístico que não apenas o conforto
oferecido pelos meios de hospedagem, a
contemplação de paisagens e os pontos co-merciais,
buscam também elementos rela-cionados
a cultura local, gastronomia, ro-teiros
alternativos relacionados ao ecotu-rismo
e ao patrimônio histórico da região.
Percebe-se então que atores do trade turís-tico
de PG já tem consciência de que o pro-duto
sol e mar é limitado e pode não sobre-viver
por muito tempo, uma vez que, foi
relatado pelos atores locais, primeiro, que o
turista atualmente passa a buscar outros
elementos no destino turístico, relacionados
a experiência deles no local, em segundo
lugar o município de Ipojuca apresenta um
potencial pulverizado seja pela diversidade
dos atrativos naturais que o município
apresenta seja pelos roteiros alternativos
que podem ser implementados e ainda pe-los
aspectos socioculturais da região. Por
outro lado, o grupo acredita na potenciali-dade
e necessidade de ações e articulação
com o poder público para que se possa de
fato explorar tal potencial turístico do local.
Conforme o depoimento de Entrevistado
03 a inovação não seria apenas refletir so-bre
as alternativas por si só, mas ao mesmo
tempo refletir e executar tais alternativas
para que assim possase obter produtos e
serviços inovadores do turismo. Apesar de
reconhecer que a inovação do produto Porto
de Galinhas caminha a passos lentos algu-mas
ações já começam a ser observadas.
Quando questionado sobre exemplos de
ações que seguem em direção a inovação do
produto turístico o entrevistado assinalou
algumas ações envolvidas no projeto da
instituição que abrange todo o litoral sul do
Estado de Pernambuco, tais como: a perso-nalização
do artesanato de PG, nesse caso
há a intenção em tornar o artesanato feito
na região um tipo específico que só possa
ser encontrado e adquirido nesse local; e
estórias e contos regionais que possam ser
mais bem explorados e agregar valor ao
destino, e nesse sentido o SEBRAE publi-cou
sob o nome de “contos e assombrações”
um material informacional que relata estó-rias
contadas pelos próprios moradores
sobre alguma lenda ou fato real que aconte-ceu
naquele local.
A tabela 2 permite a visualização da va-riedade
de alternativas que ainda podem
ser exploradas no destino, porém, apesar de
todos os atores entrevistados reconhecerem
o potencial e necessidade de desviar o foco
atual, concentrado no segmento sol e mar,
não foram encontradas ações e/ou projetos
mais consistentes em direção a agregação
de outros elementos ao produto turístico
comercializado atualmente.
Coordenação das atividades
As Atividades Turísticas em PG não
possuem um grupo gestor formal ou estru-tura
de governança, pois se encontra em
fase de fortalecimento e articulação pelo
SEBRAE-PE da rede de atores locais e de
grupos recém formados, como o PROTUR-PG,
como relatado pelo Entrevistado 03,
que argumenta que o SEBRAE-PE é um
articulador e catalisador do processo de
articulação entre os atores locais e especifi-camente
no caso de PG o trade encontrava-se
desarticulado e desintegrado e devido a
algumas dinâmicas realizadas por ele os
integrantes foram se aproximando para
originar o grupo PROTUR-PG.
O Entrevistado 01 corrobora com o En-trevistado
03 no que se refere à importân-cia
do PROTUR-PG e elenca mais dois gru-pos
informais, considerados fortes dentro
da rede de atores: o Fórum de Atores de
Porto de Galinhas e as Associações de Clas-se
ligadas ao turismo na localidade, em
especial a Associação de Comerciantes e de
Hotéis. E explica:
[...] o fórum é exclusivo das represen-tações
sociais; é exclusivo dos atores
sociais e não inclui a prefeitura, a pre-feitura
pode ir como convidada,
mas ela não integra o fórum, aí tem ou-tros
dois setores existe um grupo cha-mado
PROTUR – PG e as associações
[...] no PROTUR-PG todos que se inte-ressam
podem dar um palpite, isso é
sobre a possibilidade de manifestação
de todos [...]
M. Cavalcanti, C. de Fátima Silva y C. R. Pasa 447
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(3). 2009 ISSN 1695-7121
O Entrevistado 01 completa afirmando
que o PROTUR-PG surgiu de seminários
desenvolvidos pelo SEBRAE-PE e que
também foram abraçados pelo Ministério
do Turismo e pela EMPETUR, além de
possuir vínculo com associações locais. E
nos esclarece:
[...] o grupo PROTUR-PG está vinculado
à associação de comerciantes que é um
grupo forte até porque a associação de
comerciantes é mais abrangente do que
as outras, porque engloba a associação
de hotéis, a associação de pousadas [...].
Para o Entrevistado 01, o grupo PRO-TUR-
PG é mais amplo que um grupo de
associados, pois em suas reuniões seus par-ticipantes
planejam e discutem as Ativida-des
Turísticas que serão executadas pelas
associações, de acordo com seus interesses
individuais e coletivos. O Entrevistado 03
acredita que a união desses atores traz
pressões para o Poder Público, de forma
positiva, construtiva, para a realização de
políticas públicas voltadas à melhoria da
infra-estrutura de PG ao seu desenvolvi-mento
local, e também pode culminar para
a consolidação de um Arranjo Produtivo
Local Turístico nessa localidade com o
apoio de todos os atores envolvidos no tu-rismo.
Considerações Finais
Em relação à inovação e à sustentabili-dade
da AT vale ressaltar que o conceito de
inovação percebido por meio da análise do
conteúdo das entrevistas resume-se à mu-dança
das manifestações culturais e do
patrimônio histórico do município de Ipoju-ca,
ao apelo ao turismo ecológico e à valori-zação
da gastronomia e artesanato regio-nal,
o que evidencia aspectos tanto da ino-vação
incremental como da inovação orga-nizacional
apresentada por Lastres e Cas-siolato
(2005), uma vez que consiste na
introdução de um elemento novo na manei-ra
de organizar a “produção” e comerciali-zação
do produto turístico sem, contudo,
alterar radicalmente a estrutura produtiva
atual no foco do segmento sol e mar para a
exploração de outros potenciais do local.
O mapeamento dos atores da Atividade
Turística em PG revelou que as relações
internas no trade turístico são fortes e inte-gradas,
a partir das Associações e do Fórum
de Atores, no entanto apresentam-se ainda
desarticuladas com pouca interação entre o
trade e o Poder Público local. As Atividades
Turísticas não possuem uma estrutura de
governança formalizada, encontrando-se no
estágio inicial de fortalecimento dos grupos
informais existentes, induzido pelo SE-BRAE-
PE. Desse forma, o estudo conclui
que esse aglomerado turístico encontra-se
Alternativas e potencialidades sugeridas pelos atores locais
Artesanato Personalização do artesanato de local;
Gastronomia Circuitos gastronômicos valorizando a cozinha
típica;
Manifestações culturais Eventos culturais e valorização da cultura local;
Rota dos engenhos Criação de roteiros de visitação aos Engenhos do
município;
Ecoturismo Trilhas e passeios pelas áreas de preservação
ambiental;
Estórias e contos locais Publicação de lendas e estórias da região;
Visitações ao Porto de Suape Visitas a um dos maiores e mais bem equipados
Portos do mundo.
Tabela 2: Potencial Inovador de Porto de Galinhas. Fonte: Elaborado pelas autoras
448 Arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais:…
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(3). 2009 ISSN 1695-7121
no estágio Inicial de APLs Turísticos pro-posto
por Gollub (2005). No entanto, tende
a evoluir pra o estagio Emergente pela con-solidação
de suas relações de cooperação
entre seus atores e do incentivo de políticas
públicas voltadas ao turismo.
As limitações de pesquisa ocorreram de-vido
à ausência de atualização do Inventá-rio
Turístico (última versão em 2003), à
dificuldade na obtenção de informações
oficiais sobre a rede de atores e à acessibi-lidade
das pesquisadoras a outros atores,
como Instituições de Ensino e Pesquisa,
ONGs e Comunidade Local, além do fator
tempo e custo de operacionalização desse
estudo. Sugere-se como pesquisas futuras,
para a continuidade desse trabalho, a aná-lise
da competitividade turística a partir de
sua estrutura de acesso aos meios urbano e
rural desse destino, e as políticas públicas
locais e nacionais voltadas ao desenvolvi-mento
do turismo em Porto de Galinhas.
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Recibido:
Reenviado:
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14/09/2009
Aceptado: 25/09/2009
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