Vol. 4 Nº 3 págs. 443-446. 2006
www.pasosonline.org
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Opiniones y ensayos
Competitividade e sustentabilidade: é possível as cidades turísticas sererm
sustentáveis e competitivas ao mesmo tempo?
Adriana Gomes de Moraes
adrianagmoraes@hotmail.com
Considerações iniciais
Para tratar do tema competitividade e
sustentabilidade é necessário fazer
algumas considerações conceituais sobre
os temas tratados acima.
Competitividade dever ser entendida
aqui como a capacidade de formular e
implementar estratégias concorrênciais,
que permitem ampliar ou conservar de
forma duradoura, uma posição
sustentável no mercado. Sustentabilidade
como uma dimensão de múltiplas peças,
de cujo encaixe poderá surgir o equilíbrio
necessário ao desenvolvimento
harmonioso das comunidades.
No documento ciência e tecnologia
para ao desenvolvimento sustentável, são
consideradas as seguintes dimensões de
sustentabilidade.
1- Sustentabilidade social: ancorada no
principio da equidade na distribuição
de renda e bens. No principio da
igualdade de direitos a dignidade
humana e no principio de
solidariedade e dos laços sociais.
2- Sustentabilidade ecológica: ancorada
no principio da solidariedade como
planeta suas riquezas e biosfera que
o envolve.
3- Sustentabilidade econômica: avaliada
a partir da sustentabilidade social
propiciada pela organização da vida
material.
4- Sustentabilidade espacial:norteada
pelo alcance de uma equanimidade na
relações inter-regionais e na
distribuição populacional entre o
rural/urbano.
5- Sutentabilidade político- institucional:
que representa um pré-requisito para
a continuidade de qualquer ação a
longo prazo.
6- Sustentabilidade cultural:modulada
pelo respeito à afirmação do local, do
regional e do nacional, do contexto da
padronização imposta pela
globalização.
As dimensões delimitadas acima para
a sustentabilidade são perfeitamente
utilizáveis para as cidades turísticas. O
jornal da OMT nº 4 de 2004 divulgou que
o comitê de desenvolvimento sustentável
revisou a definição de turismo
sustentável. O objeto da revisão é refletir
melhor as facetas da sustentabilidade do
turismo. A nova definição conceitual traz
um equilíbrio entre os aspectos
ambientais, sociais e econômicos do
turismo muito similar às dimensões
descritas acima.
As cidades turísticas
No presente artigo considera-se cidade
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turística aquela que possui atrativos que
possibilitem o deslocamento de pessoas.
Para Silva (2004: 64) o universo das
localidades brasileiras constrói um
quadro no qual identificam-se sete tipos
distintos: cidades com temática
européia,cidades históricas, praias
urbanizadas, praias rústicas, cidades do
interior, complexos turísticos e centros
metropolitanos.
Porém para que sejam desenvolvidas
devem avaliar cuidadosamente seus
recursos turísticos. Essa avaliação vai
auxiliar na determinação se a área tem
potencial para o turismo e qual é o tipo
mais adequado a ser desenvolvido.
OMT (2003) identifica os seguintes
recursos a serem avaliados : atrativos e as
atividades relacionadas à natureza,
atrativos e as atividades relacionadas ao
patrimônio cultural do ambiente
construído, atrativos e as atividades
relacionadas a economia, atrativos e
atratividades aos lugares urbanos,
atrativos as paisagens e os estilos de vida,
atrativos e atividades relacionadas à
saúde ao descanso e aos tratamentos
médicos em fontes minerais, spas.
As cidades turisticas brasileiras
conforme a identificação dada pela autora
acima são bastante diversificadas porém,
estão carentes de ações políticas mais
eficientes devido aos grandes conflitos
urbanos condizentes à realidade nacional.
Na diversificação paisagística os
conflitos são mais urgentes, requerendo
soluções imediatas. As paisagens
turísticas são cenários intencionalmente
construídos no território, para atrair
turistas ou seja são construídos uma
realidade.
Silva (2004: 32) observa que: o que
chama a atenção do turista, é o diferente
e o inusitado. A viagem é uma forma de
confrontar seu repertório cotidiano e seu
habitat com o do outro, o que ele não
conhece e lhe parece exótico. O olhar do
turista é sempre estrangeiro e
especulador.
Conhecer o diferente, o cotidiano do
outro traz atualmente uma grande
preocupação ética, será possível
considerar os atrativos turísticos de uma
localidade sem levar em conta o modo de
vida local?
As agências de viagens e turismo
proporcionam atualmente viagens para
todos os tipos de turistas, para todos os
gostos e classes sociais, o que importa
saber é se as práticas mercadológicas
interferem o modo de vida dos residentes
das cidades turísticas?
È comprovado que o turismo traz
benefícios além de problemas para um
município se bem planejado, desenvolvido
e gerenciado, o turismo gera empregos e
renda para o local, mas o turismo requer
uma infra- estrutura melhorada, que pode
ser aproveitada pelos residentes.
Uma cidade turística ancorada nos
preceitos descritos acima pode
desenvolver uma das dimensões da
sustentabilidade, a social.
A grande maioria das localidades que
tem a atividade turística como propulsor
da economia preocupa-se com a dimensão
social? As infra estruturas construídas
para o desenvolvimento do turismo são
acessíveis a comunidade?
Competitividade sustentável das
localidades turísticas
Entende-se que a competitividade das
localizações resulta de um conjunto de
fatores e de fenômenos da natureza
interdisciplinar, que envolve aspectos
macroeconômicos sociais, políticos e
administrativos.
O que faz uma cidade turística ter
capacidade para competir com outras
cidade turísticas? Podemos subitamente
responder que são os diferenciais de cada
cidade, tais como: preço,mão-de-obra,
infra- estrutura,posição geográfica e
inúmeros outros fatores. Mas, uma
localidade que se desenvolve dentro das
dimensões de sustentabilidade poderá
competir, terá condições de competição
com outra que não observa os princípios
de sustentabilidade?
O indicador acima é produzido pela
OMT tem como objetivo avaliar as
informações sobre os impactos do turismo
em uma localidade. Entretanto, é
importante que cada municipio
desenvolva um conjunto e indicadores que
considere mais relevante à sua própria
situação. Os indicadores podem variar em
relação a diferentes locais turísticos
dentro de um município.
Adriana Gomes de Moraes 445
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Indicador Medidas específicas
1- proteção do local Categoria de proteção
do local de acordo
com o índice de
IUCN.
2- estresse número de turistas que
visitam o local
3- intensidade da
utilização
Período de pico
4- impacto social Razão de turistas em
relação aos hab.
Locais.
5- controle do
desenvolvimento
Existência de
procedimentos de
revisão ambiental ou
de controles formais
sobre o
desenvolvimento do
local e as densidades
de utilização.
6- gerenciamento de
resíduos
Porcentual do esgoto
do local que recebe
tratamento.
7-processo de
planejamento
Existência de um
plano regional
organizado para a
região do destino
turístico.
8- ecossitemas críticos Números de espécies
raras ameaçadas
9- satisfação do
consumidor
Nível de satisfação do
consumidor
10- satisfação do local Nível de satisfação
dos habitantes locais
11-contribuição
turístico para a
economia local
Proporção da
atividade econômica
total gerada
unicamente pelo
turismo
Índices compostos
Capacidade de carga Composição das
primeiras medidas
preventivas dos
fatores chave que
influenciam na
habilidade do local
suportar diferentes
níveis de turismo.
Estresse local Medida de
composição de níveis
de impacto no local.
atratividade Medida qualitativa
daqueles atributos do
local que o tornaram
atrativo ao turismo e
que podem sofrer
mudanças com o
tempo.
A OMT (2003,p.115) apresenta os indicadores
centrais do turismo sustentável. Fonte: OMT
(2003: 115)
Para Porter (1999: 330) a vantagem
competitiva se manifesta através de
custos mais baixos do que dos rivais ou da
capacidade de diferenciar e conseguir um
adicional de preço que supere o custo
adicional da diferenciação. Algumas
diferenças, na eficácia operacional, mas
das mais sustentáveis resultam da
ocupação de uma posição competitiva
única.
A questão da sustentabilidade
atualmente é objeto de ampla aceitação,
mais ainda pouco aplicável pois a
comunidade quer deixar sua cidade
habitável, relutante em razão da crença
persistente de que a regulamentação
ambiental destrói a competitividade . A
visão predominante é o meio e a economia
como cita
Porter (1999: 371) De um lado do
dilema, situam-se os benefícios sociais
decorrentes das normas ambientais
rigorosas. Do outro lado, encontram-se os
custos privados da indústria para a
prevenção e limpeza-custos que
acarretam aumento de preços e redução
da competitividade. com a questão assim
estrutura, o progresso em termos de
qualidade ambiental se tornou uma
espécie de quebra- de braço. Um lado se
empenha por normas mais severas o
outro peleja pelo retrocesso na
regulamentação. O equilíbrio do poder
pende para um lado ou para o outro,
dependendo da direção dos ventos
políticos.
A grande questão das cidades
turísticas brasileiras é a aplicabilidade
dos princípios sustentáveis, pois o
direcionamento político que infelizmente
acredita ainda que o fator essencial para
a competitividade de um destino turístico
é o preço.
É importante ressaltar que investir em
uma cidade conforme princípios da
sustentabilidade aumenta a
produtividade dos recursos favorece, e vez
de comprometer a competitividade.
Considerações finais
Creio no turismo como uma atividade
econômica perfeitamente capaz para o
desenvolvimento de uma cidade, região,
estado ou país. Porém tornar as cidades
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turísticas e competitivas ainda é uma
carência grande desse setor pois a
cenarização do turismo nas cidades
assume diferentes funções de acordo com
o contexto regional, o ambiente físico e
natural e os elementos culturais e
históricos.
Tornar então uma cidade sustentável e
competitiva depende muito das políticas,
do planejamento urbano e do
desenvolvimento social. Uma cidade
turística não pode ser formadora de
cenários observados em grandes cidades.
Para Engucicht apud Serkis (2003:
219) “ as cidades são o reconhecimento de
que para desenvolver nossas plenas
potencialidades necessitamos daquilo que
outras pessoas nos podem dar. Cidade é
um ecossistema criado pelas pessoas para
sua mútua realização”.
Num ecossistema, assim como numa
floresta tropical tudo está inter-relacionado
e é interdependente. Cada
organismo prevê algo essencial para a
vida de outros organismos e, em troca
deles recebe aquelas coisas essenciais
para sua própria sobrevivência e bem-estar.
Ser uma cidade competitiva e
sustentável não é uma mera utopia,
depende de uma série de ações
perfeitamente alcançáveis, algumas
difíceis por fortes influências culturais,
políticas e econômicas.
Porém acredito que cidade turística
sustentável no Brasil ainda é uma utopia,
pois não se pode falar de sustentabilidade
com altas taxas de juros vigorando, com
índices de analfabetismo e desemprego
altíssimos, enfim uma comunidade
sustentável é digna de viver
decentemente.
Assim como gestão das cidades, o
turismo no Brasil ainda atrai números
irrisórios da demanda mundial de
turistas, porque o turismo não é visto
como uma atividade altamente lucrativa e
também pela falta de gestão do turismo
nas cidades que apresentam potencial
para serem competitivas e sustentáveis.
Referências
Silvia, Maria da Glória Lancida.
2004 Cidades turísticas:identidades e
cenários de lazer. São Paulo:Aleph.
OMT
2003 Guia de desenvolvimento do turismo
sustentável. Tradução:Sandra Netz.
Porto Alegre:Bookman.
2003 Meio ambiente no século 21.
organizador:André Trigueiro. Rio de
Janeiro: sextante.
Porter.Michael.
1999 Competição: estratégias
competitivas essenciais. Tradução
Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de
janeiro: Campus.
Consórcio CDS/UNB-ABIPTI
2000 Ciência e Tecnologia para o
desenvolvimento sustentável. Brasília.
Recibido: 02 de enero de 2006
Reenviado: 01 de marzo de 2006
Aceptado: 18 de abril de 2006
Sometido a evaluación por pares anónimos