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Vol. 6 Nº 3 págs. 555-568. 2008 www.pasosonline.org © PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável: alternativas planejadas para o turismo em Paranaguá, PR, Brasil Marco Aurélio Ávila ii Erick Pusch Wilke iii (Brasil) Resumo: A existência de recursos histórico-culturais, a dificuldade na fiscalização do cumprimento da legislação ambiental e de conservação do patrimônio histórico podem ser considerados desafios ao de-senvolvimento sustentável da atividade turística municipal. Esse é o contexto sobre o qual este estudo foi realizado, trata-se de Paranaguá, uma cidade com recursos e potencial para o desenvolvimento do turis-mo, mas que ainda sofre com problemas internos e dificuldades na configuração de um produto turístico competitivo, gerados, sobretudo, pela sazonalidade e pela falta de planejamento turístico. O objetivo principal foi analisar as condições atuais de desenvolvimento do turismo na cidade, optou-se pela utili-zação da análise DAFO (Dificuldades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades). Finalmente, foram elabo-radas propostas que evidenciam a necessidade da formatação de produtos turísticos adequados às carac-terísticas da cidade, da adoção de estratégias que promovam a integração dos produtos turísticos locais entre si e entre os balneários vizinhos, visando atingir um posicionamento competitivo em diferentes épocas do ano. Palavras chave: Planejamento estratégico; Produtos turísticos; Patrimônio histórico; Paranaguá. Abstract: The existence of located historical-cultural resources, the difficulty in the fiscalization of the execution of the environmental legislation and of conservation of the historical patrimony challenges can be considered to the maintainable development of the municipal tourist activity. That is the context on which this study was accomplished, it is treated of the city of Paranaguá, a city with resources and poten-tial for the growth of the Tourism, but it still suffers with internal problems and difficulties in the confi-guration of a competitive tourist product, generated, above all, for the ripen of the demand and for the lack of tourist planning. This study looked for to detach the need of adoption of new strategies of quan-titative and qualitative growth for local tourism, considering about the existent reality the factors that contribute and the factors restricted for the reach of that objective. The main objective went to analyze the current conditions of development of the tourism in the city, so opted for the use of SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats). Finally, they were elaborated proposed demonstrat-ing the need of creation of tourist products formatted in agreement with the main existent resource, the adoption of strategic that promote the integration of the local tourist products amongst themselves and among the neighboring spas and the competitive positioning in different times of the year. Keywords: strategic planning; tourist products; historical patrimony; Paranaguá. ii • Marco Aurélio Ávila. Doutor em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Las Palmas de Gran Canária (ULPGC – Espanha). Email: marco@ativanet.com.br iii • Erick Pusch Wilke. Mestre em Cultura e Turismo pela Universidade Estadual de Santa Cruz e Universidade Federal da Bahia. Email: erickwilke@hotmail.com 556 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Introdução Este estudo buscou evidenciar os fatores limitantes para o desenvolvimento da ati-vidade turística na cidade de Paranaguá, localizada no litoral do Estado do Paraná. A análise inicial, revelou que a cidade apre-senta vários problemas que desafiam a gestão sustentável do turismo e, por esse motivo, acredita-se que a atividade não se encontra plenamente inserida no contexto econômico e social local. Nesse contexto de desafios, podem ser evidenciados aspectos positivos para o desenvolvimento do turis-mo na cidade como a existência de recursos histórico-culturais e naturais, infra-estrutura e equipamentos urbanos, e aspec-tos negativos, como a sazonalidade da de-manda, agressões ao meio ambiente e des-cumprimento da legislação de proteção ao ambiente natural e ao patrimônio histórico. Atualmente, o turismo vem se destacan-do como uma importante ferramenta para a promoção do equilíbrio entre os interesses da comunidade e a utilização dos recursos naturais e culturais, atuando em várias áreas que interferem diretamente na quali-dade de vida do ser humano. Como um fenômeno de ordem social, traduz os ansei-os pessoais relativos à fuga das atividades cotidianas, na qual o tempo livre assumiu maior significado após a globalização e no-vas relações de trabalhos advindas do pro-cesso de industrialização. Na economia, envolve e dinamiza vários setores agrega-dos à atividade em âmbito nacional, regio-nal ou local, podendo, através da utilização de medidas planejadas, multiplicar ganhos, gerar empregos, aumentar a distribuição e produção de pequenos proprietários forne-cedores de insumos e possibilitando a inte-gração das grandes corporações no mercado de turismo. Para o meio ambiente artificial ou natural, pode contribuir na forma de incentivos à preservação da natureza, à reestruturação dos espaços urbanos e à revitalização de espaços de valor histórico. Além disso, o turismo pode atuar como uma importante fonte de auxílio para a melhoria de aspectos relativos ao desenvol-vimento sustentável nas localidades onde está inserido, desde que a atividade possa valer-se dos recursos disponíveis no espaço, dos equipamentos, serviços e dos recursos humanos de forma planejada. Entende-se, entretanto, que existam al-guns aspectos que podem ser considerados limitantes para a materialização de medi-das sustentáveis. Dentre esses aspectos, encontra-se o desenvolvimento do turismo em ambientes urbanos de grande valor histórico, onde coexiste a dinâmica do coti-diano dos residentes. Como esclarece Pires, “além dos problemas oriundos de qualquer cidade normal, ainda conta, por um lado, com restrições no que se refere a intervenç-ões físicas nos núcleos históricos, por outro, com dificuldades de fiscalização do gabarito histórico e em conciliar os interesses dos moradores com os dos visitantes” (2003: 69). Atualmente, a temática da utilização do espaço urbano, no contexto do turismo como um destino turístico ou como um espaço de lazer e descanso pode ainda ser considerada jovem, entretanto, tem gerado crescentes preocupações por parte de diversos estudio-sos. Desde os primeiros apontamentos so-bre esse tema, com destaque para contri-buições teóricas realizadas por Yokeno (1968) e Chenery (1979) (apud Pearce, 2003), até os estudos mais recentes (Ash-worth e Tunbridge, 1990; Castrogiovanni e Gastal 1999, 2000; Tyler et all, 2001; Gan-dara, 2001, 2004; Burns, 2004), que têm colaborado para densificar os conhecimen-tos na área. Apesar do crescimento do volume de pu-blicações e pesquisas na área, ainda existe certa negligência no destaque e na obser-vação da real importância da atividade turística em centros urbanos. Esse fato ocorre, de acordo com Pearce (2003), devido ao fato de que o turismo nesse ambiente está longe de ser a atividade predominante, de forma que ainda é superado pelas funç-ões comerciais, administrativas, residen-ciais e industriais. Soma-se a isso a nature-za multifuncional da relação entre o turista e o munícipe, onde ambos compartilham diversos serviços locais como transporte, lojas, restaurantes, catedrais, museus, tea-tros e outros, dificultando ainda mais a análise do turismo de forma separada. O tema ganha volume e seriedade quan-do, nesse ambiente, está inserido o conjunto de representações históricas e culturais de uma comunidade. Desde muito tempo, o Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 557 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 turismo vem incorporando o patrimônio cultural como um dos importantes compo-nentes de roteiros e programações, possibi-litando a formatação de produtos turísticos culturais. Tundridge afirma que “não so-mente o turismo é sempre mencionado co-mo a maior indústria do mundo, mas também o turismo cultural – principalmen-te aquele com vocação histórica urbana –, agora possui um lugar de destaque” (2001: 132). É valido esclarecer, por um momento, como é considerado o uso da cultura e suas representações no presente estudo. Consi-dera- se importante que a cultura seja ob-servada pelo valor que ela assume na cons-tituição de uma sociedade e, em seu sentido mais amplo, pelo enfoque antropológico das práticas, valores, símbolos e idéias e pelo sentido de trabalho humano no processo de transformação da natureza. Contudo, a análise aqui desenvolvida detém-se numa parte deste sistema amplo e complexo de conceitos. A noção das repre-sentações históricas, aqui considerada, tem como referência sua materialidade, como os edifícios e monumentos históricos e sua imaterialidade, como as lendas, os contos o conhecimento gastronômico e festivo, am-bos portadores de valor e de interesse cul-tural. Com isso, o estudo enfatiza aqueles elementos cuja expressão se apresenta en-quanto parte do ambiente, do tecido urba-no, do cotidiano e imaginário popular através dos acontecimentos históricos e que podem ser considerados como importantes recursos de atratividades para a formataç-ão de produtos turísticos locais. Em Paranaguá, o conjunto de edifícios, monumentos e casarões representam gran-de parte da história do povoamento do Es-tado do Paraná e também dos fatos que marcaram a história do Brasil. Esses recur-sos estão localizados no chamado Centro Histórico, em meio ao centro urbano da cidade, onde também estão dispostos os principais equipamentos necessários para atender a visitantes e residentes como os terminais de transporte, bancos, farmácias, sistemas de segurança e hospitais. Nesse cenário ainda podem ser encontrados ou-tros elementos que interferem de forma positiva ou negativa para o desenvolvimen-to do turismo. Entender quais são esses elementos e suas inter-relações é funda-mental para que o turismo possa ser geren-ciado de forma planejada e se torne uma atividade plenamente inserida no contexto social e econômico do município. Para a análise do turismo em Paranaguá utilizou-se o procedimento de análise da situação de acordo com a abordagem de Sainz de Vicuña (1999), no qual são apon-tados os fatores internos e externos relacio-nados com o desenvolvimento do turismo (Fortalezas, Debilidades, Oportunidades e Ameaças). A partir desses apontamentos realizou-se a análise que possibilitou o in-ter- relacionamento das informações obtidas no diagnóstico, ou seja, obteve-se um con-junto de informações que caracterizam a situação atual do turismo na cidade de Pa-ranaguá. Resumidamente, para essa meto-dologia seguiram-se os seguintes passos: 1. Levantamento e listagem das informaç-ões necessárias 2. Composição dos quadros de Oportunida-des e Ameaças 3. Composição dos quadros de Fortalezas e Debilidades 4. Composição da matriz de avaliação es-tratégica 5. Análise do DAFO Dentro desses passos, destaca-se que as informações para a composição dos quadros do DAFO, referentes aos passos 1, 2 e 3, foram obtidas através de fontes secundá-rias, pois, como observa Samara e Barros (2002, p. 29), uma característica marcante do estudo exploratório é a obtenção dos dados e informações a partir de fontes já disponíveis. Sendo assim, a investigação inicial foi realizada por meio de análise de documentos já elaborados, como estudos da demanda turística e diagnósticos sócio-ambientais, dos quais puderam se extrair as condições atuais do mercado de turismo, as expectativas quanto ao desenvolvimento da atividade e sua inter-relação com os problemas ambientais e sociais enfrentados por Paranaguá. A aplicação do DAFO como uma ferramenta de análise consiste em identificar e locali-zar as oportunidades, ameaças, fortalezas e debilidades, atribuindo a elas um valor numérico a partir de sua possibilidade de manifestar-se e de sua importância. Como demonstra o quadro a seguir: 558 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Sainz de Vicuña afirma que essa forma de análise constitui-se de um importante método de análise da realidade, sendo um “importante instrumento de seleção daque-les aspectos realmente importantes sobre os quais concentraremos a atuação estraté-gica” (Ibid., p. 120, tradução nossa). Os documentos pré-existentes foram es-colhidos como fontes de informação devido ao fato de serem os que mais se aproximam da realidade estudada, em primeiro lugar, porque seguem uma metodologia utilizada pela Embratur em todo o Brasil para a cole-ta de dados e informações sobre a demanda nos destinos turísticos, como no caso dos Estudos de Mercado Interno de Turismo no Brasil e os Estudos da Demanda Turística do Litoral 2002 e 2004, e em segundo lugar, por estarem ligados a importantes insti-tuições e autores que se dedicam ao estudo do litoral paranaense, como no documento Diagnóstico Socioambiental de Paranaguá de 1999, da Universidade Federal do Pa-raná. Tais documentos, além daqueles pes-quisados na UFPR, puderam ser pesquisa-dos na Fundação Municipal de Turismo de Paranaguá – Funtur, na Prefeitura Muni-cipal e nas Secretarias de Desenvolvimento e do Patrimônio Histórico e Cultural de Paranaguá. É válido mencionar que o presente estudo apresenta prioritariamente os resul-tados obtidos após o cruzamento das infor-mações e quadros contidos nos passos 1, 2 e 3, ou seja, a matriz de avaliação estratégi-ca, a análise do DAFO e as propostas deco-rrentes desta análise. Sendo assim, com base nos resultados obtidos o estudo, buscou colaborar com o processo de desenvolvimento do turismo na cidade, destacando a necessidade de adoção de novas estratégias de crescimento quali-tativo e quantitativo para a atividade. Para isso, considerou-se premissa essencial a adoção de estratégicas que promovam a criação de produtos turísticos com base nos recursos histórico-culturais e na integração dos produtos turísticos locais entre si e entre os balneários vizinhos. Acredita-se que, através das medidas que serão propostas, possa-se contribuir para o desenvolvimento sustentável do tu-rismo, reduzindo os efeitos provocados pela sazonalidade da atividade turística em Pa-ranaguá. Desenvolvimento A Matriz de Avaliação Estratégica a seguir apresenta de forma sintética as in-formações obtidas nas fontes secundárias e é onde se pode comparar as Oportunidades x Ameaças e as Fortalezas x Debilidades. Pode-se dizer que Paranaguá está em processo de desenvolvimento como um des-tino turístico. Algumas iniciativas de agre-gar interesses e dispositivos em infra-estrutura para a formatação de um produto turístico local são realizadas pela adminis-tração do município. Entretanto, a concepç-ão de um destino sustentável passa pela análise desse como um sistema constante-mente alimentado por informações prove-nientes dos visitantes e residentes, que apontam aspectos importantes para a con-dução do turismo, como a qualidade das atrações visitadas, o acesso ao local e os serviços turísticos, entre outros. Por isso, a administração do município necessita de uma base sólida de informações para o pla-nejamento sustentável do turismo, o que ainda não é possível ser encontrado. As informações e dados estatísticos disponíveis na Prefeitura Municipal de Paranaguá, nas Secretarias Municipais, no Fundo Munici-pal de Turismo e nas organizações ligadas ao turismo no Estado do Paraná como a Paraná Turismo, não contemplam todas as informações necessárias para apontar as características da atividade turística de Paranaguá. POSSIBILIDADE DE MANIFESTAR-SE IMPORTÂNCIA Com total segurança.............................valor 3 Muito possivelmente.............................valor 2 Possivelmente.......................................valor 1 Raramente............................................valor 0 Assegura-se o seu cumprimento..........valor 3 Incidência muito provável.....................valor 2 Incidência favorável..............................valor 1 Relevância praticamente nula..............valor 0 Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 559 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Quadro 1: Matriz de avaliação estratégica OPORTUNIDADES AMEAÇAS D1 Inexistência de produtos turísticos formatados na cidade de Paranaguá que se utilizem da integraç-ão entre os recursos naturais e culturais, de guias e profissionais especializados, da população local e da iniciativa pública. F1 Abundância de recursos históricos na cidade de grande importância e significa-do para a formatação de produtos de tu-rismo cultural. D2 Agressões ao meio ambiente acentuaram-se devi-do à aceleração dos processos de expansão por-tuária e urbanização do município, sobre os quais a administração municipal não interveio recente-mente com investimentos resolutivos. F2 Abundância de recursos naturais e pai-sagísticos, de grande valia para a forma-tação de produtos turísticos diversificados no segmento de turismo de natureza. D3 Descumprimento parcial da legislação ambiental e das práticas de conservação do patrimônio histórico. F3 Possibilidade de integração de produtos que aliem a utilização dos recursos natu-rais e dos recursos histórico-culturais. D4 Situações problemáticas no perímetro urbano de Paranaguá de ordem infra-estrutural e de serviços que atingem diretamente a população local e conseqüentemente prejudicam o desenvolvimento sustentável do turismo. F4 Reestruturação e ampliação de áreas de lazer no perímetro urbano próximo ao Centro Histórico, o que possibilita a reali-zação de eventos direcionados ao turismo cultural e eventos em geral. D6 Divulgação e promoção turística insuficiente de Paranaguá e de seus atrativos F5 Apesar do aumento e concentração do número de visitantes no verão quando comparado aos outros meses do ano, a cidade não enfrenta situações problemáti-cas advindas de um turismo massificado. D6 Os principais motivos para viagem por parte da demanda restringem-se a visitas a familiares e/ou amigos e a negócios. F6 Existência de instrumentos legais que amparam e incentivam o desenvolvimento do turismo, a utilização do solo e a con-servação do patrimônio histórico do mu-nicípio. OPORTUNIDADES AMEAÇAS O1 As boas condições de conservação das estradas de acesso à Paranaguá favorecem o deslocamento do fluxo de turistas provenientes de importantes regiões emissoras de turistas para o litoral, prin-cipalmente a região metropolitana de Curitiba. A1 A sazonalidade da demanda provocando a falta de regularidade no uso dos serviços e equipamentos turísticos. O2 A proximidade da capital do estado do Paraná, Curitiba, que tem se destacado como o principal centro emissor de turistas para o Litoral parana-ense. A2 Fluxo de turistas para o litoral caracteriza-se essencialmente pelo turismo de sol e praia, com aproveitamento apenas parcial de outros tipos de turismo existentes na região. O3 Possibilidade de acesso à cidade através da Es-trada de Ferro Paranaguá-Curitiba e pela Estrada da Graciosa. A3 Imagem turística negativa da cidade devi-do aos impactos existentes, principalmen-te provocados pelo porto e pela gestão inadequada dos serviços públicos. O4 Possibilidade de integração de Paranaguá com destinos turísticos da região. A4 Valorização tradicional dos brasileiros pelo modelo turístico de sol, praia e natu-reza. Os atrativos culturais permanecem com pouco destaque nas pesquisas quanto às motivações de viagem. O5 Possibilidade de atrair turistas devido à proximi-dade com importantes centros emissores de turis-tas no Brasil como São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A5 A principal característica da demanda proveniente de Curitiba é a utilização de casa própria tipo segunda-residência ou de parentes como meio de hospedagem. O6 Aumento da propensão a viajar, por parte da população brasileira, aos destinos domésticos. A6 Baixa diversidade de emissores de turistas para Paranaguá. 560 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Com a quantidade de informações dis-poníveis não é possível, detalhar os fatores que necessitam de melhorias, investimen-tos ou mesmo os que não devem ser incen-tivados. Tem-se, contudo, uma gama de informações que possibilita diagnosticar a situação atual do turismo na cidade – o que por sua vez atende as necessidades deste estudo, considerando que a pretensão desta investigação figura na realidade estudada como uma fonte de auxílio, pois a partir das informações obtidas e análises realizadas, poderão ser consideradas metas de trabalho para que os fatores positivos apontados sejam melhor desenvolvidos e os fatores limitantes sejam minimizados. Seguindo a metodologia proposta ini-cialmente e levando em consideração o ob-jetivo inicial deste estudo – analisar as condições de desenvolvimento do turismo na cidade de Paranaguá, os parágrafos a seguir são destinados a algumas conside-rações nas quais procurou-se inter-relacionar, de forma coerente, as informaç-ões contidas nos quadros da Matriz de Ava-liação Estratégica DAFO, perfazendo assim a análise geral dos fatores positivos (opor-tunidades e fortalezas) e dos fatores impe-ditivos (ameaças e debilidades) ao desen-volvimento do turismo no ambiente estuda-do. Têm-se, na cidade de Paranaguá, além da existência de um patrimônio histórico em ótimas condições e infra-estrutura revi-talizada (F4), que favorecem a circulação dos turistas e que podem funcionar como fonte essencial de atratividade para o local, a existência de recursos naturais e pai-sagísticos em abundância na região ao en-torno da área histórica (F1). Esses são fato-res de extrema importância para o desen-volvimento de atividades relacionadas ao turismo. Primeiramente, porque o espaço produzido através da recuperação do con-junto histórico e da Praça de Eventos 29 de Julho, tornou-o facilmente identificável na paisagem local, o que possibilita a forma-tação de um produto turístico autêntico, como forma de expressão da herança histó-rica da cidade e dos costumes dos morado-res da região do litoral, e singular, pois um local como esse marca um destino turístico atribuindo a ele forte identidade e favorece a atração de turistas de outras regiões. Em segundo lugar porque os recursos naturais e paisagísticos possibilitam a integração de produtos que aliem esses recursos com os recursos histórico-culturais encontrados na cidade (F3). A revitalização de setores importantes na cidade, notadamente a Praça 29 de Julho no Centro Histórico, abre a possibili-dade de Paranaguá considerar utilização desse local como um espaço para realização de eventos diversificados, o que poderia minimizar os impactos provocados pela ociosidade turística nos períodos de baixa temporada (A1) e incentivar a valorização pela demanda dos recursos histórico-culturais ao invés do super aproveitamento dos destinos de sol e praia. Esse fator favo-rece, além disso, o aproveitamento da infra-estrutura existente e a maximização do potencial do Centro Histórico como um atrativo turístico, diminuindo a relação do turismo apenas do usufruto dos balneários praianos como fonte de lazer e entreteni-mento pela demanda existente, como pode ser identificado na atualidade (A4). A atividade turística é utilizada como um importante meio atender às necessida-des do ser humano no que se refere ao des-cobrimento de novas sensações e experiên-cias. Fator esse que, quando aliado às técnicas utilizadas pelo marketing contem-porâneo, como a segmentação de mercado, torna-se uma ferramenta importante para o desenvolvimento de produtos turísticos. Sendo assim, Paranaguá pode basear suas estratégias em condições estáveis que o mercado de turismo no Brasil apresenta. As tendências para o mercado brasileiro indi-cam que a demanda estabelece linhas de comportamento favoráveis para o desenvol-vimento do turismo nos destinos dentro do território nacional (O6). Esse fator, aliado a constância do comportamento desse consu-midor em relação aos seus motivos de via-gem, centrados na visita de parentes e/ou amigos favorece a fidelização do turismo em Paranaguá, visto que, grande parte da de-manda da cidade utiliza casa própria ou de parentes como forma de hospedagem (A5), transformando assim, o que seria uma ameaça em uma oportunidade de turismo alternativo. O conceito atribuído ao item citado aci-ma (A5), pode ser considerado sob dois as-pectos. Por um lado, pode ser considerado positivo, como relatado no parágrafo ante- Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 561 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 rior, entretanto, a existência desse fator ainda condiciona um aspecto negativo para o turismo na cidade. Se por um lado, a ad-ministração do turismo no município pode valer-se de um comportamento constante por parte de sua demanda para a configu-ração de produtos e serviços turísticos que atendam a necessidade desse segmento de mercado, ampliando sua oferta, por outro, tal fator contribui para a redução nos índi-ces de ocupação dos equipamentos turísti-cos nos períodos de “baixa temporada” como hotéis e restaurantes (A1). Um dos fatores que contribui para a alta dos custos no turismo é a não regularidade do uso dos equipamentos e serviços. A con-centração do consumo nos meses chamados de “alta estação” é um fato notório em cida-des de regiões litorâneas, particularmente para as motivações relativas ao lazer. Na-turalmente, não havendo regularidade no uso dos recursos e serviços disponíveis, o custo da ociosidade acaba se refletindo no preço, o que restringiria o acesso de novos consumidores e a capacidade competitiva do turismo de Paranaguá em relação às outras destinações turísticas. Destaca-se que apesar do aumento con-siderável do número de visitantes nos me-ses de alta temporada – dezembro e janeiro, e nos meses de baixa temporada – julho (A1), a cidade ainda não está afetada se-riamente pelos vários impactos negativos, sejam eles sócio-culturais, econômicos ou ambientais provocados estritamente pelo turismo massificado (F5). Podem ser obser-vadas agressões ao meio ambiente devido a fatores como a expansão portuária ou mes-mo a aceleração do processo de urbanização do município (D2+D4), somados às dificul-dades enfrentadas pelos órgãos fiscalizado-res em assegurar o cumprimento das leis de proteção ao ambiente e ao patrimônio histórico (D3). Entretanto, os impactos ne-gativos mais acentuados localizam-se nas áreas urbanas periféricas da cidade e na região portuária, ou seja, não afetam dire-tamente o espaço relativo ao conjunto histórico e às áreas de maior circulação de turistas, nas proximidades da praça 29 de Julho, da Rua da Praia e dos principais atrativos do Centro Histórico. Durante muitos anos a cidade enfrentou situações problemáticas no seu setor histó-rico, devido ao rápido crescimento urbano e forte especulação imobiliária, muitos edifí-cios passaram por modificações que os des-caracterizaram quanto aos aspectos arqui-tetônicos identificados no Centro Histórico. Entretanto, tais edificações não podem ser analisadas de maneira isolada como fator estritamente negativo, pois fazem parte de um todo e estão dispostas em meio a um conjunto de edificações já recuperadas, o que tornou o conjunto histórico perfeita-mente identificável na paisagem urbana de Paranaguá. A administração do município tem a seu favor ainda alguns fatores que, somados, contribuem para a implementação de ativi-dades voltadas ao incremento do turismo com base na cultura e na história local. Levando-se em consideração o fato de que o ambiente histórico da cidade, após a revita-lização de algumas áreas urbanas, ruas e edificações degradadas, conquistou identifi-cação própria e destacada no espaço urba-no, o turismo cultural surge como uma al-ternativa possível para minimizar os efeitos da sazonalidade (A1) e maximizar o apro-veitamento dos atrativos histórico-culturais (A4). Entretanto, ela deve ser capaz de combater, através do fortalecimento de estratégias comunicativas (D5) e da utili-zação das condições do mercado demandan-te localizado nas proximidades (O5), as tendências negativas do mercado brasileiro de turismo, no qual o turista ainda não tem, como uma das fontes principais de motivação para a viagem, a procura de des-tinos de turismo baseados na cultura. A condição de proximidade de importan-tes centros emissores de turistas como Cu-ritiba (O2) e de outros centros emissores para a região Sul do Brasil no Mercosul, de boas condições de conservação das estradas de acesso (O3+O1), aliados ao fato de os balneários praianos constituírem-se em forte fonte de atratividade (A4), favorecem a integração da cidade e de seus atrativos com destinos turísticos periféricos e seus produtos, atuando como atrativos comple-mentares ao leque de atrativos disponíveis na cidade. A integração de Paranaguá com os de-mais balneários visinhos (O4) pode aconte-cer ainda de forma inversa. A primeira foi acima mencionada: a cidade pode atuar como destino principal durante quase todo o ano, oferecendo produtos turísticos dife- 562 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 renciados em segmentos de mercado especí-ficos. A segunda forma acontece sob as con-dições, quase invariáveis, dos períodos de alta estação, quando Paranaguá se torna então um destino secundário, utilizando-se do fluxo de turistas localizados nos balneá-rios praianos nas proximidades do municí-pio. Percebe-se ainda, que a administração municipal se vê obrigada a gerenciar o de-senvolvimento do turismo pautando suas estratégias numa realidade que parece ser a mais sólida quando se observa o contexto do turismo na cidade: a baixa diversidade do número de emissores de turistas para Paranaguá (A6), tendo a capital do Estado como o principal emissor (O2). Observa-se claramente que ainda não existe um produto turístico formatado em Paranaguá, com características próprias e identidade singular (D1). Fator esse que chama a atenção, considerando-se a diver-sidade de recursos naturais, históricos e urbanísticos já exaustivamente menciona-dos até aqui. Certamente, a inexistência de um produto turístico local inviabiliza ou retarda a realização de investimentos que trariam benefícios econômicos e sociais para um grande número de membros da comunidade como a geração de empregos e, naturalmente de renda. O fato de Paranaguá não possuir um produto diferenciado pode ser considerado injustificável, haja visto que alguns fatores claramente favorecem as ações de planeja-mento para essa finalidade. Sem desconsi-derar as dificuldades e barreiras sociais e econômicas para a intervenção planejada em turismo, o município conta com uma legislação que ampara e incentiva o desen-volvimento do turismo, a utilização do solo e a conservação do patrimônio histórico (F6) e abundante recurso histórico, o que pode ser considerado de grande importân-cia e significado para a formatação de pro-dutos de turismo cultural (F2). Algumas medidas ainda devem ser to-madas para que o desenvolvimento de um turismo sustentável seja assegurado, visto que a cidade ainda não sofre com efeitos predatórios do turismo em massa (F5). A existência de situações problemáticas no ambiente urbano e natural (D2), de dificul-dades quanto à fiscalização para o cumpri-mento da legislação ambiental (D3), aliados ao fato do pouco conhecimento por parte da demanda dos atrativos existentes na cidade (D5) e a forte associação da imagem da cidade como uma região portuária (A3), perfazem um conjunto de aspectos que exi-gem uma articulação planejada com vistas a garantir a continuidade sustentável dos recursos naturais e obtenção de melhorias das condições sócio-econômicas, que podem ser conseqüência direta do desenvolvimento adequado da atividade turística. Resultados e Propostas Considerando-se os resultados obtidos na Matriz de Avaliação Estratégica, bus-cou- se elaborar propostas e sugestões que possam oferecer subsídios que favoreçam o desenvolvimento do turismo em Parana-guá. As propostas caracterizam-se por consi-derar importantes mudanças no cenário tradicional de turismo no local. São basea-das em estratégias que, primeiramente, valorizem o potencial e os recursos turísti-cos existentes como fundamento para o crescimento quantitativo e qualitativo da atividade; diversifiquem a oferta com a introdução de produtos turísticos novos e planejados, agregando com isso o envolvi-mento de maior parcela da população, mão-de- obra diversificada e recursos naturais e culturais ainda não utilizados e; possam constituir uma rede de integração entre os novos produtos e serviços turísticos locais com os disponíveis nos balneários vizinhos, atendendo assim as exigências da demanda nas diferentes épocas do ano. Primeiramente, considera-se importante que o município utilize, como fator de de-senvolvimento, do potencial existente na cidade e das condições do mercado em re-lação ao turismo, ou seja, que possa usu-fruir e tirar proveito, de maneira sustentá-vel, das condições e preferências da deman-da e do que a cidade pode oferecer, conside-rando que mudanças com propósitos de melhorias que atendam aos diversos seto-res envolvidos no turismo, podem exigir um trabalho em longo prazo. Sendo assim, é importante destacar que a administração municipal deve sempre vislumbrar um fu-turo amparado em perspectivas de desen-volvimento e melhoria dos aspectos sócio-econômicos, entretanto, é importante que Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 563 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 considere os fatores já existentes e neles investir. Proposta 1 – Introdução de produtos turís-ticos novos e planejados Como se observou, por meio de análise do diagnóstico da situação, a cidade possui boa parte dos recursos turísticos, bens e serviços auxiliares, infra-estrutura e equi-pamentos necessários para a formatação e venda não apenas de um produto turístico competitivo, que seja configurado como a base do turismo na cidade, mas também de uma variedade de recursos naturais, pai-sagísticos e humanos capazes de formar outros produtos consistentes que auxiliem e dêem suporte àquele produto principal, aumentando o leque de satisfação dos turis-tas e visitantes. De acordo com Valls (1996), para a es-truturação de um produto turístico compe-titivo, além dos recursos, bens, serviços auxiliares, infra-estrutura e equipamentos, é necessário que esse seja composto dos elementos intangíveis, tão importantes para composição de sua identidade no mer-cado de turismo. Sendo assim, é impres-cindível que, tanto o produto principal quanto os produtos periféricos e comple-mentares propostos para a cidade de Para-naguá, estejam inseridos dentro de um processo contínuo de planejamento, ou seja, que a administração municipal tenha como foco principal para os produtos turísticos locais uma gestão comprometida em insti-tuir condutas de participação e envolvimen-to social e selecionar os recursos disponíveis para a prestação de um serviço que atenda as necessidades e expectativas da deman-da. Além disso, é importante que o municí-pio trabalhe em favor da construção de uma imagem positiva ou de uma marca forte no mercado para o turismo em Paranaguá. A sugestão a seguir tem como funda-mentação os preceitos teóricos apresenta-dos anteriormente e consiste em evidenciar o desenvolvimento sustentável do turismo através de iniciativas planejadas. As pro-postas elaboradas para o desenvolvimento do turismo em Paranaguá caracterizam-se basicamente por incitar a formatação de um produto principal, voltado para o tu-rismo cultural, e de outros produtos perifé-ricos e complementares, envolvendo os re-cursos naturais e urbanos; além da inte-gração da cidade em roteiros no litoral do estado. Proposta 2 – Integração entre os produtos e serviços turísticos Tendo-se como base de fundamentação a concepção de Valls (1996), propõe-se a es-truturação de produtos baseados nos be-nefícios buscados pelo público, os quais são divididos pelo autor em produto principal, produto periférico e produto complementar. O produto principal refere-se ao benefício maior que o consumidor busca encontrar no destino turístico, após o processo de escolha dentre outros produtos; os produtos perifé-ricos acompanham intimamente o produto principal, sendo considerados sua prolon-gação natural e cumprem funções indis-pensáveis; e os produtos complementares podem ou não acompanhar os anteriores, ampliando o leque de satisfação de ambos. De acordo com a análise do DAFO, apre-sentada anteriormente, foi constatado que o turismo em Paranaguá é influenciado pela forte sazonalidade em períodos de baixa e alta temporada durante o ano. A partir disso, acredita-se que a cidade que pode atuar de duas formas distintas: 1. Como um destino principal nos períodos de baixa temporada. 2. Como um destino complementar nos períodos de alta temporada. Em ambos os casos, fundamentando sua oferta no produto principal da cidade. Sen-do assim, propõe-se que a cidade crie es-tratégias de desenvolvimento, amparadas na integração do produto principal com os produtos periféricos e complementares exis-tentes na própria cidade e no entorno nos períodos de baixa temporada. Essa inte-gração pode ser observada na Figura 1, que indica o produto “turismo cultural” como o produto principal da oferta turística, sendo apoiado pelos periféricos, como o turismo de negócios, de eventos, o religioso, o esportivo e o ecoturismo, e pelos complementares, como passeios de barco, visitas guiadas e eventos de lazer. Apesar dos problemas em infra-estrutura enfrentados pelo município para a recepção de um grande número de pesso-as, ou seja, um número superior do que aquele condizente com a população histori-camente formada na cidade – como é o caso de diversas cidades brasileiras que não foram planejadas para esse fim, Paranaguá possui recursos que ainda não se encon-tram plenamente utilizados para o fim turístico. 564 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Figura 1: Integração do produto principal com os produtos periféricos e complementares em Para-naguá nos períodos de baixa estação. O Centro Histórico da cidade, um impor-tante e significativo conjunto arquitetônico, histórico e cultural, é um local que pode ser considerado como privilegiado se compara-do com outros locais com potencial para a atratividade de turistas em Paranaguá. Nesse local encontram-se as principais edi-ficações que representam parte da história da formação do Litoral Paranaense e do Estado do Paraná, sem falar da própria história do município, plenamente identifi-cada em todas as suas edificações e monu-mentos, além disso, conta com total cober-tura da rede de esgotos e serviços auxilia-res como bancos, lavanderias, serviços médicos, hospitais, hotéis e restaurantes. Fonte: Baseado no modelo apresentado por Valls (1996). Legenda: Produto principal Produto periférico Produto complementar Atualmente, a chamada Rua da Praia é um ícone da obras de restauro e recuperaç-ão arquitetônica e urbanística realizadas em Paranaguá. Como relatado anterior-mente, essa rua estende-se pela orla marí-tima do centro da cidade e percorre os prin-cipais pontos turísticos do Centro Histórico e pode ser considerada um grande potencial para a criação de um circuito urbano de turismo ou de pacotes temáticos nos quais sejam abordados aspectos históricos locais, lendas e contos regionais ou mesmo o próprio aspecto nostálgico e romântico que a rua propicia durante a noite. Sendo assim, o Centro Histórico de Pa-ranaguá constitui-se em um importante espaço dentro do contexto urbano da cida-de, identificado neste estudo como o possí-vel produto turístico principal, ou seja, co-mo aquele produto que seria capaz de ali-cerçar o desenvolvimento da atividade em ECOTURISMO TURISMO DE NEGÓCIOS TURISMO RELIGIOSO TURISMO DE EVENTOS TURISMO ESPORTIVO TURISMO CULTURAL DESCIDA DA SE-RRA DO MAR VIA ESTRADA DA GRACIOSA PASSEIOS DE BARCO EVENTOS DE LA-ZER NA PRAÇA 29 DE JULHO VISITAS AO POR-TO DE PARANA-GUÁ DESCIDA DA SE-RRA DO MAR VIA ESTRADA DE FE-RRO Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 565 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Paranaguá. Paralelamente à introdução de um pro-duto principal, é necessário o acompan-hamento dos produtos turísticos periféricos, que dão suporte e equilíbrio à dinâmica relativa à atividade turística. Em Parana-guá, o ecoturismo, o turismo de negócios, o religioso, o de eventos e o esportivo atende-riam às necessidades de diversificação da oferta e de atendimento de fatores que maximizassem o desenvolvimento sus-tentável para a região, envolvendo maior parcela da população nativa, o comércio e as associações de moradores. A utilização dos recursos naturais e pai-sagísticos para prática de atividades eco-turísticas e de lazer caracteriza-se como uma das principais opções para melhorar a qualidade do turismo praticado na cidade. Além disso, a soma de algumas atividades paralelas como o turismo religioso, que pode ser servido pelas construções e tem-plos antigos espalhados pela região, o tu-rismo de negócios, baseado na recepção de visitantes com interesses comerciais devido às atividades portuárias, e o turismo de eventos e esportivo, que pode usufruir da infra-estrutura e dos espaços de lazer recém revitalizados no centro da cidade como a Praça 29 de Julho, podem ser consi-derados produtos turísticos alternativos cuja função destaca-se dentre as mais im-portantes para o desenvolvimento do tu-rismo sustentável, reduzir os impactos pro-vocados pela sazonalidade da demanda e colaborar para a melhoria da imagem turística e ambiental da cidade. Os produtos turísticos complementares não estariam ligados diretamente àquilo que o turista busca na localidade, como o produto principal, mas em Paranaguá riam a função de proporcionar uma riência positiva e satisfatória mesmo antes de os turistas atingirem o destino almejado ou o objetivo principal do seu deslocamento. É o caso do acesso à Paranaguá por vias alternativas como pela Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba e pela Estrada da Gra-ciosa, passeios de barco pela baía e visitas guiadas ao porto, basta que sejam observa-dos como produtos que possam ser dos no planejamento turístico receptivo municipal, em programas temáticos e de entretenimento, e em propostas planejadas com a finalidade de aumentar o tempo de estadia dos turistas na cidade. Nos períodos do ano considerados de al-ta estação ou alta temporada, quando o fluxo de turistas para o litoral é aumenta-do, a cidade de Paranaguá assumiria o pa-pel de um destino de turismo secundário (complementar) quando considerado frente aos destinos turísticos e produtos mais pro-curados nessas épocas do ano, respectiva-mente, os balneários praianos e o turismo de sol e praia, como pode ser observado na Figura 2. Nesse caso, Paranaguá atuaria como um importante complemento ao produto prin-cipal, oferecendo produtos em segmentos de mercado que não podem ser encontrados e consumidos nos balneários vizinhos, como por exemplo, o turismo baseado na história e na cultura, turismo religioso e turismo de eventos, tornando-se mais do que um desti-no complementar, de fato, tornar-se-ia uma importante alternativa de lazer e entrete-nimento para uma grande demanda já con-solidada. É necessária a consideração de incenti-vos à criação de cooperativas e associações de trabalhadores e moradores envolvidos com o turismo. É imprescindível que os produtos turísticos contem com o auxílio de guias especializados na condução dos turis-tas, sejam para os atrativos localizados no Centro Histórico ou mesmo para aqueles localizados em ambientes naturais. Para isso, é imprescindível que o município pro-mova cursos de capacitação profissional para guias de turismo local, haja visto que o conhecimento técnico dos aspectos histó-ricos e locais é uma ferramenta indispensá-vel para o sucesso dos produtos e pacotes turísticos, além de ser um instrumento valioso para garantir o envolvimento, parti-cipação e aceitação da comunidade nas ati-vidades do turismo. Enfim, as medidas adotadas para o implemento ou desenvol-vimento do turismo devem levar em consi-deração benefícios principalmente de ordem social. Dessa forma, acredita-se que Paranaguá será capaz de buscar, com maior intensida-de e segurança, o equilíbrio necessário en-tre os recursos disponíveis, a oferta de atra-tivos e a demanda, nas diferentes épocas do ano. 566 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Figura 2: Integração dos produtos turísticos de Paranaguá com o produto principal dos balneários vizinhos (sol e praia) nos períodos de alta estação. Fonte: Baseado no modelo apresentado por Valls (1996). Legenda: Produto principal Produto periférico Produto complementar Considerações Finais Acredita-se no processo contínuo de de-senvolvimento de novas pesquisas, de ela-boração de abordagens teóricas e práticas como forma de construir uma sociedade mais justa. Isso considerado, o presente estudo demonstrou vários fatores que im-pedem o desenvolvimento do turismo, mas também salientou muitos pontos favorá-veis. A análise desses fatores de forma in-ter- relacionada possibilitou a elaboração de propostas e sugestões que poderão minimi-zar os efeitos negativos provenientes das ameaças e debilidades mencionadas nesse estudo. As propostas apresentadas foram elabo-radas com o intuito de contribuir não ape-nas para que o turismo possa transpor os problemas e desafios existentes na região, mas também para que esses fatores limi-tantes possam ser considerados como fontes de auxílio, como no caso da integração dos produtos principais das regiões vizinhas à cidade de Paranaguá nas diferentes épocas do ano. Para que isso ocorra é de suma im-portância que as propostas sejam incorpo-radas ao processo de planejamento turístico de Paranaguá e dos municípios vizinhos, tornando-os integrados em propostas e me-tas de crescimento mútuo. Tem-se consciência que existem várias barreiras que dificultam a materialização das propostas. Sabe-se, que em muitos ca- TURISMO RELIGIOSO TURISMO DE EVENTOS ECOTURISMO TURISMO DE NEGÓCIOS TURISMO ESPORTIVO DESCIDA DA SE-RRA DO MAR VIA ESTRADA DA GRACIOSA PASSEIOS DE BARCO EVENTOS DE LA-ZER NA PRAÇA 29 DE JULHO VISITAS AO POR-TO DE PARANA-GUÁ DESCIDA DA SE-RRA DO MAR VIA ESTRADA DE FE-RRO TURISMO SOL E PRAIA CULTURAL PARANAGUÁ BALNEÁRIOS VIZINHOS Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 567 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 sos, o setor privado realiza muito de suas ações amparadas na lógica do mercado, na tentativa de apenas maximizar os lucros e ampliar rendimentos, o que pode represen-tar um problema para a sustentabilidade das propostas. Outro problema freqüente-mente observado, é a falta de continuidade de programas e projetos devido a freqüen-tes mudanças político-administrativas, o que pode ser combatido através do fortale-cimento de conselhos e ou outras represen-tações dos diferentes atores envolvidos com o desenvolvimento da atividade turística. Considera-se que o governo tem um im-portante papel a desempenhar no processo de desenvolvimento do turismo na cidade, na implantação das propostas e medidas de integração de produtos e serviços. A contri-buição do governo se destaca através da promoção da efetiva conservação do pa-trimônio, fiscalização da legislação ambien-tal e capacitação dos recursos humanos, todas elas adaptadas as necessidades e exigências das propostas, considerando a sua continuidade. É importante que as medidas adotadas não tragam benefícios somente para o tu-rismo e para aqueles envolvidos diretamen-te com essa atividade, mas também sejam extensivas aos moradores próximos, aos estudantes, aos fornecedores de insumos, aos pescadores e moradores das ilhas cir-cunvizinhas. A estrutura das propostas aqui mencio-nadas foi baseada numa leitura abrangente da situação em que se encontra o desenvol-vimento do turismo na cidade, consideran-do a necessidade de se conhecer elementos importantes do ambiente externo e interno para geração de medidas consistentes que considerem a mudança da realidade e o envolvimento integrado como ferramentas indispensáveis para o impulso necessário rumo ao crescimento qualitativo e sus-tentável do turismo. Dessa forma, as su-gestões surgiram como uma alternativa consistente de desenvolvimento para o tu-rismo na cidade, baseadas na utilização de seu recurso turístico singular – o patrimô-nio histórico-cultural – para a formatação de produtos turísticos com forte identidade e competitividade em um segmento de mer-cado ainda em crescente reconhecimento pela demanda. Por fim, baseando medidas de desenvol-vimento do turismo em estratégias plane-jadas, é importante que a administração municipal observe o turismo com seriedade, privilegiando o “desenvolvimento” qualita-tivo da atividade e não apenas o “cresci-mento” quantitativo e os resultados em curto prazo. Identificada situação de inci-piência a qual se encontra a atividade turística na cidade, evidencia-se a necessi-dade de serem adotadas medidas equilibra-das baseadas em metas de desenvolvimento integrado do turismo na região. Acredita-se que somente dessa maneira poderá ser transformada a atual situação de inércia, em um contexto de melhorias econômicas e sociais extensivas a grande parte da popu-lação parnanguara. Referências Anshworth, G.J.; Tunbridge, John E. 1990 The Tourist-Historic City. Londres: Belhaven. Burns, Peter M. 2004 “Tourism planning: a third way?” Annals of Tourism Research, 31(1): 24- 43. Castrogiovanni, Antonio Carlos (org.) 1999 “Turismo e ordenação no espaço urba-no”. In: Castrogiovanni, Antonio C.; Gastal, Susana. Turismo urbano: cida-des, sites de excitação turística. Porto Alegre: Edição dos Autores. 2000 Turismo urbano. São Paulo: Contexto. Gândara, José Manoel 2001 La imagen de calidad ambiental ur-bana como recurso turístico: el caso de Curitiba, Brasil. Tese de Doutorado. Programa de Doutorado em Turismo e Desenvolvimento Sustentável, da Uni-versidade de Las Palmas de Gran Caná-ria, Espanha. 2004 El turismo y la sostenibilidad de los destinos urbanos. Turismo 1. Editora Sérgio Molina, México. Paraná Turismo. 2002 Estudo da demanda turística do Lito-ral. Secretaria de Estado do Turismo. Curitiba. 2004 Estudo da demanda turística do Lito-ral. Secretaria de Estado do Turismo. Curitiba Paranaguá (Paraná). Prefeitura Municipal. s/d Dados disponíveis em: www.paranaguá.pr.gov.br. Acesso em: 568 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 20 fev. de 2006. Pearce, Douglas 2003 Geografia do turismo: fluxos e regiões no mercado de viagens. São Paulo: Aleph. Pires, Mário Jorge 2003 “Gestão de cidades históricas para o turismo: questões teóricas e práticas”. Turismo em Análise, 14(2): 1-128. Sainz De Vicuña. José M. 1999 El plan de marketing en la práctica. Madrid: Esic. Samara, Beatriz S.; Barros, José C. 2002 Pesquisa de marketing: conceitos e metodologia. São Paulo: Prentice Hall. Tunbridge, John 2001 “Gestão de turismo em Ottawa, Ca-nadá – cultivo em um ambiente frágil. In: Tyler, Duncan; Guerrier, Yvonne; Robertson, Martin. Gestão de turismo municipal: teoria e prática de planeja-mento turístico nos centros urbanos. São Paulo: Futura. Tyler, Duncan; Guerrier, Yvonne; Robert-son, Martin 2001 Gestão de turismo municipal: teoria e prática de planejamento turístico nos centros urbanos. São Paulo: Futura. Valls, Josep-Francesc 1996 Las claves del mercado turístico: como competir en el nuevo entorno. Bilbao: Deusto, 1996. Recibido: 11 de febrero de 2008 Reenviado: 13 de junio de 2008 Aceptado: 19 de julio de 2008 Sometido a evaluación por pares anónimos
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Título y subtítulo | Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável: alternativas planejadas para o turismo em Paranaguá, PR, Brasil |
Autor principal | Aurélio Ávila, Marco ; Pusch Wilke, Erick |
Publicación fuente | Pasos. Revista de turismo y patrimonio cultural |
Numeración | Volumen 06. Número 3 |
Sección | Artículos |
Tipo de documento | Artículo |
Lugar de publicación | El Sauzal, Tenerife |
Editorial | Universidad de La Laguna |
Fecha | 2008-10 |
Páginas | pp. 555-568 |
Materias | Turismo ; Patrimonio cultural ; Publicaciones periódicas |
Enlaces relacionados | Página web: http://todopatrimonio.com/revistas/101-pasos-revista-de-turismo-y-patrimonio-cultural |
Copyright | http://biblioteca.ulpgc.es/avisomdc |
Formato digital | |
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Texto | Vol. 6 Nº 3 págs. 555-568. 2008 www.pasosonline.org © PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável: alternativas planejadas para o turismo em Paranaguá, PR, Brasil Marco Aurélio Ávila ii Erick Pusch Wilke iii (Brasil) Resumo: A existência de recursos histórico-culturais, a dificuldade na fiscalização do cumprimento da legislação ambiental e de conservação do patrimônio histórico podem ser considerados desafios ao de-senvolvimento sustentável da atividade turística municipal. Esse é o contexto sobre o qual este estudo foi realizado, trata-se de Paranaguá, uma cidade com recursos e potencial para o desenvolvimento do turis-mo, mas que ainda sofre com problemas internos e dificuldades na configuração de um produto turístico competitivo, gerados, sobretudo, pela sazonalidade e pela falta de planejamento turístico. O objetivo principal foi analisar as condições atuais de desenvolvimento do turismo na cidade, optou-se pela utili-zação da análise DAFO (Dificuldades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades). Finalmente, foram elabo-radas propostas que evidenciam a necessidade da formatação de produtos turísticos adequados às carac-terísticas da cidade, da adoção de estratégias que promovam a integração dos produtos turísticos locais entre si e entre os balneários vizinhos, visando atingir um posicionamento competitivo em diferentes épocas do ano. Palavras chave: Planejamento estratégico; Produtos turísticos; Patrimônio histórico; Paranaguá. Abstract: The existence of located historical-cultural resources, the difficulty in the fiscalization of the execution of the environmental legislation and of conservation of the historical patrimony challenges can be considered to the maintainable development of the municipal tourist activity. That is the context on which this study was accomplished, it is treated of the city of Paranaguá, a city with resources and poten-tial for the growth of the Tourism, but it still suffers with internal problems and difficulties in the confi-guration of a competitive tourist product, generated, above all, for the ripen of the demand and for the lack of tourist planning. This study looked for to detach the need of adoption of new strategies of quan-titative and qualitative growth for local tourism, considering about the existent reality the factors that contribute and the factors restricted for the reach of that objective. The main objective went to analyze the current conditions of development of the tourism in the city, so opted for the use of SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats). Finally, they were elaborated proposed demonstrat-ing the need of creation of tourist products formatted in agreement with the main existent resource, the adoption of strategic that promote the integration of the local tourist products amongst themselves and among the neighboring spas and the competitive positioning in different times of the year. Keywords: strategic planning; tourist products; historical patrimony; Paranaguá. ii • Marco Aurélio Ávila. Doutor em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Las Palmas de Gran Canária (ULPGC – Espanha). Email: marco@ativanet.com.br iii • Erick Pusch Wilke. Mestre em Cultura e Turismo pela Universidade Estadual de Santa Cruz e Universidade Federal da Bahia. Email: erickwilke@hotmail.com 556 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Introdução Este estudo buscou evidenciar os fatores limitantes para o desenvolvimento da ati-vidade turística na cidade de Paranaguá, localizada no litoral do Estado do Paraná. A análise inicial, revelou que a cidade apre-senta vários problemas que desafiam a gestão sustentável do turismo e, por esse motivo, acredita-se que a atividade não se encontra plenamente inserida no contexto econômico e social local. Nesse contexto de desafios, podem ser evidenciados aspectos positivos para o desenvolvimento do turis-mo na cidade como a existência de recursos histórico-culturais e naturais, infra-estrutura e equipamentos urbanos, e aspec-tos negativos, como a sazonalidade da de-manda, agressões ao meio ambiente e des-cumprimento da legislação de proteção ao ambiente natural e ao patrimônio histórico. Atualmente, o turismo vem se destacan-do como uma importante ferramenta para a promoção do equilíbrio entre os interesses da comunidade e a utilização dos recursos naturais e culturais, atuando em várias áreas que interferem diretamente na quali-dade de vida do ser humano. Como um fenômeno de ordem social, traduz os ansei-os pessoais relativos à fuga das atividades cotidianas, na qual o tempo livre assumiu maior significado após a globalização e no-vas relações de trabalhos advindas do pro-cesso de industrialização. Na economia, envolve e dinamiza vários setores agrega-dos à atividade em âmbito nacional, regio-nal ou local, podendo, através da utilização de medidas planejadas, multiplicar ganhos, gerar empregos, aumentar a distribuição e produção de pequenos proprietários forne-cedores de insumos e possibilitando a inte-gração das grandes corporações no mercado de turismo. Para o meio ambiente artificial ou natural, pode contribuir na forma de incentivos à preservação da natureza, à reestruturação dos espaços urbanos e à revitalização de espaços de valor histórico. Além disso, o turismo pode atuar como uma importante fonte de auxílio para a melhoria de aspectos relativos ao desenvol-vimento sustentável nas localidades onde está inserido, desde que a atividade possa valer-se dos recursos disponíveis no espaço, dos equipamentos, serviços e dos recursos humanos de forma planejada. Entende-se, entretanto, que existam al-guns aspectos que podem ser considerados limitantes para a materialização de medi-das sustentáveis. Dentre esses aspectos, encontra-se o desenvolvimento do turismo em ambientes urbanos de grande valor histórico, onde coexiste a dinâmica do coti-diano dos residentes. Como esclarece Pires, “além dos problemas oriundos de qualquer cidade normal, ainda conta, por um lado, com restrições no que se refere a intervenç-ões físicas nos núcleos históricos, por outro, com dificuldades de fiscalização do gabarito histórico e em conciliar os interesses dos moradores com os dos visitantes” (2003: 69). Atualmente, a temática da utilização do espaço urbano, no contexto do turismo como um destino turístico ou como um espaço de lazer e descanso pode ainda ser considerada jovem, entretanto, tem gerado crescentes preocupações por parte de diversos estudio-sos. Desde os primeiros apontamentos so-bre esse tema, com destaque para contri-buições teóricas realizadas por Yokeno (1968) e Chenery (1979) (apud Pearce, 2003), até os estudos mais recentes (Ash-worth e Tunbridge, 1990; Castrogiovanni e Gastal 1999, 2000; Tyler et all, 2001; Gan-dara, 2001, 2004; Burns, 2004), que têm colaborado para densificar os conhecimen-tos na área. Apesar do crescimento do volume de pu-blicações e pesquisas na área, ainda existe certa negligência no destaque e na obser-vação da real importância da atividade turística em centros urbanos. Esse fato ocorre, de acordo com Pearce (2003), devido ao fato de que o turismo nesse ambiente está longe de ser a atividade predominante, de forma que ainda é superado pelas funç-ões comerciais, administrativas, residen-ciais e industriais. Soma-se a isso a nature-za multifuncional da relação entre o turista e o munícipe, onde ambos compartilham diversos serviços locais como transporte, lojas, restaurantes, catedrais, museus, tea-tros e outros, dificultando ainda mais a análise do turismo de forma separada. O tema ganha volume e seriedade quan-do, nesse ambiente, está inserido o conjunto de representações históricas e culturais de uma comunidade. Desde muito tempo, o Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 557 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 turismo vem incorporando o patrimônio cultural como um dos importantes compo-nentes de roteiros e programações, possibi-litando a formatação de produtos turísticos culturais. Tundridge afirma que “não so-mente o turismo é sempre mencionado co-mo a maior indústria do mundo, mas também o turismo cultural – principalmen-te aquele com vocação histórica urbana –, agora possui um lugar de destaque” (2001: 132). É valido esclarecer, por um momento, como é considerado o uso da cultura e suas representações no presente estudo. Consi-dera- se importante que a cultura seja ob-servada pelo valor que ela assume na cons-tituição de uma sociedade e, em seu sentido mais amplo, pelo enfoque antropológico das práticas, valores, símbolos e idéias e pelo sentido de trabalho humano no processo de transformação da natureza. Contudo, a análise aqui desenvolvida detém-se numa parte deste sistema amplo e complexo de conceitos. A noção das repre-sentações históricas, aqui considerada, tem como referência sua materialidade, como os edifícios e monumentos históricos e sua imaterialidade, como as lendas, os contos o conhecimento gastronômico e festivo, am-bos portadores de valor e de interesse cul-tural. Com isso, o estudo enfatiza aqueles elementos cuja expressão se apresenta en-quanto parte do ambiente, do tecido urba-no, do cotidiano e imaginário popular através dos acontecimentos históricos e que podem ser considerados como importantes recursos de atratividades para a formataç-ão de produtos turísticos locais. Em Paranaguá, o conjunto de edifícios, monumentos e casarões representam gran-de parte da história do povoamento do Es-tado do Paraná e também dos fatos que marcaram a história do Brasil. Esses recur-sos estão localizados no chamado Centro Histórico, em meio ao centro urbano da cidade, onde também estão dispostos os principais equipamentos necessários para atender a visitantes e residentes como os terminais de transporte, bancos, farmácias, sistemas de segurança e hospitais. Nesse cenário ainda podem ser encontrados ou-tros elementos que interferem de forma positiva ou negativa para o desenvolvimen-to do turismo. Entender quais são esses elementos e suas inter-relações é funda-mental para que o turismo possa ser geren-ciado de forma planejada e se torne uma atividade plenamente inserida no contexto social e econômico do município. Para a análise do turismo em Paranaguá utilizou-se o procedimento de análise da situação de acordo com a abordagem de Sainz de Vicuña (1999), no qual são apon-tados os fatores internos e externos relacio-nados com o desenvolvimento do turismo (Fortalezas, Debilidades, Oportunidades e Ameaças). A partir desses apontamentos realizou-se a análise que possibilitou o in-ter- relacionamento das informações obtidas no diagnóstico, ou seja, obteve-se um con-junto de informações que caracterizam a situação atual do turismo na cidade de Pa-ranaguá. Resumidamente, para essa meto-dologia seguiram-se os seguintes passos: 1. Levantamento e listagem das informaç-ões necessárias 2. Composição dos quadros de Oportunida-des e Ameaças 3. Composição dos quadros de Fortalezas e Debilidades 4. Composição da matriz de avaliação es-tratégica 5. Análise do DAFO Dentro desses passos, destaca-se que as informações para a composição dos quadros do DAFO, referentes aos passos 1, 2 e 3, foram obtidas através de fontes secundá-rias, pois, como observa Samara e Barros (2002, p. 29), uma característica marcante do estudo exploratório é a obtenção dos dados e informações a partir de fontes já disponíveis. Sendo assim, a investigação inicial foi realizada por meio de análise de documentos já elaborados, como estudos da demanda turística e diagnósticos sócio-ambientais, dos quais puderam se extrair as condições atuais do mercado de turismo, as expectativas quanto ao desenvolvimento da atividade e sua inter-relação com os problemas ambientais e sociais enfrentados por Paranaguá. A aplicação do DAFO como uma ferramenta de análise consiste em identificar e locali-zar as oportunidades, ameaças, fortalezas e debilidades, atribuindo a elas um valor numérico a partir de sua possibilidade de manifestar-se e de sua importância. Como demonstra o quadro a seguir: 558 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Sainz de Vicuña afirma que essa forma de análise constitui-se de um importante método de análise da realidade, sendo um “importante instrumento de seleção daque-les aspectos realmente importantes sobre os quais concentraremos a atuação estraté-gica” (Ibid., p. 120, tradução nossa). Os documentos pré-existentes foram es-colhidos como fontes de informação devido ao fato de serem os que mais se aproximam da realidade estudada, em primeiro lugar, porque seguem uma metodologia utilizada pela Embratur em todo o Brasil para a cole-ta de dados e informações sobre a demanda nos destinos turísticos, como no caso dos Estudos de Mercado Interno de Turismo no Brasil e os Estudos da Demanda Turística do Litoral 2002 e 2004, e em segundo lugar, por estarem ligados a importantes insti-tuições e autores que se dedicam ao estudo do litoral paranaense, como no documento Diagnóstico Socioambiental de Paranaguá de 1999, da Universidade Federal do Pa-raná. Tais documentos, além daqueles pes-quisados na UFPR, puderam ser pesquisa-dos na Fundação Municipal de Turismo de Paranaguá – Funtur, na Prefeitura Muni-cipal e nas Secretarias de Desenvolvimento e do Patrimônio Histórico e Cultural de Paranaguá. É válido mencionar que o presente estudo apresenta prioritariamente os resul-tados obtidos após o cruzamento das infor-mações e quadros contidos nos passos 1, 2 e 3, ou seja, a matriz de avaliação estratégi-ca, a análise do DAFO e as propostas deco-rrentes desta análise. Sendo assim, com base nos resultados obtidos o estudo, buscou colaborar com o processo de desenvolvimento do turismo na cidade, destacando a necessidade de adoção de novas estratégias de crescimento quali-tativo e quantitativo para a atividade. Para isso, considerou-se premissa essencial a adoção de estratégicas que promovam a criação de produtos turísticos com base nos recursos histórico-culturais e na integração dos produtos turísticos locais entre si e entre os balneários vizinhos. Acredita-se que, através das medidas que serão propostas, possa-se contribuir para o desenvolvimento sustentável do tu-rismo, reduzindo os efeitos provocados pela sazonalidade da atividade turística em Pa-ranaguá. Desenvolvimento A Matriz de Avaliação Estratégica a seguir apresenta de forma sintética as in-formações obtidas nas fontes secundárias e é onde se pode comparar as Oportunidades x Ameaças e as Fortalezas x Debilidades. Pode-se dizer que Paranaguá está em processo de desenvolvimento como um des-tino turístico. Algumas iniciativas de agre-gar interesses e dispositivos em infra-estrutura para a formatação de um produto turístico local são realizadas pela adminis-tração do município. Entretanto, a concepç-ão de um destino sustentável passa pela análise desse como um sistema constante-mente alimentado por informações prove-nientes dos visitantes e residentes, que apontam aspectos importantes para a con-dução do turismo, como a qualidade das atrações visitadas, o acesso ao local e os serviços turísticos, entre outros. Por isso, a administração do município necessita de uma base sólida de informações para o pla-nejamento sustentável do turismo, o que ainda não é possível ser encontrado. As informações e dados estatísticos disponíveis na Prefeitura Municipal de Paranaguá, nas Secretarias Municipais, no Fundo Munici-pal de Turismo e nas organizações ligadas ao turismo no Estado do Paraná como a Paraná Turismo, não contemplam todas as informações necessárias para apontar as características da atividade turística de Paranaguá. POSSIBILIDADE DE MANIFESTAR-SE IMPORTÂNCIA Com total segurança.............................valor 3 Muito possivelmente.............................valor 2 Possivelmente.......................................valor 1 Raramente............................................valor 0 Assegura-se o seu cumprimento..........valor 3 Incidência muito provável.....................valor 2 Incidência favorável..............................valor 1 Relevância praticamente nula..............valor 0 Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 559 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Quadro 1: Matriz de avaliação estratégica OPORTUNIDADES AMEAÇAS D1 Inexistência de produtos turísticos formatados na cidade de Paranaguá que se utilizem da integraç-ão entre os recursos naturais e culturais, de guias e profissionais especializados, da população local e da iniciativa pública. F1 Abundância de recursos históricos na cidade de grande importância e significa-do para a formatação de produtos de tu-rismo cultural. D2 Agressões ao meio ambiente acentuaram-se devi-do à aceleração dos processos de expansão por-tuária e urbanização do município, sobre os quais a administração municipal não interveio recente-mente com investimentos resolutivos. F2 Abundância de recursos naturais e pai-sagísticos, de grande valia para a forma-tação de produtos turísticos diversificados no segmento de turismo de natureza. D3 Descumprimento parcial da legislação ambiental e das práticas de conservação do patrimônio histórico. F3 Possibilidade de integração de produtos que aliem a utilização dos recursos natu-rais e dos recursos histórico-culturais. D4 Situações problemáticas no perímetro urbano de Paranaguá de ordem infra-estrutural e de serviços que atingem diretamente a população local e conseqüentemente prejudicam o desenvolvimento sustentável do turismo. F4 Reestruturação e ampliação de áreas de lazer no perímetro urbano próximo ao Centro Histórico, o que possibilita a reali-zação de eventos direcionados ao turismo cultural e eventos em geral. D6 Divulgação e promoção turística insuficiente de Paranaguá e de seus atrativos F5 Apesar do aumento e concentração do número de visitantes no verão quando comparado aos outros meses do ano, a cidade não enfrenta situações problemáti-cas advindas de um turismo massificado. D6 Os principais motivos para viagem por parte da demanda restringem-se a visitas a familiares e/ou amigos e a negócios. F6 Existência de instrumentos legais que amparam e incentivam o desenvolvimento do turismo, a utilização do solo e a con-servação do patrimônio histórico do mu-nicípio. OPORTUNIDADES AMEAÇAS O1 As boas condições de conservação das estradas de acesso à Paranaguá favorecem o deslocamento do fluxo de turistas provenientes de importantes regiões emissoras de turistas para o litoral, prin-cipalmente a região metropolitana de Curitiba. A1 A sazonalidade da demanda provocando a falta de regularidade no uso dos serviços e equipamentos turísticos. O2 A proximidade da capital do estado do Paraná, Curitiba, que tem se destacado como o principal centro emissor de turistas para o Litoral parana-ense. A2 Fluxo de turistas para o litoral caracteriza-se essencialmente pelo turismo de sol e praia, com aproveitamento apenas parcial de outros tipos de turismo existentes na região. O3 Possibilidade de acesso à cidade através da Es-trada de Ferro Paranaguá-Curitiba e pela Estrada da Graciosa. A3 Imagem turística negativa da cidade devi-do aos impactos existentes, principalmen-te provocados pelo porto e pela gestão inadequada dos serviços públicos. O4 Possibilidade de integração de Paranaguá com destinos turísticos da região. A4 Valorização tradicional dos brasileiros pelo modelo turístico de sol, praia e natu-reza. Os atrativos culturais permanecem com pouco destaque nas pesquisas quanto às motivações de viagem. O5 Possibilidade de atrair turistas devido à proximi-dade com importantes centros emissores de turis-tas no Brasil como São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A5 A principal característica da demanda proveniente de Curitiba é a utilização de casa própria tipo segunda-residência ou de parentes como meio de hospedagem. O6 Aumento da propensão a viajar, por parte da população brasileira, aos destinos domésticos. A6 Baixa diversidade de emissores de turistas para Paranaguá. 560 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Com a quantidade de informações dis-poníveis não é possível, detalhar os fatores que necessitam de melhorias, investimen-tos ou mesmo os que não devem ser incen-tivados. Tem-se, contudo, uma gama de informações que possibilita diagnosticar a situação atual do turismo na cidade – o que por sua vez atende as necessidades deste estudo, considerando que a pretensão desta investigação figura na realidade estudada como uma fonte de auxílio, pois a partir das informações obtidas e análises realizadas, poderão ser consideradas metas de trabalho para que os fatores positivos apontados sejam melhor desenvolvidos e os fatores limitantes sejam minimizados. Seguindo a metodologia proposta ini-cialmente e levando em consideração o ob-jetivo inicial deste estudo – analisar as condições de desenvolvimento do turismo na cidade de Paranaguá, os parágrafos a seguir são destinados a algumas conside-rações nas quais procurou-se inter-relacionar, de forma coerente, as informaç-ões contidas nos quadros da Matriz de Ava-liação Estratégica DAFO, perfazendo assim a análise geral dos fatores positivos (opor-tunidades e fortalezas) e dos fatores impe-ditivos (ameaças e debilidades) ao desen-volvimento do turismo no ambiente estuda-do. Têm-se, na cidade de Paranaguá, além da existência de um patrimônio histórico em ótimas condições e infra-estrutura revi-talizada (F4), que favorecem a circulação dos turistas e que podem funcionar como fonte essencial de atratividade para o local, a existência de recursos naturais e pai-sagísticos em abundância na região ao en-torno da área histórica (F1). Esses são fato-res de extrema importância para o desen-volvimento de atividades relacionadas ao turismo. Primeiramente, porque o espaço produzido através da recuperação do con-junto histórico e da Praça de Eventos 29 de Julho, tornou-o facilmente identificável na paisagem local, o que possibilita a forma-tação de um produto turístico autêntico, como forma de expressão da herança histó-rica da cidade e dos costumes dos morado-res da região do litoral, e singular, pois um local como esse marca um destino turístico atribuindo a ele forte identidade e favorece a atração de turistas de outras regiões. Em segundo lugar porque os recursos naturais e paisagísticos possibilitam a integração de produtos que aliem esses recursos com os recursos histórico-culturais encontrados na cidade (F3). A revitalização de setores importantes na cidade, notadamente a Praça 29 de Julho no Centro Histórico, abre a possibili-dade de Paranaguá considerar utilização desse local como um espaço para realização de eventos diversificados, o que poderia minimizar os impactos provocados pela ociosidade turística nos períodos de baixa temporada (A1) e incentivar a valorização pela demanda dos recursos histórico-culturais ao invés do super aproveitamento dos destinos de sol e praia. Esse fator favo-rece, além disso, o aproveitamento da infra-estrutura existente e a maximização do potencial do Centro Histórico como um atrativo turístico, diminuindo a relação do turismo apenas do usufruto dos balneários praianos como fonte de lazer e entreteni-mento pela demanda existente, como pode ser identificado na atualidade (A4). A atividade turística é utilizada como um importante meio atender às necessida-des do ser humano no que se refere ao des-cobrimento de novas sensações e experiên-cias. Fator esse que, quando aliado às técnicas utilizadas pelo marketing contem-porâneo, como a segmentação de mercado, torna-se uma ferramenta importante para o desenvolvimento de produtos turísticos. Sendo assim, Paranaguá pode basear suas estratégias em condições estáveis que o mercado de turismo no Brasil apresenta. As tendências para o mercado brasileiro indi-cam que a demanda estabelece linhas de comportamento favoráveis para o desenvol-vimento do turismo nos destinos dentro do território nacional (O6). Esse fator, aliado a constância do comportamento desse consu-midor em relação aos seus motivos de via-gem, centrados na visita de parentes e/ou amigos favorece a fidelização do turismo em Paranaguá, visto que, grande parte da de-manda da cidade utiliza casa própria ou de parentes como forma de hospedagem (A5), transformando assim, o que seria uma ameaça em uma oportunidade de turismo alternativo. O conceito atribuído ao item citado aci-ma (A5), pode ser considerado sob dois as-pectos. Por um lado, pode ser considerado positivo, como relatado no parágrafo ante- Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 561 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 rior, entretanto, a existência desse fator ainda condiciona um aspecto negativo para o turismo na cidade. Se por um lado, a ad-ministração do turismo no município pode valer-se de um comportamento constante por parte de sua demanda para a configu-ração de produtos e serviços turísticos que atendam a necessidade desse segmento de mercado, ampliando sua oferta, por outro, tal fator contribui para a redução nos índi-ces de ocupação dos equipamentos turísti-cos nos períodos de “baixa temporada” como hotéis e restaurantes (A1). Um dos fatores que contribui para a alta dos custos no turismo é a não regularidade do uso dos equipamentos e serviços. A con-centração do consumo nos meses chamados de “alta estação” é um fato notório em cida-des de regiões litorâneas, particularmente para as motivações relativas ao lazer. Na-turalmente, não havendo regularidade no uso dos recursos e serviços disponíveis, o custo da ociosidade acaba se refletindo no preço, o que restringiria o acesso de novos consumidores e a capacidade competitiva do turismo de Paranaguá em relação às outras destinações turísticas. Destaca-se que apesar do aumento con-siderável do número de visitantes nos me-ses de alta temporada – dezembro e janeiro, e nos meses de baixa temporada – julho (A1), a cidade ainda não está afetada se-riamente pelos vários impactos negativos, sejam eles sócio-culturais, econômicos ou ambientais provocados estritamente pelo turismo massificado (F5). Podem ser obser-vadas agressões ao meio ambiente devido a fatores como a expansão portuária ou mes-mo a aceleração do processo de urbanização do município (D2+D4), somados às dificul-dades enfrentadas pelos órgãos fiscalizado-res em assegurar o cumprimento das leis de proteção ao ambiente e ao patrimônio histórico (D3). Entretanto, os impactos ne-gativos mais acentuados localizam-se nas áreas urbanas periféricas da cidade e na região portuária, ou seja, não afetam dire-tamente o espaço relativo ao conjunto histórico e às áreas de maior circulação de turistas, nas proximidades da praça 29 de Julho, da Rua da Praia e dos principais atrativos do Centro Histórico. Durante muitos anos a cidade enfrentou situações problemáticas no seu setor histó-rico, devido ao rápido crescimento urbano e forte especulação imobiliária, muitos edifí-cios passaram por modificações que os des-caracterizaram quanto aos aspectos arqui-tetônicos identificados no Centro Histórico. Entretanto, tais edificações não podem ser analisadas de maneira isolada como fator estritamente negativo, pois fazem parte de um todo e estão dispostas em meio a um conjunto de edificações já recuperadas, o que tornou o conjunto histórico perfeita-mente identificável na paisagem urbana de Paranaguá. A administração do município tem a seu favor ainda alguns fatores que, somados, contribuem para a implementação de ativi-dades voltadas ao incremento do turismo com base na cultura e na história local. Levando-se em consideração o fato de que o ambiente histórico da cidade, após a revita-lização de algumas áreas urbanas, ruas e edificações degradadas, conquistou identifi-cação própria e destacada no espaço urba-no, o turismo cultural surge como uma al-ternativa possível para minimizar os efeitos da sazonalidade (A1) e maximizar o apro-veitamento dos atrativos histórico-culturais (A4). Entretanto, ela deve ser capaz de combater, através do fortalecimento de estratégias comunicativas (D5) e da utili-zação das condições do mercado demandan-te localizado nas proximidades (O5), as tendências negativas do mercado brasileiro de turismo, no qual o turista ainda não tem, como uma das fontes principais de motivação para a viagem, a procura de des-tinos de turismo baseados na cultura. A condição de proximidade de importan-tes centros emissores de turistas como Cu-ritiba (O2) e de outros centros emissores para a região Sul do Brasil no Mercosul, de boas condições de conservação das estradas de acesso (O3+O1), aliados ao fato de os balneários praianos constituírem-se em forte fonte de atratividade (A4), favorecem a integração da cidade e de seus atrativos com destinos turísticos periféricos e seus produtos, atuando como atrativos comple-mentares ao leque de atrativos disponíveis na cidade. A integração de Paranaguá com os de-mais balneários visinhos (O4) pode aconte-cer ainda de forma inversa. A primeira foi acima mencionada: a cidade pode atuar como destino principal durante quase todo o ano, oferecendo produtos turísticos dife- 562 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 renciados em segmentos de mercado especí-ficos. A segunda forma acontece sob as con-dições, quase invariáveis, dos períodos de alta estação, quando Paranaguá se torna então um destino secundário, utilizando-se do fluxo de turistas localizados nos balneá-rios praianos nas proximidades do municí-pio. Percebe-se ainda, que a administração municipal se vê obrigada a gerenciar o de-senvolvimento do turismo pautando suas estratégias numa realidade que parece ser a mais sólida quando se observa o contexto do turismo na cidade: a baixa diversidade do número de emissores de turistas para Paranaguá (A6), tendo a capital do Estado como o principal emissor (O2). Observa-se claramente que ainda não existe um produto turístico formatado em Paranaguá, com características próprias e identidade singular (D1). Fator esse que chama a atenção, considerando-se a diver-sidade de recursos naturais, históricos e urbanísticos já exaustivamente menciona-dos até aqui. Certamente, a inexistência de um produto turístico local inviabiliza ou retarda a realização de investimentos que trariam benefícios econômicos e sociais para um grande número de membros da comunidade como a geração de empregos e, naturalmente de renda. O fato de Paranaguá não possuir um produto diferenciado pode ser considerado injustificável, haja visto que alguns fatores claramente favorecem as ações de planeja-mento para essa finalidade. Sem desconsi-derar as dificuldades e barreiras sociais e econômicas para a intervenção planejada em turismo, o município conta com uma legislação que ampara e incentiva o desen-volvimento do turismo, a utilização do solo e a conservação do patrimônio histórico (F6) e abundante recurso histórico, o que pode ser considerado de grande importân-cia e significado para a formatação de pro-dutos de turismo cultural (F2). Algumas medidas ainda devem ser to-madas para que o desenvolvimento de um turismo sustentável seja assegurado, visto que a cidade ainda não sofre com efeitos predatórios do turismo em massa (F5). A existência de situações problemáticas no ambiente urbano e natural (D2), de dificul-dades quanto à fiscalização para o cumpri-mento da legislação ambiental (D3), aliados ao fato do pouco conhecimento por parte da demanda dos atrativos existentes na cidade (D5) e a forte associação da imagem da cidade como uma região portuária (A3), perfazem um conjunto de aspectos que exi-gem uma articulação planejada com vistas a garantir a continuidade sustentável dos recursos naturais e obtenção de melhorias das condições sócio-econômicas, que podem ser conseqüência direta do desenvolvimento adequado da atividade turística. Resultados e Propostas Considerando-se os resultados obtidos na Matriz de Avaliação Estratégica, bus-cou- se elaborar propostas e sugestões que possam oferecer subsídios que favoreçam o desenvolvimento do turismo em Parana-guá. As propostas caracterizam-se por consi-derar importantes mudanças no cenário tradicional de turismo no local. São basea-das em estratégias que, primeiramente, valorizem o potencial e os recursos turísti-cos existentes como fundamento para o crescimento quantitativo e qualitativo da atividade; diversifiquem a oferta com a introdução de produtos turísticos novos e planejados, agregando com isso o envolvi-mento de maior parcela da população, mão-de- obra diversificada e recursos naturais e culturais ainda não utilizados e; possam constituir uma rede de integração entre os novos produtos e serviços turísticos locais com os disponíveis nos balneários vizinhos, atendendo assim as exigências da demanda nas diferentes épocas do ano. Primeiramente, considera-se importante que o município utilize, como fator de de-senvolvimento, do potencial existente na cidade e das condições do mercado em re-lação ao turismo, ou seja, que possa usu-fruir e tirar proveito, de maneira sustentá-vel, das condições e preferências da deman-da e do que a cidade pode oferecer, conside-rando que mudanças com propósitos de melhorias que atendam aos diversos seto-res envolvidos no turismo, podem exigir um trabalho em longo prazo. Sendo assim, é importante destacar que a administração municipal deve sempre vislumbrar um fu-turo amparado em perspectivas de desen-volvimento e melhoria dos aspectos sócio-econômicos, entretanto, é importante que Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 563 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 considere os fatores já existentes e neles investir. Proposta 1 – Introdução de produtos turís-ticos novos e planejados Como se observou, por meio de análise do diagnóstico da situação, a cidade possui boa parte dos recursos turísticos, bens e serviços auxiliares, infra-estrutura e equi-pamentos necessários para a formatação e venda não apenas de um produto turístico competitivo, que seja configurado como a base do turismo na cidade, mas também de uma variedade de recursos naturais, pai-sagísticos e humanos capazes de formar outros produtos consistentes que auxiliem e dêem suporte àquele produto principal, aumentando o leque de satisfação dos turis-tas e visitantes. De acordo com Valls (1996), para a es-truturação de um produto turístico compe-titivo, além dos recursos, bens, serviços auxiliares, infra-estrutura e equipamentos, é necessário que esse seja composto dos elementos intangíveis, tão importantes para composição de sua identidade no mer-cado de turismo. Sendo assim, é impres-cindível que, tanto o produto principal quanto os produtos periféricos e comple-mentares propostos para a cidade de Para-naguá, estejam inseridos dentro de um processo contínuo de planejamento, ou seja, que a administração municipal tenha como foco principal para os produtos turísticos locais uma gestão comprometida em insti-tuir condutas de participação e envolvimen-to social e selecionar os recursos disponíveis para a prestação de um serviço que atenda as necessidades e expectativas da deman-da. Além disso, é importante que o municí-pio trabalhe em favor da construção de uma imagem positiva ou de uma marca forte no mercado para o turismo em Paranaguá. A sugestão a seguir tem como funda-mentação os preceitos teóricos apresenta-dos anteriormente e consiste em evidenciar o desenvolvimento sustentável do turismo através de iniciativas planejadas. As pro-postas elaboradas para o desenvolvimento do turismo em Paranaguá caracterizam-se basicamente por incitar a formatação de um produto principal, voltado para o tu-rismo cultural, e de outros produtos perifé-ricos e complementares, envolvendo os re-cursos naturais e urbanos; além da inte-gração da cidade em roteiros no litoral do estado. Proposta 2 – Integração entre os produtos e serviços turísticos Tendo-se como base de fundamentação a concepção de Valls (1996), propõe-se a es-truturação de produtos baseados nos be-nefícios buscados pelo público, os quais são divididos pelo autor em produto principal, produto periférico e produto complementar. O produto principal refere-se ao benefício maior que o consumidor busca encontrar no destino turístico, após o processo de escolha dentre outros produtos; os produtos perifé-ricos acompanham intimamente o produto principal, sendo considerados sua prolon-gação natural e cumprem funções indis-pensáveis; e os produtos complementares podem ou não acompanhar os anteriores, ampliando o leque de satisfação de ambos. De acordo com a análise do DAFO, apre-sentada anteriormente, foi constatado que o turismo em Paranaguá é influenciado pela forte sazonalidade em períodos de baixa e alta temporada durante o ano. A partir disso, acredita-se que a cidade que pode atuar de duas formas distintas: 1. Como um destino principal nos períodos de baixa temporada. 2. Como um destino complementar nos períodos de alta temporada. Em ambos os casos, fundamentando sua oferta no produto principal da cidade. Sen-do assim, propõe-se que a cidade crie es-tratégias de desenvolvimento, amparadas na integração do produto principal com os produtos periféricos e complementares exis-tentes na própria cidade e no entorno nos períodos de baixa temporada. Essa inte-gração pode ser observada na Figura 1, que indica o produto “turismo cultural” como o produto principal da oferta turística, sendo apoiado pelos periféricos, como o turismo de negócios, de eventos, o religioso, o esportivo e o ecoturismo, e pelos complementares, como passeios de barco, visitas guiadas e eventos de lazer. Apesar dos problemas em infra-estrutura enfrentados pelo município para a recepção de um grande número de pesso-as, ou seja, um número superior do que aquele condizente com a população histori-camente formada na cidade – como é o caso de diversas cidades brasileiras que não foram planejadas para esse fim, Paranaguá possui recursos que ainda não se encon-tram plenamente utilizados para o fim turístico. 564 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Figura 1: Integração do produto principal com os produtos periféricos e complementares em Para-naguá nos períodos de baixa estação. O Centro Histórico da cidade, um impor-tante e significativo conjunto arquitetônico, histórico e cultural, é um local que pode ser considerado como privilegiado se compara-do com outros locais com potencial para a atratividade de turistas em Paranaguá. Nesse local encontram-se as principais edi-ficações que representam parte da história da formação do Litoral Paranaense e do Estado do Paraná, sem falar da própria história do município, plenamente identifi-cada em todas as suas edificações e monu-mentos, além disso, conta com total cober-tura da rede de esgotos e serviços auxilia-res como bancos, lavanderias, serviços médicos, hospitais, hotéis e restaurantes. Fonte: Baseado no modelo apresentado por Valls (1996). Legenda: Produto principal Produto periférico Produto complementar Atualmente, a chamada Rua da Praia é um ícone da obras de restauro e recuperaç-ão arquitetônica e urbanística realizadas em Paranaguá. Como relatado anterior-mente, essa rua estende-se pela orla marí-tima do centro da cidade e percorre os prin-cipais pontos turísticos do Centro Histórico e pode ser considerada um grande potencial para a criação de um circuito urbano de turismo ou de pacotes temáticos nos quais sejam abordados aspectos históricos locais, lendas e contos regionais ou mesmo o próprio aspecto nostálgico e romântico que a rua propicia durante a noite. Sendo assim, o Centro Histórico de Pa-ranaguá constitui-se em um importante espaço dentro do contexto urbano da cida-de, identificado neste estudo como o possí-vel produto turístico principal, ou seja, co-mo aquele produto que seria capaz de ali-cerçar o desenvolvimento da atividade em ECOTURISMO TURISMO DE NEGÓCIOS TURISMO RELIGIOSO TURISMO DE EVENTOS TURISMO ESPORTIVO TURISMO CULTURAL DESCIDA DA SE-RRA DO MAR VIA ESTRADA DA GRACIOSA PASSEIOS DE BARCO EVENTOS DE LA-ZER NA PRAÇA 29 DE JULHO VISITAS AO POR-TO DE PARANA-GUÁ DESCIDA DA SE-RRA DO MAR VIA ESTRADA DE FE-RRO Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 565 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Paranaguá. Paralelamente à introdução de um pro-duto principal, é necessário o acompan-hamento dos produtos turísticos periféricos, que dão suporte e equilíbrio à dinâmica relativa à atividade turística. Em Parana-guá, o ecoturismo, o turismo de negócios, o religioso, o de eventos e o esportivo atende-riam às necessidades de diversificação da oferta e de atendimento de fatores que maximizassem o desenvolvimento sus-tentável para a região, envolvendo maior parcela da população nativa, o comércio e as associações de moradores. A utilização dos recursos naturais e pai-sagísticos para prática de atividades eco-turísticas e de lazer caracteriza-se como uma das principais opções para melhorar a qualidade do turismo praticado na cidade. Além disso, a soma de algumas atividades paralelas como o turismo religioso, que pode ser servido pelas construções e tem-plos antigos espalhados pela região, o tu-rismo de negócios, baseado na recepção de visitantes com interesses comerciais devido às atividades portuárias, e o turismo de eventos e esportivo, que pode usufruir da infra-estrutura e dos espaços de lazer recém revitalizados no centro da cidade como a Praça 29 de Julho, podem ser consi-derados produtos turísticos alternativos cuja função destaca-se dentre as mais im-portantes para o desenvolvimento do tu-rismo sustentável, reduzir os impactos pro-vocados pela sazonalidade da demanda e colaborar para a melhoria da imagem turística e ambiental da cidade. Os produtos turísticos complementares não estariam ligados diretamente àquilo que o turista busca na localidade, como o produto principal, mas em Paranaguá riam a função de proporcionar uma riência positiva e satisfatória mesmo antes de os turistas atingirem o destino almejado ou o objetivo principal do seu deslocamento. É o caso do acesso à Paranaguá por vias alternativas como pela Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba e pela Estrada da Gra-ciosa, passeios de barco pela baía e visitas guiadas ao porto, basta que sejam observa-dos como produtos que possam ser dos no planejamento turístico receptivo municipal, em programas temáticos e de entretenimento, e em propostas planejadas com a finalidade de aumentar o tempo de estadia dos turistas na cidade. Nos períodos do ano considerados de al-ta estação ou alta temporada, quando o fluxo de turistas para o litoral é aumenta-do, a cidade de Paranaguá assumiria o pa-pel de um destino de turismo secundário (complementar) quando considerado frente aos destinos turísticos e produtos mais pro-curados nessas épocas do ano, respectiva-mente, os balneários praianos e o turismo de sol e praia, como pode ser observado na Figura 2. Nesse caso, Paranaguá atuaria como um importante complemento ao produto prin-cipal, oferecendo produtos em segmentos de mercado que não podem ser encontrados e consumidos nos balneários vizinhos, como por exemplo, o turismo baseado na história e na cultura, turismo religioso e turismo de eventos, tornando-se mais do que um desti-no complementar, de fato, tornar-se-ia uma importante alternativa de lazer e entrete-nimento para uma grande demanda já con-solidada. É necessária a consideração de incenti-vos à criação de cooperativas e associações de trabalhadores e moradores envolvidos com o turismo. É imprescindível que os produtos turísticos contem com o auxílio de guias especializados na condução dos turis-tas, sejam para os atrativos localizados no Centro Histórico ou mesmo para aqueles localizados em ambientes naturais. Para isso, é imprescindível que o município pro-mova cursos de capacitação profissional para guias de turismo local, haja visto que o conhecimento técnico dos aspectos histó-ricos e locais é uma ferramenta indispensá-vel para o sucesso dos produtos e pacotes turísticos, além de ser um instrumento valioso para garantir o envolvimento, parti-cipação e aceitação da comunidade nas ati-vidades do turismo. Enfim, as medidas adotadas para o implemento ou desenvol-vimento do turismo devem levar em consi-deração benefícios principalmente de ordem social. Dessa forma, acredita-se que Paranaguá será capaz de buscar, com maior intensida-de e segurança, o equilíbrio necessário en-tre os recursos disponíveis, a oferta de atra-tivos e a demanda, nas diferentes épocas do ano. 566 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 Figura 2: Integração dos produtos turísticos de Paranaguá com o produto principal dos balneários vizinhos (sol e praia) nos períodos de alta estação. Fonte: Baseado no modelo apresentado por Valls (1996). Legenda: Produto principal Produto periférico Produto complementar Considerações Finais Acredita-se no processo contínuo de de-senvolvimento de novas pesquisas, de ela-boração de abordagens teóricas e práticas como forma de construir uma sociedade mais justa. Isso considerado, o presente estudo demonstrou vários fatores que im-pedem o desenvolvimento do turismo, mas também salientou muitos pontos favorá-veis. A análise desses fatores de forma in-ter- relacionada possibilitou a elaboração de propostas e sugestões que poderão minimi-zar os efeitos negativos provenientes das ameaças e debilidades mencionadas nesse estudo. As propostas apresentadas foram elabo-radas com o intuito de contribuir não ape-nas para que o turismo possa transpor os problemas e desafios existentes na região, mas também para que esses fatores limi-tantes possam ser considerados como fontes de auxílio, como no caso da integração dos produtos principais das regiões vizinhas à cidade de Paranaguá nas diferentes épocas do ano. Para que isso ocorra é de suma im-portância que as propostas sejam incorpo-radas ao processo de planejamento turístico de Paranaguá e dos municípios vizinhos, tornando-os integrados em propostas e me-tas de crescimento mútuo. Tem-se consciência que existem várias barreiras que dificultam a materialização das propostas. Sabe-se, que em muitos ca- TURISMO RELIGIOSO TURISMO DE EVENTOS ECOTURISMO TURISMO DE NEGÓCIOS TURISMO ESPORTIVO DESCIDA DA SE-RRA DO MAR VIA ESTRADA DA GRACIOSA PASSEIOS DE BARCO EVENTOS DE LA-ZER NA PRAÇA 29 DE JULHO VISITAS AO POR-TO DE PARANA-GUÁ DESCIDA DA SE-RRA DO MAR VIA ESTRADA DE FE-RRO TURISMO SOL E PRAIA CULTURAL PARANAGUÁ BALNEÁRIOS VIZINHOS Marco Aurélio Ávila y Erick Pusch Wilke 567 PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 sos, o setor privado realiza muito de suas ações amparadas na lógica do mercado, na tentativa de apenas maximizar os lucros e ampliar rendimentos, o que pode represen-tar um problema para a sustentabilidade das propostas. Outro problema freqüente-mente observado, é a falta de continuidade de programas e projetos devido a freqüen-tes mudanças político-administrativas, o que pode ser combatido através do fortale-cimento de conselhos e ou outras represen-tações dos diferentes atores envolvidos com o desenvolvimento da atividade turística. Considera-se que o governo tem um im-portante papel a desempenhar no processo de desenvolvimento do turismo na cidade, na implantação das propostas e medidas de integração de produtos e serviços. A contri-buição do governo se destaca através da promoção da efetiva conservação do pa-trimônio, fiscalização da legislação ambien-tal e capacitação dos recursos humanos, todas elas adaptadas as necessidades e exigências das propostas, considerando a sua continuidade. É importante que as medidas adotadas não tragam benefícios somente para o tu-rismo e para aqueles envolvidos diretamen-te com essa atividade, mas também sejam extensivas aos moradores próximos, aos estudantes, aos fornecedores de insumos, aos pescadores e moradores das ilhas cir-cunvizinhas. A estrutura das propostas aqui mencio-nadas foi baseada numa leitura abrangente da situação em que se encontra o desenvol-vimento do turismo na cidade, consideran-do a necessidade de se conhecer elementos importantes do ambiente externo e interno para geração de medidas consistentes que considerem a mudança da realidade e o envolvimento integrado como ferramentas indispensáveis para o impulso necessário rumo ao crescimento qualitativo e sus-tentável do turismo. Dessa forma, as su-gestões surgiram como uma alternativa consistente de desenvolvimento para o tu-rismo na cidade, baseadas na utilização de seu recurso turístico singular – o patrimô-nio histórico-cultural – para a formatação de produtos turísticos com forte identidade e competitividade em um segmento de mer-cado ainda em crescente reconhecimento pela demanda. Por fim, baseando medidas de desenvol-vimento do turismo em estratégias plane-jadas, é importante que a administração municipal observe o turismo com seriedade, privilegiando o “desenvolvimento” qualita-tivo da atividade e não apenas o “cresci-mento” quantitativo e os resultados em curto prazo. Identificada situação de inci-piência a qual se encontra a atividade turística na cidade, evidencia-se a necessi-dade de serem adotadas medidas equilibra-das baseadas em metas de desenvolvimento integrado do turismo na região. Acredita-se que somente dessa maneira poderá ser transformada a atual situação de inércia, em um contexto de melhorias econômicas e sociais extensivas a grande parte da popu-lação parnanguara. Referências Anshworth, G.J.; Tunbridge, John E. 1990 The Tourist-Historic City. Londres: Belhaven. Burns, Peter M. 2004 “Tourism planning: a third way?” Annals of Tourism Research, 31(1): 24- 43. Castrogiovanni, Antonio Carlos (org.) 1999 “Turismo e ordenação no espaço urba-no”. In: Castrogiovanni, Antonio C.; Gastal, Susana. Turismo urbano: cida-des, sites de excitação turística. Porto Alegre: Edição dos Autores. 2000 Turismo urbano. São Paulo: Contexto. Gândara, José Manoel 2001 La imagen de calidad ambiental ur-bana como recurso turístico: el caso de Curitiba, Brasil. Tese de Doutorado. Programa de Doutorado em Turismo e Desenvolvimento Sustentável, da Uni-versidade de Las Palmas de Gran Caná-ria, Espanha. 2004 El turismo y la sostenibilidad de los destinos urbanos. Turismo 1. Editora Sérgio Molina, México. Paraná Turismo. 2002 Estudo da demanda turística do Lito-ral. Secretaria de Estado do Turismo. Curitiba. 2004 Estudo da demanda turística do Lito-ral. Secretaria de Estado do Turismo. Curitiba Paranaguá (Paraná). Prefeitura Municipal. s/d Dados disponíveis em: www.paranaguá.pr.gov.br. Acesso em: 568 Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável ... PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 6(3). 2008 ISSN 1695-7121 20 fev. de 2006. Pearce, Douglas 2003 Geografia do turismo: fluxos e regiões no mercado de viagens. São Paulo: Aleph. Pires, Mário Jorge 2003 “Gestão de cidades históricas para o turismo: questões teóricas e práticas”. Turismo em Análise, 14(2): 1-128. Sainz De Vicuña. José M. 1999 El plan de marketing en la práctica. Madrid: Esic. Samara, Beatriz S.; Barros, José C. 2002 Pesquisa de marketing: conceitos e metodologia. São Paulo: Prentice Hall. 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