© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121
Vol. 18 N.o 3. Págs. 473-488. Julio-Septiembre 2020
https://doi.org/10.25145/j.pasos.2020.18.033
www .pasosonline.org
Resumo: Este artigo objetiva identificar ações de aproveitamento turístico de sítios arqueológicos ligados
a tradições pré‑coloniais
no Rio Grande do Sul (Brasil). Utilizando a abordagem qualitativa, apresenta e
discute dados empíricos e bibliográficos referentes ao desenvolvimento de ações turísticas nos sítios que
integram roteiros turísticos comercializados. A discussão dos cases em questão indicou a importância da ini‑ciativa
privada e da mediação turística enquanto consolidadoras das ações. No Rio Grande do Sul, o turismo
arqueológico tem destaque em sítios históricos, mas vem sendo promovido em alguns sítios pré‑coloniais.
O turismo arqueológico emerge no Brasil como uma possibilidade de extroversão do patrimônio arqueológico
e vem ganhando a atenção nos principais centros de arqueologia do país.
Palavras‑chave:
Patrimônio arqueológico; Turismo arqueológico, Pré‑colonial;
Rio Grande do Sul; Brasil.
Archaeological tourism in pre-colonial sites from Rio Grande Do Sul - Brazil
Abstract: This paper analyses how to use archaeological sites linked to pre‑colonial
traditions in Rio Grande
do Sul (Brazil) for tourism. Using the qualitative approach, it presents and discusses empirical and biblio‑graphical
data on previous tourist activity at the sites that are integrated into various commercialised tour‑ism
circuits. The discussion of the cases shows the importance of private initiatives and tthe importance of
tourism toward consolidation of certain measures. In Rio Grande do Sul, archaeological tourism is prominent
in marked sites of historical importance but is also being promoted in some pre‑Colonial
sites. Archaeological
tourism in Brazil is seen as a possible enhancement of the value of our archaeological heritage in the world.
Keywords: Archaeological heritage; Archeological tourism; Precolonial; Rio Grande do Sul; Brazil.
Turismo arqueológico em sítios
pré‑coloniais
do Rio Grande do Sul – Brasil
Thais Gaia Schüler* Magna Lima Magalhães** Roswithia Weber***
Universidad Feevale (Brasil)
Thais Gaia Schüler, Magna Lima Magalhães, Roswithia Weber
* Universidad Feevale (Brasil); E‑mail:
thaisschuler@yahoo.com.br
1. Introdução
A arqueologia constitui‑se
em uma atividade da ciência social cujo foco de estudo está nos processos
históricos decorrentes da análise dos vestígios materiais deixados por sociedades humanas (Scatamacchia,
2005). Considera que a cultura material envolve desde a efetiva produção de objetos até as marcas e
restos deixados nos processos históricos, constituindo‑se
como objeto de análise também a matéria‑prima
empregada, o contexto de deposição, as condições climáticas do período em questão, entre outras variáveis.
Embora seja fortemente relacionada ao estudo de sociedades ágrafas, a arqueologia histórica, aquela
relacionada ao estudo de vestígios materiais de grupos humanos que desenvolveram alguma forma de
escrita, vem sendo associada a processos historiográficos e apresenta‑se
também como campo de interesse
do turismo.
Através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a legislação brasileira
estabelece diretrizes relacionadas à Educação Patrimonial que determinam a obrigatoriedade de incluí‑las
nas ações ligadas à prática arqueológica, preconizando a multidisciplinaridade na consolidação de
efetivos Projetos Integrados de Educação Patrimonial. Este conceito de socialização da arqueologia,
chamado de extroversão, refere‑se
à publicização das pesquisas arqueológicas e de seus resultados à
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
474 Turismo arqueológico em sítios pré-coloniais do Rio Grande do Sul – Brasil
comunidade local e aos interessados (Ministério da Cultura do Brasil, 2015 e 2016). Segundo Bastos
(2006), o conceito de extroversão é enraizado na ideia de Educação Patrimonial, e deve acompanhar os
trabalhos de campo para identificar a melhor forma de levar o conhecimento adquirido às comunidades
afetadas pelas pesquisas. Para o autor, o conhecimento arqueológico deve ser possível a todos aqueles
que querem dele se apropriar, criando uma linguagem capaz de integrar comunidade e conhecimento.
O turismo arqueológico, embora ainda não seja uma prática consolidada em espaços arqueológicos no
Brasil, se apresenta, neste contexto, como uma possibilidade de extroversão e de geração de renda.
Para Godoy (2015), relaciona‑se
diretamente às questões de responsabilidade social, legal e moral de
que trata a Arqueologia Pública.
Estudos que relacionam turismo e arqueologia vêm sendo desenvolvidos pelos principais centros
de estudos de arqueologia do Brasil, a exemplo do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade
de São Paulo (MAE/USP), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal
do Pará (UFPA) e do Museu Paraense Emilio Goeldi, além do próprio IPHAN. A tese apresentada por
Alfonso (2012) no MAE/USP, atenta para a ínfima produção científica sobre a relação entre turismo e
arqueologia no Brasil, seja em periódicos nacionais, na edição de livros ou na defesa de dissertações
e teses. O artigo apresentado por Godoy (2015) alguns anos após, indica um potencial aumento do
interesse acadêmico pelo assunto.
Das diversas abordagens através da qual pode ser pensado o turismo, procuramos aqui, privilegiar
uma concepção que permita articulá‑lo
com outras áreas do conhecimento, compreendendo‑o
como
fenômeno social capaz de promover e dar uso a espaços de difícil preservação, dentro de uma lógica de
valorização patrimonial, mas também considerando o viés econômico.
Este trabalho é parte das pesquisas desenvolvidas no âmbito do mestrado acadêmico em
Processos e Manifestações Culturais da Universidade Feevale e busca identificar os sítios arqueológicos
pré‑coloniais
que recebem uso turístico no estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Utilizando o levan‑tamento
de dados bibliográficos e a metodologia da pesquisa de campo, favoreceu‑se
o tratamento de
dados pela abordagem qualitativa, apresentando e discutindo os casos que integram roteiros turísticos
comercializados. Inicialmente, apresenta‑se
um panorama geral acerca dos principais estudos acadêmicos
sobre o turismo arqueológico no Brasil, privilegiando o que tem sido desenvolvido no estado do Rio
Grande do Sul. A seguir, apresentando a metodologia adotada, são expostos os dados provenientes da
pesquisa de campo que mapeou os sítios arqueológicos pré‑coloniais
utilizados turisticamente neste
estado, discutindo‑se
as práticas desenvolvidas naqueles sítios que são parte integrante de roteiros
turísticos comercializados.
2. O turismo arqueológico: contexto Brasil e Rio Grande do Sul
De acordo com os estudos de Lopez e Moreno (2018), o turismo arqueológico não se configura como
uma prática nova, sendo o passado uma curiosidade humana que se relaciona, enquanto fenômeno
coletivo, ao Grand Tour do século XVIII e que terá em locais da antiguidade clássica (Grécia e Itália) e
Oriental (Egito) importantes pontos referenciais. É verificável, segundo os autores, a ocorrência de um
interesse contemporâneo pelo turismo arqueológico relacionado ao Turismo de Interesse Especial que
emerge nos anos 80 como uma alternativa ao turismo massificado do segmento Turismo de Sol e Praia.
No Turismo de Interesse Especial, o turista demanda serviços mais relacionados à identidade cultural do
destino, valorizando o desenvolvimento sustentável local e a ideia de maior exclusividade nos serviços.
Lopez e Moreno (2018) entendem o interesse pelo patrimônio arqueológico como elemento central
na delimitação conceitual do turismo arqueológico que pode manifestar‑se
tanto no deslocamento a
sítios como a museus que detenham os acervos arqueológicos. Consideram a ocorrência, ainda, de
deslocamentos motivados pela aquisição de artefatos arqueológicos, mas também a ocorrência de
visitação a locais de interesse arqueológico relacionado ao aprofundamento do conhecimento acerca de
determinada destinação (Lopez e Moreno, 2018).
A delimitação conceitual de turismo arqueológico adotada pelo Ministério do Turismo do Brasil
considera a definição proposta por Widmer (2009, apud Ministério do Turismo do Brasil, 2010: 23):
o deslocamento voluntário e temporário de indivíduos, motivados pelo interesse ou desejo de conhecimento
de aspectos pertinentes a culturas passadas, a locais onde se encontram vestígios materiais representativos
de processo evolutivo do homem no planeta, deixados por sociedades pretéritas.
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
Thais Gaia Schüler, Magna Lima Magalhães, Roswithia Weber 475
Nesse sentido, considera o turismo arqueológico como um subsegmento abrangido pelo turismo
cultural. No entanto, os estudos de casos relacionados ao aproveitamento de áreas de interesse
arqueológico pré‑colonial
que vem sendo desenvolvidos no Brasil tem o aproximado do Ecoturismo
(Souza, 2012; Veloso e Cavalcanti, 2007; Filho e Monteiro, 2009; Godoy, 2015). Alguns cases apresentam,
ainda, características relacionadas ao Turismo de Base Comunitária, modalidade turística que recebe
considerável atenção no cenário nacional por atribuir à comunidade local o poder decisório acerca dos
rumos das atividades de turismo.
Um sítio arqueológico é classificado como histórico quando a ocupação humana estudada é posterior ao
processo de colonização. Um sítio é pré‑colonial
quando se refere a ocupações ligadas a grupos humanos
anteriores à colonização; e de contato, quando o local indica a ocorrência de ocupações humanas que
estabeleçam contato entre grupos humanos de traços tecnológicos distintos.
Segundo as pesquisas de Souza (2012), a maior parte dos sítios arqueológicos aproveitados turisti‑camente
no país são relacionados à arqueologia histórica e desenvolvem‑se
como estratégia de uso de
edificações protegidas por instrumento legal, majoritariamente localizadas em áreas urbanas (Souza,
2012). Quando referentes ao período pré‑colonial,
o uso turístico de sítios relaciona‑se
àqueles de maior
visibilidade e tamanho, como sambaquis e rupestres, nos quais é possível uma identificação mais objetiva
de vestígios por parte dos visitantes (Souza, 2012).
Constituem‑se
como trabalhos referenciais as ações turísticas desenvolvidas no Sambaqui da Beirada
(Kneip et al, 2017) e no Sambaqui da Tarioba (Oliveira, 2011), ambos no Rio de Janeiro; nos museus a
céu aberto da Ilha do Campeche (Chamas, 2008) no estado de Santa Catatina; nas visitações em sítios
rupestres em Carnaúba das Dantas (Nóbrega e Araújo, 2015; Ferreira, 2013) no Rio Grande do Norte;
e no oeste do sertão do estado de Alagoas, envolvendo os municípios de Delmiro Gouveia, Olho D´água
do Casado, Piranha e Pão de Açúcar (Alfonso, 2012), entre outros.
A referência nacional em termos de turismo em sítios pré‑coloniais
é o Parque Nacional da Serra da
Capivara, no estado do Piauí (Alfonso, 2012; Veloso e Cavalcanti, 2007), o qual ganhou popularidade
pela pesquisa que vem sendo desenvolvida pela equipe da arqueóloga Niède Guidon que propõe que
a chegada do ser humano ao continente Americano tenha ocorrido há cerca de 30 mil anos atrás. Os
sítios arqueológicos desta região são Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1991, e o planejamento do
turismo local envolve, segundo Veloso e Cavalcanti (2007), amplas ações que visam à proteção natural
e arqueológica. A criação da Fundação do Homem Americano para o acompanhamento de ações de
gestão e captação de recursos pode ser mencionada como uma das amplas ações de conscientização e
envolvimento da comunidade local e incentivo ao desenvolvimento social e econômico, paralela a ações
de manejo e infraestrutura do parque (Filho e Monteiro, 2009).
Para Veloso e Cavalcanti (2007), na experiência brasileira relacionada ao turismo arqueológico,
deve ser mencionado, ainda, o trabalho de educação patrimonial desenvolvido pela Organização Não
Governamental (ONG) Fundação Casa Grande ‑
Memorial do Homem Kariri, na cidade de Nova Olinda,
interior do sertão cearense. Localizada dentro da Reserva Florestal na Chapada do Araripe, através
do Projeto “a Chapada do Araripe e seus sítios arqueológicos”, a ONG desenvolve iniciativas que se
relacionam a atividades de turismo de base comunitária, trabalhando com pousadas domiciliares
administradas por meio de uma cooperativa, aulas de museologia e turismo para capacitar e qualificar
o receptivo local (Araújo, 2017).
No Rio Grande do Sul, estado que registra em seu território 3725 sítios arqueológicos1, o turismo
arqueológico tem destaque em sítios históricos. O grande ícone turístico do estado é o Parque Histórico
Nacional das Missões2, principalmente o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, tombado pelo IPHAN
em 1938 e declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1983 (Souza, 2012).
O registro de ações de extroversão relacionada à arqueologia missioneira realizado por Moraes (2012)
demonstra ser este Parque a referência estadual também no que se refere às ações de extroversão do
patrimônio arqueológico. Nossa pesquisa in loco (realizada em agosto de 2016) mostra que este sítio
histórico recebe constante trabalho paisagístico, investimento em infraestrutura local e de acesso,
musealização in situ, oferta agregada (espetáculo Som & Luz e loja de souvenires), elaboração de
material e de ações pedagógicas, entre outros relevantes componentes relacionados ao uso turístico.
Outros sítios arqueológicos históricos, como a Casa Gomes Jardim em Guaíba (Monticelli et al, 2005),
além de sítios da região urbana de Porto Alegre e de Pelotas relacionados ao Programa Monumenta3
são também significativos em termos de atratividade e de uso turístico no estado do Rio Grande do Sul.
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
476 Turismo arqueológico em sítios pré-coloniais do Rio Grande do Sul – Brasil
3. Turismo arqueológico em sítios pré‑coloniais
do Rio Grande do Sul: metodologia e dis-cussão
de cases integrantes de roteiros turísticos comercializados
Tendo por objetivo central o mapeamento e a coleta de informações preliminares para a discussão
sobre o turismo em sítios pré‑coloniais
do estado, esta pesquisa, de caráter qualitativo, aplicado e
descritivo, foi realizada entre maio de 2017 e outubro de 2018. Para tanto, foram determinadas três
etapas, desenvolvidas de forma concomitante.
Em uma primeira fase, caracterizada pela pesquisa de campo e pelo levantamento de fontes,
buscou‑se
identificar sítios pré‑coloniais
no estado do Rio Grande do Sul que pudessem ser apontados
como desenvolvedores de atividades turísticas. Para tanto, estabeleceu‑se
como parâmetros sítios
pré‑coloniais
que recebam fluxos turísticos, ainda que irregulares e espontâneos; sítios pré‑coloniais
que sejam promovidos por órgãos de gestão turística4 como atrativos locais; e sítios pré‑coloniais
que
integram roteiros turísticos comercializados.
Da pesquisa de campo e pelo contato com o trade turístico (especialmente agências e operadoras de
viagens), passando pelas instituições de representação de órgãos vinculados ao turismo e pelos principais
institutos de arqueologia do estado5 até o próprio IPHAN, esta etapa gerou a identificação preliminar
de seis locais6 dentro do estado do Rio Grande do Sul (Mapa 1) que desenvolvem o aproveitamento
turístico de sítios pré‑coloniais:
––Sítios pré‑coloniais
que recebam fluxos turísticos, ainda que irregulares e espontâneos: Sambaqui
do Capão Alto (RS‑LN‑197),
situado na área central do município litorâneo de Xangri‑lá.
––Sítios pré‑coloniais
que sejam promovidos por órgãos de gestão turística como atrativos locais:
Sítio Capivara ou Capivari I (RS‑C‑43),
localizado na área central do município de Lindolfo Collor;
Parque Arqueológico do Homem do Planalto das Araucárias (PAHPA) abrangendo o sítio RS‑PE‑42
e outros, localizado no município de Pinhal da Serra.
––Sítios pré‑coloniais
que integram roteiros turísticos comercializados8: Conjunto de sítios na Comu‑nidade
de Criúva, interior do município de Caxias do Sul; Sítio Garivaldino Rodrigues (RS‑TQ‑58)
no interior do município de Brochier; Abrigo da Pedra Grande (RS‑SM‑07),
em São Pedro do Sul.
Mapa 1: Sítios arqueológicos pré‑coloniais
com uso turístico no Rio Grande do Sul (Brasil)
Fonte: elaboração própria, utilizando Google Earth
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
Thais Gaia Schüler, Magna Lima Magalhães, Roswithia Weber 477
Na fase seguinte, de caráter bibliográfico, buscou‑se
a sintetização de dados acerca das pesquisas
arqueológicas desenvolvidas nestes locais, estabelecendo as tradições tecnológicas de ocorrência, trazendo
dados de cadastro no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do IPHAN e dados referentes
à atividade turística (Quadro 1).
Quadro 1: Sintetização de dados sobre os sítios pré‑coloniais
com
utilização turística no estado do Rio Grande do Sul
Sítios pré‑coloniais
que recebam fluxos turísticos, ainda que irregulares e espontâneos
Nome do sítio Região
Turística Município Tradição tecnológica e
pesquisas arqueológicas
Informações relacionadas ao
turismo
Sambaqui do
Capão Alto (RS‑LN‑19)
Litoral
Norte
Gaúcho
Xangri‑lá
Tradição Sambaquiana.
Pesquisas ocorridas na
primeira metade da década
de 1980 (Wagner, 2009).
Motivação turística associada ao
Turismo de Sol e Praia;
Localização urbana e central;
Impactos antrópicos em decorrência
da visitação sem controle ou
mediação.
Sítios pré‑coloniais
que sejam promovidos por órgãos de gestão turística enquanto atrativos locais
Nome do sítio Região
Turística Município Tradições tecnológicas e
pesquisas arqueológicas
Informações relacionadas ao
turismo
Sítio Capivara
ou Capivari I
(RS‑C‑43)
Vale do Rio
dos Sinos
Lindolfo
Collor
Tradição Umbu. Pesquisas
ocorridas entre 1985 e
1986 (Jacobus e Rosa,
2013) e 2005 (Dias, 2006)
Localização urbana e central;
Promovido como atrativo turístico
a partir de projeto de valorização
patrimonial da Secretaria de
Cultura do Estado do Rio Grande
do Sul, em parceria com o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico
Estadual (IPHAE);
Parque
Arqueológico
do Homem do
Planalto das
Araucárias
(PAHPA):
RS‑PE‑42
e
outros
Campos de
Cima da
Serra
Pinhal da
Serra
Tradição Taquara.
Pesquisas ocorridas entre
2005 e 2009 (Bisinella,
2012)
Conjunto de sítios de habitações
subterrâneas;
Primeiro Parque Arqueológico do
RS;
Projeto de uso turístico originado
pelas pesquisas da UFRGS entre
2005 e 2009, com financiamento da
Usina Hidrelétrica de Barra Grande
(BAESA);
Promovido pelo IPHAN e pela
Prefeitura Municipal.
Sítios pré‑coloniais
que integram roteiros turísticos comercializados
Nome do sítio Região
Turística Município Tradições tecnológicas e
pesquisas arqueológicas
Informações relacionadas ao
turismo
Conjunto
de sítios na
Comunidade de
Criúva (RS 74,
75, 76 e outros)
Uva e
Vinho
Caxias do
Sul
Tradição Taquara.
Pesquisas ocorreram na
década de 1960 e no início
dos anos 2000 (Corteletti,
2008)
Roteiro turístico originado a
partir das pesquisas de pesquisa
acadêmica;
Motivação turística associada ao
segmento ecoaventura e ao turismo
em espaço rural.
Afonso
Garivaldino
Rodrigues (RS‑TQ‑58)
Vale do Caí Brochier
Tradições Umbu e Taquara.
Pesquisas ocorreram na
década de 1980 e em 2005
(Dias, 2006)
Roteiro turístico originado a partir
de pesquisas de nível técnico;
Motivação turística associada ao
segmento ecoaventura e ao turismo
rural.
Abrigo da Pedra
Grade (RS‑SM‑07)
Central São Pedro
do Sul
Tradições Umbu e Guarani.
Pesquisas ocorreram na
década de 1980, em 2002 e
2012 (Zuse, 2009)
Maior conjunto de petróglifos do
estado do RS;
Fluxos espontâneos sem mediação
gerou grandes impactos no
patrimônio.
Fonte: elaboração própria
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
478 Turismo arqueológico em sítios pré-coloniais do Rio Grande do Sul – Brasil
Na terceira e última etapa, caracterizada pelo estudo de caso com dados combinados da bibliografia e
de constatações empíricas, foi realizada a discussão acerca das atividades de turismo desenvolvidas nos
sítios que integram roteiros turísticos comercializados. Nesta etapa, a metodologia de hierarquização
de atrativos e a segmentação turística foram utilizadas como balizadoras nas análises.
A metodologia de hierarquização de atrativos consiste em um instrumento de planejamento turístico
elaborado pelo Centro Interamericano de Capacitação Turística (CICATUR) e adaptado pelo Ministério do
Turismo do Brasil que busca estabelecer uma quantificação a partir de uma análise qualitativa (Quadro
2). Considera o grau de uso atual (insignificante, pequeno, médio ou grande), a representatividade
(nenhuma, elemento comum, pequeno grupo de elementos similares, raro), o apoio local e comunitário
(nenhum, apoiado por pequena parcela, apoio razoável, apoiado por grande parte da comunidade), o
estado de conservação (péssimo, regular, bom, ótimo), a infraestrutura (inexistente, existente em estado
precário, existente necessitando intervenções/melhorias, em ótimas condições) e o acesso (inexistente,
existente em estado precário, existente necessitando intervenções/melhorias, em ótimas condições).
Quadro 2: Critérios da metodologia de Hierarquização de Atrativos
Valores a serem atribuídos
Critérios 0 1 2 3
Potencial de
atratividade
(valor deve ser
multiplicado por
2)
Nenhum
Atrativos com algum
aspecto expressivo,
capazes de
interessar visitantes
oriundos de
lugares no próprio
país, que tenham
chegado à área por
outras motivações
turísticas, ou capaz
de motivar fluxos
turísticos regionais
e locais (atuais e
potenciais).
Baixo
Atrativos com algum
aspecto expressivo,
capazes de
interessar visitantes
oriundos de
lugares no próprio
país, que tenham
chegado à área por
outras motivações
turísticas, ou capaz
de motivar fluxos
turísticos regionais
e locais (atuais e
potenciais).
Médio
Atrativos
com aspectos
excepcionais em
um país, capazes
de motivar uma
corrente atual
ou potencial de
visitantes deste país
ou estrangeiros, em
conjunto com outros
atrativos próximos
a este.
Alto
Atrativo turístico
excepcional
e de grande
interesse, com
significação para o
mercado turístico
internacional,
capaz de, por si só,
motivar importantes
correntes de
visitantes, atuais e
potenciais.
Grau de uso atual Fluxo turístico
insignificante Pequeno fluxo Média intensidade
de fluxo Grande fluxo
Representatividade
(valor deve ser
multiplicado por
2)
Nenhuma Elemento bastante
comum
Pequeno grupo de
elementos similares
Elemento singular,
raro
Apoio local e
comunitário Nenhum
Apoiado por uma
pequena parte da
comunidade
Apoio razoável
Apoiado por
grande parte da
comunidade
Estado de
conservação
da paisagem
circundante
Estado de
conservação péssimo
Estado de
conservação regular
Bom estado de
conservação
Ótimo estado de
conservação
Infraestrutura Inexistente Existente, porém em
estado precário
Existente, mas
necessitando de
intervenções/
melhorias
Existente e em
ótimas condições
Acesso Inexistente Em estado precário
Existente, mas
necessitando de
intervenções/
melhorias
Em ótimas condições
Fonte: adaptado de Ministério do Turismo do Brasil, 2007
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
Thais Gaia Schüler, Magna Lima Magalhães, Roswithia Weber 479
Esta metodologia:
(...) permite fixar o valor intrínseco do próprio recurso com base em suas principais características, das quais
se obtém um índice de qualidade que pode ser comparável ao calculado para outras áreas ou recursos de
características similares. Tal análise possibilita atribuir valor quantitativo ao atrativo, de modo a classificá‑lo
em uma escala de hierarquização, demonstrando em números o valor de potencialidade de cada atrativo e
do município. Esse instrumento de análise é de fundamental importância para o processo de planejamento
turístico, pois auxilia na tomada de decisão dos planejadores. (Fernandes e Menezes, 2010: 74).
A segmentação turística, por sua vez, consiste em uma estratégia proposta pelo Ministério do Turismo
do Brasil que tem base nas características de consumo da demanda turística, visando à organização
para fins de planejamento e gestão (Ministério do Turismo do Brasil, 2010).
A adoção destas metodologias, nesta análise, buscou muito mais estabelecer parâmetros para a
discussão qualitativa de práticas do que definir um quantitativo fixo ou definitivo para o turismo
desenvolvido nos três sítios arqueológicos trabalhados (Quadro 3).
Quadro 3: Aplicação da metodologia de Hierarquização de Atrativos aos
sítios pré‑coloniais
integrantes de roteiros turísticos comercializados
Sítio Arqueológico
Pré‑Colonial
do RS
Conjunto de Sítios na
Criúva (Caxias do Sul)
Afonso Garivaldino
Rodrigues: RS‑TQ‑58
(Brochier)
Abrigo da Pedra
Grande (São Pedro do
Sul)
Segmentação
turística
predominante
Ecoturismo e Turismo
de Aventura
Ecoturismo e Turismo
Rural Turismo Cultural
Aplicação da Metodologia de Hierarquização de Atrativos
Potencial de
atratividade
(Valor multiplicado
por 2)
Médio
2 x 2 = 4
Baixo
1 x 2 = 2
Alto
3 x 2 = 6
Grau de uso atual Pequeno Fluxo
1
Pequeno Fluxo
1
Média Intensidade
2
Representatividade
(Valor multiplicado
por 2)
Pequeno grupo de
elementos similares
2 x 2 =4
Elemento bastante
comum
1 x 2 = 2
Elemento singular,
raro
3 x 2 = 6
Apoio local e
comunitário
Apoio razoável
2
Apoio razoável
2
Apoiado por uma
pequena parte da
comunidade
1
Estado de
conservação
da paisagem
circundante
Estado de conservação
regular
1
Estado de conservação
regular
1
Estado de conservação
regular
1
Infraestrutura Inexistente
0
Inexistente
0
Inexistente
0
Acesso Em estado precário
1
Inexistente
0
Existente, mas
necessitando de
intervenções/ melhorias
2
Total 13 8 18
Fonte: elaboração própria
3.1 Conjunto de sítios na comunidade de Criúva (Caxias do Sul)9
No norte do município de Caxias do Sul, na divisa com os municípios de São Francisco de Paula,
Monte Alegre dos Campos, Campestre da Serra e São Marcos, localiza‑se
a região da Criúva, na região
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
480 Turismo arqueológico em sítios pré-coloniais do Rio Grande do Sul – Brasil
turística da Uva e Vinho. Historicamente, a localidade tem seu desenvolvimento econômico associado
ao tropeirismo10, e até a década de 1950 o distrito pertencia ao município de São Francisco de Paula.
Os sítios arqueológicos que estão inseridos nesta localidade se devem ao estabelecimento de grupos
humanos provenientes da segunda leva migratória11 que ocupou o estado do Rio Grande do Sul, ocorrida
há aproximadamente dois mil anos atrás (Corteletti, 2008). Advindos do planalto central brasileiro,
os grupos humanos de matriz Jê são tratados por alguns autores como Jês do Sul ou Proto‑Jê
e são
associados, nos estudos etnológicos, aos Kaingang (Schmitz, 1991; Dias e Jacobus, 2000).
Estes grupos humanos se estabeleceram, neste estado, em três ambientes distintos: na planície
litorânea, próximo a lagoas e restingas; na encosta do planalto e nos vales florestados; e na região do
planalto (com campos e araucárias). Nesta última área, situada nas regiões de maior altitude como a de
Caxias do Sul, o padrão de assentamento destas populações indica uma tradição cultural vinculada à
ocorrência de estruturas com amplo manejo da terra, a exemplo das casas subterrâneas e dos montículos
funerários (Beber, 2004). Os montículos funerários originaram estruturas reconhecíveis na paisagem,
construídas com pedras e terra e que aparecem tanto isoladamente quanto em conjuntos (Beber, 2004;
Schmitz, 1991).
As habitações características deste sistema de assentamento são nomeadas na arqueologia como casas
subterrâneas e popularmente conhecidas como “buracos de bugres”, consistindo em grandes buracos em
solos sedimentados (Copé, 2013), com tamanhos variados, as quais eram cobertas por troncos, palha
e terra (Schmitz, 1991). Em seus interiores, são encontrados vestígios de fogueira, artefatos líticos e
pedaços de cerâmica, além de restos do intenso uso do pinhão, alimento fundamental na dieta destes
grupos (Copé, 2013).
A região da Criúva foi objeto de pesquisas arqueológicas nos anos 60, na ocasião realizadas pelos
arqueólogos Pedro Ignácio Schmitz e Fernando La Salvia, e novamente entre os anos 2003 e 2005, na
ocasião de realização do Projeto São Marcos do Instituto Anchietano de Pesquisas (IAP) da Universidade
do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Foram referenciais para as ações de turismo local as incursões
realizadas pelo arqueólogo Rafael Corteletti, cujas pesquisas resultaram na publicação do livro “Patrimônio
Arqueológico de Caxias do Sul” (Corteletti, 2008).
O estudo de campo de Corteletti realizado em 2006 foi acompanhado pelos proprietários da empresa
Criúva Agência de Viagens Limitada12, que desde então desenvolve o receptivo turístico com visitação
guiada aos sítios então prospectados da região, atendendo à proposição do próprio arqueólogo.
Aplicando‑se
a metodologia de hierarquização de atrativos, identifica‑se
o médio potencial de
atratividade do conjunto de sítios que apresenta aspectos excepcionais para o país, com capacidade
de motivação de correntes potenciais de visitantes oriundos de outros Estados se comercializado em
conjunto com outros atrativos próximos.
O produto turístico é comercializado como “Criúva Indígena” e “Roteiro Kaingang” e desenvolveu‑se
como proposta de turismo pedagógico atingindo, atualmente, um público mais abrangente. A oferta
do serviço ocorre em forma de forfait13, sendo possível realizar a visitação em propostas associadas
ao ecoturismo e ao turismo de aventura, que abrangem desde um turno de visitas até dois dias com
pernoite (em acampamento ou meios de hospedagem), trilhas com maior ou menor nível de dificuldade,
com trajetos mais curtos (com cerca de 2km) até percursos mais extensos (chegando a somar 23km). Os
grupos são atendidos com público não superior a doze integrantes. O grau de uso do atrativo ainda é
baixo, mas apresenta representatividade média pela singularidade das estruturas subterrâneas cuja
ocorrência se dá apenas nas regiões do planalto do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
A sede da empresa promotora das atividades, a “Casa Verde”, de onde partem as incursões comer‑cializadas,
concentra a infraestrutura disponível e está localizada na área mais urbanizada do distrito.
O local também oferece serviço de alimentação.
Dos dez sítios existentes em Criúva na ocasião da estruturação da proposta de uso turístico (2006),
a empresa promove a visitação a seis, todos com acesso bastante difícil. Nesses, não há adaptações
das estruturas para a recepção de turistas, inexistindo qualquer tipo de infraestrutura in situ, o que
torna ainda mais necessário o acompanhamento do monitor para a garantia da redução de impactos
da visitação. Os sítios passíveis de visitação são compostos por remanescentes de estruturas de casas
subterrâneas e montículos, sendo bastante difícil o reconhecimento destas estruturas.
Observando o interesse dos visitantes sobre o formato original das estruturas relacionadas à tradição
Taquara, foram criadas réplicas em tamanho real de uma casa subterrânea (Figura 1) e de montículos
funerários, as quais são visitadas ao longo dos itinerários turísticos.
Em termos de caracterização de segmento, é perceptível a aproximação teórica com o Ecoturismo,
especialmente quando enfocando a responsabilidade com a sustentabilidade do ambiente e dos patrimô‑
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Thais Gaia Schüler, Magna Lima Magalhães, Roswithia Weber 481
nios envolvidos; e do turismo de aventura, pela vivência de atividades de risco controlado. Estabelece
vínculos com o Turismo em Espaço Rural em decorrência da área de implantação dos sítios, mas acaba
se afastando do Turismo Rural propriamente, já que não utiliza a ruralidade como atrativo turístico.
É da referida ruralidade, entretanto, que decorrem os impactos antrópicos de destruição dos sítios cuja
paisagem circundante encontra‑se
em estado regular.
Figura 1: Réplica de casa subterrânea na Comunidade de Criúva, Caxias do Sul/RS
Fonte: acervo das autoras
O apoio da comunidade local é razoável, sendo possível estabelecer uma aproximação com o Turismo
de Base Comunitária, considerado um modo de desenvolver a atividade turística que concentra na
comunidade local o processo decisório acerca do turismo.
3.2. Sítio RS‑TQ‑58
Garivaldino Rodrigues
Localizado na comunidade de Batinga Sul, no município de Brochier, na região turística do Vale do
Caí, o sítio RS‑TQ‑58
Garivaldino Rodrigues está registrado no Catálogo Nacional de Sítios Arqueológicos
ainda relacionado ao município de Montenegro (do qual Brochier emancipou‑se
no início dos anos 90).
Apesar da proximidade com a região do Vale do Taquari, a região encontra‑se
nas limitações da região
turística do Vale do Caí.
Este abrigo sob‑rocha
foi registrado em 1982 pela equipe do arqueólogo Pedro Augusto Mentz Ribeiro,
o qual, juntamente com a equipe do Centro de Pesquisas Arqueológicas (CEPA) da Universidade de
Santa Cruz (UNISC), escavou o local em 1987 e 1989 (Buchaim, 1999 e Ribeiro e Ribeiro, 1999).
A interpretação dos dados arqueológicos indicou a ocorrência de ao menos dois momentos distintos
em termos de tradição arqueológica: inicialmente de sucessivas ocupações Umbu, as quais apresentaram
algumas das datações mais antigas do Rio Grande do Sul (cerca de 9600 anos). O padrão de ocupação
Umbu é considerado o mais remoto do estado e apresenta sítios arqueológicos dispersos no território,
normalmente próximos a fontes de água, sendo as primeiras ocupações, de acordo com Monticelli et al
(2005), localizadas no extremo oeste do estado.
Caracterizada pela confecção de artefatos líticos e pela longa permanência dos padrões dos artefatos,
a tradição Umbu encontra indícios de permanência até cerca de 2500 anos antes do presente, sendo a
ponta de projétil o artefato diagnóstico. O nomadismo, a caça e a coleta e a busca por abrigos sob‑rocha
e a céu aberto predominam nos modos de subsistências destes grupos humanos. É importante destacar
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
482 Turismo arqueológico em sítios pré-coloniais do Rio Grande do Sul – Brasil
a ocorrência de grafia rupestre em baixo relevo (petróglifos) associada a alguns sítios de tradição Umbu
(Schmitz, 1991).
A arqueologia sustenta que, por volta de 700 anos atrás, o sítio RS‑TQ‑58
passou a receber ocupações
relacionadas à tradição Taquara, ali caracterizadas pela ocorrência de uma cerâmica muito fina.
Nos anos que sucederam após a escavação pela equipe de Mentz Ribeiro em 1987 e em 1989, o IAP
realizou pesquisas relacionadas à análise zooarqueológica neste sítio (Rosa, 2009), a qual forneceu
indicativos relacionados à subsistência dos grupos humanos que ali viveram antes da colonização.
Entre 2006 e 2009, o Projeto de Pesquisa Arqueológica do Vale do Caí (PACA), desenvolvido pela
arqueóloga Adriana Schmidt Dias, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), realizou
novos estudos no sítio, identificando pequenos petróglifos, gravuras rupestres entalhadas em baixo
relevo, nas paredes do abrigo.
O turismo local é desenvolvido pela operadora turística MasBah Turismo e Aventura desde 2016,
ligado a uma proposta de atividade eco‑rural
denominada Paleotrilha14. O projeto de desenvolvimento
do turismo nasceu da iniciativa de três estudantes do Curso Técnico em Guia de Turismo do município
vizinho de Montenegro que objetivavam o estabelecimento de uma proposta de roteirização de base
histórica.
A demanda de visitação, ainda bastante incipiente, apresenta fluxos turísticos irregulares em grupos
de aproximadamente 15 pessoas, sempre acompanhados por guia de turismo, com incidência de cerca
de um ou dois grupos ao ano, de acordo com os dados da operadora, indicando um grau de uso atual
de pequeno fluxo. O ecoturismo, através da proposição de contato com a natureza, é elemento central
na atratividade, mas que também encontra importância na associação com práticas de turismo rural,
como a visitação a fornos de carvão, a degustação de produtos coloniais e o contato com os modos de
vida do meio rural da região.
Apesar do baixo potencial de atratividade pela dificuldade de identificação dos grafismos, o local
apresenta aspectos expressivos capazes de interessar visitantes oriundos de lugares do próprio país
que tenham chegado à área por outras motivações turísticas, com potencial de motivação de fluxos
turísticos regionais e locais. A mediação turística um papel significativo na atribuição valorativa e no
controle de impactos do atrativo.
Figura 2: Foto recente do sítio Afonso Garivaldino Rodrigues, Brochier/RS
Fonte: Fetzner, 2016
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Thais Gaia Schüler, Magna Lima Magalhães, Roswithia Weber 483
O sítio arqueológico não apresenta singularidade, sendo sítios desta tradição comuns no Rio Grande do
Sul, apesar das datações para presença humana no RS‑TQ‑58
serem muito antigas. O apoio comunitário
é razoável, sendo possível identificar interesse da comunidade pelo desenvolvimento do turismo no local,
pois este favorece o comércio de produtos desenvolvidos pelas propriedades e apresenta‑se
como uma
possibilidade de complementação de renda.
Da ausência de infraestrutura in situ decorrem fatores antrópicos de degradação relacionados a visitas
sem acompanhamento e à própria atividade rural do entorno, que compromete a paisagem circundante
que se encontra em estado regular. O acesso ao local é precário, somente sendo possível a pé.
3.3. Abrigo da pedra grande
O sítio da Pedra Grande, em São Pedro do Sul, localizado na região turística Central, representa a
referência estadual em termos de arte rupestre. Ali registra‑se
a ocorrência de petróglifos de grandes
dimensões, formando um painel de cerca de 24m de comprimento por 2m de altura em bloco de arenito
Botucatu15 (Goldmeier e Schmitz, 1987).
Figura 3: Petróglifos do Abrigo da Pedra Grande no município de São Pedro do Sul/RS
Fonte: SantAnna, 2016
O local é referenciado por Lima (2005) como RS‑MJ‑07,
por Goldmeier e Schmitz (1987) como RS‑SM‑07.
O interesse arqueológico pelo sítio teve início na década de 1930, quando o local era conhecido
como Ribeirão, e foi fotografado por Vicentino Prestes de Almeida cujas fotos foram publicadas em
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
484 Turismo arqueológico em sítios pré-coloniais do Rio Grande do Sul – Brasil
1936 por Antônio Serrano (Lima, 2005), mas foi efetivamente identificado por Schmitz e Brochado em
1969. O abrigo foi escavado em 1971 pela equipe do IAP16, apresentando a datação aproximada de 2790
a.P. A ocupação mais antiga é relacionada às tradições caçadoras‑coletoras
Humaitá e Umbu (Goldmeier
e Schmitz, 1987), sendo deste período os grafismos no local. As datações mais recentes, de cerca de
600 a.P., identificam a presença da tradição Guarani, havendo na parte de trás do sítio rupestre um
sítio secundário, indicado por Goldmeier e Schmitz (1987) como a Redução Jesuítica de São José e por
Brochado (2001, apud Zuse, 2009) como São Miguel17, relacionada ao Primeiro Ciclo Missioneiro do estado.
Na segunda metade da década de 1980, equipe do Laboratório de Estudos e Pesquisas Arqueológicas
da Universidade Federal de Santa Maria (LEPA/UFSM), sob a responsabilidade do professor Vitor
Hugo da Silva, realizou algumas coletas superficiais no local, e em julho de 1997 os arqueólogos Klaus
Hilbert e José Proença Brochado intervêm na área atribuída à redução jesuítica (Zuse, 2009). Em
2002, o arqueólogo Saul Milder e a equipe do Laboratório de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da
Universidade Federal de Santa Maria (LEPA/UFSM) realizou a mais recente escavação, utilizando
plotagem tridimensional (Zuse, 2009). Em 2012, equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) realizou a digitalização tridimensional a laser dos petróglifos do abrigo.
O sítio fica distante cerca de 10km do centro da cidade, na localidade de Pedra Grande, próximo ao
CTG Pedra Grande e à Igreja Nossa Senhora Aparecida. É apontado pelo estudo de Roso e Isaia (2006)
como o atrativo referencial para a promoção da imagem turística do município. O local é amplamente
promovido como atrativo turístico pela Prefeitura Municipal e pela Secretaria Estadual de Turismo,
Esporte e Lazer (SETEL/RS). Comercializado por agências receptivas de Santa Maria (Na Trilha
Ecoturismo e Aventura e Eventur), normalmente em associação a outros atrativos locais o enquanto
componente da Rota Paleontológica18 do estado.
Aplicando‑se
a metodologia de hierarquização de atrativos, verifica‑se
um grau de uso atual médio,
mas é importante considerar a ausência de mecanismos de acompanhamento de fluxos turísticos, os
quais ocorrem majoritariamente sem mediação ou monitoria, havendo muitos relatos de vandalismo.
O potencial de atratividade é alto, considerando‑se
a representatividade e fácil visualização dos petróglifos,
sendo o apoio local comunitário razoável. O estado de conservação do ambiente circundante é baixo
devido à ocorrência de construções muito próximas. A inexistência de infraestrutura local é a principal
problemática observada e o acesso necessita melhorias.
4. Considerações finais
O Turismo arqueológico emerge no cenário mundial como uma possibilidade de extroversão e de
valorização do patrimônio arqueológico. No cenário brasileiro, é considerado um subsegmento do
turismo cultural, mas os estudos relacionados ao uso turístico de sítios pré‑coloniais
demonstram uma
associação do produto ao ecoturismo.
No Rio Grande do Sul, estado mais meridional do país, o turismo arqueológico ganha destaque em
sítios históricos, a exemplo do Parque Histórico Nacional das Missões. Buscando identificar as ações de
aproveitamento turístico de sítios pré‑coloniais,
este estudo mapeou o uso turístico de sítios ligados a
tradições pré‑coloniais,
identificando a ocorrência em apenas seis locais dispersos em diferentes regiões
turísticas do estado.
Referente aos sítios com fluxos turísticos irregulares ou espontâneos, foi identificado o sítio Sambaqui
do Capão Alto (RS‑LN‑19),
situado na área central do município litorâneo de Xangri‑lá,
na região turística
do Litoral Norte Gaúcho. Acerca de sítios promovidos enquanto atrativos turísticos por órgãos de gestão
turística, foram identificados o Sítio Capivara ou Capivari I (RS‑C‑43),
localizado na área central do
município de Lindolfo Collor, na região turística do Vale do Rio dos Sinos; e o Parque Arqueológico
do Homem do Planalto das Araucárias (PAHPA) abrangendo o sítio RS‑PE‑42
e outros, localizado no
município de Pinhal da Serra, na região turística dos Campos de Cima da Serra.
Quanto aos sítios pré‑coloniais
integrantes de roteiros turísticos comercializados, a pesquisa indicou
três ocorrências em território sul‑rio‑grandense:
no conjunto de sítios na Comunidade de Criúva, interior
do município de Caxias do Sul, na região turística da Uva e Vinho; no Sítio Garivaldino Rodrigues
(RS‑TQ‑58)
no interior do município de Brochier, região turística do Vale do Caí; e no Abrigo da Pedra
Grande (RS‑SM‑07),
em São Pedro do Sul, na região turística Central.
O estudo destes três cases aponta para uma associação aos segmentos de ecoturismo e turismo rural,
sendo um ponto em comum a oferta não ter apelo exclusivamente voltado aos atrativos arqueológicos.
Foi possível constatar que a iniciativa privada tem grande importância na consolidação das práticas
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turísticas deste cenário e que a mediação turística é relevante não só para a preservação e para a redução
de impactos, mas também na própria interpretação patrimonial. Os mecanismos de acompanhamento
de fluxos turísticos são praticamente inexistentes neste cenário, mas verifica‑se
que o turismo tem
relevância enquanto possibilidade de extroversão do patrimônio arqueológico destes locais.
Agradecimentos
As autoras agradecem à Universidade Feevale e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES – Brasil) pelo financiamento desta pesquisa por meio da bolsa taxas CAPES/
PROSUC concedida à autora Thais Gaia Schüler para realização do Mestrado no Programa de Pós
Graduação em Processos e Manifestações Culturais.
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Zuse, S. 2009. Os Guarani e a Redução Jesuítica: Tradição e mudança técnica na cadeia operatória
de confecção dos artefatos cerâmicos do sítio da Pedra Grande e entorno. Dissertação de Mestrado,
Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de São Paulo, MAE/USP, São Paulo (SP).
Notas
1 De acordo com dados coletados no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do IPHAN em
setembro de 2018.
2 Parque Histórico Nacional das Missões Jesuíticas Guaranis, criado em 2009 por meio do decreto
nº6.844, abrangendo a área dos sítios arqueológicos com ruínas remanescentes das reduções jesuíticas
de São Miguel Arcanjo (localizado no município de São Miguel das Missões), de São Lourenço Mártir
(em São Luiz Gonzaga), de São Nicolau (em São Nicolau), e o de São João Batista (em Entre-Ijuís).
3 Programa de preservação do patrimônio cultural do Brasil com fundos do BID – Banco Interamericano
de Desenvolvimento e apoio técnico da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO), com ênfase nos sítios e conjuntos urbanos. Iniciado em 1995, desde 2006
trabalha com programas educativos e com a capacitação de mão de obra especializada no que se
relaciona a restauro e turismo, entre outras atividades (Marchette, 2016).
4 São considerados órgãos de gestão turística: governanças ou setoriais regionais, prefeituras municipais,
secretaria estadual de turismo, associações de fomento turístico, Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Estadual (IPHAE), etc.
5 A exemplo do Centro de Pesquisas Arqueológicas da Universidade de Santa Cruz do Sul (CEPA/
UNISC), o Instituto Anchietano de Pesquisas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (IAP/Unisi‑nos),
o Laboratório de Arqueologia da Universidade do Vale do Taquari (Univates), o Laboratório de
Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (LEPAARQ/UFPEL) e o Laboratório
de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Rio Grande (LAE/FURG).
6 Cientes da limitação de nosso estudo, acreditamos que outras áreas possam desenvolver atividades
de interesse semelhante.
7 Na sigla atribuída a um sítio arqueológico na ocasião de sua identificação pelo estudo arqueológico,
as duas primeiras letras indicam o estado da Federação, a terceira e a quarta normalmente indicam
a bacia hidrográfica de localização, e os números finais a ordem de registro.
8 Este estudo ainda investigou o atrativo turístico “Caverna Indígena”, comercializado por agências
de turismo e promovido pela Prefeitura Municipal do município de Veranópolis, na região turística
da Uva e Vinho. A pesquisa arqueológica, entretanto, indicou insuficiência de evidências materiais
que justificassem a pesquisa arqueológica no local, que foi visitado pela equipe de arqueólogos do
Programa de Arqueologia desenvolvido pelo CEPA/UNISC para a instalação do Complexo Energético
Rio das Antas, especificamente da área UHE 14 de julho e imediações (Machado, 2008)
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. 18 N° 3. Julio-Septiembre 2020 ISSN 1695-7121
488 Turismo arqueológico em sítios pré-coloniais do Rio Grande do Sul – Brasil
9 Trabalho completo e apresentação oral de nossa autoria acerca do turismo desenvolvido nesta locali‑dade
foi apresentado no Seminário Internacional de Pós-Graduação do Inovamundi da Universidade
Feevale, ocorrido em outubro de 2018.
10 Designação da atividade econômica desenvolvida no Brasil entre os séculos XVII e XIX que envolvia
empreitadas de condução de tropas de gado, de muares e de cavalos do Rio Grande do Sul para o
abastecimento do mercado consumidor do sudeste e centro do país (Silva, 2010).
11 Os estudos arqueológicos relacionados ao povoamento da região sul do Brasil indicam a ocorrência de
três grandes levas migratórias (Copé, 2013; Noelli, 2000; Oliveira, 2005; Schmitz, 1991): a primeira,
ocorrida há aproximadamente 11 mil AP, no início do Holoceno, cuja caracterização dos modos de
subsistência relaciona-se à caça e à coleta (tradições Umbu, Humaitá, Vieira e Sambaquieira); a
segunda, relacionada à chegada dos povos horticultores (Taquara e Guarani); e a terceira onda
migratória, caracterizada pela conquista deste território pelo europeu, a qual alterou significativamente
as formas de relação humana (Copé, 2013).
12 O foco da empresa, em funcionamento desde 2001 (Bazotti, 2012) é o Turismo de Aventura, sendo
devidamente certificada pelo Programa Aventura Segura do Ministério do Turismo.
13 Roteiro turístico formatado atendendo à solicitação e à demanda de cada cliente (Barreto, 2002).
14 Recentemente, o produto turístico vem sendo comercializado também com o nome de Trilhas e Trilhos.
15 As medidas do bloco de pedra em si são de aproximadamente 86m de comprimento por 8,5m de altura
(Zuse, 2009).
16 Material escavado sob a guarda do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (NEPARQ/UFRGS).
17 A problemática histórica acerca do nome da redução é discutida por Zuse (2009).
18 Importante indicar tratar-se de um sítio arqueológico e não paleontológico.
Recibido: 27/11/2018
Reenviado: 09/01/2019
Aceptado: 07/10/2019
Sometido a evaluación por pares anónimos