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A IMIGRACAO ESPANHOLA PARA O BRASIL: A VERTENTE CANARIA. UM ESTUDO PREVIO Setores constitutivos de urna realidade de nítida e hornogenea coloracáo histórica, política e social, Canária e Brasil, embora pontos baliza e intermeciiários entre u Ve&u e o Xovo Mundo, iritegrimi-se m - na geografia mais ampla do Atlhtico hispanico -para usar o concei- E to já consagrado por José Enrique Rodó ou por Almeida Garret- O e emergem, guardado o caráter específico de suas potencialidades, n-- no contexto mais abrangente do orbe ibero-americano. m O E Eis porque, ao se concretizar a oportuna realizacao do IV Coló- £ 2 quio de História Canário-Americano, a participacáo de representante -E do Brasil em tal Encontro fazer-se mais do que necessário; é um dever o seu comparecimento, embora modesta possa ser a sua con- 3 tribuicáo. - - 0 A Comunicacáo que ora se submete a tal Colóquio -A imigracáo m E espanhola para o Brasil: a vertente canária. Um estudo prévio- in- O tegra um projeto mais amplo em sua iormulacáo, mais ambiciosa a n proposta que o sustenta. -E O estudo da imigracáo alcanca hoje, no Brasil, níveis satisfatórios. a Inúmeros siío os trabalhos que tem analisado, em profundidade, tal 2 n processo social, enfocando o imigrante em sua individualidade étnica. n Assim é, que há estudos já consagrados sobre a imigracáo italiana, 3 O a japonesa e a alemá, para o Brasil. Entretanto, e esta é urna lacuna da se resvente P, b$liQgr2fia especia!izadu já Rrusn, nsenhum estudo de falego, nenhuma análice global, fez-se, até o mo-mento, sobre a imigracáo espanhola e a poderosa contribuiciio que este imigrante deu para lancar as fundasoes de urn desenvolvimento nacional, cujos frutos, por demais notórios e evidentes, passam a ser colhidos nos dias que correm. E s o que se propoe: o estudo da imi-gracáo espanhola para o Brasil. Entretanto, nao nos deteremos, por ora, a analisar as implicacoes sociológicas do fluxo migratório, os reflexos culturais, economicos e sociais que resultam da atuagáo dos imigrantes, nem, tampouco, as repercussóes que o movimento imigratório repassa A demografia, A psicologia social, A política e A ideologia, enfim. Tal preocupacáo é o escopo de projeto futuro, mais amplo e completo. Para o presente Colóquio, restringiu-se a problematica a limites compatíveis com a natureza científica do Simpósio. Limitamo-nos ao estudo da imigracáo canarina para o Estado de Sao Paulo, Estado que, pela sua economia, demografia e atuacáo política, educacional e cultural, ocupa a privilegiada posicáo de primus inter pares na Fe-deracáo do Brasil. Em tal estudo, inventariamos o número de imi-grantes canarinos transladados para Sáo Paulo, nos anos de 1936 a 1951, relacionando-o, sempre, ao total de imigrantes espanhóis, em particular, e ao de contigentes de outras etnias, em geral, vindos para o Estado de Sáo Paulo, no período referido. Servimo-nos assim, e por ora, de uma pequena amostragem da 2 N densa documentacáo existente no Arquivo da Hospedaria dos Imi- E grantes, do Departamento de Amparo e Integracáo Social, da Secre- O n taria da Promocáo Social, do Estado de Sáo Paulo. -- m O Acresce, por outro lado, a impossibilidade metodológica de abor- E E dar a corrente imigratória canarina em dirqáo ao Brasil, em parti- 2 E cular ao Estado de Sáo Paulo, dissociada do Auxo coeso e uniforme - representado pela imigracáo espanhola. Sobre ser uma tentativa de atomizar uma indivisível e una realidade social, caracterizaria ainda O-- um falso vez0 de análise científica. m E Por tal razáo, definimo-nos pelo estudo da imigracáo espanhola, O como um todo, dando enfase 2 vertente Canária, sobretudo entre os anos de 1936 e 1951, quando, com intervalos, ocorreu translados de % canarinos para o Estado de Sáo Paulo. a 2 A opcáo pelas datas-baliza obedeceu a um duplo critério. De um lado, e talvez o motivo menos relevante, a dificuldade circunstancial E em retroagir as pesquisas a anos anteriores ao de 1936, em face da O reorganizacao por que passa o Arquivo da Hospedaria dos Imigran- +L ,,,o,z ex S% Pac!~. De mt r=, sigi,iEcadc qUe ai,c :',e 19% t e z para a Espanha, e, por extensáo, para todo o mundo; acresca-se, finalmente, que em fins do ano de 1951 criou-se, em Bnixelas, o Comite Intergovernamental para as Migracóes Européias (CIME), ór-gáo responsável pelo re-direcionamento que se operou no instituto da imigracao. A16m ~ o ~ l j m p n t qex~isote nte no A@vo da Wos,n&ria Imigrantes, já referida, servimo-nos. para a elaboracáo desta Comu-nicacáo, de Censos Demográficos Oficiais, de Relatórios Administra- tivos, da Série Imigracáo do Departamento de Arquivo do Estado de S50 Paulo e da escassa bibliografia especializada. A história da imigraciio em massa para o Brasil inaugurou-se, no século XM, com a crise do sistema escravista como forma de máo-de- obra na exploraciio economica. O escravismo teve sua condenacáo ditada a partir da própria evo-luqáo da Revolucáo Industrial. Ao despontar o século XM surgiram novas formas de capitalismo, tornando obsoleto os antigos sistemas de domínio e de mercado. 44 avanco acelerado das idéias liberais e a independencia das colhias espanholas da América, liberando seus contingentes escravüs, fürtalecerarn a cciiiipaiiiia abdicioaista nü Dra- m D sil. E De outra parte, porém, pairava o interesse dos grandes plantado- O res de café na manutencáo daquele statu quo. A aristocracia agrícola n-= do país recusava-se a transformaq6es no sistema colonial de producáo. m O E Ao atingir-se a segunda metade do século XIX, diante da forte E 2 pressáo internacional (na qual a Inglaterra tinha considerável peso), =E em cujo boj0 assentava a necessidade de expansáo do mercado e de modernizacáo de métodos de producao, o Governo Imperial brasi- 3 leiro aboliu o tráfico negreiro (Lei de 4 de outubro de 1850). A grande - - 0 massa de escravos (que na época da Independencia, em 1822, reunia m E 1.147.515 indivíduos em uma populac50 de 2.813.351 habitantes), co- O mecava a esvaziar-se. Leis proibindo o tráfico interprovincial de ne-n gros e estabelecendo a liberdade para os sexagenários tanto quanto -E para os recém-nascidos, vieram a tornar cada vez menor a possibili- a dade de manutenqáo deste tipo de mao-de-obra para a lavoura em 2 n crescimento. 0 A súbita ampliacáo de mercado para o café, configurado pelos O3 Estados Unidos, a partir de 1850, tornava a falta de bracos problema ainda maic grave, U exigir selq6es izediatas. País de dimensóes continentais, com vastas extensóes despovoa-das, com baixa densidade demográfica e excessiva concentracáo na costa, o Brasil necessitava de contingentes populacionais alienígenas para dinamizar sua economia. O século XIX foi urna época de migracóes. Países fornecedores de m5o-de-obra, Inglaterra, Franca, Alemanha e países escandinavos, a princípio, e, posteriormente, Itália, Espanha, Portugal, Rússia, Po- Iónia, China e Jap5o tiveram, entáo, grandes perdas populacionais. Mas o Brasil, até as últimas décadas daquela centúria, nao chegava a atrair atencóes. O sistema escravagista, de certa forma, afastava os imigrantes. Estes, acabavam por se dirigir a outros países que lhes ofereciam mais florescentes perspectivas. Tal é o exemplo dos Esta-dos Unidos, Canadá e Argentina. Sem nos referirmos 2s inúmeras tentativas de colonizaciio oficial organizada com a vinda de grupos étnicos determinados, tentativas -algumas de relativo exito- encetadas desde o período colonial, houve experiencias governamentais e privadas com o trabalho livre estrangeiro, após a Independencia. A partir do momento em que se tornava iminente a perda defi-nitiva de mZo-de-obra negra e que se desenvolvia aceleradamente a lavoura cafeeira, tal preocupacáo era evidente. Aliás, ela se manifes-tava frequentemente em pronunciamentos parlamentares, de fazen-deiros interessados e da própria imprensa. Era preciso evitar um co-lapso na produciio agrícola, diante da iminencia de abolicáo da escravidáo. Iniciativas particulares e governamentzis tomaram corpo, tanto assim que «o imigrante que veio durante certo período em caráter supletivo -tendo coexistido com o escravo na lavoura- a partir da abolicáo tornou-se o substituto efetivo da m2o-de-obra escravan l. Com efeito, lobo após a Independencia comecaram a proliferar col6nias alemás no Rio Grande do Sul, onde o sistema de exploracáo da terra era o da pequena propriedade. A contratacáo e as despesas corriam por conta do Governo Provincial ou por conta de ((Socieda-des Colonizadoras)), fundadas com aquele expresso fim. Multiplica-ram- se núcleos por outras Províncias e acorreram colonos de várias etnias, tais como szicos, italianos, poloneses e outros. Em realidade, havia um grande antagonismo entre a posicáo dos fazendeiros e a do Governo Imperial: para os primeiros o fim alme-jado era a obtencáo de bracos para a lavoura. Já, para o Governo, o objetivo era mais largo: o povoamento. Por isso, estava nas preo-cupacóes oficiais o acesso 2 terra. Através da pequena propriedade, alcancar-se-ia o enraizamento do estrangeiro. Isto, sem que se deixasse de contar com o seu quinhio de producáo. Algumas daquelas empresas colonizadoras, como a Sociedcrde Cm-trd de ImigfaqZo, do Rio de Janeiro, por exemplo, batia-se por esse mesmo ponto de vista: mais núcleos coloniais e menos colonos assa-lariados junto aos fazendeiros. Por tal razáo, muitos autores que tem estudado a imigracáo em Sáo Paulo, ressaltam o fato de que 1. Arlinda ROCHA NOGUEIRAA: imigr&o japonesa para a lavcsura cafeei~a paulista (1908-1922). Sáo Paulo, Instituto de Estudos Brasileiros, 1973, p. 37. náo se deve confundir imigracáo com substituicáo dos bracos na grande lavoura. Mesmo na época, tal perspectiva era admitida. «O escopo da imigracáo era, além de organizar a máo-de-obra, buscar elementos que contribuissem para a formacáo da nacionalidade, 2. As acolonias de parcerian, de iniciativa privada, tiveram seu início na década de 1840, quando o Senador Vergueiro introduziu em sua Fazenda Ibicaba (Limeira, Estado de Sáo Paulo) algumas famílias de portugueses, suicos e alemáes. Por este sistema, o colono europeu recebia de parceria os talhoes de café que devia cultivar. O fazen-deiro reembolsava o Estado das importancias adiantadas para as des-pesas do transporte, acudia o imigrante nas primeiras necessidades, dava-lhe terras para o plantio da subsistencia, tudo previamente es-tabekcido em contrato de locacáo de trabalho, numa modalidade de meiacáo, que se afastava do regime do assalariado agrícola. m D Entretanto, muitos foram os atritos surgidos entre imigrantes e E fazendeiros, com escravos de permeio. A verdade é que o contacto O n mais estreito com trabalhadores livres por parte dos escravos, mais - =m acirrava neles o espírito abolicionista. Além disso, nas fases de bene- O E ficiamento do café, o estrangeiro perdia contacto com o produto, E 2 sendo muitas vezes lesado em seus intereses. A imigracao assala- E = riada atraía mais aos estrangeiros do que as colonias de parceria. 3 Neste sistema, em verdade, os estrangeiros ficavam reduzidos & con- - dicáo de semi-escravo. Tanto era, que tal modalidade logo foi aban- - 0m donada. E Foi ao início da década de 1870, que as condiqóes gerais da eco- O nomia cafeeira apresentaram aspectos favoráveis & imigracáo: o café n alcancava melhores precos e a máo-de-obra escrava apresentava-se -E cada vez mais improdutiva. Ademais, os Estados Unidos comecavam a 2 a dificultar a entrada de imigrantes. Por outro lado, as modificacoes n 0 políticas, geopolíticas, economicas e demográficas européias drena-vam populacóes para a emigracáo, única solucao viável para seus 3 O problemas. Estudos norte-americanos sobre populacáo e imigracáo tem de-monstrado que em um século -de meados do século XIX a meados do céculo XX- houve migracoes em massa, chegando a apontar um total de 75 milhoes de pessoas que teriam deixado seus países de origem em busca de meihores condicoes de vicia. 2. Lucy MAFFEI HUTTER: ImigracÜo Italiana enz SÜo Paulo (1880-1889). Sao Paulo, Instituto de Estudos Brasileircs, 1972. Os fatores que condicionam a emigraeso decorrem das próprias condicóes do país que «expulsa» seus excedentes populacionais. Uma vez deslocado, o emigrante deve adaptar-se a novas formas sociais e culturais. A aculturacáo resultará do contacto direto e contínuo en-tre grupos de indivíduos com mudancas nos padróes culturais de um ou ambos os grupos. Um grupo social nao emigra desde que encontre recursos satisfa-tórios de sobrevivencia em seu solo natal. Quando falta o trabalho, seja por razóes políticas ou econ¿3micas, será preciso buscá-lo em outras terras. É justamente o trabalho a forma social de ajustamento do imi-grante. Ao contrário, os desajustamentos surgem em razáo de fato-res negativos, mormente os emanados da populacáo nativa, da paisa-gem e meio ambiente. Os primeiros contactos dos adventícios com 2 o cenário geográfico que os abrigará sáo, muitas vezes, adversos. Até N E que se estabelecam relaqóes satisfatórias entre a paisagem e o ser O humano, faz-se necessário todo um condicionamento. Muitas vezes n era uma outra vida o que se esperava. «O contacto do imigrante com - m O E a realidade vai corrigindo os desvios de perspectiva)) 3. E A familia imigrante, ao se estabelecer em um novo país, terá que 2 E passar forcosamente, por problemas de ajustamento ao novo 'meio - geográfico, social, cultural e sanitário, sofrendo riscos de inadapta- 3 @es, sejam sociais, sejam de enfermidade, sejam mesmo riscos de O- - morte. m E No caso do imigrante espanhol para o Brasil, adaptacáo deu-se O sem maiores problemas. As observacóes de Antonio Jordao Neto, sociólogo que estudou um pequeno grupo de imigrantes vindos na n E década de 1960 para a indústria paulista, sáo válidas para toda a imi- - a gracáo espanhola para terras brasileiras, desde o século pasado, até 2 n a atualidade. ((Relativamente ao processo de acomodac20 social dos n n imigrantes espanhóis pode-se dizer que 'náo existem praticamente 3 barreiras que impecam ou dificultem o desenvolvimento normal de O tal processo. Siio múltiples os pontos de contacto entre a cultura brasileira e a espanhola. As raízes históricas que as li,w m e a seme- Ihanqa linguística bem como certas manifestacoes de ordem afetiva, a coincidencia da religiáo católica dominante entre os dois países, sáo fatores que tem concorrido para facilitar a aproxima$io entre espanhóis e brasileiros)) 4. 3. Joáo Baptista BORGESP EREIRAi:t alianos no rnzmdo i v ~ a Ip auizsta. Sáo Pauio, Pioneira, 1974, p. 39. 4. Antonio JORDAO NETTO: O irnipante espanlzol enz SZo Pavlo (1960): principiais conculs5es de unzd Pesquisa, "Sociologia", Sáo Paulo, 26 (2): jun. 19'3, p. 2-52. Entretanto, com outros grupos étnicos, a adaptacáo nem sempre' ocorre. Medidas restritivas houve -e há- no sentido de evitar a formacáo de quistos raciais e culturais de difícil assimilacao aos costumes, aos hábitos e A língua nacional. Os conflitos se dao, em geral, quando, em razáo de seus padroes culturais muito diferentes, o alienígena reluta em desprender-se de suas tradicóes, idéias, con-ceitos, hábitos e língua da terra de origem, substituindo-os pelos da terra de adocáo. Ora, a assimilacáo é exequível quando o imigrante, como no caso do espanhol no Brasil, possui afinidades étnicas e culturais com o novo agrupamento social que passa a integrar, condicionando sua própria realizacao como cidadáo e como homem. Do ponto de vista biológico, o espanhol tem mostrado seu perfeito ajustamento ao clima tropical, aos novos hábitos alimentares e a novos tipos de vestuário. m D Da mesma forma, sem perder suas características nacionais, tem E demonstrado sua capacidade de acomodacáo sociológica As novas O n condicoes economicas e culturais. - =m Em verdade, estabelece-se, como já dissemos, um perfeito pro- O E cesso de trocas, de aculturacáo. Por isso mesmo, a razáo deve ser E 2 dada a Oliveira Vianna, quando mostra a imigracáo como «fator con- E = dicionante ao início e ao desenvolvimento de novas formas sociais 3 e culturaisn 5. - * * * - 0m As transformacóes que se operarn na vida economica e social de Sáo Paulo e do Brasil, na segunda metade do século XIX, também sáo condicionantes do exito da imigracáo. Entre elas, em destaque, a introducáo das linhas férreas, a abolicáo da escravidáo, o cresci-men, to ,do mercado interno e a industrializacáo. Assim, eram ofereci-das aos imigrantes condicóes de infra-estrutura semelhantes As dos seus países de origem. O caráter da sociedade brasileira nas últimas décadas do século XTX 6 de trmrf~r^mac2n. Cefrk-se e impucte de fiitl d2 @erra dc Paraguai, que introduzia a forca do «Exército deliberante)), como bem qualificou Octávio Ianni. Republicanismo, abolicionismo, aceleracao da producáo artesanal e fabril e a expansáo acelerada da cafeicultura, caracterizam o período. «A fisionomia da sociedade nacional passa a ser dominada pela predominancia da cafeicultura» 6. 5. Francisco José DE OLIVEIRAV IANNAR: apa e assimila~áo.S 5.o Paulo, Ed. Na-cional, 1932 (Brasiliana, 4). 6. Octavio IANNIO: $~ogresso economico e o trabalhador livre. In: Cergio BUARQUDEE HOLANDeAd,. : Hist6ria Gerd da Civilizacüo Brasileira, Sáo Paulo, DifusZo Européia do Livro, 1960, t. 2, v. 3, p. 297. Introduzido no Brasil em 1727, através do Par& o café acabara por medrar em grandes plantacóes na Província do Rio de Janeiro. Nas primeiras décadas do século XIX atingia Sáo Paulo, por inter-médio do Vale do Paraíba. Encontrando terra adequada na regiáo central e norte da entáo Província de Sáo Paulo, a rubiácea aí progrediu vertiginosamente, no período de 1836 até as vésperas da 2". Grande Guerra. ((0 café deter-minava a demograiia paulista, riscava o tracado das vias férreas, criava a riqueza brasileira~?. Para aquela área é que se dirigiu a grande massa de trabalhadores livres estrangeiros, para que, com suas familias, ((fizessem a Améric~)). Para Sérgio Milliet, que estudou detalihadament,e a marcha do café em Sáo Paulo, sáo as seguintes as características de tal expan-sáo, naqueia área e no mencionado período: solo e relevo adequacios para a Iavoura cafeeira; centros urbanos já constituídos e progressi-vos -antes mesmo da chegada dos cafezais- e que funcionaram como re-radiadores da expansáo cafeeira, propiciando o aparecimento de outros centros; lavoura intensiva precedendo a ferrovia e até mesmo outras vias e meios de transportes; crescimento contínuo, sem queda na producáo, embora em rítmo menor de 1890 a 1930; maior aproveitamento do imigrante do que em outras regióes. A decadencia do café nesta área ocorreu, náo tanto em razáo do abandono das terras e diminuicao da producáo, mas pelo apareci-mento de novas culturas. Estas puderam ser levadas a efeito em razáo da divisiio de alguns latifúndios em pequenas propriedades E desta transformacáo náo estavam ausentes os imigrantes, em cujos países a exploraciio agrária já apresentava tais características: poli-cultura e minifúndios. Pelo acesso 5s novas formas da exploracáo da terra, sua assimilacáo deu-se de maneira mais completa. Após a introducáo de outras lavouras e com aparecimento dos sinais de cansaco da tara na zona pioneira, o café passou a conquis-tar novas regióes. Pelas ferrovias que por vezes rastream o café, afluem colonos nacionais e estrangeiros. A populacáo de Sao Pauio cresceu rapidamente, tanto quanto a importancia política, economica e social do Estado. Seus produtos para o comércio exterior eram o café, o acúcar, o cacau, a erva-mate, o fumo, o algodáo, a borracha, os couros e as 7. Sáivio DE ALMEIDAA ZEVEDO:I vnzgra@o e cololzzza~áon o Estado de Sáo Pauio, "Revista do Arquivo Municipal", Sao Paulo, 7 (75): abr. 1941, p. 113. 8. Sergio MILLIET: Roteiro do café e outros ensaios, 3.a ed. 5.0 Paulo, Departa-mento de Cultura, 1941. peles. Mas a economia era, antes de tudo, baseada na exportacáo do café. E este concentrava-se, de forma considerável, em Siio Paulo. Populac¿ío presente nas datas dos recenseamentos gerais, em Sao Paulo e sua porcentagem sobre a do Brasil Ano Sao Paulo Brasil Porcentagem de do (milhares de (milhares de Sao Paulo Censo indivíduos) indivíduos) sobre o Brasil 1872 837 10.112 8,3 1890 1.385 14.334 9:7 1900 2.282 17.319 13,2 1920 4.592 30~636 15.0 m 1940 7.180 41.236 17,4 - 1950 9.134 51.944 17:6 E 19'60 12.975 70.799 18,l o n-- m O Nas primeiras décadas do século XX, em sua marcha para o E E Oeste, o café acaba por atingir o norte do Paraná e o su1 do Mato 2 E Grosso, Estados vizinhos ao de Sao Paulo, embora perdurassem as - plantacoes em solo paulista. 3 Enquanto isso, as zonas antigas, duramente atingidas pela crise -O-de super-produciio de 1906 e pela crise de 1929, tiveram seus lati- m E fúndios trocados por terras mais rendosas e transformadas em pe- O quenos sítios. O imigrante, que soubera poupar, passou a comprar estas terras e a cultivá-las por conta própria. n E Além do mais, a crise mundial de 1929 e as duas guerras curo- - a péias haviam modificado muito o quadro economico do Brasil: era 2 n preciso responder ?i necessidade de diversificac$io da producáo pri- n n mária e incrementar a industrializacao, assim como a organizar o 3 comércio interno, Em 1949, pela primeira vez, a indústria recrutava O mais imigrantes do que a agricultura: 2.703 indivíduos contra 2.409 lo. Entrementes, cabe determo-nos para registrar a sistemática da vinda dos imigrantes para Sáo Paulo, no período a que nos propuse-mos analisar. 9. Oracy NOGUEIRAO: desenvolvimento de Sáo Fa d o através dos indices demo-gráficos, demogrdficos-sanitários, etc., "Revista de AdministrGo", Sáo Paulo, maio 1963, pp. 1-180. 10. EulAlia LAHMEYELRO BO: Conflito e continuidade na história brasileiva. In: Henry KEITXe S. EDWARDSe,d .: Conflito e continuidade na sociedade brasileira. Rio de Janeiro, Civilizacáo Brasileira, 1970. Portugueses, espanhóis, italianos e outros vinham espontanea-mente ou subsidiados pelo Governo brasileiro ou por particulares. Nas últimas décadas do século XIX, muitos deles comecaram a ser encaminhados A lavoura cafeeira pelas Sociedades colonizadoras (em 1871, fundava-se a Associqüo Auxiliadora de Coloniza& e Emigm-cáo; em 1883, a Sociedade Central de Imigrqáo e, em 1884 a Som'e-dade Promotora da Imigrqüo). Em 1886, com o estabelecimento da Hqedm'a dos Imigrants na cidade de Sáo Paulo, o encaminhamen-to dos recém-chegados passou a ser mais racional e controlado. Até 1895, a corrente imigratória destinava-se A grande cultura. E, por esta via, a pequena propriedade só seria alcancada pelos imi-grantes muito mais tarde, quando tivessem condicoes financeiras para adquirir as parcelas resultantes do esfacelamento de algunas das an-tigas fazendas. _Mar havia urna outra maneira de acesso & terra e que foi tentada desde a década de 80: a constituicZo de núcleos coloniais onde havia a facilidade do estrangeiro adquirir seu lote de terra. Assim, a par de representarem uma reserva de máo-de-obra para a lavoura do café, os núcleos dedicar-se iam, como se dedicaram, A policultura: uva, milho, feijáo, legumes, hortalicas e frutas foram alí cultivados. Mais de uma dezena de núcleos coloniais foram instituidos pelo Estado nos últimos anos do século passado. Destinavam-se, também, a realizar o congracamento entre brasileiros que migravam para SZo Paulo, pela demanda do café, e os estrangeiros. Por exemplo: a colonia de Piaguí, em Guaratinguetá, Estado de Sáo Paulo, em 1893 abrigava 608 colonos. Entre eles 53 ou 8,7 % eram brasileiros. Os restantes dividiam-se em : 214 italianos (25,20 %) 149 espanhóis (24,5 %) 115 austríacos (18,90 %) 77 outros (12,7 %) 'l. !5, prdm, e Sccret&-ic &yicilltiira de &xí~,n,c Es. tado de Sáo Paulo queixava-se a respeito da necessidade de se refor-mular todo o sistema de núcleos, pois eles nao vinham se desenvol-vendo na medida esperada. Em realidade, muitos dos colonos estran-geiros nao queriam se tornar proprietários aqui. Sua única preocupa-cáo era trabalhar a fim de obter o dinheiro bastante, para empregá-lo em sua terra natal E nos primeiros anos do atual século, comepm 11. Dados citados por Sálvio DE ALMEIDAA ZEVEDO:O g. &t. 12. Idem. a se acentuar as saídas em massa. O destino, quando nao o retorno, era a Argentina. Foram constantes os casos em que o imigrante, sobretudo italianos e espanhóis, tendo vindo subvencionados pelo Governo brasileiro, acabavam por ir se fisar em Montevidéo ou Bue-nos Aires. Autores afirmam que o Prata era, na verdade, seu obje-tivo, mesmo antes da sua saída da Europa. A atitude oficial do Brasil diante do problema foi a de maior apoio do Estado, maiores subvencóes, melhores contratos. Eram estudados melhores métodos para fixacao definitiva do imigrante. Voltava-se ao sistema de chamada dos imigrantes pelo próprio fazen-deiro, correndo, porém, os gastos, por conta do Estado (Resolucóes de 1904). Foi tentado o arrendamento, como transicáo entre o tra-balho a servico de outrem e a propriedade da terra, m9:r&e1"1tGm igrutSs= c=ntir,Ua;,a cGn&cicnudG u= caf& A m imigracáo espontanea mantém-se estacionária. As correntes subven- D E cionadas crescem e diminuem, de acordo com as verbas decretadas " pelo Estado. Os espanhóis passam a chefiar as entradas, consequen- n = tia da proibicáo do aliciamento do braco italiano13. A Argentina m O E era, ainda, a atracáo dos colonos que aqui aportavam e sentiam a E incerteza da lavoura cafeeira. As companhias de navegag20 e outras 2 E forcas ocultas exploravam habilmente a situacáo delicada que atra-vessávamos. Os centros industriais náo apresentavam capacidade de 3 absorcáo. Sofria o café outra campanha de difamacáo ao regime de e-trabalho~ 14. m Continuavam as baixas. Mesmo com a volta dos italianos, agora s6 chegados espontaneamente, a lavoura ainda tinha deficits de bra-cos. E por esta razáo inicia-se, em 1908, a imigracáo japonesa. n E Sanados, de um lado, os desentendimentos iniciais entre o Estado a e a Companhia Imperial de Emigracáo de Tóquio e, de outro, pro- - blemas de inadaptacáo que, no princípio, castigaran a imigracáo n oriental, a sua vinda entrou num rítmo normal e crescente -embora nunca na proporciio das imigracóes mediterr6neas- até a década de O 30, embora o governo paulista passe, em 1922, a náo mais subven-cionar as passagens 15. * * * 13. "Em 1890, o Ceverno italiano inepedia o franco embarque de seus súditos para o Brasil, diminuindo, momentaneamente, a vinda de emigrantes, e acarretando a demora do cumprimento do contrato feito pela Sociedade Promotora de Imigracáo, por meio do qual havia-se comprometido a introduzir um determinado número de imigrantes" (Lucv M ~ E HI u m : OO. cit., -D. 141.). i4. Zdem. p. -120. 15. Assim se justifiava o Cecretáno Geral da Agricultura em 1924, apud Arlinda NOGUEIRA0:9 . cit., p. 209: "A imigracao japonesa subvencionada foi mantida pelo' governo durante alguns anos, tendo sido adotada em caráter temporário, para suprir a deficiencia européia". Sáo as Listas de Bordo e os Livros de Matriculas de imigrantes existentes no Arquivo da Hospedaría dos Imigrantes, do Departa-mento da Imigracáo e Colonizacáo de Sáo Paclo, a par da legislacáo, dos censos demográficos e da escassa bibliografia -em geral mais preocupada com a imigracáo italiana e japonesa- que permitem o levantamento de toda a sistemática da chegada e encaminhamento dos estrangeiros vindos para a lavoura paulista e, posteriormente, para as atividades ligadas ao setor secundário e terciário da economia brasileira. Foi o Decreto n." 528, de 28 de junho de 189016, que regulamen-tou a vinda de imigrantes. Permitia-se a entrada de pessoas que esti-vessem aptas para o trabalho, excetuando-se os condenados ou pro-curados pela polícia de seus países. Os nativos da Asia e da Africa só entrariam no Brasil mediante autorizacáo expressa do Congresso. O Governo Federal subvencionaria a passagem de lavradores com ! suas familias; homens solteiros desde que trabalhadores agrícolas, entre 18 e 50 anos; de operários industriais, artesanais e empregados para o servico doméstico. -- Om - A partir de 1885 os imigrantes deveriam, obrigatoriamente, passar EE pela Hospedaria dos Imigrantes, para registro e estágio, de 8 dias, 2E até o encaminhamento ao local a que se destinavam. Aí recebiam auxilio após 60 dias de entrada, mediante a apresentacáo de seu pas- 3 saporte e de guia rubricada pelo fiscal da imigra~aoIT. A este auxilio, - considerando-se o período anterior A vinda dos niponicos, só tinham E direito os que vinharn da Europa e das Hlhas dos Acores e das Caná- O rias. Se se tratasse, entretanto, de pessoas já subsidiadas pelas Socie-dades Promotoras da imigracáo, tais beneficiários náo recebiam o E referido auxilio estatal. - a Muitos dos imigrantes espanhóis por livre iniciativa, ainda no século pasado, e que náo se dirigiam para a agricultura, permane- n n ceram nos centros urbanos, notadamente na cidade de Sáo Paulo. 3 Suas especialidades eram a carpintaria, a sapataria, a alfaiataria, etc. 0 Problemas de saúde grassaram, muitas vezes, entre as levas dos recém-chegados. A Hospedaria tinha a sua enfermaría. Para casos mais graves foi firmado um convhio com a San,ta Casa de Miseri-córdia para o atendimento de varíola, febre amerela, crupe e sarampo, que eram os casos mais constantes. Citamos, como amostragem, as 16. Decretos do Governo Provisóno da República dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1890. 17. Al-ns destes dados sobre a din&miu. e encaminhamento dos imigrantes foram obtidos na obra de Lucy MAFFEI HUTTER, cit., sobre os italianos, mas que, por seu caráter geral, tambBm sao válidos para o irnigrante espanhol na mesma época. cifras de Relatórios da Santa Casa, de 1875-76, reproduzidos por Lucy Maffei Hutter. Em 572 enfermos, 74 eram pensionistas (paga-dores), sendo 33 estrangeiros, 7 brasileiros e 34 escravos. Entre os doentes náo pagantes constavam, naquele Relatório, 244 brasileiros e 254 estrangeiros, a saber: 102 portugueses, 69 italianos, 28 fran-ceses, 17 alemáes, 16 espanhóis, 8 ingleses, 5 holandeses, 5 suicos, 2 belgas, 1 norte-americano e 1 polones. Os imigrantes que iam para as fazendas, eram transportados por via férrea até o interior, sendo que a Hospedaria fornecia-lhes a ali-mentacáo necessária para o percurso. Os Livros de Registros de Imi- $rantes discriminam o nome da fazenda, do proprietário, da estacáo ferroviária e do rnunicípio a que se destinava cada um dos imigrantes. Da mesma forma, quando se tratava de núcleos coloniais. Após a crise causada pela gigantesca super-producáo de 1906- 1907, o café normalizou-se no mercado internacional, normalizando-se também as relacóes de trabalho nas fazendas. Ao mesmo tempo crescia a producáo de algodáo, também a exigir bracos para a sua lavoura. Ademais, aperfeicoava-se a legisla~áo trabalhista, dando-se melhores condicóes de assistencia a nacionais e estrangeiros. No que concerne 3 industrializacáo, Sáo Paulo via seu parque industrial tomar corpo. A indústria textil já tinha grande peso na exportacáo. Evidentemente, tal quadro econ6mico tinha seus reflexos nos movimentos migratórios. Situacóes especiais nas economias da Europa mediterranea, tanto quanto suas dificuldades no tocante aos excessos demográficos, fize-ram com que grandes contingentes de emigrados desembarcassem em terras americanas. No ano de 1912, Sáo Paulo recebeu 101.947 imigrantes e, no ano seguinte, 119.757. A predominancia foi de por-tugueses (66.147 pessoas), mas também houve grande quantidade de espanhóis (55.743), seguidos por italianos (47.543) ?=Teste :eiqm, 2s vesperas da Pririleirá Grande Guerra, surgiram dificuldades no que concerne ao consumo mundial de café. Por outro lado, crescia o parque industrial paulista, com o impulso dado pelas condicóes da guerra na Europa: o declínio .da concorrí2ncia estran-geira elevava os índices da indústria textil de Sáo Paulo. Mas, no tocante a imigracáo, os altos fndices de 1912-1913 come-caram a declinar. De 14.017 em 1914. para 3.604 em 1915, 1.524 em 1916, 526 em 1917 e 361 em 1918, reagindo para 5.888 e 10.563 no 18. Levantamentas de Sálvio DE ALMEIDA AZEVEDO, cit. bienio 1919-1920, com 121.668 no total do decenio de 1911-1920, para novamente decrescer a níveis muito reduzidos 19. Acresce as dificuldades do mercado internacional (um mundo em guerra, sem preocupacoes de consumo de um produto de usobreme-san, qual seja o café), as dificuldades de tráfego marítimo; foram anos adversos também quanto as condicoes meteorológicas, prejudi-ciais A lavoura. Anos de grandes perdas para o café, causadas por geadas. A verdade é que os núcleos coloniais apresentavam maior produtividade em suas culturas diversificadas (milho, arroz, etc.) e muitos dos imigrantes passavam agora a estabeleer-se nas cida-des como artífices, vendedores ou realizando pequenos servicos. A cidade de SZo Paulo, após a década de 1920, já possuía bairros onde algumas etnias tinham viva preponderancia : italianos, espanhóis, por-tigiieses, alemaes.. . 2 O fim da guerra, porém, traz novos e auspiciosos momentos para o café e para a indústria paulista, segue-lhes a via ascensória a imi- O gracáo, agora enriquecida pelo contingente eslavo. Com a Paz de Versalhes, as questoes atinentes 2s minorias raciais, agora sob os f novos domínios políticos, fazem com que russos, poloneses, lituanos e iugoslavos superem o Atlantico, em busca de trabalho na lavoura E paulista. Isto também porque o café voltava a clamar por bracos para % sua crescente producáo. Núcleos coloniais passam a ser reorganiza- 3 dos, ao lado da criacáo de novos. Muitos deles já dispensando a tu- - - 0 tela do Estado, viviam em regime cooperativo imigrantes e nacionais 1 E proprietários de seus lotes de terra. O Ao momento em que, na economia mundial, dá-se o «crack» da Bolsa de Nova York (outubro de 1929), entra em derrocada a cotacáo % do café no mercado internacional. O movimento imigratório para Sáo Paulo, como em toda a história da Brasil, acompanha as baixas do café. Lavoura e industría reduzem horas de trabalho e número de j trabalhadores. A política em convulsáo aporta na Revolu~áo de 1930, 2 que traz para o poder federal Getúlio Vargas. O país passa por difi-cddzdes de t ~ d oar dem. Entre elas, o grave problemas das migracoes internas. Populacoes do Norte e Nordeste do país, sobretudo, em busca de solucáo para seus problemas demográficos e economicos, demanda-vam as regioes mais ricas do Sul, em geral, e de Sáo Paulo, em par-ticular. A política governamental era de valorizar a sua integracáo na 19. P. PEREIRDAo s -1s: Algzlmcts consideragóes sobre a imigra@io no Brasil, "Sociologia", Sáo Paulo, 23 (1) : 1961, p. TS. lavoura paulista, ao mesmo tempo em que tornava mais complexa a legislacio a respeito de imigrantes estrangeiros. A Constituicáo de 1934 procurava selecionar o imigrante segundo «as necesidades étnicas do país)). Era estabelecida a obrigatorieda-de de proporcionalidade de entradas, de acordo com as etnias vindas nos últimos 50 anos. Assim, os elementos mediterraneos pioneiros nas levas imigratórias, foram os mais beneficiados; mesmo assim, tiveram suas entradas controladas e diminiaídas. Dessa forma, italia-nos, espanhóis e portugueses totalizaram, em 1936, 62.028 imigrantes. A Segunda Guerra Mundial viria a provocar uma nova solucáo de continuidade. O grande desenvolvimento industrial de Sáo Paulo se acelerou m após a Segunda Grande Guerra. Tal foi responsável pela aglomeraqáo E de enormes massas humanas nos centros urbanos, notadamente na O n Cidade de Sáo Paulo e municípios adjacentes. - O m As novas ondas imigratórias -embora em náo táo grande número E como nos momentos já assinalados- comecam a chegar a Sáo Paulo. E 2 E Seu destino é, agora, a indústria. Operários especializados ou náo encontram logo colocaciio satisfatória. 3 Náo cessa a vinda para a agricultura, mas agora sob feicáo total- - - mente nova. Tenha-se como exemplo a bem sucedida iniciativa de 0 m E uma Colonia italiana no interior do Estado de Sáo Paulo, em plena iécada de 1950 20. O O fato é que os ((fatores gerados pela Segunda Guerra Mundial n estimularam e enriqueceram o clássico mecanismo de expulsáo de E a excedentes populacionais, levando a emigracáo a mais uma etapa de institucionalizac50. O fluxo migratório é revitalizado dentro dos pla- n n nos mais racionais, que se apoiam em órgáos burocráticos reaparelha-dos ou montados especialmente para este empreendimento. Por txem- 3 O plo, o CIME (Comité Intergovernamental para as Migracoes Euro-péias) que surgiu em Bruxelas em fins de 1951s 21. Muitos dos imigrantes vindos para a indústria e para a lavoura de Sáo Paulo, na década de 1950, tem, de alguma forma, ligaciio de parentesco ou de conterraneidade com os das levas mais remotas. Sem que representem as cifras fabulosas dos fins do século XIX e comecos do XX -já que ern maior número, hoje, os mediterraneos 20. Ver J&o Bap'Usta BORGWP EREIRcI,i t. Trata-se de Pedrinhas, Colonia orga-nizada pela Companhia Brasileira de Colonizacao e Imigracao Italiana, fundada no Rio de Janeiro, em setembro de 1950. 21. Idem, p. 16. migrantes buscam o norte da Europa- nao deixam eles de repre-sentar uma linha de continuidade em relacáo A antiga imigracáo, como náo deixam de representar papel de importancia na evolucao étnica, economica e social do Brasil de hoje. Das reflexoes teóricas e genéricas que nos foi possível colocar neste trabalho, que nada mais é que a apresentacáo prévia de um estudo específico da imigracáo espanhola para Sáo Paulo, aportamos numa pequena mostragem, para o ano de 1950, da chegada a Sáo Paulo de imigrantes originários das Ilhas Canárias. Bem sabemos o importantíssimo peso que teve, na emigracáo es-panhola de fins do século XIX, a gente canária. Jorge Nadal expóe claramente quáo elevado foi o índice emigratório de Canárias du-rante o bienio 1885-1886, superando todas as demais provincias es- 2 N panholas Entretanto -e tal análise faz parte de nossas conjecturas E futuras- tal massa canarina nao terá se dirigido ao Brasil. Nem na época estudada por Nadal, nem em épocas posteriores, os ilhéus pe- -- m saram na massa espanhola que demandou trabalho na antiga colbnia portuguesa. 2 E Condicionantes locais -geográficos, econ6micos, políticos e so- - ciais- que provocaram a dispersáo hispanica, assim como as carac- 3 terísticas da áreas de recepcáo no Brasil, ser50 por nós arrolados, - - medidos e inter-relacionados, para futuras conclusóes. Que a feicáo e de amostragem que este trabalho tomou por forca das circunstancias entre elas o fator tempo e as dificuldades de localizacáo de fontes primárias nao invalidem como ponto de partida e como ponto de referencia para críticas e sugestoes vindas da comunidade científica k ora reunida neste Colóquio. l n n APENDICE 3 O Tranirreve-se, a segiiir, quadro especificando o número de imigantes entrados no Estado de S50 Paulo, procedentes do exterior, por vía marítima, no período de 1850 a 1951. Tomou-se 1850 por data inicial, como já ficou dito, visto tratar-se do ano em que cessou o tráfico de escravos negros entre Africa e Brasil; por outro lado, elejemos 1951 coma a data final das apu-rac6es estatísticas, em vista da criac5o do CIME nesse ano, ÓrgZo incumbido de estabelecer uma nova política imigratória mundial. O referido quadro possui uma dupIa característica: deu-se-lhe, de um :,do, .u.u-i-a -pc-'-;.~ u,4iL:,r:uaa,uac, y,,u.: ii,A,., iluLua!, L,,u,lr i L,,A,.,,r,y,z,u 60 bltim:: periodo, qde 6 22. Jorge NADALL: a población española. Siglo XVI a XX. Barcelona. Aeel, 1966, pp. 162-63. de apenas dois anos; individualizou-se, por outro lado, nas apuracoes, as etnias que, pela sua importancia no processo imigratório, s2o responsáveis pelos maiores contingentes de brasileiros descendentes de estrangeiros. Tais s2o os espanhóis, portugueses, italianos e japoneses. IMIGRANTES ENTRADOS NO ESTADO DE SAO FAUlLO, PROCEDENTES D.0 EXTBRIPIOB Período de 1850 a 1951 NACIONALIDADES Anos* Outras TOTAIS Espanhóis Italianos Japoneses Portugueses naciona-l:=-=-- IIUaU(íJ m D ----- Frojeta-se, a seguir, o quadro com o número de imigrantes de diversas etnias, entrados no Estado de S20 Paulo, pelo porto de Santos, no período de 1908 a 19\39. Destaca-se em tal quadro informacoes sobre o total de imigrantes, inte-gr- nao f-mi!ias ou Findo wu!scs, e drdcs =??re i&.ie, S%", relipik-, estude civil e instru~iio. * Dá-se urna penodicidade quinquenal, com exce@.o do Último periodo, que 6 de apenas dois anos. Junta-se, em sequencia, a série de quadros, ano a ano, do número de imigrantes entrados no Estado de Sáo Paulo, pelo porto de Santos, entre os anos de 1936 e 1951. Retroagimos a 1936, gor ser tratar do ano em que foi possível apurar, através da pesquisa a que se procedeu nos Arquivos da Hospedaria dos Imi-grantes, em Sáo Faulo, a vinda dos primeiros canarinos a este Estado. Aos quatro principais grupos étnicos a que já nos referimos no quadro de p. 000, vale dizer, espanhóis, portugueses, italianos e janoneses, acrescen-tamos, igualmente pela importancia que desenpenharam na elaboracáo do mosaico iniigratório do Brasil, as correntes germanica, hispano-americana, árabe e eslava, representadas, respectivamente, por alemaes, argentinos, liba-neses e poloneses. Acrescenta-se, a seguir, uma consolidacáo dos quadros relacionados de p. 0'00 a 000. IMIGRANTES ENTRADOS NO ESTADO DE S160 PAULO, PELO PORTO DE SANTOS Ano 19316 Ano 1937 Nacionalidades Espanhóis .................. Alemaes .................. Argentinos ............... Italianos .................. Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Número Nacionalidades Número Espanh6is .................. Alemáes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Ano 1938 Ano 1939 Xacionalidades Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Ortr-s m&nz!idzdes.. . Número Nacionalidades Número Espanhóis .................. AlemZes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Foloneses .................. Portugueses ............... Oiitrac nacinnalidades.. ~ IMIGRANTES ?3NTRADOiS NO ESTADO DE SAO PAULO, PELO PORTO DE SANTOS Ano 1940 Nacionalidades Número Espanhóis .................. Alemaes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Polvneses .................. Portugueses ............... Qutras nacionalidades.. . Ano 1941 Nacionalidades Espanhóis .................. Alemaes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Ovtras nacionalidades... Número 45 139 113 3,4 1.645 3 5 O 1.277 5 2.9 Ano 1942 Nacionalidades Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Ano 1943 Número Nacionalidades Número Espanhóis .................. Alemaes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades... Ano 1944 Nacionalidades Número Ano 1945 Nacionalidades Número Espanhóis .................. Aledes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses . . . . . Qutras nacionaIidades.. . Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Pnrt~gceses ............... Ovtras nacionalidades.. . IMIGRANTES ENTRADOS NO ESTADO DE SAO PAULO, PELO PORTO DE SANTOS Ano 1946 - Nacionalidades Número Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argeiltinos ................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Ano 1948 Nacionalidades Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argentinos ................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Número Ano 19501 Nacionalidades Número Espanhóis .................. Alem5es ..................... Argentinos ................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... n..+,,- ..,,:,..-~:A~A~~ .. V U L l Q D IICICIUII~IIY~ULY.. Ano 1947 . - .. - .... Nacionalidades Número -- Espanhóis .................. 176 AlemZes ..................... 38 Argentinos ................. 7 1 Italianos ..................... 1.61 1 Japoneses .................. - Libaneses .................. 202 Poloneses .................. 90 Portugueses ............... 2.805 Outras nacionalidades... 1.142 TOTA.L.. ...... 6.135 Ano 1949 Nacionalidades Número -- Espanhóis .................. 662 Alemaes ..................... 255 Argentinos ................. 127 Italianos ..................... 4.759 Japoneses .................. 1 Libaneses .................. 416 Poloneses .................. 110 Portugueses ............... 4.198 Outras nacionalidades.. . 2.397 TOTAL.... ..... 12.925 Ano 1951 Nacionalidades -Núm-ero Espanhóis .................. 5.324 AlemZes ..................... 1.696 Argentinos ................. 193 Italianos ..................... 6280'6 Japoneses .................. 3 5 Libaneses .................. 1.499 Poloneses .................. 119 Portugueses ............... 12.507 Gutras ~ircion,r!idades... -5 .1-7.1 TOTAL.. ....... 33.350 IMIGRANTES ENTRADOS NO ESTADO DE CAl0 PAULO, PROCEDENTES DO EXTERIOR Anos 193.6 a 1951 NACIONALIDADES Anos Espanhbis Alemaes Argentinos Italianos Japoneses Libaneses Poloneses Portugueses Outras naciona-lidades TOTAIS Projeta-se, a seguir, o quadro da procedencia dos imigrantes entrados no Estado de S5.o Paulo, pelo porto de Santos, nos anos de 1936 e 1939 a 1951, com destaque aqueles embarcados nas Canárias. Assim, pela primeira vez e concretamente, sao relacionados, em números, os imigrantes procedentes do arquipélago canarino. Em tal quadro amplia-se a relaciio dos países e das áreas dos quais procedan as massas imigratórias, com destino a esta parte das Américas. PROCEDENCIA DOS IMIGRANTES ENTRADOS NO EST.AD0 ,DE SAO PAULO, PELO PO,RTO DE SANTOS, COM DESTAQUE AOS PROCEDENTES DAS CANARIAS Anos 1936 e 193!3 a 1951 A N O S Procedencia 1936 1939 1940 1941 1942 1943; 1944 1945 1946 1947 194s 1949 1950 1951 -- - -- -- -- -- - --- - -- -- - Espanha ..................... Canárias ..................... Alemanha .................. Austria ........................ Franca ........................ Inglaterra ..................... Itália ........................... Polonia ........................ Portugal ..................... Outros países europeus.. . Japao ........................... Li'bano ........................ Outros países asiáticos ... Madeira ..................... Outros paises africanos.. . Argentina ..................... Estados Unidos ............ Ur uguai ..................... Outros países americanos. Mostra-se, em sequencia, o quadro que traz o número de imigrantes espanhóis entrados no Estado de S50 Pau!o, pelo porto de Santos. Compara-se, a este total, o número daqueles procedentes dos vários portos da Espanha (continente) e daqueles embarcados nas Canárias, nos anos de 1936, 1939, 1940, 1946, 1948, 1949; 1950 e 1951, quando ocorrem embarques efetivos de canarinos em Las Palmas e Tenerife. Cumpre esclarecer, finalmente, que se establece uma comparacáo, igual-mente, entre o número de ianigrantes procedentes da Espanha e das Canárias. A relacáo se estabelece, sempre, em termos percentuais. IMIGRANTES ESPANHOIS ENTRADOS NO ESTADO DE SAO PAULO, PELO PORTO D.E SANTOS. QUADRO COMPARATIVO ENTRE O TOTAL DE IWGRANTES, OS PROCEDENTES DE ESFANHA E GU PXC?CEDYNTYS DAS UAXAXIAY Anos de 1536, 1939, 1940, 1946 e 1948 a 1951 T O T A L P R O C E D E K C I A de imigrantes espanh6is E S P A N H . 4 CANARIAS -4110s % em % em % em relacáo Xúmero Número rela60 Súmero rela@o aos procedentes ao total ao total de Espanha Dá-se a seguir? h guisa de amostragem, a rela~áo completa de imigrantes procedentes das Canárias, com destino a Sáo Paulo, de todo um ano, Elegeu-se o de 1950, para tal h. Concretamente, singular e significativa é o quadro. A diversidade carac-lteriza o grupo de imigrantes quanto As profissoes e ?faii xa etária. Em relacao 5 etnia, cumpre uma análise mais detida. Há, sim, o grupo de transjordanianos. Certamente nao s5o canarinos, como dois. deles nao &o cristaos. Mas, muito provavehente, estavam fixados nas Canárias. Para além da inforrnac5.0 de que residiam em Las Palmas, devidamente registrada pelo funcionário bra-sileiro do setor de imigraczo, resta a eloquente evidencia observada no grupo chegado a Santos no penúltimo dia do ano de 1950, pelo navio Sises: certamente Ramon e Ernando nao sao nomes árabes ou mup.dmanos. Acresce, ainda, em relacao a este mesmo grupo, o fato de professarem a fé católica. Assim o declararam. Ora, tais evidencias levam-nos a concluir, que os mem-bros dos grupos de transjordanianos, ainda que n"a pascidos nas Canárias -os adultos, ao menos- deveriam ali estar radicados. UMIGRAI'JTES EMBARCADOS NAS CA DES,TINO A0 ESTADO DE SAO PAULO 01 Filiberta Fregel Rodriyez . . . . Highland Chiefain inglesa 02 Pedro Rodriguez . . . . . . . . . . . . . . Highlaxi Chieftain inglesa 03 Camelo Rodriguez . . . . . . . . . . . . Highlaníi Chieftain inglesa O4 &lana Candelaria Socas Pelayo. Andrea C italiana 05 Maria Socorro Antcnia Fmn-quis Farina . . . . . . . . ... . . . . . Au5ga italiana 06 ~ a n Rso muaIda del Carmen.. Acriga italiana Maximo Cabrera. Espinosa . . . . Andrea C Dolores Cabrera Espinosa . . . . Andrea C Muhammad Ali M. Kanan . . . . Sises Yusuf J. Jaber .............. Sises Engracia Pombo Ferreiro . . . . Loide América Felix Rodrignez Fleitas . . . . . . Highlani: Chieftain Jose Garcia Avila . . . . . . . . . . . . Highlanc! Chieítain Jabra Sd.eiman Janineh . ... . . Sises Sayda Xhano . . . .. . . . . . . . . .. . Sises Ramon Janineh . .. . . . . .. . . . . . Sises Ernando Jar-ineh ... . . . . . . . . . . . Siscs italiana italiana italiana italiana brasileira inglesa inglesa italiana italiana italiana italiana DdIA DE ID CHEG.IDA SEXO A SAXTOS (u --- 04/01/1930 Fem. 2 04/01/1950 Masc. 04/01/ 1950 Jfasc. 23/05/1950 Fem 2 01/09/1950 Fem. 4 11/09/1950 Masc. 6 14/09/1950 Fem. 19/10/1950 Masc. 4 19/1011930 Masc. F 2C/10/1950 Fem. Z 10/12/1950 Masc. 6 10/12/1950 Masc. 5 30/12/1950 Masc. 2 30/12/1950 Fem. : 30/12/1950 Masc. .10/12/1950 Masc. :IONA- RELASÁO ALFABE- PORTO PROEIF S ~ O DE RELIGI~O RCSIDEKCIA DE DESTINO 3ADE PARENTESCO TIZADO EMBARQUE lh Z i 'la la Ia 1 la 3aniano 3aniano la 1 1 ianian o ianiana domésticn sem prolissao estudanti: Iavrador doméstica agricultor agricultor sem proflssáo pedreiro jardineiro lal-rador dorné.sticir mZe filho filho só máe filha irmáo irmá s6 s6 s6 s6 s6 Pai m5e Uho iilho católica sim Las Palmas Las Palmas SZo Paula Las Palmas Las Palmas Sao Pa~ilo Las Palmas Las Palmas SZo Paulo cat6lica sini Santa CNZ de Tenerife Las Falmas Santos católica sim Santa CNZ de Tenerife Tenerife SZo Fado católica sim Santa Cruz U de Tenerife Tenerse Sáo Pac.10 católica sim Las Palmas Las Palmas S o Pa~lo g cat&lica sim Las Palmas Las Palmas SZo Fa~ilo E muculmano cim Las Palmas Las Palmas Sáo Paulo e mu~ulmano sim Las Palmas Las Palmas Sáo Paclo 2 católica sim Las Palmas Tenerife Sáo Paulo 5m cat6lica sim Las Palmas Las Palmas SZo Paulo f católica sim Las Palmas Las Palmas SZo Paulo católica sin1 Las Palmas Las PaLmas Sáo Paulo cat6lica sim Las Palmas Las Palmas Cáo Pado g Las Palmas Las Pdmas SLo Fado a Las Palmas Las Palmas SZo Paulo a - B I B L I O G R A F I A Além da bibliografia citada nas notas foram consultadas as seguintes obras : COSTA, Emilia Viot t i : O escravo na grande lavoura. In: HOLANDAS, ergio Buarque de, ed.: História Geral da Civilizacáo Brasileira, SZo Paulo, Difusa0 Européia do Livro, t. 2, v. 3. - Urbanización en el Brasil del siglo XIX. In: SOLANO, Francisco: Estu-dios sobre la ciudad iberoamericana, Madrid, Consejo Superior de Inves-tigaciones Científicas, 1975. PETRONE, Maria Theresa: ImigracZo assalariada. In: HOLANDA, idem. FORACCHI,M arialice: A valorizacZo d o trabalho na ascencáo social dos imigrantes, "Revista do Museu Paulista", Sáo Paulo, Nova serie, v. 14, 1963, pp. 311-19. JORDAON ETTO,A ntonio: Barreiras no controle da mobilidades ocupacional e especial do irnigrante espanhol (1960), "Sociologia", S5.o Paulo, 24(2): 117-19, jun. 19'62. SILVA, ,Helio Schitller: Tendencias e características do cornércio exterior do Brasil no século XIX, "Revista de Historia da Economia Brasileira", Sáo Paulo, 1 (l), jun. 1953. PEREIRAW, lademir: Evolucüo industrial d o Estado de Sáo Paulo. SLo Paulo, Instituto de Pesquisas da Faculdade Municipal de Ciencias Econ6nicas e Administrativas de Osasco, 1969. Observaqáo: Os quadros relacionados, foram elaborados a partir de documentacao constante de Boletins do Departamento de ImigraGo e Colonizacao do Estado de Sáo Paulo, de Censos Demográficos Brasileira, de Relatórios Administrativos do Govemo do Estado de Sáo Paulo e do acervo especifico do Arquivo da Hospedaria dos Imigrantes da Secretaria da Promwáo Social do Estado d~ S o Pauio.
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Calificación | |
Título y subtítulo | A imigraçao espanhola para o Brasil: A vertente canária. Um estudo prévio |
Autor principal | Lelo Bellotto, Manoel |
Publicación fuente | IV Coloquio de historia canario - americano |
Numeración | Coloquio 04. Tomo 2 |
Tipo de documento | Congreso y conferencia |
Lugar de publicación | Las Palmas de Gran Canaria |
Editorial | Cabildo Insular de Gran Canaria |
Fecha | 1980 |
Páginas | p. 710-739 |
Materias | Congresos ; Historia ; Canarias ; América |
Notas | Coordinación y prólogo de Francisco Morales Padrón |
Copyright | http://biblioteca.ulpgc.es/avisomdc |
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Texto | A IMIGRACAO ESPANHOLA PARA O BRASIL: A VERTENTE CANARIA. UM ESTUDO PREVIO Setores constitutivos de urna realidade de nítida e hornogenea coloracáo histórica, política e social, Canária e Brasil, embora pontos baliza e intermeciiários entre u Ve&u e o Xovo Mundo, iritegrimi-se m - na geografia mais ampla do Atlhtico hispanico -para usar o concei- E to já consagrado por José Enrique Rodó ou por Almeida Garret- O e emergem, guardado o caráter específico de suas potencialidades, n-- no contexto mais abrangente do orbe ibero-americano. m O E Eis porque, ao se concretizar a oportuna realizacao do IV Coló- £ 2 quio de História Canário-Americano, a participacáo de representante -E do Brasil em tal Encontro fazer-se mais do que necessário; é um dever o seu comparecimento, embora modesta possa ser a sua con- 3 tribuicáo. - - 0 A Comunicacáo que ora se submete a tal Colóquio -A imigracáo m E espanhola para o Brasil: a vertente canária. Um estudo prévio- in- O tegra um projeto mais amplo em sua iormulacáo, mais ambiciosa a n proposta que o sustenta. -E O estudo da imigracáo alcanca hoje, no Brasil, níveis satisfatórios. a Inúmeros siío os trabalhos que tem analisado, em profundidade, tal 2 n processo social, enfocando o imigrante em sua individualidade étnica. n Assim é, que há estudos já consagrados sobre a imigracáo italiana, 3 O a japonesa e a alemá, para o Brasil. Entretanto, e esta é urna lacuna da se resvente P, b$liQgr2fia especia!izadu já Rrusn, nsenhum estudo de falego, nenhuma análice global, fez-se, até o mo-mento, sobre a imigracáo espanhola e a poderosa contribuiciio que este imigrante deu para lancar as fundasoes de urn desenvolvimento nacional, cujos frutos, por demais notórios e evidentes, passam a ser colhidos nos dias que correm. E s o que se propoe: o estudo da imi-gracáo espanhola para o Brasil. Entretanto, nao nos deteremos, por ora, a analisar as implicacoes sociológicas do fluxo migratório, os reflexos culturais, economicos e sociais que resultam da atuagáo dos imigrantes, nem, tampouco, as repercussóes que o movimento imigratório repassa A demografia, A psicologia social, A política e A ideologia, enfim. Tal preocupacáo é o escopo de projeto futuro, mais amplo e completo. Para o presente Colóquio, restringiu-se a problematica a limites compatíveis com a natureza científica do Simpósio. Limitamo-nos ao estudo da imigracáo canarina para o Estado de Sao Paulo, Estado que, pela sua economia, demografia e atuacáo política, educacional e cultural, ocupa a privilegiada posicáo de primus inter pares na Fe-deracáo do Brasil. Em tal estudo, inventariamos o número de imi-grantes canarinos transladados para Sáo Paulo, nos anos de 1936 a 1951, relacionando-o, sempre, ao total de imigrantes espanhóis, em particular, e ao de contigentes de outras etnias, em geral, vindos para o Estado de Sáo Paulo, no período referido. Servimo-nos assim, e por ora, de uma pequena amostragem da 2 N densa documentacáo existente no Arquivo da Hospedaria dos Imi- E grantes, do Departamento de Amparo e Integracáo Social, da Secre- O n taria da Promocáo Social, do Estado de Sáo Paulo. -- m O Acresce, por outro lado, a impossibilidade metodológica de abor- E E dar a corrente imigratória canarina em dirqáo ao Brasil, em parti- 2 E cular ao Estado de Sáo Paulo, dissociada do Auxo coeso e uniforme - representado pela imigracáo espanhola. Sobre ser uma tentativa de atomizar uma indivisível e una realidade social, caracterizaria ainda O-- um falso vez0 de análise científica. m E Por tal razáo, definimo-nos pelo estudo da imigracáo espanhola, O como um todo, dando enfase 2 vertente Canária, sobretudo entre os anos de 1936 e 1951, quando, com intervalos, ocorreu translados de % canarinos para o Estado de Sáo Paulo. a 2 A opcáo pelas datas-baliza obedeceu a um duplo critério. De um lado, e talvez o motivo menos relevante, a dificuldade circunstancial E em retroagir as pesquisas a anos anteriores ao de 1936, em face da O reorganizacao por que passa o Arquivo da Hospedaria dos Imigran- +L ,,,o,z ex S% Pac!~. De mt r=, sigi,iEcadc qUe ai,c :',e 19% t e z para a Espanha, e, por extensáo, para todo o mundo; acresca-se, finalmente, que em fins do ano de 1951 criou-se, em Bnixelas, o Comite Intergovernamental para as Migracóes Européias (CIME), ór-gáo responsável pelo re-direcionamento que se operou no instituto da imigracao. A16m ~ o ~ l j m p n t qex~isote nte no A@vo da Wos,n&ria Imigrantes, já referida, servimo-nos. para a elaboracáo desta Comu-nicacáo, de Censos Demográficos Oficiais, de Relatórios Administra- tivos, da Série Imigracáo do Departamento de Arquivo do Estado de S50 Paulo e da escassa bibliografia especializada. A história da imigraciio em massa para o Brasil inaugurou-se, no século XM, com a crise do sistema escravista como forma de máo-de- obra na exploraciio economica. O escravismo teve sua condenacáo ditada a partir da própria evo-luqáo da Revolucáo Industrial. Ao despontar o século XM surgiram novas formas de capitalismo, tornando obsoleto os antigos sistemas de domínio e de mercado. 44 avanco acelerado das idéias liberais e a independencia das colhias espanholas da América, liberando seus contingentes escravüs, fürtalecerarn a cciiiipaiiiia abdicioaista nü Dra- m D sil. E De outra parte, porém, pairava o interesse dos grandes plantado- O res de café na manutencáo daquele statu quo. A aristocracia agrícola n-= do país recusava-se a transformaq6es no sistema colonial de producáo. m O E Ao atingir-se a segunda metade do século XIX, diante da forte E 2 pressáo internacional (na qual a Inglaterra tinha considerável peso), =E em cujo boj0 assentava a necessidade de expansáo do mercado e de modernizacáo de métodos de producao, o Governo Imperial brasi- 3 leiro aboliu o tráfico negreiro (Lei de 4 de outubro de 1850). A grande - - 0 massa de escravos (que na época da Independencia, em 1822, reunia m E 1.147.515 indivíduos em uma populac50 de 2.813.351 habitantes), co- O mecava a esvaziar-se. Leis proibindo o tráfico interprovincial de ne-n gros e estabelecendo a liberdade para os sexagenários tanto quanto -E para os recém-nascidos, vieram a tornar cada vez menor a possibili- a dade de manutenqáo deste tipo de mao-de-obra para a lavoura em 2 n crescimento. 0 A súbita ampliacáo de mercado para o café, configurado pelos O3 Estados Unidos, a partir de 1850, tornava a falta de bracos problema ainda maic grave, U exigir selq6es izediatas. País de dimensóes continentais, com vastas extensóes despovoa-das, com baixa densidade demográfica e excessiva concentracáo na costa, o Brasil necessitava de contingentes populacionais alienígenas para dinamizar sua economia. O século XIX foi urna época de migracóes. Países fornecedores de m5o-de-obra, Inglaterra, Franca, Alemanha e países escandinavos, a princípio, e, posteriormente, Itália, Espanha, Portugal, Rússia, Po- Iónia, China e Jap5o tiveram, entáo, grandes perdas populacionais. Mas o Brasil, até as últimas décadas daquela centúria, nao chegava a atrair atencóes. O sistema escravagista, de certa forma, afastava os imigrantes. Estes, acabavam por se dirigir a outros países que lhes ofereciam mais florescentes perspectivas. Tal é o exemplo dos Esta-dos Unidos, Canadá e Argentina. Sem nos referirmos 2s inúmeras tentativas de colonizaciio oficial organizada com a vinda de grupos étnicos determinados, tentativas -algumas de relativo exito- encetadas desde o período colonial, houve experiencias governamentais e privadas com o trabalho livre estrangeiro, após a Independencia. A partir do momento em que se tornava iminente a perda defi-nitiva de mZo-de-obra negra e que se desenvolvia aceleradamente a lavoura cafeeira, tal preocupacáo era evidente. Aliás, ela se manifes-tava frequentemente em pronunciamentos parlamentares, de fazen-deiros interessados e da própria imprensa. Era preciso evitar um co-lapso na produciio agrícola, diante da iminencia de abolicáo da escravidáo. Iniciativas particulares e governamentzis tomaram corpo, tanto assim que «o imigrante que veio durante certo período em caráter supletivo -tendo coexistido com o escravo na lavoura- a partir da abolicáo tornou-se o substituto efetivo da m2o-de-obra escravan l. Com efeito, lobo após a Independencia comecaram a proliferar col6nias alemás no Rio Grande do Sul, onde o sistema de exploracáo da terra era o da pequena propriedade. A contratacáo e as despesas corriam por conta do Governo Provincial ou por conta de ((Socieda-des Colonizadoras)), fundadas com aquele expresso fim. Multiplica-ram- se núcleos por outras Províncias e acorreram colonos de várias etnias, tais como szicos, italianos, poloneses e outros. Em realidade, havia um grande antagonismo entre a posicáo dos fazendeiros e a do Governo Imperial: para os primeiros o fim alme-jado era a obtencáo de bracos para a lavoura. Já, para o Governo, o objetivo era mais largo: o povoamento. Por isso, estava nas preo-cupacóes oficiais o acesso 2 terra. Através da pequena propriedade, alcancar-se-ia o enraizamento do estrangeiro. Isto, sem que se deixasse de contar com o seu quinhio de producáo. Algumas daquelas empresas colonizadoras, como a Sociedcrde Cm-trd de ImigfaqZo, do Rio de Janeiro, por exemplo, batia-se por esse mesmo ponto de vista: mais núcleos coloniais e menos colonos assa-lariados junto aos fazendeiros. Por tal razáo, muitos autores que tem estudado a imigracáo em Sáo Paulo, ressaltam o fato de que 1. Arlinda ROCHA NOGUEIRAA: imigr&o japonesa para a lavcsura cafeei~a paulista (1908-1922). Sáo Paulo, Instituto de Estudos Brasileiros, 1973, p. 37. náo se deve confundir imigracáo com substituicáo dos bracos na grande lavoura. Mesmo na época, tal perspectiva era admitida. «O escopo da imigracáo era, além de organizar a máo-de-obra, buscar elementos que contribuissem para a formacáo da nacionalidade, 2. As acolonias de parcerian, de iniciativa privada, tiveram seu início na década de 1840, quando o Senador Vergueiro introduziu em sua Fazenda Ibicaba (Limeira, Estado de Sáo Paulo) algumas famílias de portugueses, suicos e alemáes. Por este sistema, o colono europeu recebia de parceria os talhoes de café que devia cultivar. O fazen-deiro reembolsava o Estado das importancias adiantadas para as des-pesas do transporte, acudia o imigrante nas primeiras necessidades, dava-lhe terras para o plantio da subsistencia, tudo previamente es-tabekcido em contrato de locacáo de trabalho, numa modalidade de meiacáo, que se afastava do regime do assalariado agrícola. m D Entretanto, muitos foram os atritos surgidos entre imigrantes e E fazendeiros, com escravos de permeio. A verdade é que o contacto O n mais estreito com trabalhadores livres por parte dos escravos, mais - =m acirrava neles o espírito abolicionista. Além disso, nas fases de bene- O E ficiamento do café, o estrangeiro perdia contacto com o produto, E 2 sendo muitas vezes lesado em seus intereses. A imigracao assala- E = riada atraía mais aos estrangeiros do que as colonias de parceria. 3 Neste sistema, em verdade, os estrangeiros ficavam reduzidos & con- - dicáo de semi-escravo. Tanto era, que tal modalidade logo foi aban- - 0m donada. E Foi ao início da década de 1870, que as condiqóes gerais da eco- O nomia cafeeira apresentaram aspectos favoráveis & imigracáo: o café n alcancava melhores precos e a máo-de-obra escrava apresentava-se -E cada vez mais improdutiva. Ademais, os Estados Unidos comecavam a 2 a dificultar a entrada de imigrantes. Por outro lado, as modificacoes n 0 políticas, geopolíticas, economicas e demográficas européias drena-vam populacóes para a emigracáo, única solucao viável para seus 3 O problemas. Estudos norte-americanos sobre populacáo e imigracáo tem de-monstrado que em um século -de meados do século XIX a meados do céculo XX- houve migracoes em massa, chegando a apontar um total de 75 milhoes de pessoas que teriam deixado seus países de origem em busca de meihores condicoes de vicia. 2. Lucy MAFFEI HUTTER: ImigracÜo Italiana enz SÜo Paulo (1880-1889). Sao Paulo, Instituto de Estudos Brasileircs, 1972. Os fatores que condicionam a emigraeso decorrem das próprias condicóes do país que «expulsa» seus excedentes populacionais. Uma vez deslocado, o emigrante deve adaptar-se a novas formas sociais e culturais. A aculturacáo resultará do contacto direto e contínuo en-tre grupos de indivíduos com mudancas nos padróes culturais de um ou ambos os grupos. Um grupo social nao emigra desde que encontre recursos satisfa-tórios de sobrevivencia em seu solo natal. Quando falta o trabalho, seja por razóes políticas ou econ¿3micas, será preciso buscá-lo em outras terras. É justamente o trabalho a forma social de ajustamento do imi-grante. Ao contrário, os desajustamentos surgem em razáo de fato-res negativos, mormente os emanados da populacáo nativa, da paisa-gem e meio ambiente. Os primeiros contactos dos adventícios com 2 o cenário geográfico que os abrigará sáo, muitas vezes, adversos. Até N E que se estabelecam relaqóes satisfatórias entre a paisagem e o ser O humano, faz-se necessário todo um condicionamento. Muitas vezes n era uma outra vida o que se esperava. «O contacto do imigrante com - m O E a realidade vai corrigindo os desvios de perspectiva)) 3. E A familia imigrante, ao se estabelecer em um novo país, terá que 2 E passar forcosamente, por problemas de ajustamento ao novo 'meio - geográfico, social, cultural e sanitário, sofrendo riscos de inadapta- 3 @es, sejam sociais, sejam de enfermidade, sejam mesmo riscos de O- - morte. m E No caso do imigrante espanhol para o Brasil, adaptacáo deu-se O sem maiores problemas. As observacóes de Antonio Jordao Neto, sociólogo que estudou um pequeno grupo de imigrantes vindos na n E década de 1960 para a indústria paulista, sáo válidas para toda a imi- - a gracáo espanhola para terras brasileiras, desde o século pasado, até 2 n a atualidade. ((Relativamente ao processo de acomodac20 social dos n n imigrantes espanhóis pode-se dizer que 'náo existem praticamente 3 barreiras que impecam ou dificultem o desenvolvimento normal de O tal processo. Siio múltiples os pontos de contacto entre a cultura brasileira e a espanhola. As raízes históricas que as li,w m e a seme- Ihanqa linguística bem como certas manifestacoes de ordem afetiva, a coincidencia da religiáo católica dominante entre os dois países, sáo fatores que tem concorrido para facilitar a aproxima$io entre espanhóis e brasileiros)) 4. 3. Joáo Baptista BORGESP EREIRAi:t alianos no rnzmdo i v ~ a Ip auizsta. Sáo Pauio, Pioneira, 1974, p. 39. 4. Antonio JORDAO NETTO: O irnipante espanlzol enz SZo Pavlo (1960): principiais conculs5es de unzd Pesquisa, "Sociologia", Sáo Paulo, 26 (2): jun. 19'3, p. 2-52. Entretanto, com outros grupos étnicos, a adaptacáo nem sempre' ocorre. Medidas restritivas houve -e há- no sentido de evitar a formacáo de quistos raciais e culturais de difícil assimilacao aos costumes, aos hábitos e A língua nacional. Os conflitos se dao, em geral, quando, em razáo de seus padroes culturais muito diferentes, o alienígena reluta em desprender-se de suas tradicóes, idéias, con-ceitos, hábitos e língua da terra de origem, substituindo-os pelos da terra de adocáo. Ora, a assimilacáo é exequível quando o imigrante, como no caso do espanhol no Brasil, possui afinidades étnicas e culturais com o novo agrupamento social que passa a integrar, condicionando sua própria realizacao como cidadáo e como homem. Do ponto de vista biológico, o espanhol tem mostrado seu perfeito ajustamento ao clima tropical, aos novos hábitos alimentares e a novos tipos de vestuário. m D Da mesma forma, sem perder suas características nacionais, tem E demonstrado sua capacidade de acomodacáo sociológica As novas O n condicoes economicas e culturais. - =m Em verdade, estabelece-se, como já dissemos, um perfeito pro- O E cesso de trocas, de aculturacáo. Por isso mesmo, a razáo deve ser E 2 dada a Oliveira Vianna, quando mostra a imigracáo como «fator con- E = dicionante ao início e ao desenvolvimento de novas formas sociais 3 e culturaisn 5. - * * * - 0m As transformacóes que se operarn na vida economica e social de Sáo Paulo e do Brasil, na segunda metade do século XIX, também sáo condicionantes do exito da imigracáo. Entre elas, em destaque, a introducáo das linhas férreas, a abolicáo da escravidáo, o cresci-men, to ,do mercado interno e a industrializacáo. Assim, eram ofereci-das aos imigrantes condicóes de infra-estrutura semelhantes As dos seus países de origem. O caráter da sociedade brasileira nas últimas décadas do século XTX 6 de trmrf~r^mac2n. Cefrk-se e impucte de fiitl d2 @erra dc Paraguai, que introduzia a forca do «Exército deliberante)), como bem qualificou Octávio Ianni. Republicanismo, abolicionismo, aceleracao da producáo artesanal e fabril e a expansáo acelerada da cafeicultura, caracterizam o período. «A fisionomia da sociedade nacional passa a ser dominada pela predominancia da cafeicultura» 6. 5. Francisco José DE OLIVEIRAV IANNAR: apa e assimila~áo.S 5.o Paulo, Ed. Na-cional, 1932 (Brasiliana, 4). 6. Octavio IANNIO: $~ogresso economico e o trabalhador livre. In: Cergio BUARQUDEE HOLANDeAd,. : Hist6ria Gerd da Civilizacüo Brasileira, Sáo Paulo, DifusZo Européia do Livro, 1960, t. 2, v. 3, p. 297. Introduzido no Brasil em 1727, através do Par& o café acabara por medrar em grandes plantacóes na Província do Rio de Janeiro. Nas primeiras décadas do século XIX atingia Sáo Paulo, por inter-médio do Vale do Paraíba. Encontrando terra adequada na regiáo central e norte da entáo Província de Sáo Paulo, a rubiácea aí progrediu vertiginosamente, no período de 1836 até as vésperas da 2". Grande Guerra. ((0 café deter-minava a demograiia paulista, riscava o tracado das vias férreas, criava a riqueza brasileira~?. Para aquela área é que se dirigiu a grande massa de trabalhadores livres estrangeiros, para que, com suas familias, ((fizessem a Améric~)). Para Sérgio Milliet, que estudou detalihadament,e a marcha do café em Sáo Paulo, sáo as seguintes as características de tal expan-sáo, naqueia área e no mencionado período: solo e relevo adequacios para a Iavoura cafeeira; centros urbanos já constituídos e progressi-vos -antes mesmo da chegada dos cafezais- e que funcionaram como re-radiadores da expansáo cafeeira, propiciando o aparecimento de outros centros; lavoura intensiva precedendo a ferrovia e até mesmo outras vias e meios de transportes; crescimento contínuo, sem queda na producáo, embora em rítmo menor de 1890 a 1930; maior aproveitamento do imigrante do que em outras regióes. A decadencia do café nesta área ocorreu, náo tanto em razáo do abandono das terras e diminuicao da producáo, mas pelo apareci-mento de novas culturas. Estas puderam ser levadas a efeito em razáo da divisiio de alguns latifúndios em pequenas propriedades E desta transformacáo náo estavam ausentes os imigrantes, em cujos países a exploraciio agrária já apresentava tais características: poli-cultura e minifúndios. Pelo acesso 5s novas formas da exploracáo da terra, sua assimilacáo deu-se de maneira mais completa. Após a introducáo de outras lavouras e com aparecimento dos sinais de cansaco da tara na zona pioneira, o café passou a conquis-tar novas regióes. Pelas ferrovias que por vezes rastream o café, afluem colonos nacionais e estrangeiros. A populacáo de Sao Pauio cresceu rapidamente, tanto quanto a importancia política, economica e social do Estado. Seus produtos para o comércio exterior eram o café, o acúcar, o cacau, a erva-mate, o fumo, o algodáo, a borracha, os couros e as 7. Sáivio DE ALMEIDAA ZEVEDO:I vnzgra@o e cololzzza~áon o Estado de Sáo Pauio, "Revista do Arquivo Municipal", Sao Paulo, 7 (75): abr. 1941, p. 113. 8. Sergio MILLIET: Roteiro do café e outros ensaios, 3.a ed. 5.0 Paulo, Departa-mento de Cultura, 1941. peles. Mas a economia era, antes de tudo, baseada na exportacáo do café. E este concentrava-se, de forma considerável, em Siio Paulo. Populac¿ío presente nas datas dos recenseamentos gerais, em Sao Paulo e sua porcentagem sobre a do Brasil Ano Sao Paulo Brasil Porcentagem de do (milhares de (milhares de Sao Paulo Censo indivíduos) indivíduos) sobre o Brasil 1872 837 10.112 8,3 1890 1.385 14.334 9:7 1900 2.282 17.319 13,2 1920 4.592 30~636 15.0 m 1940 7.180 41.236 17,4 - 1950 9.134 51.944 17:6 E 19'60 12.975 70.799 18,l o n-- m O Nas primeiras décadas do século XX, em sua marcha para o E E Oeste, o café acaba por atingir o norte do Paraná e o su1 do Mato 2 E Grosso, Estados vizinhos ao de Sao Paulo, embora perdurassem as - plantacoes em solo paulista. 3 Enquanto isso, as zonas antigas, duramente atingidas pela crise -O-de super-produciio de 1906 e pela crise de 1929, tiveram seus lati- m E fúndios trocados por terras mais rendosas e transformadas em pe- O quenos sítios. O imigrante, que soubera poupar, passou a comprar estas terras e a cultivá-las por conta própria. n E Além do mais, a crise mundial de 1929 e as duas guerras curo- - a péias haviam modificado muito o quadro economico do Brasil: era 2 n preciso responder ?i necessidade de diversificac$io da producáo pri- n n mária e incrementar a industrializacao, assim como a organizar o 3 comércio interno, Em 1949, pela primeira vez, a indústria recrutava O mais imigrantes do que a agricultura: 2.703 indivíduos contra 2.409 lo. Entrementes, cabe determo-nos para registrar a sistemática da vinda dos imigrantes para Sáo Paulo, no período a que nos propuse-mos analisar. 9. Oracy NOGUEIRAO: desenvolvimento de Sáo Fa d o através dos indices demo-gráficos, demogrdficos-sanitários, etc., "Revista de AdministrGo", Sáo Paulo, maio 1963, pp. 1-180. 10. EulAlia LAHMEYELRO BO: Conflito e continuidade na história brasileiva. In: Henry KEITXe S. EDWARDSe,d .: Conflito e continuidade na sociedade brasileira. Rio de Janeiro, Civilizacáo Brasileira, 1970. Portugueses, espanhóis, italianos e outros vinham espontanea-mente ou subsidiados pelo Governo brasileiro ou por particulares. Nas últimas décadas do século XIX, muitos deles comecaram a ser encaminhados A lavoura cafeeira pelas Sociedades colonizadoras (em 1871, fundava-se a Associqüo Auxiliadora de Coloniza& e Emigm-cáo; em 1883, a Sociedade Central de Imigrqáo e, em 1884 a Som'e-dade Promotora da Imigrqüo). Em 1886, com o estabelecimento da Hqedm'a dos Imigrants na cidade de Sáo Paulo, o encaminhamen-to dos recém-chegados passou a ser mais racional e controlado. Até 1895, a corrente imigratória destinava-se A grande cultura. E, por esta via, a pequena propriedade só seria alcancada pelos imi-grantes muito mais tarde, quando tivessem condicoes financeiras para adquirir as parcelas resultantes do esfacelamento de algunas das an-tigas fazendas. _Mar havia urna outra maneira de acesso & terra e que foi tentada desde a década de 80: a constituicZo de núcleos coloniais onde havia a facilidade do estrangeiro adquirir seu lote de terra. Assim, a par de representarem uma reserva de máo-de-obra para a lavoura do café, os núcleos dedicar-se iam, como se dedicaram, A policultura: uva, milho, feijáo, legumes, hortalicas e frutas foram alí cultivados. Mais de uma dezena de núcleos coloniais foram instituidos pelo Estado nos últimos anos do século passado. Destinavam-se, também, a realizar o congracamento entre brasileiros que migravam para SZo Paulo, pela demanda do café, e os estrangeiros. Por exemplo: a colonia de Piaguí, em Guaratinguetá, Estado de Sáo Paulo, em 1893 abrigava 608 colonos. Entre eles 53 ou 8,7 % eram brasileiros. Os restantes dividiam-se em : 214 italianos (25,20 %) 149 espanhóis (24,5 %) 115 austríacos (18,90 %) 77 outros (12,7 %) 'l. !5, prdm, e Sccret&-ic &yicilltiira de &xí~,n,c Es. tado de Sáo Paulo queixava-se a respeito da necessidade de se refor-mular todo o sistema de núcleos, pois eles nao vinham se desenvol-vendo na medida esperada. Em realidade, muitos dos colonos estran-geiros nao queriam se tornar proprietários aqui. Sua única preocupa-cáo era trabalhar a fim de obter o dinheiro bastante, para empregá-lo em sua terra natal E nos primeiros anos do atual século, comepm 11. Dados citados por Sálvio DE ALMEIDAA ZEVEDO:O g. &t. 12. Idem. a se acentuar as saídas em massa. O destino, quando nao o retorno, era a Argentina. Foram constantes os casos em que o imigrante, sobretudo italianos e espanhóis, tendo vindo subvencionados pelo Governo brasileiro, acabavam por ir se fisar em Montevidéo ou Bue-nos Aires. Autores afirmam que o Prata era, na verdade, seu obje-tivo, mesmo antes da sua saída da Europa. A atitude oficial do Brasil diante do problema foi a de maior apoio do Estado, maiores subvencóes, melhores contratos. Eram estudados melhores métodos para fixacao definitiva do imigrante. Voltava-se ao sistema de chamada dos imigrantes pelo próprio fazen-deiro, correndo, porém, os gastos, por conta do Estado (Resolucóes de 1904). Foi tentado o arrendamento, como transicáo entre o tra-balho a servico de outrem e a propriedade da terra, m9:r&e1"1tGm igrutSs= c=ntir,Ua;,a cGn&cicnudG u= caf& A m imigracáo espontanea mantém-se estacionária. As correntes subven- D E cionadas crescem e diminuem, de acordo com as verbas decretadas " pelo Estado. Os espanhóis passam a chefiar as entradas, consequen- n = tia da proibicáo do aliciamento do braco italiano13. A Argentina m O E era, ainda, a atracáo dos colonos que aqui aportavam e sentiam a E incerteza da lavoura cafeeira. As companhias de navegag20 e outras 2 E forcas ocultas exploravam habilmente a situacáo delicada que atra-vessávamos. Os centros industriais náo apresentavam capacidade de 3 absorcáo. Sofria o café outra campanha de difamacáo ao regime de e-trabalho~ 14. m Continuavam as baixas. Mesmo com a volta dos italianos, agora s6 chegados espontaneamente, a lavoura ainda tinha deficits de bra-cos. E por esta razáo inicia-se, em 1908, a imigracáo japonesa. n E Sanados, de um lado, os desentendimentos iniciais entre o Estado a e a Companhia Imperial de Emigracáo de Tóquio e, de outro, pro- - blemas de inadaptacáo que, no princípio, castigaran a imigracáo n oriental, a sua vinda entrou num rítmo normal e crescente -embora nunca na proporciio das imigracóes mediterr6neas- até a década de O 30, embora o governo paulista passe, em 1922, a náo mais subven-cionar as passagens 15. * * * 13. "Em 1890, o Ceverno italiano inepedia o franco embarque de seus súditos para o Brasil, diminuindo, momentaneamente, a vinda de emigrantes, e acarretando a demora do cumprimento do contrato feito pela Sociedade Promotora de Imigracáo, por meio do qual havia-se comprometido a introduzir um determinado número de imigrantes" (Lucv M ~ E HI u m : OO. cit., -D. 141.). i4. Zdem. p. -120. 15. Assim se justifiava o Cecretáno Geral da Agricultura em 1924, apud Arlinda NOGUEIRA0:9 . cit., p. 209: "A imigracao japonesa subvencionada foi mantida pelo' governo durante alguns anos, tendo sido adotada em caráter temporário, para suprir a deficiencia européia". Sáo as Listas de Bordo e os Livros de Matriculas de imigrantes existentes no Arquivo da Hospedaría dos Imigrantes, do Departa-mento da Imigracáo e Colonizacáo de Sáo Paclo, a par da legislacáo, dos censos demográficos e da escassa bibliografia -em geral mais preocupada com a imigracáo italiana e japonesa- que permitem o levantamento de toda a sistemática da chegada e encaminhamento dos estrangeiros vindos para a lavoura paulista e, posteriormente, para as atividades ligadas ao setor secundário e terciário da economia brasileira. Foi o Decreto n." 528, de 28 de junho de 189016, que regulamen-tou a vinda de imigrantes. Permitia-se a entrada de pessoas que esti-vessem aptas para o trabalho, excetuando-se os condenados ou pro-curados pela polícia de seus países. Os nativos da Asia e da Africa só entrariam no Brasil mediante autorizacáo expressa do Congresso. O Governo Federal subvencionaria a passagem de lavradores com ! suas familias; homens solteiros desde que trabalhadores agrícolas, entre 18 e 50 anos; de operários industriais, artesanais e empregados para o servico doméstico. -- Om - A partir de 1885 os imigrantes deveriam, obrigatoriamente, passar EE pela Hospedaria dos Imigrantes, para registro e estágio, de 8 dias, 2E até o encaminhamento ao local a que se destinavam. Aí recebiam auxilio após 60 dias de entrada, mediante a apresentacáo de seu pas- 3 saporte e de guia rubricada pelo fiscal da imigra~aoIT. A este auxilio, - considerando-se o período anterior A vinda dos niponicos, só tinham E direito os que vinharn da Europa e das Hlhas dos Acores e das Caná- O rias. Se se tratasse, entretanto, de pessoas já subsidiadas pelas Socie-dades Promotoras da imigracáo, tais beneficiários náo recebiam o E referido auxilio estatal. - a Muitos dos imigrantes espanhóis por livre iniciativa, ainda no século pasado, e que náo se dirigiam para a agricultura, permane- n n ceram nos centros urbanos, notadamente na cidade de Sáo Paulo. 3 Suas especialidades eram a carpintaria, a sapataria, a alfaiataria, etc. 0 Problemas de saúde grassaram, muitas vezes, entre as levas dos recém-chegados. A Hospedaria tinha a sua enfermaría. Para casos mais graves foi firmado um convhio com a San,ta Casa de Miseri-córdia para o atendimento de varíola, febre amerela, crupe e sarampo, que eram os casos mais constantes. Citamos, como amostragem, as 16. Decretos do Governo Provisóno da República dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1890. 17. Al-ns destes dados sobre a din&miu. e encaminhamento dos imigrantes foram obtidos na obra de Lucy MAFFEI HUTTER, cit., sobre os italianos, mas que, por seu caráter geral, tambBm sao válidos para o irnigrante espanhol na mesma época. cifras de Relatórios da Santa Casa, de 1875-76, reproduzidos por Lucy Maffei Hutter. Em 572 enfermos, 74 eram pensionistas (paga-dores), sendo 33 estrangeiros, 7 brasileiros e 34 escravos. Entre os doentes náo pagantes constavam, naquele Relatório, 244 brasileiros e 254 estrangeiros, a saber: 102 portugueses, 69 italianos, 28 fran-ceses, 17 alemáes, 16 espanhóis, 8 ingleses, 5 holandeses, 5 suicos, 2 belgas, 1 norte-americano e 1 polones. Os imigrantes que iam para as fazendas, eram transportados por via férrea até o interior, sendo que a Hospedaria fornecia-lhes a ali-mentacáo necessária para o percurso. Os Livros de Registros de Imi- $rantes discriminam o nome da fazenda, do proprietário, da estacáo ferroviária e do rnunicípio a que se destinava cada um dos imigrantes. Da mesma forma, quando se tratava de núcleos coloniais. Após a crise causada pela gigantesca super-producáo de 1906- 1907, o café normalizou-se no mercado internacional, normalizando-se também as relacóes de trabalho nas fazendas. Ao mesmo tempo crescia a producáo de algodáo, também a exigir bracos para a sua lavoura. Ademais, aperfeicoava-se a legisla~áo trabalhista, dando-se melhores condicóes de assistencia a nacionais e estrangeiros. No que concerne 3 industrializacáo, Sáo Paulo via seu parque industrial tomar corpo. A indústria textil já tinha grande peso na exportacáo. Evidentemente, tal quadro econ6mico tinha seus reflexos nos movimentos migratórios. Situacóes especiais nas economias da Europa mediterranea, tanto quanto suas dificuldades no tocante aos excessos demográficos, fize-ram com que grandes contingentes de emigrados desembarcassem em terras americanas. No ano de 1912, Sáo Paulo recebeu 101.947 imigrantes e, no ano seguinte, 119.757. A predominancia foi de por-tugueses (66.147 pessoas), mas também houve grande quantidade de espanhóis (55.743), seguidos por italianos (47.543) ?=Teste :eiqm, 2s vesperas da Pririleirá Grande Guerra, surgiram dificuldades no que concerne ao consumo mundial de café. Por outro lado, crescia o parque industrial paulista, com o impulso dado pelas condicóes da guerra na Europa: o declínio .da concorrí2ncia estran-geira elevava os índices da indústria textil de Sáo Paulo. Mas, no tocante a imigracáo, os altos fndices de 1912-1913 come-caram a declinar. De 14.017 em 1914. para 3.604 em 1915, 1.524 em 1916, 526 em 1917 e 361 em 1918, reagindo para 5.888 e 10.563 no 18. Levantamentas de Sálvio DE ALMEIDA AZEVEDO, cit. bienio 1919-1920, com 121.668 no total do decenio de 1911-1920, para novamente decrescer a níveis muito reduzidos 19. Acresce as dificuldades do mercado internacional (um mundo em guerra, sem preocupacoes de consumo de um produto de usobreme-san, qual seja o café), as dificuldades de tráfego marítimo; foram anos adversos também quanto as condicoes meteorológicas, prejudi-ciais A lavoura. Anos de grandes perdas para o café, causadas por geadas. A verdade é que os núcleos coloniais apresentavam maior produtividade em suas culturas diversificadas (milho, arroz, etc.) e muitos dos imigrantes passavam agora a estabeleer-se nas cida-des como artífices, vendedores ou realizando pequenos servicos. A cidade de SZo Paulo, após a década de 1920, já possuía bairros onde algumas etnias tinham viva preponderancia : italianos, espanhóis, por-tigiieses, alemaes.. . 2 O fim da guerra, porém, traz novos e auspiciosos momentos para o café e para a indústria paulista, segue-lhes a via ascensória a imi- O gracáo, agora enriquecida pelo contingente eslavo. Com a Paz de Versalhes, as questoes atinentes 2s minorias raciais, agora sob os f novos domínios políticos, fazem com que russos, poloneses, lituanos e iugoslavos superem o Atlantico, em busca de trabalho na lavoura E paulista. Isto também porque o café voltava a clamar por bracos para % sua crescente producáo. Núcleos coloniais passam a ser reorganiza- 3 dos, ao lado da criacáo de novos. Muitos deles já dispensando a tu- - - 0 tela do Estado, viviam em regime cooperativo imigrantes e nacionais 1 E proprietários de seus lotes de terra. O Ao momento em que, na economia mundial, dá-se o «crack» da Bolsa de Nova York (outubro de 1929), entra em derrocada a cotacáo % do café no mercado internacional. O movimento imigratório para Sáo Paulo, como em toda a história da Brasil, acompanha as baixas do café. Lavoura e industría reduzem horas de trabalho e número de j trabalhadores. A política em convulsáo aporta na Revolu~áo de 1930, 2 que traz para o poder federal Getúlio Vargas. O país passa por difi-cddzdes de t ~ d oar dem. Entre elas, o grave problemas das migracoes internas. Populacoes do Norte e Nordeste do país, sobretudo, em busca de solucáo para seus problemas demográficos e economicos, demanda-vam as regioes mais ricas do Sul, em geral, e de Sáo Paulo, em par-ticular. A política governamental era de valorizar a sua integracáo na 19. P. PEREIRDAo s -1s: Algzlmcts consideragóes sobre a imigra@io no Brasil, "Sociologia", Sáo Paulo, 23 (1) : 1961, p. TS. lavoura paulista, ao mesmo tempo em que tornava mais complexa a legislacio a respeito de imigrantes estrangeiros. A Constituicáo de 1934 procurava selecionar o imigrante segundo «as necesidades étnicas do país)). Era estabelecida a obrigatorieda-de de proporcionalidade de entradas, de acordo com as etnias vindas nos últimos 50 anos. Assim, os elementos mediterraneos pioneiros nas levas imigratórias, foram os mais beneficiados; mesmo assim, tiveram suas entradas controladas e diminiaídas. Dessa forma, italia-nos, espanhóis e portugueses totalizaram, em 1936, 62.028 imigrantes. A Segunda Guerra Mundial viria a provocar uma nova solucáo de continuidade. O grande desenvolvimento industrial de Sáo Paulo se acelerou m após a Segunda Grande Guerra. Tal foi responsável pela aglomeraqáo E de enormes massas humanas nos centros urbanos, notadamente na O n Cidade de Sáo Paulo e municípios adjacentes. - O m As novas ondas imigratórias -embora em náo táo grande número E como nos momentos já assinalados- comecam a chegar a Sáo Paulo. E 2 E Seu destino é, agora, a indústria. Operários especializados ou náo encontram logo colocaciio satisfatória. 3 Náo cessa a vinda para a agricultura, mas agora sob feicáo total- - - mente nova. Tenha-se como exemplo a bem sucedida iniciativa de 0 m E uma Colonia italiana no interior do Estado de Sáo Paulo, em plena iécada de 1950 20. O O fato é que os ((fatores gerados pela Segunda Guerra Mundial n estimularam e enriqueceram o clássico mecanismo de expulsáo de E a excedentes populacionais, levando a emigracáo a mais uma etapa de institucionalizac50. O fluxo migratório é revitalizado dentro dos pla- n n nos mais racionais, que se apoiam em órgáos burocráticos reaparelha-dos ou montados especialmente para este empreendimento. Por txem- 3 O plo, o CIME (Comité Intergovernamental para as Migracoes Euro-péias) que surgiu em Bruxelas em fins de 1951s 21. Muitos dos imigrantes vindos para a indústria e para a lavoura de Sáo Paulo, na década de 1950, tem, de alguma forma, ligaciio de parentesco ou de conterraneidade com os das levas mais remotas. Sem que representem as cifras fabulosas dos fins do século XIX e comecos do XX -já que ern maior número, hoje, os mediterraneos 20. Ver J&o Bap'Usta BORGWP EREIRcI,i t. Trata-se de Pedrinhas, Colonia orga-nizada pela Companhia Brasileira de Colonizacao e Imigracao Italiana, fundada no Rio de Janeiro, em setembro de 1950. 21. Idem, p. 16. migrantes buscam o norte da Europa- nao deixam eles de repre-sentar uma linha de continuidade em relacáo A antiga imigracáo, como náo deixam de representar papel de importancia na evolucao étnica, economica e social do Brasil de hoje. Das reflexoes teóricas e genéricas que nos foi possível colocar neste trabalho, que nada mais é que a apresentacáo prévia de um estudo específico da imigracáo espanhola para Sáo Paulo, aportamos numa pequena mostragem, para o ano de 1950, da chegada a Sáo Paulo de imigrantes originários das Ilhas Canárias. Bem sabemos o importantíssimo peso que teve, na emigracáo es-panhola de fins do século XIX, a gente canária. Jorge Nadal expóe claramente quáo elevado foi o índice emigratório de Canárias du-rante o bienio 1885-1886, superando todas as demais provincias es- 2 N panholas Entretanto -e tal análise faz parte de nossas conjecturas E futuras- tal massa canarina nao terá se dirigido ao Brasil. Nem na época estudada por Nadal, nem em épocas posteriores, os ilhéus pe- -- m saram na massa espanhola que demandou trabalho na antiga colbnia portuguesa. 2 E Condicionantes locais -geográficos, econ6micos, políticos e so- - ciais- que provocaram a dispersáo hispanica, assim como as carac- 3 terísticas da áreas de recepcáo no Brasil, ser50 por nós arrolados, - - medidos e inter-relacionados, para futuras conclusóes. Que a feicáo e de amostragem que este trabalho tomou por forca das circunstancias entre elas o fator tempo e as dificuldades de localizacáo de fontes primárias nao invalidem como ponto de partida e como ponto de referencia para críticas e sugestoes vindas da comunidade científica k ora reunida neste Colóquio. l n n APENDICE 3 O Tranirreve-se, a segiiir, quadro especificando o número de imigantes entrados no Estado de S50 Paulo, procedentes do exterior, por vía marítima, no período de 1850 a 1951. Tomou-se 1850 por data inicial, como já ficou dito, visto tratar-se do ano em que cessou o tráfico de escravos negros entre Africa e Brasil; por outro lado, elejemos 1951 coma a data final das apu-rac6es estatísticas, em vista da criac5o do CIME nesse ano, ÓrgZo incumbido de estabelecer uma nova política imigratória mundial. O referido quadro possui uma dupIa característica: deu-se-lhe, de um :,do, .u.u-i-a -pc-'-;.~ u,4iL:,r:uaa,uac, y,,u.: ii,A,., iluLua!, L,,u,lr i L,,A,.,,r,y,z,u 60 bltim:: periodo, qde 6 22. Jorge NADALL: a población española. Siglo XVI a XX. Barcelona. Aeel, 1966, pp. 162-63. de apenas dois anos; individualizou-se, por outro lado, nas apuracoes, as etnias que, pela sua importancia no processo imigratório, s2o responsáveis pelos maiores contingentes de brasileiros descendentes de estrangeiros. Tais s2o os espanhóis, portugueses, italianos e japoneses. IMIGRANTES ENTRADOS NO ESTADO DE SAO FAUlLO, PROCEDENTES D.0 EXTBRIPIOB Período de 1850 a 1951 NACIONALIDADES Anos* Outras TOTAIS Espanhóis Italianos Japoneses Portugueses naciona-l:=-=-- IIUaU(íJ m D ----- Frojeta-se, a seguir, o quadro com o número de imigrantes de diversas etnias, entrados no Estado de S20 Paulo, pelo porto de Santos, no período de 1908 a 19\39. Destaca-se em tal quadro informacoes sobre o total de imigrantes, inte-gr- nao f-mi!ias ou Findo wu!scs, e drdcs =??re i&.ie, S%", relipik-, estude civil e instru~iio. * Dá-se urna penodicidade quinquenal, com exce@.o do Último periodo, que 6 de apenas dois anos. Junta-se, em sequencia, a série de quadros, ano a ano, do número de imigrantes entrados no Estado de Sáo Paulo, pelo porto de Santos, entre os anos de 1936 e 1951. Retroagimos a 1936, gor ser tratar do ano em que foi possível apurar, através da pesquisa a que se procedeu nos Arquivos da Hospedaria dos Imi-grantes, em Sáo Faulo, a vinda dos primeiros canarinos a este Estado. Aos quatro principais grupos étnicos a que já nos referimos no quadro de p. 000, vale dizer, espanhóis, portugueses, italianos e janoneses, acrescen-tamos, igualmente pela importancia que desenpenharam na elaboracáo do mosaico iniigratório do Brasil, as correntes germanica, hispano-americana, árabe e eslava, representadas, respectivamente, por alemaes, argentinos, liba-neses e poloneses. Acrescenta-se, a seguir, uma consolidacáo dos quadros relacionados de p. 0'00 a 000. IMIGRANTES ENTRADOS NO ESTADO DE S160 PAULO, PELO PORTO DE SANTOS Ano 19316 Ano 1937 Nacionalidades Espanhóis .................. Alemaes .................. Argentinos ............... Italianos .................. Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Número Nacionalidades Número Espanh6is .................. Alemáes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Ano 1938 Ano 1939 Xacionalidades Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Ortr-s m&nz!idzdes.. . Número Nacionalidades Número Espanhóis .................. AlemZes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Foloneses .................. Portugueses ............... Oiitrac nacinnalidades.. ~ IMIGRANTES ?3NTRADOiS NO ESTADO DE SAO PAULO, PELO PORTO DE SANTOS Ano 1940 Nacionalidades Número Espanhóis .................. Alemaes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Polvneses .................. Portugueses ............... Qutras nacionalidades.. . Ano 1941 Nacionalidades Espanhóis .................. Alemaes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Ovtras nacionalidades... Número 45 139 113 3,4 1.645 3 5 O 1.277 5 2.9 Ano 1942 Nacionalidades Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Ano 1943 Número Nacionalidades Número Espanhóis .................. Alemaes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades... Ano 1944 Nacionalidades Número Ano 1945 Nacionalidades Número Espanhóis .................. Aledes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses . . . . . Qutras nacionaIidades.. . Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argentinos .................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Pnrt~gceses ............... Ovtras nacionalidades.. . IMIGRANTES ENTRADOS NO ESTADO DE SAO PAULO, PELO PORTO DE SANTOS Ano 1946 - Nacionalidades Número Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argeiltinos ................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Ano 1948 Nacionalidades Espanhóis .................. Alemáes ..................... Argentinos ................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... Outras nacionalidades.. . Número Ano 19501 Nacionalidades Número Espanhóis .................. Alem5es ..................... Argentinos ................. Italianos ..................... Japoneses .................. Libaneses .................. Poloneses .................. Portugueses ............... n..+,,- ..,,:,..-~:A~A~~ .. V U L l Q D IICICIUII~IIY~ULY.. Ano 1947 . - .. - .... Nacionalidades Número -- Espanhóis .................. 176 AlemZes ..................... 38 Argentinos ................. 7 1 Italianos ..................... 1.61 1 Japoneses .................. - Libaneses .................. 202 Poloneses .................. 90 Portugueses ............... 2.805 Outras nacionalidades... 1.142 TOTA.L.. ...... 6.135 Ano 1949 Nacionalidades Número -- Espanhóis .................. 662 Alemaes ..................... 255 Argentinos ................. 127 Italianos ..................... 4.759 Japoneses .................. 1 Libaneses .................. 416 Poloneses .................. 110 Portugueses ............... 4.198 Outras nacionalidades.. . 2.397 TOTAL.... ..... 12.925 Ano 1951 Nacionalidades -Núm-ero Espanhóis .................. 5.324 AlemZes ..................... 1.696 Argentinos ................. 193 Italianos ..................... 6280'6 Japoneses .................. 3 5 Libaneses .................. 1.499 Poloneses .................. 119 Portugueses ............... 12.507 Gutras ~ircion,r!idades... -5 .1-7.1 TOTAL.. ....... 33.350 IMIGRANTES ENTRADOS NO ESTADO DE CAl0 PAULO, PROCEDENTES DO EXTERIOR Anos 193.6 a 1951 NACIONALIDADES Anos Espanhbis Alemaes Argentinos Italianos Japoneses Libaneses Poloneses Portugueses Outras naciona-lidades TOTAIS Projeta-se, a seguir, o quadro da procedencia dos imigrantes entrados no Estado de S5.o Paulo, pelo porto de Santos, nos anos de 1936 e 1939 a 1951, com destaque aqueles embarcados nas Canárias. Assim, pela primeira vez e concretamente, sao relacionados, em números, os imigrantes procedentes do arquipélago canarino. Em tal quadro amplia-se a relaciio dos países e das áreas dos quais procedan as massas imigratórias, com destino a esta parte das Américas. PROCEDENCIA DOS IMIGRANTES ENTRADOS NO EST.AD0 ,DE SAO PAULO, PELO PO,RTO DE SANTOS, COM DESTAQUE AOS PROCEDENTES DAS CANARIAS Anos 1936 e 193!3 a 1951 A N O S Procedencia 1936 1939 1940 1941 1942 1943; 1944 1945 1946 1947 194s 1949 1950 1951 -- - -- -- -- -- - --- - -- -- - Espanha ..................... Canárias ..................... Alemanha .................. Austria ........................ Franca ........................ Inglaterra ..................... Itália ........................... Polonia ........................ Portugal ..................... Outros países europeus.. . Japao ........................... Li'bano ........................ Outros países asiáticos ... Madeira ..................... Outros paises africanos.. . Argentina ..................... Estados Unidos ............ Ur uguai ..................... Outros países americanos. Mostra-se, em sequencia, o quadro que traz o número de imigrantes espanhóis entrados no Estado de S50 Pau!o, pelo porto de Santos. Compara-se, a este total, o número daqueles procedentes dos vários portos da Espanha (continente) e daqueles embarcados nas Canárias, nos anos de 1936, 1939, 1940, 1946, 1948, 1949; 1950 e 1951, quando ocorrem embarques efetivos de canarinos em Las Palmas e Tenerife. Cumpre esclarecer, finalmente, que se establece uma comparacáo, igual-mente, entre o número de ianigrantes procedentes da Espanha e das Canárias. A relacáo se estabelece, sempre, em termos percentuais. IMIGRANTES ESPANHOIS ENTRADOS NO ESTADO DE SAO PAULO, PELO PORTO D.E SANTOS. QUADRO COMPARATIVO ENTRE O TOTAL DE IWGRANTES, OS PROCEDENTES DE ESFANHA E GU PXC?CEDYNTYS DAS UAXAXIAY Anos de 1536, 1939, 1940, 1946 e 1948 a 1951 T O T A L P R O C E D E K C I A de imigrantes espanh6is E S P A N H . 4 CANARIAS -4110s % em % em % em relacáo Xúmero Número rela60 Súmero rela@o aos procedentes ao total ao total de Espanha Dá-se a seguir? h guisa de amostragem, a rela~áo completa de imigrantes procedentes das Canárias, com destino a Sáo Paulo, de todo um ano, Elegeu-se o de 1950, para tal h. Concretamente, singular e significativa é o quadro. A diversidade carac-lteriza o grupo de imigrantes quanto As profissoes e ?faii xa etária. Em relacao 5 etnia, cumpre uma análise mais detida. Há, sim, o grupo de transjordanianos. Certamente nao s5o canarinos, como dois. deles nao &o cristaos. Mas, muito provavehente, estavam fixados nas Canárias. Para além da inforrnac5.0 de que residiam em Las Palmas, devidamente registrada pelo funcionário bra-sileiro do setor de imigraczo, resta a eloquente evidencia observada no grupo chegado a Santos no penúltimo dia do ano de 1950, pelo navio Sises: certamente Ramon e Ernando nao sao nomes árabes ou mup.dmanos. Acresce, ainda, em relacao a este mesmo grupo, o fato de professarem a fé católica. Assim o declararam. Ora, tais evidencias levam-nos a concluir, que os mem-bros dos grupos de transjordanianos, ainda que n"a pascidos nas Canárias -os adultos, ao menos- deveriam ali estar radicados. UMIGRAI'JTES EMBARCADOS NAS CA DES,TINO A0 ESTADO DE SAO PAULO 01 Filiberta Fregel Rodriyez . . . . Highland Chiefain inglesa 02 Pedro Rodriguez . . . . . . . . . . . . . . Highlaxi Chieftain inglesa 03 Camelo Rodriguez . . . . . . . . . . . . Highlaníi Chieftain inglesa O4 &lana Candelaria Socas Pelayo. Andrea C italiana 05 Maria Socorro Antcnia Fmn-quis Farina . . . . . . . . ... . . . . . Au5ga italiana 06 ~ a n Rso muaIda del Carmen.. Acriga italiana Maximo Cabrera. Espinosa . . . . Andrea C Dolores Cabrera Espinosa . . . . Andrea C Muhammad Ali M. Kanan . . . . Sises Yusuf J. Jaber .............. Sises Engracia Pombo Ferreiro . . . . Loide América Felix Rodrignez Fleitas . . . . . . Highlani: Chieftain Jose Garcia Avila . . . . . . . . . . . . Highlanc! Chieítain Jabra Sd.eiman Janineh . ... . . Sises Sayda Xhano . . . .. . . . . . . . . .. . Sises Ramon Janineh . .. . . . . .. . . . . . Sises Ernando Jar-ineh ... . . . . . . . . . . . Siscs italiana italiana italiana italiana brasileira inglesa inglesa italiana italiana italiana italiana DdIA DE ID CHEG.IDA SEXO A SAXTOS (u --- 04/01/1930 Fem. 2 04/01/1950 Masc. 04/01/ 1950 Jfasc. 23/05/1950 Fem 2 01/09/1950 Fem. 4 11/09/1950 Masc. 6 14/09/1950 Fem. 19/10/1950 Masc. 4 19/1011930 Masc. F 2C/10/1950 Fem. Z 10/12/1950 Masc. 6 10/12/1950 Masc. 5 30/12/1950 Masc. 2 30/12/1950 Fem. : 30/12/1950 Masc. .10/12/1950 Masc. :IONA- RELASÁO ALFABE- PORTO PROEIF S ~ O DE RELIGI~O RCSIDEKCIA DE DESTINO 3ADE PARENTESCO TIZADO EMBARQUE lh Z i 'la la Ia 1 la 3aniano 3aniano la 1 1 ianian o ianiana domésticn sem prolissao estudanti: Iavrador doméstica agricultor agricultor sem proflssáo pedreiro jardineiro lal-rador dorné.sticir mZe filho filho só máe filha irmáo irmá s6 s6 s6 s6 s6 Pai m5e Uho iilho católica sim Las Palmas Las Palmas SZo Paula Las Palmas Las Palmas Sao Pa~ilo Las Palmas Las Palmas SZo Paulo cat6lica sini Santa CNZ de Tenerife Las Falmas Santos católica sim Santa CNZ de Tenerife Tenerife SZo Fado católica sim Santa Cruz U de Tenerife Tenerse Sáo Pac.10 católica sim Las Palmas Las Palmas S o Pa~lo g cat&lica sim Las Palmas Las Palmas SZo Fa~ilo E muculmano cim Las Palmas Las Palmas Sáo Paulo e mu~ulmano sim Las Palmas Las Palmas Sáo Paclo 2 católica sim Las Palmas Tenerife Sáo Paulo 5m cat6lica sim Las Palmas Las Palmas SZo Paulo f católica sim Las Palmas Las Palmas SZo Paulo católica sin1 Las Palmas Las PaLmas Sáo Paulo cat6lica sim Las Palmas Las Palmas Cáo Pado g Las Palmas Las Pdmas SLo Fado a Las Palmas Las Palmas SZo Paulo a - B I B L I O G R A F I A Além da bibliografia citada nas notas foram consultadas as seguintes obras : COSTA, Emilia Viot t i : O escravo na grande lavoura. In: HOLANDAS, ergio Buarque de, ed.: História Geral da Civilizacáo Brasileira, SZo Paulo, Difusa0 Européia do Livro, t. 2, v. 3. - Urbanización en el Brasil del siglo XIX. In: SOLANO, Francisco: Estu-dios sobre la ciudad iberoamericana, Madrid, Consejo Superior de Inves-tigaciones Científicas, 1975. PETRONE, Maria Theresa: ImigracZo assalariada. In: HOLANDA, idem. FORACCHI,M arialice: A valorizacZo d o trabalho na ascencáo social dos imigrantes, "Revista do Museu Paulista", Sáo Paulo, Nova serie, v. 14, 1963, pp. 311-19. JORDAON ETTO,A ntonio: Barreiras no controle da mobilidades ocupacional e especial do irnigrante espanhol (1960), "Sociologia", S5.o Paulo, 24(2): 117-19, jun. 19'62. SILVA, ,Helio Schitller: Tendencias e características do cornércio exterior do Brasil no século XIX, "Revista de Historia da Economia Brasileira", Sáo Paulo, 1 (l), jun. 1953. PEREIRAW, lademir: Evolucüo industrial d o Estado de Sáo Paulo. SLo Paulo, Instituto de Pesquisas da Faculdade Municipal de Ciencias Econ6nicas e Administrativas de Osasco, 1969. Observaqáo: Os quadros relacionados, foram elaborados a partir de documentacao constante de Boletins do Departamento de ImigraGo e Colonizacao do Estado de Sáo Paulo, de Censos Demográficos Brasileira, de Relatórios Administrativos do Govemo do Estado de Sáo Paulo e do acervo especifico do Arquivo da Hospedaria dos Imigrantes da Secretaria da Promwáo Social do Estado d~ S o Pauio. |
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