XXIII Coloquio de Historia Canario-Americana
ISSN 2386-6837, Las Palmas de Gran Canaria. España, (2018), XXIII-076, pp. 1-4
INMIGRACIÓN BOLIVIANA EN BRASIL-RIO DE JANEIRO, 1950-2010
BOLIVIAN IMMIGRATION TO BRAZIL-RIO DE JANEIRO, 1950-2009
IMIGRAÇÃO BOLIVIANA PARA O BRASIL-RIO DE JANEIRO, 1950-2009
Michael Marques
Maria Teresa Toribio Brittes Lemos
Cómo citar este artículo/Citation: Marques, M.; Toribio Brittes Lemos, Mª. T. (2020). Inmigración boliviana en Brasil-Rio de Janeiro, 1950-2010. XXIII Coloquio de Historia Canario-Americana (2018), XXIII- 076. http://coloquioscanariasamerica.casadecolon.com/index.php/CHCA/article/view/10473
Resumen: La investigación estudia los procesos migratorios de bolivianos para Brasil, especialmente para Río de Janeiro. La investigación abarca la inmigración desde la década de 1950, iniciada por la inestabilidad política en el presente. En los años 1990, el destino de la mayoría de los bolivianos fue Argentina debido a la proximidad cultural. Sin embargo, las crisis socioeconómicas del país, la opción preferida se convirtió en Brasil, con un gran flujo migratorio hacia São Paulo y Río de Janeiro.
Palabras clave: Bolivia, Río de Janeiro, migración, Brasil, trabajo.
Abstract: The research studies the migratory processes of Bolivians for Brazil, especially for Rio de Janeiro. The research encompasses immigration since the decade of 1950, initiated by political instability to the present. In the years 1990, the fate of most Bolivians was Argentina due to cultural proximity. However, the socioeco-nomic crises of country, the preferred option became Brazil, with great migratory flow to São Paulo and Rio de Janeiro.
Keywords: Bolivia, Rio de Janeiro, migration, Brazil, work.
Resumo: A pesquisa estuda os processos migratórios dos bolivianos para o Brasil, especialmente para o Rio de Janeiro. A pesquisa engloba a imigração desde a década de 1950, iniciada por uma instabilidade política até o presente. Nos anos de 1990, o destino da maioria dos bolivianos era a Argentina devido à proximidade cultural. No entanto, as crises socioeconômicas do país, a opção preferencial se tornou o Brasil, com grande fluxo migratório para São Paulo e Rio de Janeiro.
Palavras chave: Bolivia Rio de Janeiro, Migração, Brasil, Trabalho.
Para a análise, o estudo separa a migração boliviana em 3 etapas. A primeira baseia-se no fluxo da década de 1950, provocada por conflitos internos. A segunda fundamenta-se na década de 1960 e 1970, incentivada pelo fluxo estudantil. A terceira é da década de 2000, formada pelo fluxo de profissionais liberais e migração de pessoas das zonas rurais.
Em 1952, a Bolivia vivia a Revolução Nacional liderada pelo o Movimento Nacionalista Revolucionário. Com resultado, os oposicionistas exilaram-se no Brasil, no Estado do Rio de
Graduando do Curso de Arqueologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Chief Executive Office (CEO) - Nabuco Inc; Endereço: Rua Helio Luiz Navarro, 179, Bangu. 21850-090. Rio de Jaaneiro. Brasil. Teléfono: +55 21 99659-6700; correo electrónico: michael_marques@outlook.com
Orientadora. Professora Titular em História da América. Pesquisadora-Visitante do Programa de Pós-Graduação em História Política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Coordenadora do NUCLE-AS/UERJ. Brasil.
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MICHAEL MARQUES; MARÍA TERESA TORIBIO BRITTES LEMOS
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Janeiro. Esse grupo era formado pela a elite financeira boliviana. Em 1969, formaram o Círculo de Amigos Bolivianos, com a finalidade de lembrarem seu país, suas famílias e suas tradições. “Em 1974, foi criado pelas mulheres imigrantes, o Comitê Beneficente de Damas Bolivianas, com a finalidade de desenvolver atividades culturais e beneficentes relacionadas às suas tradições1.
A crise econômico-social da Bolívia acelerou também o êxodo de técnicos e profissionais qualificados... Dessa forma registrou-se na Bolívia um amplo movimento imigratório à procura de melhores condições e perspectivas de um futuro promissor2.
Na década de 1960, chegou ao rio de janeiro o segundo grupo migratório. Caracterizado por estudantes em busca de intercambio nas universidades. Eles eram atraídos principalmente pelos cursos de Engenharia, Medicina e Odontologia. Esse grupo de estudantes reunia-se no Calabouço (antigo restaurante dos estudantes universitários, no centro do Rio de Janeiro). Em 14 de julho de 1975, o grupo fundou o atual Centro Cultural y Social Boliviano, que, até os dias atuais, reúne a nova sociedade boliviana-brasileira, com imigrantes de várias gerações e seus descendentes nascidos no Brasil. “Durante a realização de suas festas folclóricas e cerimoniais nacionais eles reforçam os laços identitários, através das práticas culturais e representações simbólicas preservadas pela memória coletiva e pelo imaginário3”.
A maioria dos bolivianos no Rio é perfeitamente bilíngue, à diferença do que ocorre em São Paulo, onde os imigrantes mais velhos não falam o português. No Rio de Janeiro, usam o castelhano para se comunicarem -obviamente alguns grupos mais fechados se comunicam em quechua, aymara ou outros idiomas propios de suas aldeiass. Quando sentem saudades de casa, reúnem seus amigos e familiares aos domingos, cozinhando comidas típicas de sua terra natal, e ouvindo a música da pacha. Dentre os bolivianos que entrevistamos, a maioria já conhecia outros conterrâneos antes de emigrarem ao Brasil. Existe no Brasil uma comunidade de pessoas se ajuda mutuamente em relação a esse trânsito migratório Bolivia-Brasil. Muitos pensam em voltar para sua terra natal assim que terminarem seus estudos, ou juntarem dinheiro suficiente para algum projeto pessoal, como ampliar uma casa já existente ou construir uma nova para seus filhos ou seus pais que porventura ainda não a possuam.4
O último grupo são os imigrantes bolivianos que chegaram ao Rio de Janeiro a partir da década de 2000. Ele é subdividido em dois subgrupos, os profissionais liberais e os originados das zonas rurais. O primeiro é caracterizado pela escolaridade elevada, com especialização em extração de petróleo e em busca da pós-Graduação. Além de músicos, mecânicos e profissionais liberais em busca de melhores condições socioeconômicas. O segundo subgrupo, é formado por imigrantes advindos das zonas rurais do Altiplano. Eles são atraídos por melhores condições de vida. A maioria entra ilegalmente no Brasil, devido a burocracia na fronteira. Alguns bolivianos, relatam que a espera para conseguir o visto de entrada no Brasil, emitida pelo posto da polícia federal na fronteira, é de 3 a 5 dias. Estimasse que 10% dos
1 LEMOS (2013).
2 LEMOS (2013).
3 LEMOS (2013). 4 BELMONTE E COSTA (2018). INMIGRACIÓN BOLIVIANA EN BRASIL...
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imigrantes estão no Rio de Janeiro5. “Muitos trabalham em condições análogas à escravidão em industrias de tecidos dos coreanos, com o turno diário de 16 horas, com meta de 70 peças de tecido6”. Os ganhos mensais variam entre 400 (90 Euros) a 900 Reais (204 Euros). Muitos chegam ao Brasil, com dívida contraída antes mesmo de começar a trabalhar. Isso ocorre devido ao custo que o “oficinista”7 descontam dos valores pagos pelo transporte e alimentação, criando um condição de servidão por dívida.
No Brasil, o Ministério Público Federal investiga casos de maus tratos com essa população. Na maioria das vezes as denúncias são feitas pelos moradores locais, ou chega-se as oficinas clandestinas por indícios advindos de investigação policial, pois muitos bolivianos temem a perda da renda. Mesmo com o salário menor e a jornada de trabalho muito maior do que dos brasileiros, os imigrantes acabam tendo uma condição financeira melhor do que é encontrada em sua terra natal.
... A maioria das oficinas coreanas utiliza esse sistema de trabalho. É muito mais barato e rendoso do que empregar brasileiros trabalhando oito horas por dia [...]. A maioria evitou denunciar os maus tratos ou reclamar de viver confinado em sótão, para evitar a deportação. Um grupo de bolivianos, quando entrevistado por um jornal brasileiro, confirmou que valia a pena viver no Brasil, mesmo daquela maneira, pois os salários eram maiores que os da Bolívia8.
No subúrbio do Rio de Janeiro, principalmente no Bairro de Madureira e Bangu, os bolivianos trabalham no comercio informal. Vendendo roupas falsificadas, acessórios de celulares, comidas típicas e atuando como músicos profissionais. No calçadão de Bangu, 30% dos trabalhadores são compostos pelos imigrantes. Muitos trabalham sentados no chão, com o filho pequeno no colo, que por muitas vezes, vestido com uniforme de escola pública do munícipio do Rio de Janeiro. Os mais jovens demostram fluência em falar o Português brasileiro. Em média, esse grupo de profissionais liberais, trabalham por volta de 12 horas por dia, sete dias na semana.
Desde 2000, o Grupo musical Patuju, vem proporcionando ao público da cidade do rio de janeiro, apresentações musicais e danças folclóricas. Transmitindo aos cariocas a rica cultura boliviana. O Tinku, uma dança pré-inca, é uma das atrações do grupo.
Em síntese, os bolivianos migram para o Brasil, em busca de melhores condições socioeconômicas. Mesmo com toda dificuldade, eles mantiveram a sua identidade cultural viva, possibilitando a transmissão para as próximas gerações.
BIBLIOGRAFÍA
BELMONTE, A. & COSTA, L. (2018). Bolivianos longe da pacha: imigrantes no Río de Janeiro. Estudos Americanos / Metanoia
BRASIL, G. D. (2009). MTE. Acesso em 01 de Maio de 2019, disponível em MTE: http://www2.mte.gov.br/trab_estrang/perfil_migratorio_2009.pdf
LEMOS, M. T. (2003). Presença boliviana no Rio de Janeiro: notas prévias sobre a imigração – 1950/2000. Acesso em 20 de janeiro de 209, disponível em Labimi: http://www.labimi.uerj.br/artigos/1390312110.pdf
5 Fonte: http://www2.mte.gov.br/trab_estrang/perfil_migratorio_2009.pdf
6 LEMOS (2013).
7 Oficinista: Proprietário de oficina têxtil.
8 Jornal O Globo (13 de dezembro de 1992). MICHAEL MARQUES; MARÍA TERESA TORIBIO BRITTES LEMOS
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VALENTE, G., & GOMES BATISTA, H. (2012). Imigrante ilegal com benefícios do Brasil . Acesso em 02 de janeiro de 2019, disponível em O Globo: https://oglobo.globo.com/economia/imigrante-ilegal-com-beneficios-do-brasil-6392289