ANCHIETA: A CONTRIBUI<;Ao CANÁRlA
NA COLONIZA<;Ao PAULISTA
ROSELI SANTAELLA STELLA
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
«D. Diogo de Avalos, vizinho de Chuquiabue no Peru, em a sua
Miscelánea Austral, diz que em as serras de Altamira em
Espanha havia urna gente bárbara, que tinha ordinária guerra
com os espanhóis e que comiam carne humana, doque enfadados
os espanhóis juntaram suas for<;as e lhes deram batalha na
Andaluzia, em que os desbarataram e mataram muitos. Os
poucos que ficaram, nao se podendo sustentar em terra, a
desampararam e se embarcaram pera onde a fortuna os guiasse ,
e assi deram consigo nas ilhas Fortunadas, que agora se chamam
Canárias, tocaram as de Cabo Verde e aportaram no Brasil.
Saíram dois irmaos por cabos desta gente, um chamado
Tupi e outro Guarani, este último, deixando o Tupi, povoando
o Brasil, passou a Paraguai com sua gente e povoou o
Perú.»l
Como se pode notar, a rela<1ao entre o Brasil e as ilhas Canárias
ocorreu antes mesmo da chegada de Cristóvao Colombo na América,
se analisarmos a questao á luz das lendas existentes. O trecho
acima fielmente reproduzido é sugestivo para iniciarmos esta abordagem
e, sobretudo, curioso quando faz alusao ao fato de que o aborígene
americano tenha descendencia ibérica, se bem que o próprio
autor da citac;ao, Frei Vicente do Salvador, afirme que «esta opina
nao é certa» 2• Q que importa é que na busca de elementos referentes
ao Brasil e Canárias, a mais remota menc;ao nominal que se encontra
é esta, nao cabendo aqui o desenvolvimento das hipóteses que
cercam a origem do nativo americano, nem mesmo a abordagem dos
feitos do Padre José de Anchieta, como o próprio tema pode sugerir3•
Qutro elemento de relac;ao é a rota marítima do comércio clandestino
ou nao, tocando nas Canárias com destino ao Brasil, digna de
minuciosa investigac;ao.
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
686 Roseli Santaella Stella
o presente estudo objetiva verificar a presen<;a do primeiro
emigrante canário a estabelecer-se no Brasil, sua atua<;ao e contribui<;
ao no processo de forma<;ao do POyO brasileiro. Quando constatamos
que este islenho tratava-se do Padre José de Anchieta, a
delimita<;ao da análise tornou-se necessária por ser ele um elemento
extremamente produtivo, cuja atividade religiosa teve implicac;óes
sociais e demográficas, já que o seu trabalho de catequese nao era
baseado somente em sermóes e pregac;óes. Sua obra vai desde urna
gramática para a língua tupi, até pe<;as teatrais e poemas escritos em
castelhano, tupi, portugués, latim e polilíngües4 • Draumaturgo e historiador,
suas atividades doutrinárias implicaram na formac;ao da
cultura nacional e fixac;ao dos «brasis»5 em núcleos de povoamento.
A amplitude de realizac;óes limitou este estudo ao campo de ac;ao de
Anchieta, no caso, direcionado avilla de Sao Paulo e aldeias cirvumvizinhas,
com especial atenc;ao ade Sao Miguel, hoje com populac;
ao superior a 700 mil habitantes, cuja ocupac;ao efetiva deu-se no
século XVI e nao a partir do ano de 1622, data de conclusao das
obras da capela jesuítica ainda existente e marco do sucesso missionário
alcanc;ado e iniciado por Anchieta em período anterior a essa
data. Tao expressivo bairro operário desta metrópole sulamericana
que é a cidade de Sao Paul06 , merece tratamento mais sério na
busca histórica de suas origens.
JOSÉ DE ANCHIETA: DE TENERIFE AO BRASIL
Nascido em 1534, em Sao Cristóvao da Laguna, foi estudar em
Coimbra,onde conheceu a Companhia de Jesus, nova ordem religiosa
fundada por seu parente Inácio de Loyola, para ela entrando a
1 de maio de 1551. Enfermo, talvez portador de tuberculose, solicitou
ao Padre Miguel de Torres, seu superior, ser enviado ao Brasil,
antes mesmo que se ordenasse7 •
Ambiente hostil, populac;ao bárbara e precários meios de colonizac;
ao, a posse de terras americanas efetivada por Portugal em
1500 nao significava a instalac;ao de frentes pioneiras d'ocupac;ao..
A primeira expedic;ao colonizadora foi organizada trinta anos
depois; antes disso, só diligencias de reconhecimento e defesa.
A divisao do território em 1534, no sentido horizontal; da costa até
o meridiano de Tordesilhas, atraiu 12 proprietários (capitaesdonatários)
e colonos que, em pouco tempo, viram seus empreendi-
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
Anehieta: a eontribuü;do Canaria na eolonizac;do paulista 687
mentos frustrados por falta de recursos de toda espécie diante da
hostilidade do próprio meio, o que levou a metrópole portuguesa a
instituir em 1548 um gov~rno central no Brasil, para superar as dificuldades
até enUio evidenciadas, regulamentando as relac;óes entre
os indígenas e capiHies donatários.
Até esta data, encontramos no Brasil na condic;ao de habitantes
flXOS, apenas portuguese~ degredados e colonos. Investidas inglesas,
holandesas e francesas ocorreram, todavia, de caráter puramente
corsário. O objetivo fixador só viria com os franceses a partir de
1555, na tentativa de instalac;ao da Franc;a Antártica no Río de
J aneiro e, para os demais estrangeiros, depois de 1580, com o domínio
espanhol no Brasil8 e as repercussóes na política européia com a
uniao peninsular. Este fato marca a ida de espanhóis, de sorte que,
de norte a sul, estavam espalhadqs no território brasileiro na condic;
ao de sobreviventes de naufrágios ou para cumprir penas, ou por
abandono das regióes americanas de Castela ou, ainda, aqueles de
origem judaica foragidos da cac;ada organizada pela Inquisic;a09 • De
1580 a 1590, estabeleceram-se em Sao Vicente (Sao Paulo), 14
indivíduos de origem espanholalO • Durante o século XVII, outros muitos
vieram nas expedic;óes de defesa contra os holandeses e na busca
de metais preciosos, acabando por nao regressarem. Antes da uniao
das duas coroas, Pedro Taques de Almeida Paes Leme, na sua
Nobiliarquia Paulistana Histórica e Genealógical1 , aponta apenas
um sevilhano em Sao Paulo, aí residindo desde 1571.
Verificando.:.se a formac;ao das expedic;óes missionárias 12 da
Companhia de J esus com destino ao Brasil, notamos que a primeira
(1549) era composta de 5 missionários portugueses e 1 navarro, a
segunda (1550) por 4 portugueses e a terceira com 7 missionários,
entre eles, 5 portugueses, 1 castelhano e 1 canário, o primeiro
islenho de que se tem noticia, a aportar na América portuguesa. José
de Anchieta, 19 anos, ainda simples irmao, embarcou em Lisboa a 8
de maio de 1553, na armada do 2.° governador geral, D. Duarte da
Costa, chegando na Bahia a 13 de julho, de onde partiu em outubro
do mesmo ano para Sao Vicente, pequena vilajunto ao mar, dotada
de um colégio jesuíta, inaugurado em fevereiro de 1553.
SAo PAULO: CAMPO ABERTO PARA A PROPAGA<:;Ao CRISTA
Por esse tempo o Padre Manoel da Nóbrega era o provincial da
Companhia de Jesus no Brasil, cuja tarefa agora era evitar a disper-
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
688 Roseli Santaella Stella
sao dos centros de catequese e propagar a fé na terra mais aparelhada
para a conversao do gentio, porque nunca tiveram guerra com
os cristaos além de se encontrar aí o caminho mais seguro para
entrar nos sertóes, como ele próprio afirmaval3 •
Subindo a serra, chegou a aldeia de Piratininga, chefiada pelo
índio Tibiri<;á, velho conhecido dos portugueses, tendo urna filha
casada com Joao Ramalho, portugués morador em Santo André da
Borda do Campo, vila situada entre a serra e a aldeia indígena. A
preocupa<;ao com a seguran<;a dos sacerdotes e seminaristas vulneráveis
as investidas dos corsários e índios hostis fez com que o Padre
Manoel da Nóbrega ordenasse em 1553 a mudan<;a do colégio, da
vila para o campo, deixando em Sao Vicente «apenas os jesuítas
estritamente indispensábeis aos ministérios locais» 14. José de
Anchieta comenta o fato:
«Assim, alguns dos irmaos mandados para esta aldeia, que se
chama Piratininga, chegamos a 25 de Janeiro do ano do Senhor
1554, e celebrámos em paupérrima e estreitíssima casinha a
primeira missa, no dia da Conversao do Apóstolo Sao Paulo e,
por isso, a ele dedicámos a nossa casa» 15.
Tibiri<;á foi convencido a transferir a sua aldeia para junto do
colégio que ajudou construir e aí
«se comec;ou o estudo da gramática de propósito e a conversao
do Brasil porque naque1a aldeia se ajuntaram muitos índios
daquela comarca e tinham doutrina ordinária pela manha e a
tarde e missa aos dias santos,... e se comec;aram a batizar e
casar e viver como cristaos, o qual até aquele tempo nao se
tinha feito nem na Baía nem em outra parte» 16.
Piratininga prosperava enquanto que a vila de Santo André
declinava, fator determinante para que Mem de Sá, governador
geral do Brasil, ordenasse em 1560 a transferencia desta para o
campo, passando Sao Paulo acatego~ia de vila. Qual a repercussao
dessa altera<;ao no povoado jesuíta? E evidente que para os religiosos
o fato poderia trazer benefícios decorrentes do progresso. E para
os nativos, que até o momento nao conheciam qualquer desentendimento
com os jesuítas? É de se entender que assistindo a um movimento
maior de estranhos habitantes, os silvícolas tenham se dado
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
Anchieta: a contribui(¡do Canária na coloniza(¡do paulista 689
conta das transforma<;6es a que estariam sujeitos; na verdade, os
seus padr6es de vida estavam amea<;ados. Parte deles abandonam as
imedia<;6es do colégio dirigindo-se para locais que nao lhes eram
estranhos, pois de hábitos nómades conheciam muito bem a regiao él
sua volta. Sobre o episódio escreve Frei Gaspar da Madre de
Deus:
«... os índios ali moradores vendo que iam concorrendo portugueses
e ocupando as suas terras desampararam Sao Paulo e
foram situarse em duas aldeias, que novamente edificaram urna
com o titulo de Nossa Senhora dos Pinheiros e a outra com a
invoca~ao de Sao Miguel» 17 •
É importante notar que o historiador beneditino usou a designa<;ao
utilizada na época em que escreveu as suas memórias (século XVIII)
pois, no caso de Sao Miguel, a localidade primitivamente era conhecida
como Ururay, sendo evidente que só a partir da visita de religiosos
é que as aldeias recebessem nomes com denota<;ao crista,
marco de presen<;a do Todo Poderoso Deus.
Disperso o rebanho, o procedimento a ser seguido viria com a
orienta<;ao do Padre Manoel da Nóbrega, que
«Depois de estar em Piratininga alguns dias, nos mandou o
Padre visitar as povoa~6es dos indios nossos antigos discípulos,
os quais como que há muito tempo tomando os costumes
do Demonio, estao já afei~oados a este ruim mestre, que mui
pouco querem aprender de nós outros ... Praza ao Senhor que
chegue já o tempo desejado, como aconteceu aos da Baía, com
cuja conversao se podem nossos Irmaos consolar, e entretando
rogará Nosso Senhor pela conversao destes.» 18
Em carta anterior l9 , explica Anchieta que a conversao da Bahia foi
propiciada pelo agrupamento dos indios em grandes aldeias, facilitando
a doutrina~ao. Essa experiencia seria aplicada em Sao Paulo
pois, na Informa~ao do Brasil e suas Capitanias, escrita por ele em
1584, quando descreve Piratininga, salienta que
«Junto desta vila, ao princípio havia 12 aldeias, nao muito
grandes, as quais eram continuamente visitadas pelos Padres e
se ganharam muitas almas pelo batismo e outros sacramentos.
Agora estao quasi juntas todos em duas: urna está urna légua da
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
690 Roseli Santaella Stella
vila, outra duas, cada urna das quais tem igreja e é visitada dos
nossos como acima se disse.»2o
Em trecho anterior, da mesma missiva21 , reforc;a a informac;ao das
duas igrejas construidas em duas aldeias.
Feitas essas observac;óes, ainda sao necessários outros elementos
para a comprovac;ao de que fosse Sao Miguel, urna das aldeias
com igreja a que se refere Anchieta e, para tanto, dispomos da cópia
da carta de doac;ao de terras aos índios22 , feita por Jeronymo Leitao,
Capitao de Sao Vicente, no dia 12 de outubro de 1580, da qual
transcrevemos os trechos mais sugestivos:
«... fa<fo a saber a todos os juizes e justi<fas officiaes e pessoas
desta capitania que esta minha carta de dada de terras de sesmarias
de hoje para todo sempre virem em como a mim enviaram
a dizer os indios de Piratinim da aldeia dos Pinheiros e da
aldeia de UTÚrai... mandei o tabellilio que passasse aos taes
indios e vendo sua peti<fao e as razoes que nella allegam serem
justas e outrosim a maior parte delles serem christaos e terem
suas igrejas estarem sempre prestes para ajudarem a defender a
terra e a sustental-a... dou seis léguas em quadra ao longo do
rio Ururay para os indios da aldeia do dito Ururay ...»
Fica, assim, esclarecida a questao sobre a ocupac;ao de Sao Miguel
pelos índios saidos de Sao Paulo, a visita aos mesmos pelos jesuitas,
bem como a reconversao conseguida posteriormente, após árduo
trabalho, já que
« ... no ano de 1562 que uns poucos do sertao por sua maldade
(ficando a maior parte amiga como dantes) deram guerra a
Piratininga, vila de Sao Paulo, onde ha casa da Companhia 10
léguas da povoa<fao do mar de Sao Vicente, mas logo o segundo
dia foram fugindo para suas tareas pela resistencia que acharam
nos Portugueses e Indios cistaoes que forma contra seus mesmos
pais,. filhos e irmaos em defensao da igreja. Dai a pouco
tempo morreram os mais déstes levantadose e tornaram a ficar
as pazes e amizades fixas como dantes»23.
El que muere en el pecado,
sin arrepentirse de él,
elte tal, es excusado
campanas doblar por é124 .
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
Anchieta: a contribuic;do Candn"a na c%nizac;do pau/ista 691
Para a reconstru<;ao dos fatos que cercaram Sao Paulo por ocasiao
de permanencia de Anchieta (1554 a 1577), nao podemos deixar
de utilizar a sua obra escrita em forma de autos e poesias, em
geral destinadas a festas populares e espetáculos teatrais encenados
pelos indígenas. Ainda que compostas posteriormente, acreditamos
que as composi<;óes sejam fruto de toda a sua experiencia de vida e
por essa razao fundamental para ilustrar alguns episódios por ele
descritos. As poesias selecionadas, originalmente foram escritas
em castelhano.
Resta, todavia, a análise dos fatos com o objetivo de establecer
o ano em que se efetivou a ocupa<;ao da aldeia de Ururay, com princípios
de civiliza<;ao crista, jáque a regiao era anteriormente habitada
de forma esporádica, por silvícolas de hábitos nao sedentários.
sedentários.
Quais os dados de que dispomos até o momento para recuar a
funda<;ao de Sao Miguel a período anterior a l62225 ? Teria
Anchieta contribuído para fixar o indígena em pontos estratégicos
para a defesa da própria vila e, aglutina<;ao de outros tantos? A primeira
questao é de resolu<;ao muito. simples, segundo os registros
anchietanos já apresentados, únicos elementos históricos existentes
sobre o episódio. Em 1560, ocorre a dispersao indígena da vila de
Piratininga. Emjunho de 1561, o Padre Manoel da Nóbrega manda
que as povoa<;óes de antigos discípulos sejam visitadas, o que nos
leva a crer que a visita tivesse ocorrido algum tempo depois, ainda no
mesmo ano, pois, a denomina<;ao crista dada aaldeia lembra odia
29 de setembro, sendo que em mar<;o do ano seguinte, em carta
escrita de Piratininga ao Geral Diogo Lainez, informa Anchieta
que
«Com os Brasis, nossos antigos discípulos, que com tanto afa e
trabalho andavamos criando, nao ternos conta alguma, e digo
nao ternos, porque eles se hao feito indispostos para todo bem,
dispersando-se por diversas partes, onde nao podem ser ensinados,
e assim tornam-se todos aos costumes de seus pais; mas
contudo nao deixarnos de visitá-los de quando em quando,
trazendo-lhes a memória que hao recebido os mandarnentos
de Deus ...»26
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
692 Roseli Santae//a Ste//a
Dalli luego fué ayuntar
por desiertos y poblados,
por valles y por collados
y ribera de la mar,
los carneros derramados.
Con su palabra de vida
los lobos ahuyentaba.
Con su palabra ayuntaba
la manda desparcida
y la yunta conservaba27.
É evidente que os «carneros derramados» foram visitados entre
junho de 1561 e man;o de 1562, sendo que o dia de Sao Miguel está
mais próximo do mes de junho do que de mar<;o, refor<;ando a tese de
que a visita<;ao pode ter ocorrido até no dia do orago. O Padre Hélio
Abrantes Viotti, profundo conhecer dos trabalhos anchietanos no
Brasil, acredita que a escolha do mesmo foi de iniciativa pessoal de
Anchieta pois desde a infancia em Tenerife, conviveu com a ermida
de Sao Miguel, «na pra<;a» del Adelantado, «a dois passos de sua
casa natal» 28.
Quanto aatua<;ao de Anchieta em Sao Miguel, registrou o Frei
Agostinho de Santa Maria, no minucioso trabalho de 10 Volumes
intitulado Santuário Marian029 :
«Nas grandes missoens que fez aquelle apóstolo do Brasil o
Padre Joseph de Anchieta, e os seus companheyros aos certoes,
que se estendem além dos campos de Piratinga, em que se
fundou a cidade de Sao Paulo, e de donde trouxerao huma
grande quantidade de almas,... porque daquele lugar queria
Deos, se desse principio aconversao daquella multidao de gentilidade,
e dalli se come<;assem a agregar ao gremio da Igreja
aquellas numerosas turmas de gentios. Para isto lhe dispoz o
mesmo Santo Padre Anchieta quatro Aldeas3o , a primeyra
encomendou ao Archanjo Sao Miguel, ... lhe dizia missa todos
os dias, hum dia em hüa, outro em outra, e com o favor de Deos
os hia dispondo, apartando-os do seus barbaros e gentilicos
costumes, e para que observassem a vida dos Chistaos, lhe
levantou escolas de ler, e escrever, e canto...»
A assistencia espiritual e material rumo acristianizaGao, levada
a cabo durante a permanencia de Anchieta em Sao Paulo, foi de tal
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
Anchieta: a contribuic;do Canaria na colonizac;do paulista 693
maneira positiva, capaz de concretizar o desejo de juntar em grandes
aldeias os silvícolas dispersados, onde pudessem aprender depressa
a doutrina e os rudimentos da Fé, como deu-se em Salvador. Os
efeitos desse trabalho seriam constatados por ele, já em 1585,
quando escreve suas Informa~óes sobre Piratininga31 :
«Tem duas aldeias de Indios a seu cargo: urna intitulada da
Conceil;ao da Nossa Senhora dos Pinheiros, que dista urna
legua da vila, e outra intitulada de Sao Miguel que dista duas
leguas. Entre ambas terao 1.000 pessoas, e ha nesta terra
muito bom aparelho para a conversaD por haver ainda um
grande número de gentio nao muito longe.»
Com este trecho tocamos no aspecto estratégico defensivo e aglutinador
das missóes religiosas em aldeamentos indígenas, tema para
futuros estudos, no momento só mencionado por denotar o papel
desempenhado por Sao Miguel e motivo pelo qual foi escolhida
como um dos pontos onde esfor~os deveriam ser empreendidos para
atingir os ideais preconizados pela Companhia de Jesus.
A HISTORICIDADE NOS REGISTROS ANCHIETANOS
É indissolúvel qualquer rela~ao entre a obra escrita por
Anchieta, literária ou nao, e a historicidade nela contida. Seus poemas
trazem o movimiento de quem vinenciou a situa<;ao, que envolve
os fatos; afirmar que foram criados para ilustrar os acontecimentos
relatados, nos parece incoerente, entretanto, essa é a sensa~ao que
tem o investigador quando, após a leitura de urna carta se depara
com urna poesia relacionada ao tema. Por outro lado, é indiscutível
a facilidade com que Anchieta transportava para a sua obra escrita
os seus próprios anseios, experiencias e origens. Com respeito a este
último aspecto, embora ivesse ele deixado sua terra natal com pouca
idade, a ascendencia castelhana nao foi esquecida pois, quando descreve
alguns animais32 e frutos 33 encontrados no Brasil, faz rela~ao
com os existentes na Espanha.
Sugestivo para a compreensao da reminiscencia na dramaturgia
anchietana é o seu último trabalho. Escrito em espanhol, quando já
se encontrava enfermo, pouco antes de morrer em 1597, na pequena
aldeia indígena ti beira mar denominada Reritiba, hoje Anchieta, no
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
694 Roseli Santaella Stella
Espíritu Santo. Trata-se de um auto poético intitulado «Na visita<;ao
de Santa Isabel», ·em que um romeiro saúda a Santa e ao retirar-se,
Nossa Senhora aparece para aben<;oá-lo, sendo homenajeada por
quatro companheiros do romeiro, finalizando com cantos na retirad.
a. Dada a extensao da obra, optamos por reproduzir apenas as
estrofes que por si só conduzem a verdade.
«Estando Santa Isabel sentada numa cadeira, na capela,
antes de come¡;ar-se a missa, entra a visitá-la um romeiro
castelhan034 :
Santa Isabel
Romeiro
Santa IsabeJ35
Romeir036
Romeiro37
Parecéis cansado estar.
Decidme, ¿quién sois, hermano?
Un romero castellano,
que os vengo a visitar
y ponerme en vuestra mano.
¡Bien vengáis, fiel romero,
que, con grande devoción,
a honrar, de corazón
venís, con amor entero,
mi santa visitación!
Pido a la suma clemencia
(pues me hizo acá hallar),
me perdone y quiera dar
que haga tal penitencia
con que la pueda agradar.
Que esta tierra, vuestra amada,
yo creo que siempre llora
a los pies de esta Señora,
su mala vida pasada,
que quiere enmendar agora.
- Yo me voy muy consolado,
mas suplícoos que roguéis
por mí, pecador malvado,
con aquel santo cuidado
que de los pobres tenéis.
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
Anchieta: a contribuiqdo Canaria na colonizaqdo paulista 695
Vai-se O romeiro, e chegando a porta da igreja o chama um
anjo, que vem diante de Nossa Senhora, a qual entra com o
vestido e manto de misericórdia, que trazem os anjos estendido
de ambas as partes:
Anjo
Nossa Senhora38
Romeiro
Volved acá, castellano,
que la madre de Jesús
viene, pues sois buen cristiano,
a daros muy clara luz,
y teneros de su mano,
para que podáis andar
por este camino estrecho,
con grande fervor del pecho,
entrando, sin punto errar,
en el cielo, muy derecho.
Pido al Padre soberano
y al Hijo, Nuestro Señor,
y al Espíritu dados
de vidas, ponga su mano
sobre vos, con dulce amor.
Pues que Dios en vos se encierra,
de los malos yo, el más malo,
os pido que, en paz y guerra,
todo el pueblo de esta tierra
tratéis con todo regalo.
Pártome, sin me partir
de vos, mi madre y señora,
confiado que, en la hora
en que tengo de morir,
seréis mi visitadora.
Vao-se os romeiros e Nossa Senhora recolhe-se, e vaolhe
cantando a cantiga39 :
¿Quien te visitó, Isabel,
que Dios en su vientre tiene?
Hazle fiesta muy solemme,
pues que viene Dios en él.
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
696 Roseli Santael/a Stel/a
Éste es el gran vergel
de vingindade cercado,
de cuyas flores creado
fue' aquel panal de miel
que se llama Emanuel,
que en su vientre limpio tiene.
jHazle fiesta muy solemne,
pues que viene Dios en él!»
É importante lembrar que a autora da transcri'1ao e tradu'1ao
das «Poesias» de Anchieta, M. de L. de Paula Martins, quando nas
notas prévi-as40 examina as características da obra, admite o exagero
dramático do jesuíta, apresentando urna estrofe precedida dajustificativa:
«exagera como um bom espanhol». É a manifesta~ao da origem
hispimica, desse que foi o primeiro emigrante canário a
estabelecer-se no Brasil.
UM FRAGMENTO DO TRABALHO DE ANCHIETA
EM SÁo PAULO
Somente o sonho doutrinário do grupo inicial de jesuítas estabelecidos
em Sao Paulo em 1554, poderia levar adiante o processo de
coloniza~ao instaurado em 1560. Sem a extin~ao dos hábitos bárbaros,
substituídos por princípios civilizados, fruto da própria cristianiza~
ao, as aldeias jesuíticas teriam ficado á margem do progresso. A
vila de Piratininga nao teria se trasformado na atual Metrópole de
Sao ·Paulo e Ururay, hoje tao pouco seria Sao Miguel Paulista, bairro
operário responsável por grande parte de mao-de-obra utilizada
no abastecimento do maior conglomerado industrial da América
Latina, representado pelas fábricas paulistas.
A rela~ao desses jesuítas com Sao Miguel é simplesmente urna
questao de reconhecimento, em particular feito a Anchieta pois,
seguindo os seus passos pelo vasto território brasileiro nos deparamos
com a sua presen~a e atua~ao. Por falta de elementos objetivos
nao podemos afirmar que tenha sido ele o fundador de Sao Miguel,
entretanto, estamos seguros de que, das visitas a que se referiu, ele
certamente fazia parte. Transpor a serra entre a vila de Piratininga e
a vila de Sao Vicente, cujo caminho descrevia como «um dos mais
trabalhosos caminhos que creio ha em muita parte do mundo»41, se
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
Anchieta: a contribuic;do Canária na colonizac;do paulista 697
constituiu em uma trajetória normal, dada a frequencia das viagens.
E Sao Miguel, quantas vezes teria sido visitada, estando cinco vezes
mais próxima de Piratininga? Um fato é certo: Anchieta esteve na
aldeia indígena, tanto é que noticiou o número de almas e a igreja
existente (dados a que já nos referimos). Ainda, nao levamos em
considerac;ao as informac;óes sobre os milagres do Padre, um deles
ocorrido durante sua estada em Sao Miguel42 •
A inexistencia de documentos jesuíticos deve-se a queima de
arquivo, ocorrida quando os padres da Companhia de Jesus foram
expulsos de Sao Paulo em 1640. Da igreja a que se refere Anchieta,
nao possuímos também o mais remoto vestígio. Devido a fragilidade
da construc;ao ou ao pequeno tamanho do templo, em proporc;ao ao
número de brasis que a cada dia se aproximavam, o fato é que a
aldeia de Ururay mereceu uma igreja de dimensao comparada ada
própria vila, como resultado do trabalho apostólico desenvolvido
anteriormente.
Roje, na condic;ao de capela, o templo inspira reflexóes nao só
históricas como arquitetónicas. Concluído em 1622, é o monumento
mais antigo existente em Sao Paulo e um dos poucos do período no
Brasil. Singular pela forma estrutural e decorativa, além de sugerir
semelhanc;as com construc;óes típicas espanholas e hispano-americanas,
sua inserc;ao no presente estudo se faz necessária, por
se tratar de um fragmento da obra anchietana em território paulista,
alicerce seguro para a colonizac;ao portuguesa. Por outro lado, a
apresentac;ao de alguns dados sobre a ermida, visa contribuir para
instigar a pesquisa sobre a arquitetura brasileira e a relac;ao com a
colonizac;ao espanhola na América, sendo apenas conveniente no
momento, a explicac;ao de alguns detalhes preciosos desse simplório
e ao mesmo tempo rico monumento.
A importancia da capela é reforc;ada por ser o único exemplar
com balcóes ou alpendres que sobrevive em Sao Paulo. Utilizando
apenas a terra nas paredes de taipa de pilao e madeira, os arquitetos
seiscentistas aplicaram soluc;óes simples, corretas e seguras.
Os balcóes eram uma extensao do próprio templo, que no caso
de receber a visita de forasteiros, fazia o papel de alojamento.
Alguns historiadores acreditam que o alpendre fosse un instrumento
em favor do mais poderoso para a separac;ao da classe social inferior,
representada pelo índio, negro ou mestic;o. Nesse caso, a hipótese
nao pode ser aceita, pois sendo um projeto jesuíta, o templo
buscava atrair e integrar o silvícola ao ambiente religioso e civili-
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
698 Roseli Santaella Stel/a
zado, para conseguir dele a adapta<;:ao aos novos valores e consequentemente
a conversao. Seu objetivo comunitário manifestava-se
nas formas de aproxima<;:ao e nao de afastamento ou distancia por
patamar de inferioridade. Quanto aos negros, a regiao nao registra a
necessidade de utiliza<;:ao da mao-de-obra escrava africana pois, nao
atuava como centro produtivo agrícola e nem urbano, de maneira
que no século XVII a la aldeia ainda nao passava de um ponto estratégico
importante para a propaga<;:ao da fé.
Anchieta: Á Contribuic.cio Canária na Colonizac.cio Paulista. Roseli Santaella
Stel/a.
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
Anehieta: a eontribuü;do Canaria na eolonizac;do paulista 699
A capela de Sao Miguel apresenta balcao fronteiro e lateral,
com a diferen~a que o primeiro é aberto e com pilastras e sao identicos
ou semelhantes aos enontrados nas residencias da Colómbia,
Venezuela, Equador e Espanha43 • Esta é a afirma~ao de Aracy A.
Amaral, no trabalho sobre a hispanidade em Sao Paulo, onde evidencia
a influencia espanhola, vinda diretamente ou através da
hispano-américa. O alpendre lateral e as janelas sao fechadas com
varetas de madeira, urna forma de se proteger do sol nos dias quentes
e das chuvas, segundo os «princípios paladianos já amplamente
utilizados na Espanha no século XVI, ao contrário de Portugal» .44
Anehieta: A Contribuic;do Canaria na Colonizac;diJ Paulista. Roseli Santaella
Stella.
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
700 Roseli Santae/la Ste/la
A pequena ermida, apresenta a simplicidade das formas das
residencias de fazenda e a austeridade de quem implacável ao
tempo, resiste com a fon;:a de edifica<;:6es conhecedoras de nobres
materiais. A fragilidade aparente na imagem e a firmeza dos princípios,
é urna característica da própria figura anchietana, deixada talvez
para perpetuar a sua obra na terra paulista.
Anchieta: A Contribuic;do Canária na Colonizac;do Paulista. Roseli Santae/la
Ste/la.
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
Anchieta: a contribuic;ao Canária na colonizac;ao paulista 701
NOTAS
1. Frei Vicente do SALVADOR, História do Brasil, p. 77.
2. lb íd., p. 77.
3. A bibliografia completa sobre o Padre José de Anchieta encontra-se no trabalho
de Hélio Abrantes VIOTTI, intitulado Anchieta O Apóstolo do Brasil.
4. Para o conhecimento dos textos anchietanos é fundamental consultar os
poemas reunidos com o título de POESIAS.
5. José de ANCHIETA, Cartas, passim. Essa denominar;iio é dada ao
nativo.
6. Maior cidade sulamericana com popular;iio de 10.063.110 habitantes (em
1985), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no Anuário
Estatístico do Brasil, de 1987, p. 74. Este é o dado mais atualizado.
7. Hélio Abrantes VIOTTI,op. cit., pp. 28, 29, 30.
8. Tese de Doutorado a ser apresentada em 1991, pela signatária desta
comunicar;iio.
9. Roseli Santaella STELLA. Atuar;iio dos Cristiios Novos no Brasil Durante
o DOminio Espanhol, pp. 2, 3.
10. José Gonr;alves SALVADOR, Os cristiios-Novos: povoamento e conquista
do solo brasileiro (1530-1680), p. 92.
11. Pedro Taques de Alrneida Paes LEME, Nobiliarquia Paulistana Histórica e
Geneológica, p. 75.
12. Serafim LEITE, História da Companhia de Jesus no Brasil, Tomo 1, Apéndice
J, Catálogo das Expedir;6es Missionárias de Lisboa para o Brasil (1549-1604),
pp. 560, 561.
13. Manoel da NÓBREGA, Cartas do Brasil, p. 144.
14. Serafim LEITE,op. cit., , Tomo 1, Livro I1I, Cap. VI, p. 272.
15. José de ANCHIETA, Cartas, p. 48.
16. lb íd., p. 324.
17. Frei Gaspar da MADRE DE DEUS, Memórias para a História da Capitania
de Siio Vicente, p. 125.
18. José de ANCHIETA, Cartas, p. 176. Escrita em Siio Vicente, a 12 de
junho de 1561.
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
702 Rose/i Santaella Stella
19. Ibid., p. 160.
20. Ibid., p. 329.
21. lbid., p. 325.
22. Registro Geral da Camara Municipal de Sao Paulo, Vol. 1, pp. 354,
355.
23. José de ANCHIETA, Cartas, p. 315. Na carta escrita ao geral Diogo Lainez,
de Sao Vicente, a 16 de abril de 1563,op. cit., pp. 191 a 197, Anchieta detalhadamente
descreve o ataque, nao deixando dúvidas quanto a participa«ao de alguns
indios de Sao Miguel.
24. José de ANCHIETA, Poesias, p. 473.
25. Na porta principal da Capela de Sao Miguel, há urna inscri«ao onde consta
o ano de 1622, data em que erroneamente é comemorado o aniversário do
bairro.
26. José de ANCHIETA, Cartas, p. 189.
27. José de ANCHIETA, Poesias, p. 442.
28. Hélio Abrantes VIOTTI, op. cit., p. 85.
29. Frei Agostinho de SANTA MARIA, Santuário Mariano, pp. 161,
162.
30. Nota-se divergencia quanto ao número de aldeias, segundo informa«ao de
Anchieta. No presente estudo nao sao oportunas as consideral<6es decorrentes.
31. José de ANCHIETA, Cartas, p. 432.
32. Ibid., p. 128.
33.lbidem, p.328.
34. José de ANCHIETA, Poesias, p. 531.
35. Ibid., p. 532.
36. Ibid., p. 542.
37. Ibid., p. 543.
38. Ibid., p. 547.
39. Ibid., p. 548.
40. Ibid., p. 37. Estrofe caracterizada:
«¿Cómo puedo yo vivir
pues que se muere mi vida?
y. con muerte tan sentida,
¿cómo vivo sin morir?»
41. José de ANCHIETA, Cartas, p. 328.
42. Simao de VASCONCELOS, Vida do Venerável Padre José de Anchieta,
p. 188.
43. Aracy A, AMARAL, A hispanidade em Sao Paulo, p. 24.
44. Ibid., p. 41.
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
Anehieta: a eontribuic;do. Canaria na eolonizac;do paulista 703
BIBLIOGRAFÍA
1 - Fontes impressas
ANCHIETA, So Jo, José de (1989): Poesias, Editora Itatiaia -Belo Horizonte
e Editora da Universidade de Sao Paulo, Sao Pauloo
---- (1988): Cartas, Informa<;6es, fragmetos Históricos e Sermaos,
Editora Itatiaia, Belo Horizonte e Editora da Universidade de Sao
Paulo, Sao Pauloo
ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL (1988): Instituto Brasileiro de Geografía
e Estatística,IBGEo
NÓBREGA, S oJo, ManoeI da (1987): Cartas do Brasil, Editora Itatiaia, Belo
Horizonte e Editora da Universidade de Sao Paulo, Sao Pauloo
REGISTRO GERALDA CÁMARA MUNICIPAL DE SAo PAULO (1917): Vol. 1,
1586-1636, Publica<;ao Official do Archivo Municipal de Sao Paulo,
Sao Paulo.
SALVADOR, Frei Vicente do (1982), História do Brasil: 1500-1627, Editora
Itatiaia, Belo Horizonte e Editora da Universidade de Sao Paulo,
Sao Pauloo
JI - Bibliografia
ABRANTES VIOTTI, So Jo, Hélio (1966), Anchieta o Apóstolo do Brasil,
Edi<;6es Loyola, Sao Pauloo
ABREU AMARAL, Araci (1981), A Hispanidade em Sao Paulo, Livraria
Nobel, Sao Paulo e Editora da Universidade de Sao Paulo, Sao
Pauloo
ALMEIDA PAES LEME, Pedro Taques de (1980), Nobiliarquia Paulistana
Histórica e Genealógica, Editora Itatiaia, Belo Horizonte e Editora
da Universidade de Sao Paulo, Sao Pauloo
© Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009
704 Roseli Santaella Stella
GoN<;:ALVES SALVADOR, José (1976): Os Cristaos - Novos, Povoamento e
Conquista do Solo Brasileiro, 1530-1680, Livraria Pioneira Editora
da Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo.
LEITE, S. J., Serafim (1938): História da Companhia de Jesus no Brasil,
Vol. 1, Imprensa Nacional, Rio de Janeiro.
SANTA MARÍA, O.SA., Frei Agostinho de (1722), Santuário Mariano,
Oficina de Antonio Pedroso Galvam, Lisboa.
SANTAELLA STELLA, Roseli, Atua<;ao dos Cristaos Novos no Brasil
durante o Domínio Espanhol, 1580-1640, In: I Congresso Internacional
sobre a Inquisi<;ao, 198, Sao Paulo. No prelo.
VASCONCELOS, S. J., Simao (1953), Vida do Venerável Padre José de
Anchieta, Lello e Irmao Editores, Porto. © Del documento, de los autores. Digitalización realizada por ULPGC. Biblioteca universitaria, 2009