AS ILHAS CANÁRIAS NOS REGISTROS DO BRASIL
QUINHENTISTA
Passadas tendo já as Canárias illias,
Que tiveram por nome Fortutladas,
Entrámos, navegando, pelas filkas,
Do ve1110 Hespério, Hespéridas chamadas,
Terras por onde novas maravilhas
Andaram vendo já txossas armadas.
Ali tomámos porto com bom vento,
Por tomarmos da terra mantimento.
Luiz Vaz de Cam6es
Os Lusíadns (Canto V, verso 8) '
Sabendo-se do papel das Ilhas Canárias como ponto de apoio a
navegacáo ultramarina, importa-nos inquerir o conhecimento que se
tinha das mesmas no Brasil já que estavam incluídas na rota em
direciío a América portuguesa.
Tal interese, nao surge como mera curiosidade histórica. Pelo
contrário, mostra-se elementar a estudos sobre a presenca canária no
Rrzri!, q f i z ~ cq ce & r ~ e n h e ~ j & ~ e f jirá~ri e~..s. "cyn.,.p,wr t"n, c .p,.m. . ~-Yrc.,-n.-Ap r i a l
o de carácter sócio-econ6mico. Por outro lado, é igualmente funda-mental
quando se pretende estabelecer o perfil de nossos contactos
incrementados no decorrer do governo dos Filipes no Brasil.
É, pois, natural que a percepcáo desse conhecimento envolvendo
homens daqueles idos quinhentistas seja reconstituída a partir dos re-gistros
de r i a j a~t e se cro~i s tasr ümo ao Brasi!, conhecidos na histo-riografia
brasileira da centúria posterior ao Tratado de Tordesilhas. Os
indícios canários aí existentes poder30 lancar certa luz sobre o perío-
60 Roseli Santaella Srella
do e, por isso, apenas a óptica e o entender do homem vindo a estas
plagas nos interessam, estivesse ele de passagem ou com intencóes
de radicar-se no Novo Mundo.
Nao trataremos aqui do exame das obras referentes a expansao
portuguesa na Africa e Asia, embora a aventura exploradora nessas
direcóes,por vezes, igualmente utilizava o Arquipélago como ponto de
apoio a navegaqao. Quando nao, muitos registros pertinentes nao
deixam de citar as Canárias, a semelhanca que o faz Cam6es em sua
obra máxima e Vasco da Gama no seu Diário da Viagern2, para citar
alguns exemplos. Precioso relato que deve ser mencionado é a Cranica
dos Feitos de Guiné, escrita por Gomes Eanes de Zurara, cujas
passagens interesantes ao Arquipélago foram reproduzidas por Serra
y Ráfols3.
Na busca de tais registros nao pretendemos demonstrar a tao
conhecida aguada nas Canárias a fim de prover as naus para a longa
viagem. O que se busca é indagar em que medida essas Ilhas torna-ram-
se conhecidas no Brasil durante o século XVI, já que no século
seguinte integrariam a teia comercial destinada ao abastecimento das
principais prqas sul-americanas 4.
Os dados apontados de forma cronológica, foram escritos com
distintos propósitos e por autores de formacáo diversa. Tanto uns como
outros, vislumbraram as Canárias esparsamente desde o Atliintico ou
as visualizaram de forma mais objetiva. A escala que a travessia do
Mar Oceano exigia, as arribadas forcadas e, por vezes, a pilhagem
propiciavam reconhecer o Arquipélago.
As mencí5es as quais nos deteremos, por pequenas que sejam sao
bastante valiosas, porquanto é conhecida a escassez de elementos
disponíveis no Brasil para estudos sobre nossas relacóes, relaqóes es-tas,
que despontaram antes mesmo da posse oficial da porqao ameri-cana
efetivada por Cabra1 em 1500.
Cabe lembrar que Portugal ao lancar-se sobre a África avaliou a
importancia estratégica das Canárias, motivando a sabida pretencao
pe!a p s s e do Arq~ipé!l;lgon ii, pe!n mennr, 2 ~ h t e n q áde~ direitn para
estabelecer-se em alguma das Ilhas5. Da disputa entre as Coroas Ibé-ricas
culminou o Tratado de Alcáqovas, em 1479, que, por sua vez,
implicou na revisa0 do armistício entre os dois Reinos decorrente dos
feitos de Colombo. O Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494, foi
o principal responsável pela configuraqao do território brasileiro, e pela
m o r o m 4 . i ,Ir, nnrcc. l i i o - orrhrp P ~ P - . , a c t ~ P Y ~ P ~ Crn?nt~;n pnt-il 5UIUIILILL UU puo.,., LUOU .,""IU "UUU "UUCU "AIVIIUU" ""I.CI..~.ILYI.
A propósito dessa data, que no momento encerra 500 anos da
história brasileira, é oportuno ressaltar que a colonizaqáo européia
As Ilhas Canarias nos registros do Brasil quinhentista 61
nesta parte do continente tomaria outros rumos nao tivesse as Canárias
tal posiciio, responsável pelo interesse luso. Nesse sentido niio pode-mos
desprezar outros fatores que contribuíram ao desenvolvimento e
ordem dos acontecimentos, como é o caso do poderio de ambas as
Coroas capaz de fazerem-se impor sobre os demais interesados na
conquista de novas terras, especialmente a americana. Nao obstante,
é certo concluir-se que o Brasil em suas origens, enquanto fase pós-colombiana,
está intimamente relacionado As IIhas Canárias, vista
como ponto fincado entre a Europa dos intrépidos conquistadores e a
América dos sonhados metais que a disputa pela posse parecia antever
na alvorada das viagens ultramarinas.
T2o somente a soma desses fatores poderia mover a obra ameri-cana
e seus agentes, fossem eles inimigos do Estado, simples colo-nos,
ou servidores do Rei ou de Cristo. Defendendo preceitos huma-nitários
ou a@es predatórias, muitos deles nos legaram preciosas
informacoes, algumas da quais nos interessam neste apanhado de re-gistros
escritos no decurso do século xvi.
A primeira delas é a conhecida «certidáo de nascimento» do Bra-sil,
escrita por Pero Vaz de Caminha. Diz ele que tendo a frota de
Cabral partido de Belém em 9 de marco de 1500, no dia 14 do mesmo
mes,entre oito e nove horas, «nos achamos arntre as Canareas mais
perto de Gram Canarea; e aly arndamos todo aquele dia em calma,
aa vista delas obra de tres quatro l ¿ ? g o~s »d~e, onde seguiu para Cabo
Verde.
Antes disso, porém, as instrucoes de Vasco da Gama para a viagem
de Pedro Álvares Cabral, no ítem que trata de orientacoes para os
navios nao se perderem dos demais, em nota lateral direita, consta a
seguinte observacao: «se os nauyos partindo desta cidade antes da
trauassarem aas canaryas os tomar tenpo com q- ajarn de tornar
faram todo o posyuel por todos tornar a esta cidades7.
O comandante da esquadra ainda foi orientado a velejar dire-tamente
para a Ilha de Santiago, tocando nela caso nao tivesse água
suficiente para quatro meses.
Face ao texto de Vasco da Gama, ve-se que a esquadra de Cabral
nao aportou em nenhuma das Ilhas do Arquipélago espanhol por ter
seguido instrucoes do comandante, tanto que os navios deveriam re-tornar
a outra cidade caso houvesse mau tempo. O motivo de tal
orientaciio deve ter sido a experiencia sofrida em 1497, durante sua
s v p n t i i r s p m h i i c r s r lgc T n r l i a c N e c c g n ~ 3 c i ; j n n o c n r n ~ i m i T I ~ T I e rc l ~ c "7""'"'" "L" """"U U"" "L"'"' U'""" """"'U", U"" UU"
Canárias, passando a sotavento de Lanzarote, onde ao amanhecer
fizeram pescaria por duas horas, perdeu-se 2 noite «paullo de gama
62 Roseli Santaella Stella
de toda a frota por huum cabo e pello o u t r o capitam moor e depois
que amanheceo nom ouvemos vista dele nen dos outrs- navios e nos
fazemos o caminho das ilhas de cabo verde como tinhamos ordenado
quem se perdesse que seguise esta rota» 8.
Depois de Cabral, seguiram ao Brasil algumas expedicoes envia-das
por D. Manuel I e por seu sucessor D. Joilo 111, corn o intuito de
promover a posse da terra, ora explorando a costa, ora defendendo-a
dos candidatos ao patrimonio deixado por Adilo, como bem argumen-tava
Francisco 1 para justificar suas pretensoes ao Novo Mundo.
Dada a má situacao economica de Portugal, entre outros fatores,
decorrente da crise comercial corn as Índias, o Rei buscou na coloni-z
a @ ~um a forma de resolver os problemas do erário régio e da m
Colonia, até entao pouco produtiva. a
Martim Afonso de Sousa, em 1530, foi incumbido da miss50 de P
iniciar esse processo e firmar o domínio luso em terra americana, corn n -
sua expedicao um tanto povoadora como guarda-costa. O Dlár~o de
- a
Navegac6o escrito por Pero Lopes de Sousa, comandante da nau E
capitania e irmilo de Martim Afonso, detalha os acontecimentos que B
envolveram a viagem ao Brasil9. Seguindo o trajeto de antecesores, -
S
igualmente nao aportou nas Canárias fazendo escala em Cabo Verde, 5
onde por ordem régia receberia mantimentos e dinheiro necessários --
para a viagem 'O.
m0
O trágico incidente vivido por Vasco da Gama, com a perda de P
um de seus homens e embarcacao, parece ter influenciado, por algum S
tempo, navegantes portugueses a nao se acercarem das Canárias an- n
tes da travessia do Atlantico, embora a frota de Cabra1 tivesse perdi- $
do a nau de Vasco de Ataíde mais adiante, na altura de Cabo Verde.
An Chegando ao Brasil em janeiro de 1531, após percorrer o litoral n
n
nordestino, Martim Afonso tentou explorar o estuário do Prata. Na 5S
altura do cabo de Santa Maria a expedicao foi atingida por forte tem- o
poral, fazendo corn que desistisse pessoalmente da empresa. Entretanto,
Pero Lopes foi enviado para demarcar o litoral platense, após o que
ambos seguiram para Sao Vicente em princípio do ano seguinte dan-do
início A colonizacao do Brasil. Dois anos depois, Pedro de Men-donza
lancaria os alicerces de Buenos Aires.
Enquanto Martim Afonso encontrava-se na Colonia, em 1534, D.
Joao 111 decidiu implantar o sistema de capitanias, cuja principal
vantagem consistia em nilo onerar a Coroa corn a empresa coloniza-dora.
Entretanto. tal sistema nao surtira na América os mesmos efeitos
que nas Ilhas atlanticas portuguesas, dada a desigualdade entre a
realidade americana e a insular em seus múltiplos aspectos, Por outro
As Ilhas Canárias nos registros do Brasil quinhentista 63
lado, a descentralizaqao administrativa e a distancia da Metrópole nao
permitiam o pronto auxílio aos habitantes quando em situacóes de
perigo e emergencia. Esse respaldo era indispensável h manutencao
dos capitaes donatários no Brasil e de suas respectivas capitanias.
' Tal situaqiio que levava h bancarrota os projetos do Rei, foi re-mediada
com a instituigao do Governo geral em 1549. Com essa
medida, o ir e vir do Brasil 'a Europa ganhou novo impulso tornan-do-
se mais constante.
Nesse interim, ou seja, em 1540, a Coroa espanhola mostrando-se
atenta h regiáo do Prata incumbiu Alvar Núñez Cabeza de Vaca de
prosseguir os descobrimentos de Pedro de Mendonza e socorrer os
sobreviventes de sua expedicao. Um dos grandes resultados dessa
aventura, é a crhica de Pedro Fernandez", redigida por ordem do
seu principal protagonista. Por estar envolta em acontecimentos direta-mente
relacionados ao Brasil, integra o rol dos primeiros documentos
ua-a Lii:i-b&rLu-i:ia- Lu-i-a-:ali-i:c--i ia.
Estando em Sevilha a fim de aprestar a frota e adquirir o ne-cessário
para o socorro a ser enviado ao Prata, Cabeza de Vaca
comprou dois navios e uma caravela Outra embarcaqao da mesma
espécie ainda o esperava nas Canárias. Partindo de Cádiz em 2 de
novembro, «em 9 dias a expedipio xegou á ilha de Palma; toda a
gente desembarcou, e por 25 dias esperou vento para continuar a
viagem, e só entao partimos para Cabo Verde))''.
Durante o percurso a nau capitania apresentou avaria em deco-rrencia
de um grande rombo por onde a água penetrava, perdendo-se
quinhentos quintais de biscoito e muito azeite. Na sequencia o cro-nista
comenta, sem aclarar a Ilha h qual se refere, que: «O porto é
péssimo, porque a ancoragem faz-se em fundo de pedras, que cortam
os cabos, e quando se quer levantar ancoras, ficam estas prezas no
fundo. Dahi vem dizerem os marinheiros, que aqui existe grande
quantidade de ratos, que roem os cabos: a ancoragem é por conse-guinte
perigozíssima para quem abriga-se n'este porto, quando o máo
tempo a isto obriga. A ilha é tao insalubre, sobretudo na primavera,
que a maior parte dos que ahi desembarcam morrem em pouco tempo.
Entretanto o exercito ahi esteve por 25 dias, durante os quaes nao
perdemos um só omem.)) Pedro Fernandez afirma que esse fato chegou
a causar admiraqao aos naturais, que até acreditaram ser milagre
tamanha felicidade. Comenta ainda que os habitantes os acolheram de
forma excelente 1 3 .
Ainda que o relator de Cabeza de Vaca tenha omitido a referencia
nominal h Ilha da qual ocupa-se, niio resta dúvida que descrevia
64 Roseli Santaella Stella
alguma das integrantes do Arquipélago espanhol. Tanto que afirma ter
permanecido em determinado ponto por vinte e cinco dias, tempo igual
ao citado referindo-se inicialmente a Palma, onde esperou por vento
favorável para prosseguir viagem. Também a informaciio sobre as
asperezas encontradas no porto, reforqa a hipótese de que certas Ilhas
do Arquipélago eram evitadas durante os primórdios da navegacao
direcionada ao Brasil, por desconhecimento dos bons ancoradouros
existentes. Até a avaria da nau manifestada durante o trajeto a Cabo
Verde, pode ter sido proveniente da ancoragem em Palma. Entretan-to,
o fato do autor mencionar a insalubridade da água pode compro-meter
o seu conhecimento sobre a referida Ilha, tida como «tierra de
mucho pan e azúcar e aguas dulces*, segundo Andrés Bernáldez ci-tado
por Morales Padrón ao analisar as descricoes do Arquipélago
baseada nos cronistas das Índias 14.
Chegando ao Brasil, Cabeza de Vaca atingiu o porto de Cananéia
situado na capitania de Silo Vicente, tomando « p r w d'ele em nnme
de Sua Magestadea. Depois disso dirigiu-se mais ao sul, chegando na
Ilha de Santa Catarina em marco de 1541 15.
Por esses idos, as fronteiras nessa extremidade do meridiano de
Tordesilhas niio eram bem conhecidas. Para alguns portugueses o
domínio luso cessava na regiiio platina, como acreditava Martim
Afonso, e para outros espanhóis os limites com as terras de Castela
tinham início nas proximidades de Cananéia. Citando autores es-panhóis,
Teodoro Sampaio afirma que segundo o conhecimento da
época, a costa do Brasil comecava no norte da Ponta dos Humos,
aos 2- de latitude norte, terminando em Cananéia, aos 25- austraes 1 6 .
As imprecisas cartas geográficas ainda niio apontavam claramente que
esses limites terminavam em Laguna, no atual Estado de Santa
Catarina.
Cabeza de Vaca aí permaneceu até mandar os navios para Bue-nos
Aires, e seguir por caminho terrestre em socorro dos espanhóis
residentes em Assunciio. Durante sua presenca nessa parte do Brasil,
encontrou dois frades franciscanos entiio instados 2 14 léguas de
a:-.*--:- A- -------- L---:l-:-- TT-- J-l--
UmLa I ILl a ua t J a 1 a gCu 1 u 1 a > u t ; l l a . UI I I U C I G ~ ,e ra ü fiei A~OIISkOb i-oii,
oriundo de Gran CanariaI7.
Sobre este personagem o autor tece vários comentários, importan-do-
nos aqui sua origem. Na ausencia de outros elementos que indi-quem
o contrário, parece ter sido ele o primeiro canário a andar pe-las
plagas do país, ainda que desconhecesse estar em possessiio lusa.
Este aspecto difere sua presenca com a de Hnchieta, porquanto o
Apóstolo do Brasil bem identificava os campos em que pisava, saben-
As Ilhas Canárias nos registros do Brasil quinlientista 65
do que o propósito de sua vida girava em torno de Deus e dos
«brasis».
Com o retorno de Cabeza de Vaca a Corte espanhola e sua prisáo,
em 1549 Diego de Sanabria herdou do pai a tarefa de governar o Rio
da Prata. Joáo de Salazar, nomeado tesoureiro dessas províncias,
acompanharia o Governador que, por encontrar-se ainda ocupado com
os preparativos da expedicáo, adiantou a partida de Salazar, tendo Jo5o
Sanches como piloto-mor da armada. Este último, que seguira em 1540
o desafortunado comandante espanhol na malograda miss50 no Atlan-tico
Sul, na sua cronica da viagem aponta as Canárias como ponto de
parada da expediciio saida em 10 de abril de 155018.
Hans Staden integrava tal jornada. Nos seus apontamentos sobre
o Brasil, no capítulo contendo explicaq6es de como se viajava de
Portugal ao Rio de Janeiro, afirma: «vai-se primeiro as ilhas Canárias.
Pertencem ao rei da Espanha, e seis delas devem ser aqui menciona-das:
Gra-Canaria, Lanzarote, Fuerteventura, Ferro, Palma, e Te-nerifes
19.
Cabe lembrar que embora o arcabuzeiro demonstrasse conhecer a
referida rota, em 1547, na sua primeira viagem ao Brasil atingiu a Ilha
da Madeira, precisamente o porto de Funchal, para abastecer-se de
víveres 20.
Já na segunda viagem acompanhando o piloto Jo5o Sanches, que
o resgatou dos contrários após naufragar no Brasil, endossa as palavras
do piloto e relata: «partimos de Süo Lucar. Como porém o vento fosse
contrário, velejamos para Lisboa e de lá, somente, com bom vento,
para as Canárias. Em frente 6 ilha de Palma ancoramos e fizemos
provisüo de algum vinho para a viagem ...... De Palma seguimos para
Cabo Verde, que está situado na terra dos negros. Lá, por um
tris, íamos naufragando. Tomamos entgo nossu rota para o Novo
Mundo» 2 ' .
Se a ancoragem nas Canárias era evitada por alguns navegantes
lusos talvez impressionados com os apuros de Vasco da Gama, entre
outros, percebe-se que o sucesso de várias viagens em direpo Zi
América do Su1 indicou o contrário, como também Cabo Verde náo
se mostrou táo segura como se poderia supor.
Nesse sentido, é oportuno lembrar que o conhecimento náutico
difundido de maneira oral, tinha repercussao maior que qualquer tra-tado
impresso dessa natureza. Sabendo-se que hoje a formacáo até dos
mais graduados navegantes lusos é questionada e que, além do prep
elevado, as primeiras obras impressas eram raras, é natural que as
informac6es orais eram fundamentais aos homens do mar daquele
66 Roseli Santaella Stella
tempo. Nesse aspecto, o dito popular pode explicar distorcóes da
realidade e exageros que cercaram alguns episódios: ((Quem conta um
conto aumenta um ponto.»
Assim, em parte, justifica-se a náo ancoragem nas Canárias de
algumas das primeiras embarcacóes lusas a cruzarern o Atlantico.
Soma-se a isso, o fato das Ilhas portuguesas ensejarem as aguadas por
estarem sob o rnesmo cetro que seus navegantes, observagáo válida
para o período anterior ao domínio espanhol em Portugal. Cabe des-tacar
ainda que o comércio ilícito local fazia com que a estada no
Arquipélago espanhol, bem como certas particularidades da perma-nencia,
náo fossem comentadas em documento sujeito a ser conhecido
por oficiais lusos. ,,
Quanto ao Apóstolo do Brasil anteriormente mencionado, ao que 0
parece, nem mesmo acercou-se de sua terra natal quando dirigiu-se A E
«india Brasílica,,. como bem chamava sua Pátria americana. Embar- O - cando em Lisboa em 8 de maio de 1553, na frota de Duarte da Cos- -
m
O
ta, segundo governador geral da Colonia lusa, chegou a Bahia a 13 EE
de julho do mesmo ano. Em suas cartas, nas quais cita episódios e S
E tece algurnas cornparacóes que ultrapassam os limites brasileiros, náo -
encontramos qualquer mengáo ao Arquipélago e~panhol ?N~o. entanto, 3
a presenca canária é detectada ern sua obra evangélica semeada --
nas plagas do Novo Mundo, conforme pudemos observar em outro 0
m
E estudo 23.
O
Seguindo os passos dos nossos primeiros cronistas, as observagoes 6
de Jean de Léry quanto ao Arquipélago mostram-se sugestivas 24. Es- -
E tudioso de teologia e sapateiro de profissao, partiu finalmente de Caulx a-em
20 de novembro de 1556. Acompanhando artesoes que pretendiam l
colaborar com Nicolau Durand Villegaignon para o estabelecirnento --
da Franca Antártica no local do futuro Rio de Janeiro, Léry anotou
sua experiencia a fim de entregar ao mestre Calvino. 3
O
Dentre as detalhadas informacóes consta que, a 12 de dezembro,
«aproximamo-nos de tres ilhas chamadas pelos pilotos normandos de
Graciosa, Lanceloti e Forte Aventura e pertencentes ao grupo de iihas
Afortunadas. Sao sete ao todo, creio eu, e todas habitadas por es-panhóis..,
Ai pusemos barcos ao mar e vinte soldados e marinheiros
neles se meteram armados com falconetes e mosquetes a fim de ir
prear nessas ilhas: quando, porém, já se achavam embarcados, os
espanhóis que os haviam pressentido os rechassaram de modo que em
vez de saltar em terra se atiraram para o mamL5. Náo desistindo do
intento de desembarque voltaram com seus barcos deparando com uma
caravela de pescadores, os quais fugiram abandonando todos os perten-
As Ilhas Canárias nos registros do Brasil quinhentista 67
ces. Os soldados além de se apossarem de tudo o que havia, como
vinganca 2 ofensiva local, puseram a fundo uma barca e um batel
encontrados nas proximidades.
O assédio por parte dos franceses a essas Ilhas com o intuito de
apresamento mostrava-se freqüente durante o trajeto 5 América. Tan-to
que os marujos de Villegaignon as assaltaram em 1555, quando
dirigiram-se ao Brasil 26.
Enquanto pernameceram por tres dias nas proximidades das «Afor-tunadas
», estando o mar muito calmo, conta Léry que pescaram grande
quantidade de peixe. Após fartarem-se, jogaram ao mar metade do
pescado por nao terem água bastante para beber. Depois disso, enfren-taram
forte tempestade e, finalmente, no dia 18 de dezembro estiveram
bem próximos de Gran Canária. Nessa ocasi50 pensaram em renovar
a provisáo de água, porém os ventos contrários impediram o desem-barque.
Mesmo sem por o pé em terra, Léry demonstra conhecer certos a--y-z-L +.,-.-. wa uaa- TliliLia- .. «.LE-;,J.,.J,.U jxv--r."r "r-w,.-a u il!iü, ütü~lment e! iüUttüdü por es-panhóis,
é rica de cana-de-acúcar e vinhedos, e t¿ío alta que a
pudemos ver de urna distancia de 25 a 30 léguas. Chamam-na de Pico
de Tenerife e sup6em tratar-se do antigo monte Atlas de que deriva
o nome de mar Atlantico. Outros afirmam entretanto que se trata de
ilhas diversas)) 27.
Por referir-se ao Monte Atlas e usar apenas a denominacáo
«Afortunadas» quando cita o Arquipélago, ve-se que a descricáo
de Léry, ainda nesse século, estava inpregnada de conceitos clá-ssicos,
perpetuando a idéia de Paraíso. Por isso também explica-se
a atrae50 de navegantes franceses por suas Ilhas, diferindo nesse
aspecto, senáo dos conhecimentos, da concepq5o de certos navegan-tes
lusos.
Nesse sentido, cabe destacar que o temor do mar fazia com que
mesmo os mais experientes tentassem evitar situac6es de perigo, te-mor
este tiio bem materializado no verso do próprio Léry:
Apesar do mar por suas ondas barulhentas
+---"- "--"..;"- 2" -."A,. +--"";;"-+" j u c c r u r r c y ' u r uc r r s c u v y u c r r i J I C Y U C ~ L Z U
o homem náo obstante confia na madeira
que de espessura tem apenas quatro ou cinco dedos
de que é feito o navio que o leva
náo percebendo que vive de tal modo
que tem a morte a quatro dedos dele.
Louco portanto pode muito bern ser reputado aquele
que vai no mar sern em Deus confiar
pois só Deus é quem pode salvar-lhe a vida28.
68 Roseli Santaella SteUa
Também referindo-se ao Criador, André Thevet justifica a faci-lidade
com que ocorreu a navegaqiio de Havre de Graca até as Caná-rias,
por ocasiiio de sua ida ao Brasil em 1555, acompanhando Ville-gaignon2!
Precursor de Léry, é deste célebre topógrafo o mais minu-cioso
comentário sobre as Canárias conhecido no Brasil. Todavia, é
indiscutível a facilidade do autor para fantasiar assuntos que pouco
conhecia, a exemplo de suas descriqoes pertinentes a temas brasileiros,
sabendo-se que por curto tempo permaneceu na Colonia da qual partiu
em 1556. Mesmo assim, vale comentar suas observacoes sobre o
Arquipélago, pois cometas ou nao, buscamos saber como o mesmo era
conhecido pelos aventureiros que se dirigiam ao Brasil.
Assim como Léry, o conhecimento de Thevet está cercado de
conceitos da antigüidade clássica sobre a fertilidade da terra e quali-dade
do clima. Inclusive o autor cita Plínio ao comentar a deno-mina@~
das Ilhas e a origem de certos nomes, como o da Canária.
\T-"'.- -"..*:"..l".. A:",.-..A- A- L:-*--:-A,... --:- 2- -1- L-1 a--:-
IYGDDG palriLuiai uisLuiua uu iiiswiiauui p i s , scguiiuu cic, Lai utzsig-naqiio
deve ter sido proveniente da abundancia de bambus e canas
selvagens encontradas beira-mar. Diz ainda que, sem qualquer
distingao, todas as Ilhas no seu tempo eram designadas como «As
Canárias» 'O.
Referindo-se aos guanches, comenta a idolatria a lua e ao sol, dos
quais pensavam receber benefícios. Nota, porém, que poucos nativos
ainda eram encontrados devido a subjugapo imposta pelos espanhóis
há cerca de cinqüenta anos antes, reduzindo-os ao cativeiro e
escravidiio. Sobre a populaciio do Arquipélago nota Thevet que «esta
terra é refúgio de todos os degredados da Espanha, os quais como
punipio, süo enviados para aí em exílio. E como ha um incontavel
número de escravos, eles o empregam para trabalhar a terra e em
todos os outros servicos pesados ... os escravos süo duramente trata-dos
pelos espanhóis, e mais ainda pelos portugueses, levando uma
vida pior do que se estivessem entre turcos ou árabes»3'.
A análise antropológica do seu relato, é um aspecto a ser ressaltado
entre os cronistas aqui focalizados, porquanto demonstra outra faceta
do geógrafo que também era: «Náo posso deixar de jicar profunda-mente
intrigado com o fato de serem táo diferentes entre si os habi-tantes
destas ilhas e os do continente africano -conquanto vizinhos
tüo próximos- no que se refere língua, a cor, a religiáo e aos
costumes. Ha que considerar, entretanto, que os romanos, no tempo
do Império, conquistaram e subjugaram a maior parte da África, sem
contudo tocarem nestas ilhas(ao contrario do modo como agiram no
Mediterr&eo)» ".
As Ilhas Canárias nos regisrros do Brasil quinhentisra 69
Thevet ainda tece considerac6es a respeito das várias espécies de
produtos encontrados no Arquipélago, destacando o acúcar, cujo
comércio era mais expressivo no Egito; o trigo; vinho; laranjas; romas;
limoes; mel; cabras; aves; peixes; orcela e breu. Dessa árvore eram
cortados bastoes longos servindo de velas aos pobres que vivem nas
montanhas, de que igualmente se valem alguns e ~ p a n h ó i s ~A~o .q ue
se percebe, André Thevet estava mais familiarizado as Canárias do
que seu conterraneo, havendo de comum entre eles o fato de conhe-cerem
o saber da antigüidade clássica e ressaltarem as qualidades do
Arquipélago.
Enquanto esses cronistras já registravam suas experiencias rumo
ao Brasil, Mem de Sá partiu do Tejo, ern abril de 1557, indo as Ilhas
de Cabo Verde, do Príncipe e Sao Tomé. Nesta última, quase todos
os integrantes da expedicao adoeceram, tendo falecido 42 das 336
pessoas que acompanhavam o terceiro Governador geral ao Brasil. Oito
meses passaram-se até a chegada a Bahia, dada a inclemencia do
tempo e do mar34.
Quando desastres nao ocorriam por forca do oceano, as naus e seus
tripulantes estavam sujeitos ao fanatismo de hornens movidos por
princípios políticos, religiosos ou econ6micos. Muitas vezes esses
ideais exarcebavam-se sob a forma de atos bárbaros.
Tal experiencia sofreu a expedicao de Luís Fernandes de Vascon-celos
que substituiria Mem de Sá no governo do Brasil. Partindo de
Lisboa em 2 de junho de 1570, chegou na Ilha da Madeira no dia 12
do mesmo mes. Tendo o Governador que se deter nesse Arquipélago
por algum tempo, a nau Santiago deslocou-se as Canárias para
descarregar e carregar mercadorias. Dos fatos aí ocorridos nos dao
conta o Padre Serafim Leite, baseando-se em informacao de autor
C O ~ V Oz5 .
Apesar da relutancia de Luís Fernandes, a embarcaciio partiu da
Madeira em 30 de junho, com o Padre Inácio de Azevedo, mais 39
jesuítas e outros 14 ou 15 homens. Chegando as Canárias a calrnaria
m &pvp afasta&s teri-2 per pccca &tan&, rfitrr -..T ;-,-n L -, y- PbAur' tGfGi
e Las Palmas», quando surgiu uma frota de piratas franceses coman-dados
por Jacques Sória36. Pretendendo tomar a nau, o comandante
frances ordenou que todos fossem mortos, sendo que Inácio de Aze-vedo
foi o primeiro religioso a receber o golpe fatal de urna laya
que o atingiu na cabeqa. Depois dele, seguiram-se os seus compan-hrim.
Ao suher de tu! fata!idade aindo na ?:iadcira, a rxpediq2o foi
preparada para seguir viagem 37.
Chegando as costas do Brasil, na altura do Cabo de Santo Agos-
7 0 Roseli Santaella Stella
tinho, os ventos contrários arrastaram as embarcacóes até as Antilhas.
Daí retornaram aos Acores, de onde uma só largou novamente 2
Colonia lusa. Desta feita, seus ocupantes foram também atacados por
corsários ingleses e franceses, sob o comando de Capville, tendo
falecido todos os integrantes da malograda jornada, dentre os quais
aquele que seria o novo Governador geral do Brasil38.
Na travessia do Atlantico rumo a Colonia, agora sob o domínio
de Filipe 11, teve maior felicidade o governador geral Manuel Teles
Barreto. Partindo de Lisboa em 5 de marco de 1583, chegou 2 Bahia
em 9 de maio do mesmo ano. Compunha sua comitiva o jesuíta
portugues Fernáo Cardim, autor da «Informa@o da Miss60 do P.
ChristovcTo Gouvea as Partes do Brasil-Anno de 83s 39. É dele a notícia
quanto a arribada na Ilha da Madeira, de onde o Governador seguiu
direto ao Brasil sem que houvesse parada em Cabo Verde devido as
calmarias e, por vezes, 6s fortes chuvas e ventos40. Nesse caso, nosso
cronista nao comenta o des+ da tinpedi@o de apoitai nas Caiiáikis.
Desta década, é digno ressaltar ainda os comentários de Gabriel
Soares de Sousa. Morador na Bahia, este colono portuguks escreveu
o «Tratado Descritivo do Brasil em 1 5 8 7 ~ ~en' ,q uanto estava aguar-dando
em Madri despacho referente as suas solicitac6es para buscar
as t5o sonhadas riquezas minerais.
Discorrendo sobre a qualidade da terra e seus frutos, ao tratar dos
mamíferos, aves, insetos, frutos, legumes e verduras, compara as várias
espécies encontradas no Brasil com as existentes na E ~ p a n h a ~Po~r .
referir-se de maneira genérica aos similares espanhóis, sem discrimi-nar
a localidade a qual se refere, é de chamar a atencáo o fato de
mencionar as Canárias no capítulo «Em que se declara as árvores da
Espanha que se d6o na Bahia, e como se criam nela». Aqui o autor
comenta que os canaviais do Arquipélago e de outras regióes precisam
ser aguados, enquanto que no Brasil tal tarefa era d i ~ p e n s a d a ~Po~r.
esse detalhe, Gabriel Soares demonstra conhecer melhor o Arquipélago
do que qualquer regia0 ou cidade da própria Espanha, tanto que re-porta-
se aos seus frutos sem precisar ao menos qualquer localidade
peninsular onde eram produzidos. Em outra passagem, o autor também
ressalta a qualidade do vinho das Canárias vendido na Bahia, compa-r
ando-~a o mesmo produto proveniente da Ilha da Ma d e i ~ - a ~ ~ .
No encalco de dados pertinentes ao Arquipélago canário encon-trados
nos registros de valor para a história brasileira do primeiro
século da conquista, nos resta comentar aquele legado por Anthony
Knivet, inspirado em suas peregrinacóes no Brasil a partir de 1592.
Acompanhando Thomaz Cavendish na investida predatória contra os
As Ilhas Canárias nos registros do Brasil quinhentista 7 1
mares do Novo Mundo, o marujo ingles, em meio 2 minuciosa narra-tiva
sobre o interior brasileiro, sabidamente náo isenta de erros, tece
pequenos comentários sobre sua viagem marítima. Tendo início em
agosto de 1591, quando o narrador partiu de Plimouth, a esquadrilha
inglesa dirigiu-se 5s Ilhas C a n á r i a ~ ~ ~ .
Atravesando o Atlantico avistou o Brasil na altura de Cabo Frio,
rumando a Sáo Vicente onde a vila foi tomada de surpresa. Ao final
de dois meses de pilhagem e devastaqao, Cavendish acabou partindo,
voltando no ano seguinte. Nessa ocasiáo nao obteve o mesmo sucesso,
inclusive morreu no mar. Knivet, feito prisioneiro em Santos, foi to-mado
para servir Martim de Sá, filho de Salvador Correia, governador
do Rio de Janeiro. Em companhia de seu amo atravessou os sertoes
de Siio Vicente 2 Paraíba, até que em agosto de 1601, ao retornar 2
Europa com Salvador Correia, foi vítima de naufrágio que o deteve
no Brasil por mais algum tempo4'j.
Um balanqo dos registros dos nossos principais viajantes e cro-nistas
indica que as denominaqoes das Ilhas do Arquipélago niio eram
bem conhecidas dos estrangeiros, porquanto, salvo algumas exceqoes,
eram chamadas de Canárias indistintamente. Por isso, entende-se que,
mesmo finda a centúria quinhentista, as referencias documentais feitas,
entre outros, por portugueses rumo ao Brasil sáo igualmente vagas e
deixam de especificar a Ilha a qual se referem.
Por outro lado, constata-se que no limiar do século xvi náo era
tiio freqüente a aportagem de naus portuguesas no Arquipélago com
destino ao Brasil. Na medida em que os espanhóis passaram a tocá-las,
e estrangeiros a assediá-las recordando os seus clássicos encan-tos,
o mito da inseguranqa marítima que porventura as cercavam des-de
os tempos de Vasco da Gama foi superado. Até entáo, os meses
do ano propícios para a travessia do Atlantico nao eram bem sabi-dos,
e principalmente a experiencia própria e a de demais navegantes
depurava os conhecimentos, até que as correntes marítimas e outros
fenomenos físicos foram esclarecidos. PGÜCGaSn os depi s , a rota At!aiitic~ . - LE dirqao da América do
Su1 bem como o Arquipélago canário seriam marcados pelo desbra-var
das terras americanas, e o movimento entre o Brasil e a Europa
tomou-se mais intenso no século seguinte. Incrementada a ocupaqáo
do Brasil após o domínio espanhol, agilizado o tráfico canário lícito
e ilícito com as possessoes situadas no Atlantico Sul, especialmente
coa o Brasil, c dado o freyüente assédio de iriirniggo puiíiicos e
hereges 2 entáo Colonia espanhola, intensificou-se a escala nas Caná-rias.
Tais circunstancias tornavam mais correntes os registros sobre o
72 Roseli Santaella Stella
Arquipélago no século XVII que, no entanto, nao ser20 aqui tratados
por pertencerem a outra etapa de nossos contactos, agora movidos por
intereses que estrapolam os limites dos registros quinhentistas.
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2. Diário da Viagem de Vasco da Cama. Apud José Augusto Vaz Valente, «Ál-bum
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Paulo, 1983, p. 33.
3. SERRAY RÁFOLS,E lias: «Los Portugueses en Canarias», Universidad de La
Laguna, La Laguna, 1941, Apéndice 1, pp. 57-71.
4. Cf. SANTAELLSAT ELLAR, oseli, e P. DE ALMEIDWA RIGHTA, . Fernanda: «As
Canárias e o Brasil na Rota Atlántica Durante a Uniio Peninsular», Cabildo Insular
de Gran Canaria, Las Palmas, 1994 (Trabalho Inédito).
5. Sobre a questao deteve-se com felicidade Elias Serra y Ráfols, Ibídem.
6. AIRESD O CASAL:« Corografia Brasílica», ItatiaiaIEDUSP, Sáo Paulo, 1976,
nota 11, p. 21. Tantas vezes foi reproduzida a carta de Caminha, porém, utiliza-mos
a cópia publicada pela primeira vez em 1817, no Rio de Janeiro, no obra supra
citada.
7. Borr6o Original da Primeira folha de Instruc6es de Vasco da Gama para a
Viagem de Pedr Álvares Cabral, Apud Raque1 Glezer, «O Descobrimento do Brasil
Através dos Textos*, Revista de História, Universidade de Sáo Paulo, v. XXXIII,
n. 68, Ano XVII, 1966, p. 484.
8. Cf. Diário da Viagem de Vasco da Gama, Ibídem.
g, ~ 7 . 2 - r ---- -..-. n n.~.:. L ~7~ v iuc LVYLU DE S U U ~ T, C LU. U I U ~ L Uu e ivuvegu~üui. n; Drasii Banciecciii (org.j,
dade rnos de História~,6 , Obelisco, Sáo Paulo, 1964.
10. Cf. FLEIUSSM, ax: «Conferencia em Comemoracáo ao IV Centenário da
Fundacáo de Sio Vicente», Boletim do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio
de Janeiro, 1932, p. 24.
11. Comentários de Álvaro Nunes Cabeca de Vaca, Adelantado e Governador
do Rio da Prata. Redigidos por Pedro Fernandez, Notário e Secretário da Província
(Tradyáo de TristSo de A!PECIT.. r+e), Revistr I f l~t i t~tHoi ctÓric~e C.e~g:áfi-co
Brasileiro, T. LVI, Parte 1, 1893, pp. 193-344.
12. Cf. op. cit., pp. 200-201.
As Ilhas Canárias nos registros do Brasil quinhentista 7 5
13. Cf. op. cit., p. 201.
14. MORALEPSA DR ~FNra,n cisco: «Canarias en los cronistas de Indias», Cabildo
Insular de Gran Canaria, Las Palmas, 1991, p. 20.
15. Cf. FERNÁNDEPZe,d ro, op. cit., p. 202.
16. Cf. SAMPAIOTe, odoro: ~Peregrinacoesd e Antonio Knivet no Brasil no Sé-culo
xvi», Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, Tomo
especial, 1914, p. 362, nota 1.
17. Cf. op. cit., p. 203.
18. SÁNCHESJ,o áo: Cronica. Apud. Francisco de Assis Carvalho Franco. In:
STADENH, ans: «Duas Viagens ao Brasil» (Traduqao de Guiomar de Carvalho Fran-co),
ItatiaiatEDUSP, Sáo Paulo, 1974, Introducáo, pp. 11-14.
19. STADENH, ans, cf. op. cit., p. 151.
20. Cf. op. cit., pp. 41-42.
21. Cf. op. cit., p. 53.
22. Vide ANCHIETAJo,s é de: ~Inforrnaqóes,F ragmentos Históricos e Serm6es»,
ItatiaiaíEDUSP, Sáo Paulo, 1988.
23. SANTAELLSATE LLAR, oseli: ~AnchietaA: Contribuiáó Canária na Colonizacáo
Paulista~. IX Coloquio de Historia Canario-Americana (1990). T. 1, pp. 683-704.
24. LÉRY,J ean de: «Viagem ?Ti erra do Brasil» (Traducáo e notas de Sérgio
Milliet), ItatiaiaIEDUSP, Sáo Paulo, 1980.
25. Cf. op. cit., pp. 62-63.
26. Informactio contida na carta de Nicolau Barré, oficial integrante da expedicáo
de Villegaignon, segundo comentário de Sérgio Milliet, cf. op. cit., nota 92, p. 63.
27. Cf. op. cit., pp. 63-64.
28. Cf. op. cit., p. 62, nota 90.
29. THEVETA, ndré: «Singularidades da Franca Antártica» (Traducáo de Eugenio
Amado), ItatiaidEDUSP, Sáo Paulo, 1978, pp. 18-79.
30. Cf. Op. cit., pp. 27-28.
31. Cf. op. cit., pp. 28-29.
32. Ibídem.
33. Cf. op. cit., p. 29.
34. Segundo Joáo Pereira, escriviio designado pelo Governador geral para redigir
o «Instrumento dos Servicos de Mem de Sá», Anais da Biblioteca Nacional, Rio de
Janeiro, v. 27, 1906, p. 131.
35. Cf. LEITE, Serafim: «Historia da Companhia de Jesus no Brasil», Portugália,
Lisboa, 1938, T. 11.
36. Cf. op. cit., T. 11, Livro 11, Capítulo V, 4, p. 253.
37. Cf. op. cit., p. 254.
38. Dos acontecimientos aue cercaram o infortúnio de Luís. Fernandes de
Vasconcelos, ocupou-se o também cronista Frei SALVADOVRi,c ente do: «História do
Brasil: 1500-1627», ItatiaiaEDUSP, Sáo Paulo, 1982, pp. 174-175.
39. CARDIMFe, rnáo, In: «Tratados da Terra e Gente do Brasil», ItatiaiaíEDUSP,
Sáo Paulo, 1980.
40. Cf. op. cit., pp. 141-142.
41. SOARESD E SOUSAG, abriel: «Tratado Descritivo do Brasil em 1587», Nacio-nalEDUSP,
Sáo Paulo, 1971.
42. Cf. op. cit., pp. 114, 147, 163, 164, 169, 170, 179, 183, 191, 201, 208, 220,
229, 241, 243, 254, 282 e 286.
43. Cf. op. cit., p. 165.
76 Roseli Santaella Stella
44. Cf. op. cit., p. 139.
45. Vide SAMPAIOTe, odoro: ((Peregrinaqóes de Antonio Knivet ...» , p. 352.
46. Vide traduqao do holandés por DUARTEP EREIRAH,y gino: «Narra@o da
Viagem que, nos Anos de 1591 e Seguintes, fez Antonio Knivet, da Inglaterra ao Mar
do Sul, em Companhia de Thomas cavendishn, Pinheiro, Rio de Janeiro, 1879.